Os descaminhos das águas: do sagrado ao mercado
DOI:
https://doi.org/10.5216/bgg.v38i3.56351Resumo
Dada a magnitude e a intensidade dos problemas relacionados à superexploração dos mananciais hídricos, incluindo a violação do direito fundamental à água, torna-se de suma importância elucidar as articulações do capital para consubstanciar a mercantilização desse elemento vital. A partir de uma perspectiva do tempo longo, são evidenciadas as ações do capital no sentido de expandir seu domínio sobre os recursos naturais, em especial sobre os hídricos. O esvaziamento da dimensão do sagrado e do comum, contidos historicamente nas águas, produz a subalternização do uso e a exaltação da troca. Assim, o movimento histórico de transformação da concepção e apropriação das águas, exposto ao longo do texto, evidencia a perversidade sistêmica contida na lógica mercantil e na reprodução capitalista do espaço, demonstrando, dessa forma, que esse esvaziamento produz uma materialidade espacial de degradação e conflitos, abrindo precedentes para a apropriação privada de um bem comum.
Palavras-chave: Mercantilização da água, Privatização da água, Direito à água