Desigualdades sociais em contraluz: uma análise baseada nas trajetórias de classe na Argentina

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5216/sec.v24.63396

Resumo

Neste artigo, apresentamos resultados de um projeto de pesquisa em andamento no qual analisamos a desigualdade social na Argentina para o período 2003-2019. Como ponto de partida, propomos a abordagem das desigualdades sociais como fenômeno relacional, multidimensional, processual e multiescalar. Para compreender como se constroem as diversas formas de desigualdade entre classes sociais em um território específico e ao longo do tempo, adotamos a perspectiva dinâmica das trajetórias sociais: a) laborais; e b) educativas. Entendemos que a análise da trajetória educacional e da consequente inserção laboral torna visível o modo como os condicionamentos estruturais (modelos econômicos e sua relação com as possibilidades existentes no mercado de trabalho) se articulam/tencionam diante das políticas institucionais (relações e políticas públicas e privadas de inserção ocupacional) e as ações dos indivíduos (estratégias subjetivas para a inserção e permanência no mundo do trabalho). Neste artigo, voltamos nosso olhar para esta última dimensão, apresentando uma análise que enfoca as representações e ações dos indivíduos sobre suas trajetórias. Dentre as principais conclusões podemos destacar que, enquanto a classe média alta apresenta trajetórias educacionais e laborais relativamente homogêneas, atingindo os mais altos níveis educacionais e cargos hierárquicos, além de boas condições de contratação, estabilidade e previdência social, a classe média ativa no mercado de trabalho e a classe operária apresentam trajetórias educacionais e laborais heterogêneas. As primeiras concluem o Ensino Médio e adentram o Ensino Superior nos níveis de graduação e pós-graduação, e a implantação de trajetórias laborais associadas a cargos administrativos formais públicos ou privados ou a trabalho autônomo, com formas precárias de contratação. Por fim, a classe trabalhadora informal desenvolve trajetórias educacionais com poucas credenciais e trajetórias laborais informais muito longas, com início na infância.

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Biografia do Autor

Leticia Muñiz Terra, Universidad Nacional de La Plata, La Plata Argentina

Doutora em Ciências Sociais e Mestre em Ciências Sociais no Trabalho pela Universidade de Buenos Aires, Argentina, e Professora e Bacharel em Sociologia na Universidade Nacional de La Plata, Argentina. Atualmente, trabalha como Pesquisadora Associada no CONICET, com um local de trabalho no Centro Interdisciplinar de Metodologia das Ciências Sociais do Instituto de Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais. 

María Eugenia Ambort, Universidad Nacional de La Plata, La Plata Argentina

María Eugenia é professora e graduada em sociologia pela Universidade Nacional de La Plata e Mestre em Estudos Sociais Agrários pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (FLACSO-Argentina). Tem uma bolsa doutoral do CONICET, com sede no Instituto de Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais (IdIHCS) da Universidade Nacional de La Plata. Seus tópicos de trabalho giram em torno da sociologia rural, particularmente a agricultura familiar, e os processos de mobilidade social na horticultura, desde uma perspectiva qualitativa e de gênero. Trabalha como integrante da oficina de pesquisa "Abordagem Biográfica, curso de vida e mundo do trabalho: perspectivas teóricas, epistemológicas e metodológicas para a reconstrução e análise de histórias de vida profissional em ciências sociais", de Leticia Muñiz Terra.

Matías José Iucci, Universidad Nacional de La Plata, La Plata, Argentina

Bacharel em Sociologia (UNLP), Mestre em Governo e Desenvolvimento (UNSAM), Doutor em Ciências Sociais e Humanas (UNQui). 

Publicado

2021-05-17

Como Citar

MUÑIZ TERRA, L.; AMBORT, M. E.; IUCCI, M. J. Desigualdades sociais em contraluz: uma análise baseada nas trajetórias de classe na Argentina. Sociedade e Cultura, Goiânia, v. 24, 2021. DOI: 10.5216/sec.v24.63396. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fcs/article/view/63396. Acesso em: 18 abr. 2024.

Edição

Seção

Artigos Livres