Saúde mental, neuroculturas, e racionalidade neoliberal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5216/sec.v27.78350

Resumo

A cerebralização do sofrimento psíquico vem sendo apontada como uma espécie de sociabilidade em que as explicações sobre etiologia e tratamento dos transtornos mentais se concentram no sistema nervoso, com consequências importantes para as estratégias psicossociais de prevenção e tratamento, bem como para as abordagens comunitárias da saúde mental. O artigo explora a relação entre a cerebralização do sofrimento psíquico, as “neuroculturas” e a racionalidade neoliberal, identificando um emaranhamento entre dispositivos psicopolíticos e neuropolíticos que sustentam formas individualistas de atenção à saúde mental e a políticas públicas com foco excessivo na individualização do sofrimento. Esses dispositivos incidem principalmente sobre o “nervoso da vida” identificado por  Minayo, já que o nexo histórico entre cerebralização e individualização do sofrimento parece ter suas condições de existência a partir da introdução das emoções e sentimentos na clínica privada burguesa. A necessidade de abordagens mais complexas dos fenômenos de saúde mental, bem como da priorização de estratégias comunitárias para a atenção psicossocial, torna-se cada vez mais urgente, conquanto a cerebralização passa a fazer parte de discursos oficiais que influenciam políticas públicas. Esse artigo busca defender que as explicações exclusivamente neurobiológicas para o sofrimento psíquico têm grande relação com o neoliberalismo como organização econômica e como racionalidade, e aponta mais uma vez para a necessidade de olhar para as relações sociais, econômicas e políticas no
cuidado em saúde mental.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Carolina Lopes de Lima Reigada, Universidade de Brasília (UnB), Brasília, Distrito Federal, Brasil, carol_reigada@yahoo.com.br

Preceptora da Residência em Medicina de Família e Comunidade da ESCS e professora de Medicina de Família e Comunidade na Universidade de Brasília.

Caio Maximino, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), Marabá, Pará, Brasil, cmaximino@unifesspa.edu.br

Psicólogo com doutorado em Neurociências e Biologia Celular pela Universidade Federal do Pará. Professor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará.

Downloads

Publicado

2024-11-01

Como Citar

REIGADA, C. L. de L.; MAXIMINO, C. Saúde mental, neuroculturas, e racionalidade neoliberal. Sociedade e Cultura, Goiânia, v. 27, 2024. DOI: 10.5216/sec.v27.78350. Disponível em: https://revistas.ufg.br/fcs/article/view/78350. Acesso em: 5 nov. 2024.

Edição

Seção

Artigos Livres