Sela Túrcica Ou Sela Turca?
DOI:
https://doi.org/10.5216/rpt.v37i2.5050Abstract
As duas formas são amplamente usadas. O dicionário Houaiss (1) e o Aurélio, em sua terceira edição (2), registram ambas sem manifestar preferência por uma delas. O Michaelis (3) averba unicamente sela túrcica. A denominação de sella turcica, em latim, foi introduzida na nomenclatura anatômica pelo anatomista belga Adrian van der Spieghel (1578-1625), mais conhecido pelo nome latino de Spigelius, em sua obra De humanis corpora fabrica, publicada em 1627, dois anos após sua morte. Spieghel foi professor de anatomia em Veneza e Pádua, sendo mais conhecido pelo epônimo lobo de Spieghel, dado ao lobo caudado do fígado por ele descrito (4, 5, 6). Spieghel comparou a depressão da face superior do osso esfenóide, onde se aloja a hipófise, com a sela de montaria usada pelos turcos e beduínos, a qual difere das demais por ter a parte posterior mais alta, oferecendo apoio para as costas do cavaleiro (4). Como era de praxe no século XVII nos escritos científicos, também Spieghel usou o latim em sua obra. Sella, em latim, significa assento, cadeira, e turcica se refere aos turcos. Por extensão, sella passou a designar o arreio que se coloca no dorso do animal para o cavaleiro montar. A citada depressão do esfenóide tem como sinônimos sela eqüina, sela eqüestre, sela esfenoidal, fossa pituitária, porém a denominação de sela túrcica, proposta por Spieghel, predominou sobre as demais. No dicionário de termos médicos latinos de Stephen Blancardi, de 1718, já se encontra sella turcica como sinônimo de sella eqüina (7).Do latim, a denominação sella turcica foi traduzida, adaptada ou incorporada às línguas modernas. Temos, em francês, selle turcique (8); em inglês, sella turcica (9) tal como em latim; em espanhol, silla turca (10). Em português, como já assinalamos, usa-se tanto sela túrcica como sela turca. A primeira edição da Nomina Anatomica em latim, de 1895, conhecida por BNA (de Basiléia, na Suiça), adotou sella turcica, de preferência a qualquer outra denominação, o que foi sacramentado a partir da PNA (Parisiensia Nomina Anatomica), de 1955. A primeira tradução da PNA para o português data de 1961 e manteve a forma latina, aportuguesando-a: sela túrcica (11). Em outra tradução, de 1977, coordenada pelo Prof. Idel Becker, permaneceu a opção por sela túrcica (12). Em 1984, no entanto, foi publicada uma nova tradução em português, da quinta edição da Nomina Anatomica em latim, “sob a supervisão da Comissão de Nomenclatura da Sociedade Brasileira de Anatomia”, na qual se preferiu substituir túrcica por turca: sela turca (13). Mais recentemente, na tradução da última edição da Nomina, de 1998, publicada com o título de Terminologia Anatômica,permaneceu a forma sela turca (14).Fazendo uma pesquisa nos trabalhos indexados pela BIREME nos últimos anos, encontramos a ocorrência de sela túrcica 78 vezes, e sela turca 75 vezes, o querepresenta praticamente 50% de cada uma das formas (15). Como túrcica e turca são sinônimos, embora o adjetivo túrcico(a) seja obsoleto (1), não se pode incriminar nenhuma delas de incorreta. A meu ver túrcica é mais tradicional, enquanto turca é mais recente, tendo sido adotada pela Sociedade Brasileira de Anatomia. Por outro lado, sela túrcica é a forma para a língua portuguesa que se encontra nos Descritores em Ciências da Saúde da BIREME (15) e a única registrada no mais moderno dicionário de termos médicos, que é o de Luis Rey (16).Assim, optamos por sela túrcica
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