Saúde mental, neuroculturas, e racionalidade neoliberal
DOI:
https://doi.org/10.5216/sec.v27.78350Resumo
A cerebralização do sofrimento psíquico vem sendo apontada como uma espécie de sociabilidade em que as explicações sobre etiologia e tratamento dos transtornos mentais se concentram no sistema nervoso, com consequências importantes para as estratégias psicossociais de prevenção e tratamento, bem como para as abordagens comunitárias da saúde mental. O artigo explora a relação entre a cerebralização do sofrimento psíquico, as “neuroculturas” e a racionalidade neoliberal, identificando um emaranhamento entre dispositivos psicopolíticos e neuropolíticos que sustentam formas individualistas de atenção à saúde mental e a políticas públicas com foco excessivo na individualização do sofrimento. Esses dispositivos incidem principalmente sobre o “nervoso da vida” identificado por Minayo, já que o nexo histórico entre cerebralização e individualização do sofrimento parece ter suas condições de existência a partir da introdução das emoções e sentimentos na clínica privada burguesa. A necessidade de abordagens mais complexas dos fenômenos de saúde mental, bem como da priorização de estratégias comunitárias para a atenção psicossocial, torna-se cada vez mais urgente, conquanto a cerebralização passa a fazer parte de discursos oficiais que influenciam políticas públicas. Esse artigo busca defender que as explicações exclusivamente neurobiológicas para o sofrimento psíquico têm grande relação com o neoliberalismo como organização econômica e como racionalidade, e aponta mais uma vez para a necessidade de olhar para as relações sociais, econômicas e políticas no
cuidado em saúde mental.
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