Poética de Exu
O mais alegre dos trágicos
DOI:
https://doi.org/10.5216/ac.v8i2.74139Resumo
Neste artigo faço uma reflexão filosófica sobre Exu, um dos mais complexos deuses da mitologia nagô para deslocar essa ideia demonizadora forjada pela branquidade e descolonizar a ideia que conhecemos de que a mitologia única e verdadeira surgiu na Grécia. Foi todo um processo de apagamento das narrativas e saberes populares que foram subalternizados pela cultura hegemônica, de supremacia branca e euro centrada a ponto de inferiorizar, bestializar e apagar a memória do povo preto, fruto de toda uma negação do pensamento afro-brasileiro como não legítimo, apontando, com isso, uma certa inferiorização epidérmica, ontológica e epistemológica. Para esse movimento, tenho em mãos uma interpretação de Exu como o nascimento da tragédia afro-brasileira propriamente dita, para deslocar a tragédia desse lugar grego que o ocidente privilegiou como o norte, ou lugar legítimo de produção de conhecimento para refletirmos acerca do teatro como encruzilhada da criação, emergindo aí uma poética trágica que se afirma sob o signo não da dor, do negativo, mas da alegria como acontecimento, como força revolucionária e afirmação da vida. Exu, signo trágico por excelência, será desenhado aqui como um giro decolonial que tensiona, por sua vez, o mito branco, grego, hegemonicamente aceito pelo Ocidente.
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