Novas trilhas do paraíso: o rastro do religioso na contemporaneidade

Autores

  • ANDREA LISSETT PÉREZ FONSECA (UFSC)

DOI:

https://doi.org/10.5216/sec.v9i1.439

Resumo

Resumo: Neste artigo se analisa a religiosidade em cenários sociais considerados laicos, partindo-se do questionamento ao ideário da sociedade moderna, cimentada na visão de um mundo secularizado. Leituras contemporâneas sobre os chamados novos movimentos religiosos, assim como de distintas manifestações socio-culturais, colocaram em relevo a existência de diversos processos de hibridação nos quais se apagam as fronteiras entre o “laico” e o “religioso”. Discute-se aqui a força do religioso em espaços “laicos”, nos quais a “cultura bíblica”, profundamente arraigada no imaginário coletivo, atua como referente de pensamento. Trata-se, em particular, do mito religioso do Paraíso, que no mundo laico se converte em renovada expressão de esperança e de utopia social. Palavras-chave: religiosidade; laico; paraíso; contemporaneidade. Volta à religião? Não necessariamente. E certamente não como ‘fundamento’. Apenas, estamos por assim dizer na estaca zero; linguagem, aliás, que serve para expressar que se trata, agora, apenas de um jogo. (OTÁVIO VELHO) O presente ensaio procura refletir sobre a questão da religiosidade no mundo contempor âneo e, mais precisamente, sobre as expressões religiosas nos cenários considerados laicos. Essa proposta é polêmica, de início, porque questiona o ideário de sociedade moderna do mundo secularizado, racional, construído sobre a separa ção radical entre o religioso e o laico, que se estende a uma série de categorias classificat órias e normativas da ordem social, tais como: o ?sagrado? e o ?profano?, o ?puro e o ?impuro? etc. Apesar do arraigamento dessa mentalidade no mundo ocidental, a irrupção de novas realidades sociais, dos chamados ?novos movimentos religiosos?, de diferentes expressões sociais, culturais e intelectuais colocaram em relevo a existência de diversas formas de hibridismos e reinvenções simbólicas que saiam da linearidade do processo de secularização, da fronteira entre o religioso e o laico, e mostraram a coexistência criativa de múltiplas lógicas. Nessa perspectiva, discute-se aqui a força do religioso dentro de espaços considerados laicos e, em específico, da ?cultura bíblica?, profundamente cimentada no imaginário latinoamericano, que se tem constituído em referência (não explícita) a diversas utopias sociais e expectativas milenárias. Trata-se, em particular, do mito religioso do Paraíso, que evoca elementos simbólicos bastante internalizados, i.e., o mundo final e eterno da felicidade, a abundância, o reino da justiça e, em geral, o bem-estar coletivo; aspectos que, no mundo laico, se convertem em renovada expressão de esperança e busca de novos paraísos terrenos, edificados pelos homens. Ora, esta reflexão conduz, finalmente, a perguntar sobre por que o religioso continua sendo fonte de significado no mundo contemporâneo. Exploram-se várias perspectivas que destacam o caráter emotivo do religioso, que afeta o ser em sua dimensão viven- * Doutoranda em Antropologia Social. Programa de Pós- Graduação em Antropologia Social na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). E-mail: anliper@yahoo.com.mx.

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Biografia do Autor

ANDREA LISSETT PÉREZ FONSECA, (UFSC)

Doutoranda em Antropologia Social. Programa de Pós- Graduação em Antropologia Social na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). E-mail: anliper@yahoo.com.mx.

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Publicado

2007-12-05

Como Citar

FONSECA, A. L. P. Novas trilhas do paraíso: o rastro do religioso na contemporaneidade. Sociedade e Cultura, Goiânia, v. 9, n. 1, p. 39–50, 2007. DOI: 10.5216/sec.v9i1.439. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fcs/article/view/439. Acesso em: 30 abr. 2024.

Edição

Seção

Dossiê