Boletim Informativo em UTI: percepção de familiares e profissionais de saúde
Palavras-chave:
Enfermagem, Unidade de Terapia Intensiva, Família, Comunicação.Resumo
No cotidiano da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) a família mostra-se ansiosa, tem medo da perda e do desconhecido. Essa situação é mais crítica quando se depara com uma unidade de acesso limitado por horários rígidos e curto tempo de visita por paciente. Dentre as normas e rotinas das Unidades de Terapia Intensiva (UTI), encontra-se aquela relativa às informações clínicas sobre os pacientes internados, que geralmente são fornecidas por meio de um Boletim Informativo (BI), contendo termos como: grave, estável, regular, que não esclarecem satisfatoriamente o estado do familiar internado. É comum a família ter acesso ao Informativo e buscar informações adicionais por meio de telefonemas ou pessoalmente na UTI. Estudo descritivo exploratório que objetivou identificar semelhanças e diferenças entre Boletins Informativos (BI) de Unidades de Terapia Intensiva (UTI); descrever a percepção de familiares e profissionais sobre os BI como instrumento de comunicação do estado do paciente nas UTI; identificar os aspectos comunicacionais envolvidos na compreensão dos BI das UTI; identificar sugestões que possibilitem elaborar um informativo adequado às necessidades dos familiares. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com 41 familiares e profissionais, e as respostas analisadas conforme propõe Bardin (2004). Evidenciou-se que os BI são semelhantes na forma, conteúdo e maneira de transmitir as informações. A maioria dos informantes caracterizou o BI como pouco compreensível e de linguagem técnica, que não esclarece a situação do paciente, gerando confusão e dúvidas sobre a confiabilidade das informações. Consideraram-no subjetivo e controverso pela falta de critérios usados na sua elaboração, mas que ainda é uma forma eficaz de transmitir informações. Sugeriram inclusão de itens menos técnicos e um glossário anexo, transmitido por profissional capacitado. Identificou-se similaridade nos discursos dos profissionais e familiares, e uma prática profissional não condizente com o exposto. É fundamental mudar os BI tanto na forma quanto no conteúdo, bem como a revisão de alguns modos cotidianos de pensar e agir. Pressupõe a compreensão de que a excelência da qualidade assistencial, baseada na comunicação efetiva, envolve reorganização do processo de trabalho em dimensões teóricas, práticas, políticas, organizacionais e interpessoais. Porém, este processo de mudança está mais na dependência de mudanças pessoais do que externas, pois a qualidade do cuidar envolve não apenas o agir técnico, mas, sobretudo a dimensão humana, que certamente decorre da interação, do diálogo efetivo, do respeito à diversidade de percepções, da mudança de comportamentos. Significa transformar em ações o discurso do “atender com qualidade”.
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