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Análise das transformações da pecuária brasileira: um enfoque na pecuária leiteira

Resumo

Objetivou-se com este estudo caracterizar as principais transformações ocorridas na pecuária leiteira entre as unidades federativas do Brasil no período de 2006 a 2017. Foram reunidos dados dos Censos Agropecuários de 2006 e 2017. Em seguida, foram feitas análises descritivas para comparação das variações entre estados e macrorregiões. Para testar o relacionamento das variáveis foi utilizado o teste de correlação de Pearson. Houve redução de 4,63% no número de estabelecimentos com bovinos, com destaque para os estados de PE (-23,02%), RS (-20,67%) e PR (-19,65%). Houve crescimento da participação de alguns estados no número de bovinos, especialmente da região Norte. A área de pastagem não mudou significativamente com o passar dos anos. Verificou-se redução de 12,92% no número de produtores de leite, principalmente em bacias leiteiras tradicionais, como RS (-36,62%), PR (-27,33%), SP (-24,67%) e SC (-20,21%). Os produtores que permaneceram na atividade aumentaram sua escala de produção diária. Embora houve decréscimo de 9,47% no número de vacas ordenhadas, a produtividade do rebanho aumentou 61,96%, com destaque para as regiões Sul (72,98%) e Sudeste (62,31%). A produção de leite foi mais correlacionada com o número de vacas ordenhadas (P<0,05; r=0,97) e com a produtividade por vaca (P<0,05; r=0,63), do que com a área dos estabelecimentos rurais (P<0,05; r=0,38). Conclui-se que mudanças importantes ocorreram na pecuária leiteira no intervalo de onze anos, incluindo mudanças na geografia da produção, maior concentração e profissionalização da atividade, além do expressivo crescimento da produção de leite em praticamente todos os estados, reflexo da maior produtividade do rebanho nacional.

Palavras-chave:
Bovino; Censo Agropecuário; Unidade federativa

Abstract

In this study, we investigated the principal transformations in dairy farming among Brazilian federative units in the period from 2006 to 2017. Data were drawn from the Agricultural Censuses from 2006 and 2017. In order to compare the variations between the states and macroregions, descriptive analyses were performed. Pearson correlation was used to test the correlation among the variables. A 4.63% decrease was observed in the number of establishments supporting cattle, notably in the states of PE (-23.02%), RS (-20.67%) and PR (-19.65%). Some states showed greater participation in terms of increase in number of cattle, particularly in the Northern region. No significant change in pasture area was observed. A decrease of 12.92% in number of milk producers was observed, mainly in the traditional dairy basins, such as RS (-36.62%), PR (-27.33%), SP (-24.67%) and SC (-20.21%). Producers who continued in the activity had a rise in the scale of their daily production. Although there was a 9.47% reduction in the number of cows milked, the herd productivity showed a 61.96% surge, particularly in the Southern (72.98%) and South-eastern (62.31%) areas. Milk production revealed higher correlation with number of cows milked (P<0.05; r=0.97) and productivity per cow (P<0.05; r=0.63), than with area of the rural establishments (P<0.05; r=0.38). In conclusion, there were significant changes in dairy farming over an eleven-year period, including changes in the geography of production, greater concentration and professionalization of the activity, as well as the expressive growth of milk production in almost every state, which is reflective of higher productivity of the national herd.

Key words:
Cattle; Agricultural Census; Federative unit

Introdução

O agronegócio brasileiro representa importante atividade econômica, com papel de destaque na geração de emprego e renda e no equilíbrio da balança comercial do país. A pecuária bovina é uma das atividades mais importantes do agronegócio. A pecuária de corte é desenvolvida em todos os estados brasileiros, sendo caracterizada pela elevada dependência de pastagens e pelo rebanho bovino constituído majoritariamente por genótipos zebuínos(11 Ferraz JB, Felício PE. Production systems - an example from Brazil. Meat Science. 2010; 84(2): 238-243.). Por sua vez, a pecuária leiteira também está distribuída em todo o território nacional e a heterogeneidade do processo produtivo é marcante, tanto em relação às técnicas de produção quanto ao rebanho e ao tipo de produtores(22 Stock LA, Zoccal R, Carvalho GR, Siqueira KB. Competitividade do agronegócio do leite brasileiro.Embrapa Informação Tecnológica, 2011. 326p. Portuguese.). Nas últimas décadas, a pecuária passou por grandes transformações, de forma heterogênea entre seus setores, ainda assim refletindo em avanços tecnológicos dos sistemas de produção e da organização da cadeia produtiva(33 EMBRAPA. O futuro da cadeia produtiva da carne bovina brasileira: uma visão para 2040. CampoGrande, MS: Embrapa Gado de Corte, 2020. 136p. Portuguese., 44 Vilela D, Resende JC, Leite JB, Alves E. A evolução do leite no Brasil em cinco décadas. Revista de PolíticaAgrícola. 2017; 26(1): 5-24.). Apesar disso, a pecuária brasileira ainda carece de melhorias nos aspectos gerenciais e no aumento de produtividade para garantir maior competitividade.

O Censo Agropecuário é um levantamento periódico, de abrangência nacional, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que fornece informações gerais sobre os estabelecimentos agropecuários e as atividades neles desenvolvidas. Tais informações têm sido fundamentais para caracterização dos sistemas de produção e melhor compreensão das transformações ocorridas ao longo dos anos(5, 6).

Diante da importância e das especificidades da atividade pecuária, estudos adicionais e análises mais aprofundadas ainda são necessários. Neste contexto, a análise espacial e a comparação intercensitária da atividade pecuária podem revelar informações importantes, de modo a ampliar os conhecimentos a respeito das características, mudanças na geografia da produção, além de auxiliar no entendimento de possíveis desdobramentos da atividade pecuária e do ambiente competitivo que o país se encontra inserido. Somado a isso, os resultados podem ainda contribuir para formulação de políticas públicas de fomento do setor e da economia regional.

Dessa forma, o presente estudo teve como objetivo caracterizar as principais transformações ocorridas na pecuária leiteira entre as unidades federativas do Brasil no período de 2006 a 2017, a partir dos dados censitários oficiais.

Material e métodos

Coleta de dados

Foram reunidos e analisados dados dos Censos Agropecuários de 2006(77 IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agropecuário 2006. Available from: https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/censo-agropecuario/censo-agropecuario-2006/segunda-apuracao. Portuguese.
https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/censo...
) e de 2017(88 IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agropecuário 2017. Available from: https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/censo-agropecuario/censo-agropecuario-2017. Portuguese.
https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/censo...
). Os dados foram compilados a partir do Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA) do IBGE. O SIDRA consiste em um banco de tabelas estatísticas que contém dados agregados (sem identificação do informante) das pesquisas realizadas pelo IBGE. A navegação pelo acervo digital se iniciou pela seleção de um descritor de interesse (por exemplo, nível territorial), seguido pela seleção do período de disponibilidade (por exemplo, ano de 2017), seguido pela seleção das variáveis desejadas (por exemplo, área de pastagens) e, por fim, transferência dos dados. Além disso, parte dos dados foram compilados e disponibilizados a partir do contato direto com o IBGE via e-mail.

Definição das variáveis estudadas

Para possibilitar uma análise aprofundada, diversas variáveis foram consideradas neste estudo. As variáveis e respectivas unidades encontram-se descritas na tabela 1. Os valores relativos à área foram convertidos em décimos de hectares, enquanto que os valores relativos à produção de leite, em milhares de litros.

Análises dos dados

Os dados foram agrupados em tabelas para melhor organização e comparação dos resultados. Análises descritivas foram executadas e comparações entre estados e macrorregiões, foram realizadas considerando a frequência absoluta (valor observado) e a variação relativa, em porcentagem. Para observar o grau de associação entre as variáveis dos dados mais recentes, foi utilizada uma abordagem exploratória por meio do teste de correlação linear de Pearson(99 Sampaio IBM. Estatística aplicada à experimentação animal. 3. ed. Belo Horizonte: Fundação de Estudoe Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia, 2010. 264p. Portuguese.). Essa abordagem pode evidenciar associações, sem que haja dependência entre as variáveis, e associações que, pela natureza das respostas envolvidas, permitem a percepção da dependência de uma delas em relação a outra(1010 Naghettini M, Pinto ÉJA. Hidrologia estatística. Belo Horizonte: CPRM, 2007. 552p. Portuguese.). Os resultados gerados estão apresentados na forma de coeficiente de correlação (r) e diferenças foram consideradas quando P < 0,05. Os coeficientes de correlação foram classificados como forte (r > 0,6), moderado (0,6 ≤ r ≥ 0,4) ou fraco (r < 0,4). Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando o software MS Excel® (Excel 2019, Microsoft Corp., Redmond, WA, USA), em conjunto com a extensão Action Stat®, versão 3.7 (Estatcamp São Carlos, SP, Brazil).

Tabela 1
Descrição das variáveis estudadas e respectivas unidades.

Resultado e discussão

O Censo de 2017 registrou 5,07 milhões de estabelecimentos agropecuários no país. Os bovinos estão presentes em 2,55 milhões deles (50,36%). Já no Censo de 2006, foram contabilizados 2,67 milhões de estabelecimentos, o que indica uma queda de 4,63%. Esta diminuição ocorreu especialmente nas regiões Sul (-18,09%) e Nordeste (-8,49%) do país, liderados pelos estados de Pernambuco (-23,02%), Rio Grande do Sul (-20,67%) e Paraná (-19,65%), respectivamente. Por outro lado, as regiões Norte e Centro-Oeste cresceram 16,70% e 12,59%, respectivamente (Tabela 2). Fatores como envelhecimento da população rural associado ao desestímulo para permanência do jovem no meio rural(1111 Oliveira MF, Mendes L, Vasconcelos ACVH. Desafios à permanência do jovem no meio rural: umestudo de casos em Piracicaba-SP e Uberlândia-MG. Revista de Economia e Sociologia Rural. 2021; 59(2): e222727.), redução no acesso a políticas públicas de crédito rural(1212 Scheuer JM. Dinâmica da agricultura brasileira em 2006-2017. Revista Política Agrícola. 2019; 28(3): 131-147.), ineficiência produtiva de produtores de leite familiares(1313 Gonçalves RML, Vieira WC, Lima JE, Gomes ST. Analysis of technical efficiency of milk producing farms in Minas Gerais. Economia Aplicada. 2008; 12(2): 321-335.), longo período de estiagem observado na região Nordeste, o que provocou a desertificação e migração dos agricultores(1414 Azevedo SCD, Cardim GP, Puga F, Singh RP, Silva EA. Analysis of the 2012-2016 drought in the northeast Brazil and its impacts on the Sobradinho water reservoir. Remote Sensing Letters. 2018; 9(5): 438-446.), além da competição de áreas para a produção de soja na Região Sul(1515 Oliveira TE, Freitas DS, Gianezini M, Ruviaro CF, Zago D, Mércio TZ, Dias EA, Lampert VN, Barcellos JOJ.Agricultural land use change in the Brazilian Pampa Biome: The reduction of natural grasslands. Land Use Policy. 2017; 63(1): 394-400., 1616 Moreira JG, Conterato MA, Matte A. Transformações produtivas e mudanças no uso da terra nopampa brasileiro: influências no avanço da soja na bovinocultura de corte. Revista Campo-Território. 2019; 14(33): 179-207.), podem ter contribuído para redução do número de estabelecimentos com bovinos no período intercensitário.

O Brasil é um país continental, com território de cerca de 8,51 milhões de quilômetros quadrados (851,08 milhões de hectares)(1717 IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Brasil em síntese. 2021. Available from: https://brasilemsintese.ibge.gov.br/territorio.html Portuguese.
https://brasilemsintese.ibge.gov.br/terr...
). O Censo de 2017 apontou que 23,87% dessa área (203,12 milhões de hectares) foi composta por estabelecimentos com criação de bovinos. Por outro lado, o Censo de 2006 contabilizou 198,81 milhões de hectares de área total dos estabelecimentos com bovinos, o que indica que com o passar dos anos houve expansão de 2,16% do tamanho da área. Esse aumento foi observado principalmente na região Norte (22,68%), liderado pelos estados de Roraima (44,09%), Acre (33,92%) e Amazonas (31,84%; Tabela 2). Em contrapartida, nas regiões Sul e Centro-Oeste observou-se um decréscimo de 6,47% e 4,90%, respectivamente. Destaca-se, portanto, que, ainda que o número de estabelecimentos com bovinos tenha diminuído, houve aumento da área dos estabelecimentos remanescentes, seguindo a mesma tendência de concentração de terras já observada na agricultura, impulsionada pela expansão das culturas de soja, milho e cana-de-açúcar(1818 Novo ALM, Jansen K, Slingerland M, Giller K. Biofuel, dairy production and beef in Brazil: competingclaims on land use in São Paulo state. The Journal of Peasant Studies. 2010; 37(4): 769-792.). A grande variação dos indicadores técnicos e econômicos apontada por outros estudos(1919 FAEMG - Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais. Diagnóstico da pecuáriabovina de corte em Minas Gerais. 2016. 147p. Portuguese., 2020 Pereira MN, Resende JC, Pereira RAN, Silva HCM. Indicadores de desempenho de fazendas leiteirasde Minas Gerais. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia. 2016; 68(4): 1033-1042.), pode explicar a decisão de parte dos pecuaristas pelo abandono da atividade e venda de suas terras.

Tabela 2
Valores absolutos e variação relativa (%) entre 2006 e 2017 do número de propriedades e área das propriedades nas unidades federativas do Brasil

As pastagens são a fonte de alimento mais importante para a produção de bovinos de corte no Brasil. Houve uma discreta redução da área de pastagens com o decorrer dos anos. Em 2017 foram contabilizados 159,5 milhões de hectares, 0,34% a menos do que no levantamento anterior. A região onde houve maior decréscimo da área de pastagens foi o Nordeste (-10,03%), com destaque para os estados de Paraíba (-35,42%) e Rio Grande do Norte (-21,37; Tabela 3), o que pode ser explicado pela migração de agricultores para outras atividades devido às secas vivenciadas na região no período intercensitário(1414 Azevedo SCD, Cardim GP, Puga F, Singh RP, Silva EA. Analysis of the 2012-2016 drought in the northeast Brazil and its impacts on the Sobradinho water reservoir. Remote Sensing Letters. 2018; 9(5): 438-446.). Além disso, o estado de São Paulo também apresentou redução significativa da área de pastagens (-31,57%), resultado direto dos valores de terra, além do aumento da demanda global por biocombustíveis e expansão da produção de canade-açúcar(1818 Novo ALM, Jansen K, Slingerland M, Giller K. Biofuel, dairy production and beef in Brazil: competingclaims on land use in São Paulo state. The Journal of Peasant Studies. 2010; 37(4): 769-792.), com efeito na substituição do uso da terra no estado.

Tabela 3
Valores absolutos e variação relativa (%) entre 2006 e 2017 da área de pastagem e número de bovinos nas unidades federativas do Brasil

A região Norte foi a única região que cresceu em área de pastagens (23,63%), com destaque para os estados de Amapá (68,36%), Roraima (53,94%) e Acre (40,24%; Tabela 3), justificado pelo avanço da fronteira agropecuária na Amazonia Legal, impulsionado pelo acesso ao crédito e protocolos de sanidade animal na Região(2121 Freitas Junior AM, Barros PHB. A expansão pecuária para a Amazônia legal: externalidades espaciais,acesso ao mercado de crédito e intensificação do sistema produtivo. Nova Economia. 2021; 31(1): 303-333.). Houve correlação forte (P < 0,05; r = 0,99) entre área de pastagens e tamanho dos estabelecimentos rurais, porém foi detectada apenas correlação moderada (P < 0,05; r = 0,50) entre área de pastagens e a superfície territorial dos estados (Tabela 4). Embora não tenha havido significativa mudança nas áreas de pastagens no país, a produtividade dessas áreas aumentou. Enquanto houve redução das pastagens nativas, as pastagens cultivadas ou artificiais representaram crescimento de 10%, o que pode ser explicado pela melhor compreensão das relações solo-planta-animal(2222 Silva SC, Nascimento Junior D. Avanços na pesquisa com plantas forrageiras tropicais em pastagens: características morfofisiológicas e manejo do pastejo. Revista Brasileira Zootecnia. 2007; 36(Suplemento Especial): 121-138.), além da adoção de tecnologias importantes para intensificar o aproveitamento das pastagens(2323 Delevatti LM, Cardoso AS, Barbero RP, Leite RG, Romanzini EP, Ruggieri AC, Reis RA. Effect of nitrogen application rate on yield, forage quality, and animal performance in a tropical pasture. Scientific Reports. 2019; 9(7596).

24 Gil J, Siebold M, Berger T. Adoption and development of integrated crop-livestock-forestry systems inMato Grosso, Brazil. Agriculture, Ecosystems and Environment. 2015; 199(1): 394-406.

25 Mandarino RA, Barbosa FA, Lopes LB, Telles V, Florence EAS, Bicalho FL. Evaluation of goodagricultural practices and sustaintability indicators in livestock systems under tropical conditions. Agricultural Systems. 2019; 174: 32-38.
-2626 Vieira BR, Azenha MV, Casagrande DR, Costa DFA, Ruggieri AC, Berchielli TT, Reis RA. Ingestive behavior of supplemented Nellore heifers grazing palisadegrass pastures managed with different sward heights. Animal Science Journal; 88(4): 696-704.), consequência dos intensos trabalhos de pesquisa realizados por institutos de pesquisa e universidades(2727 Lobato JFP, Freitas AK, Devincenzi T, Cardoso LL, Tarouco JU, Vieira RM, Dillenburg DR, Castro I.Brazilian beef produced on pastures: Sustainable and healthy. Meat Science. 2014; 98(3): 336-345.).

Tabela 4
Coeficientes de correlação linear das variáveis estudadas em 2017

Segundo os dados censitários de 2017, o rebanho bovino do país era de 172,72 milhões de cabeças. Contudo, segundo a Pesquisa Pecuária Municipal (PPM), levantamento feito anualmente pelo IBGE, o rebanho bovino do país em 2017 era de 214,90 milhões de cabeças(2828 IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa Pecuária Municipal. Rio de Janeiro, RJ,2018. Available from: https://www.ibge.gov.br/estatisticas/economicas/agricultura-e-pecuaria/9107producao-da-pecuaria-municipal.html English.
https://www.ibge.gov.br/estatisticas/eco...
). Essa grande discrepância pode ser explicada pela adoção de metodologias diferentes entre os dois levantamentos. Enquanto a PPM utiliza como data de referência 31 de dezembro, o Censo de 2017 levou em consideração o rebanho bovino existente em 30 de setembro. Uma vez que parcela significativa dos produtores adota a estratégia de estação de monta, visando programar a estação de nascimentos com o período de maior disponibilidade de pastagem(2929 Castro FC, Fernandes H, Leal CLV. Sistemas de manejo para maximização da eficiência reprodutivaem bovinos de corte nos trópicos. Veterinária e Zootecnia. 2018; 25(1): 41-60.), há probabilidade de parte dos bezerros nascerem no último trimestre do ano e, portanto, não terem sido contabilizados como animais vivos. Somado a isso, enquanto o procedimento de coleta de dados do Censo é realizado por meio de entrevista direta com os responsáveis pelos estabelecimentos rurais, a PPM infere a partir de consulta a fontes indiretas, o que também pode constituir fonte de variações.

Quando comparado o rebanho bovino contabilizado pelo Censo de 2017 com o de 2006, foi observada pequena variação (-1,95%), com diminuição mais significativa na região Nordeste (-16,06%), com destaque para os estados de Pernambuco (-31,68%) e Bahia (-20,06%). O estado de Mato Grosso se manteve na liderança com rebanho total de 24,31 milhões de cabeças (incremento de 17,63% em relação ao Censo 2006), seguindo a tendência de crescimento dos rebanhos de corte já observada desde a década de 90 para a região. No entanto, em 2006, o rebanho da região Centro-Oeste ultrapassava o da região Norte em mais de 110%. Onze anos depois, a diferença entre essas duas regiões foi de apenas 66%. A alta taxa de crescimento verificada na região Norte teve maior contribuição dos estados de Roraima (26,97%), Acre (23,25%) e Rondônia (15,03%). Essa mudança na geografia da produção pode ser explicada por vários fatores. O preço de terras mais baixo e a possibilidade de escoamento da produção por novos portos e rotas de navegação, que funcionaram como fatores de atração. Além disso, houve aumento da concorrência por fatores de produção em áreas tradicionais devido ao avanço da agricultura de escala(3030 Leite JLB, Stock LA, Siqueira KB, Zoccal R. Dinâmica da pecuária leiteira no Brasil: evolução decaracterísticas das propriedades. Panorama do Leite. 2015; 7(82): 12-15.). Cabe destacar que pressões adicionais poderão existir no futuro com o aumento da demanda de grãos em países como a China e a manutenção de preços elevados no mercado mundial(3131 EMBRAPA. Visão 2030: o futuro da agricultura brasileira. Brasília, DF: Embrapa, 2018. 212p.Portuguese.). Foi observado pequeno incremento (1,64%) na taxa de lotação da pastagem entre 2006 e 2017, que passou de 0,91 para 0,92 cabeça por hectare, respectivamente. Esse resultado sofreu influência das diferentes metodologias adotadas entre os dois levantamentos censitários, com provável subestimativa da quantidade contabilizada de bovinos em 2017. Porém, é possível inferir que, uma vez que a área de pastagem não se alterou significativamente, o aumento do tamanho do rebanho bovino, conforme apontado pela PPM de 2017, indica maior taxa de lotação. Ainda assim, esses índices são modestos quando comparados a outros estudos que utilizaram amostra de fazendas tecnologicamente mais avançadas (1,50 cabeça/hectare)(1919 FAEMG - Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais. Diagnóstico da pecuáriabovina de corte em Minas Gerais. 2016. 147p. Portuguese.) ou ao potencial produtivo de sistemas de produção baseados no uso exclusivo de pastagens (9,60 cabeças/hectare)(3232 Herling VR, Pedreira CGS, Luz PHC, Braga GJ, Marchesin WA, Macedo FB, Lima CG. Performance and productivity of Nellore steers on rotationally stocked palisadegrass (Brachiaria brizantha) pastures in response to herbage allowance. The Journal of Agricultural Science. 2011; 149(6): 761-768.).

Em 2017, o Brasil contava com 1,18 milhão de estabelecimentos com produção de leite, valor 12,92% inferior ao levantado em 2006, quando 1,35 milhão de propriedades produziam leite (Tabela 5). Ainda que muitos produtores brasileiros tenham saído da atividade, o número é inferior à taxa de desaparecimento anual de outros países cuja produção leiteira é mais consolidada e produtiva que a brasileira, como Alemanha (2,77%), França (3,00%), Reino Unido (4,10%)(3333 EUROSTAT. Annual enterprise statistics for special aggregates of activities. 2018. Available from: https://ec.europa.eu/eurostat/data/database English.
https://ec.europa.eu/eurostat/data/datab...
) e Estados Unidos (20,00%)(3434 USDA NASS. 2017 Census of Agriculture. 2019. Available from: https://www.nass.usda.gov/Publications/AgCensus/2017/Full_Report/Volume_1,_Chapter_1_US/usv1.pdf. English.
https://www.nass.usda.gov/Publications/A...
).

Houve redução do número de estabelecimentos com produção de leite em 15 unidades da federação. O Rio Grande do Sul foi o estado onde houve redução mais expressiva do número de produtores (-36,62%). Por outro lado, a região Norte foi onde houve maior crescimento, com destaque para os estados de Amapá (222,92%), Roraima (155,57%) e Amazonas (93,67%), o que indica o deslocamento da fronteira leiteira para novas áreas e a consolidação de regiões distantes dos grandes centros consumidores.

Tabela 5
Valores absolutos e variação relativa (%) entre 2006 e 2017 do número de propriedades com produção de leite e vacas ordenhadas nas unidades federativas do Brasil

Os dados censitários de 2017 indicaram que a grande maioria dos produtores continua sendo de pequena escala, sendo que 92,6% deles produziram até 200 litros de leite diários. Por outro lado, os maiores produtores têm ganhado espaço no cenário nacional. O grupo de produtores acima de 200 litros diários praticamente dobrou no período, passando de 44 mil em 2006 para mais de 87 mil em 2017, mas ainda representando apenas 7% do total (Figura 1).

Figura 1
Número de propriedades leiteiras e produção total de leite separados por estrato de produção (litros de leite/dia), em 2006 e 2017, no Brasil. Fonte: IBGE (2006; 2017).

O Censo de 2017 apontou que 11,51 milhões de vacas foram ordenhadas no país. Quando comparado com os dados do Censo de 2006, houve um significativo decréscimo de 9,47% no número de vacas ordenhadas (Tabela 5). Essa diminuição ocorreu nas regiões Nordeste (-19,63%), Centro-Oeste (-16,34%) e Sudeste (-11,53%), com destaque para os estados de São Paulo (-30,11%), Piauí (-26,73%), Alagoas (-26,07%) e Paraíba (26,05%). Na região Sul houve pequeno aumento (1,72%) no número de vacas ordenhadas, enquanto a região Norte, teve um crescimento mais expressivo (6,33%), com destaque para os estados de Roraima (88,43%), Amazonas (60,50%) e Amapá (53,16%).

Embora a concentração fundiária seja tradicionalmente considerada um fator limitante ao aumento da produção de leite dos estados(3535 Neiva ACGR, Neiva JNM. Do campus para o campo: tecnologias para a produção de leite. Fortaleza: Expressão Gráfica e Editora, 2006. 320p. Portuguese.), neste estudo não foi identificada correlação (P > 0,05; Tabela 4) entre o número de vacas ordenhadas e a superfície territorial dos estados.

A produção anual de leite em 2017 superou 30 bilhões de litros, um expressivo crescimento de 46,62% em relação a 2006. Em 2017, a região Sudeste continuou na liderança da produção de leite do país (11.124.177 litros), seguida pelas regiões Sul (9.998.757 litros), Centro-Oeste (3.873.942 litros), Nordeste (3.253.115 litros) e Norte (1.906.288 litros). Entre os estados de maior produção, Minas Gerais se destacou (8.746.559 litros), seguido dos estados de Rio Grande do Sul (3.928.863 litros), Paraná (3.258.876 litros) e Santa Catarina (2.811.018 litros). Entre 2006 e 2017, houve aumento da produção em todas as unidades federativas do Brasil, com exceção da Paraíba (Tabela 6). Verifica-se, portanto, incremento da produção inclusive em regiões sem tradição na produção de leite, o que pode ser favorecido pelo baixo custo de oportunidade da terra em algumas regiões do país, abundância de grãos e menor preço de insumos, como alimentos concentrados e mão de obra. Além disso, foi observado que a produção anual de leite foi mais correlacionada com o número de vacas ordenhadas (P < 0,05; r = 0,97) e com a produtividade por vaca (P < 0,05; r = 0,63), do que a área dos estabelecimentos rurais (P < 0,05; r = 0,38; Tabela 4), o que sugere que a disponibilidade de terra não seja o maior determinante do volume de produção dos rebanhos brasileiros.

Cabe destacar que, embora o número de estabelecimentos produtores de leite e de vacas ordenhadas tenham diminuído, a produção anual de leite aumentou, o que pode ser explicado pelo aumento da produtividade da pecuária leiteira, que passou de 1,6 mil litros de leite por vaca ao ano em 2006 para 2,6 mil litros de leite por vaca ao ano em 2017, indicando um aumento de 61,96%, com destaque para as regiões Sul (72,98%) e Sudeste (62,31%; Tabela 6). Em alguns estados, como Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, o aumento da produção neste recorte de tempo foi superior à produção média nacional. Essa situação é resultado, principalmente, do aumento do profissionalismo na gestão da atividade, de programas de melhoramento genético animal e da maior adoção de tecnologias por meio de assistência técnica especializada(3636 Beber CL, Carpio AFR, Almadani MI, Theuvsen L. Dairy supply chain in Southern Brazil: barriers tocompetitiveness. International Food and Agribusiness Management Review. 2019; 22(5): 651-673.), contribuindo não só para elevação da produtividade animal, mas também dos demais fatores de produção, como terra, mão de obra e capital. Cabe destacar, porém, que índices superiores foram observados em amostra de 159 fazendas mineiras mais tecnificadas (3.383 litros/vaca/ano)(2020 Pereira MN, Resende JC, Pereira RAN, Silva HCM. Indicadores de desempenho de fazendas leiteirasde Minas Gerais. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia. 2016; 68(4): 1033-1042.) ou de 11.346 fazendas neozelandesas em pastagens temperadas (3.567 litros/vaca/ano)(3737 NEW ZELAND DAIRY. National dairy statistics 2007-2008. Available from: http://www.dairynz.co.nz/file/fileid/11947. English.
http://www.dairynz.co.nz/file/fileid/119...
), sugerindo que existe oportunidade para ganho em eficiência produtiva e maior competitividade do produto lácteo nacional no mercado internacional.

O Censo Agropecuário retrata não apenas informações produtivas, mas também possibilita traçar o perfil dos produtores. Em relação à faixa etária, foi observado tendência de envelhecimento dos pecuaristas. Enquanto, em 2006, os produtores com 65 anos de idade ou mais representavam 20,15%, em 2017, esta participação aumentou para 26,34%. Com comportamento semelhante, a faixa etária de 55 a 65 anos aumentou de 21,37%, em 2006, para 24,30%, em 2017. Em contrapartida, a participação de produtores mais jovens, com idade entre 25 e 35 anos, diminui de 11,50% para 7,55% em 2006 e 2017, respectivamente; e a participação de produtores com menos de 25 anos também foi reduzida de 2,41%, em 2006, para 1,41%, em 2017. Dentre as possíveis explicações para essa tendência está o aumento da expectativa de vida da população brasileira e consequente adiamento da saída do mercado de trabalho(3838 BRASIL. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira: 2015. IBGE, Coordenação de população e indicadores sociais. Rio de Janeiro: IBGE, 2015. Available from: http://biblioteca.ibge.gov.br Portuguese.
http://biblioteca.ibge.gov.br...
), associado a dificuldade de sucessão das propriedades rurais e o êxodo rural por parte dos mais jovens(1111 Oliveira MF, Mendes L, Vasconcelos ACVH. Desafios à permanência do jovem no meio rural: umestudo de casos em Piracicaba-SP e Uberlândia-MG. Revista de Economia e Sociologia Rural. 2021; 59(2): e222727.). Sugere-se que a idade mais avançada dos pecuaristas pode afetar o processo de adoção de inovações tecnológicas(3939 Souza Filho HM, Buainain AM, Silveira JMFJ, Vinholis MMB. Condicionantes da adoção de inovaçõestecnológicas na agricultura. Cadernos de Ciência & Tecnologia. 2011; 28(1): 223-255.) e explicar a deficiência observada de orientação técnica (em 2006, 25,19% das propriedades com bovinos recebiam assistência técnica versus 19,41% das propriedades, em 2017), com consequências não desprezíveis sobre os resultados produtivos e econômicos da atividade(4040 Gomes AP, Ervilha GT, Freitas LF, Nascif C. Assistência técnica, eficiência e rentabilidade na produçãode leite. Revista de Política Agrícola. 2018; 27(2): 79-94.-4141 Rocha Junior A, Silva RO, Peterle Neto W, Rodrigues CT. Efeito da utilização de assistência técnicasobre a renda de produtores familiares do Brasil no ano de 2014. Revista de Economia e Sociologia Rural. 2020; 58(2): 1-16.). Neste sentido, programas de assistência técnica fomentados pelo governo exercem um papel decisivo, de modo a contribuir com a difusão de conhecimentos técnicos de qualidade e servir como propulsor do desenvolvimento rural.

Tabela 6
Valores absolutos e variação relativa (%) entre 2006 e 2017 da produção de leite ao ano e produtividade de leite por vaca ao ano nas unidades federativas do Brasil

Quanto ao gênero, embora o setor agropecuário seja composto majoritariamente por homens, foi verificado aumento da participação das mulheres na pecuária (13,53%, em 2006, para 18,18%, em 2017). A desigualdade na participação feminina no setor não é exclusiva do Brasil(4242 Hoppe RA, Korb P. Characteristics of women farm operators and their farms. Economic InformationBulletin, n. 111. Washington, DC. 2013. 51p.), sendo mais associada aos pequenos empreendimentos rurais(4343 Schmidt C, Goetz SJ, Tian Z. Female farmers in the United States: Research needs and policyquestions. Food Policy. 2021; In Press.). Apesar das numerosas vulnerabilidades(4444 CEPEA - Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada. Mulheres no agronegócio. Piracicaba,v. 2, edição especial, 2019. Portuguese.-4545 Spanevello RM, Oliveira SV, Lago A, Christofari LF, Andreatta T, Chechi LA. O trabalho das mulheres napecuária leiteira: análise em contextos de produção modernos, tradicionais e em transição no Rio Grande do Sul (Brasil). DRd - Desenvolvimento Regional em debate. 2020; 10: 655-676.), a valorização feminina na pecuária pode ser parcialmente explicada pela promoção de políticas públicas direcionadas às mulheres(1212 Scheuer JM. Dinâmica da agricultura brasileira em 2006-2017. Revista Política Agrícola. 2019; 28(3): 131-147.).

Algumas possíveis limitações deste estudo podem ser identificadas, incluindo mudanças metodológicas, período de referência e critérios de classificação adotados pelo IBGE. O levantamento mais recente do Censo Agropecuário incluiu inovações metodológicas com propósito de unificar conceitos e assegurar a máxima comparabilidade dos resultados com outros países promotores de pesquisas semelhantes(4646 Teixeira G. O Censo Agropecuário 2017, Revista NECAT. 2019; 8(16): 8-39.). Cabe salientar também que, conforme mencionado anteriormente, o momento de aplicação dos Censos Agropecuários de 2006 e de 2017 correspondeu a períodos diferentes. Portanto, os resultados entre os dois levantamentos não são estritamente comparáveis, ainda que sirvam de valioso subsídio à investigação e retratem, em partes, a dimensão e a complexidade da realidade rural brasileira. Além disso, os critérios de classificação para as fazendas leiteiras no Brasil se constituem outra possível limitação, pois a metodologia censitária do IBGE pode incluir fazendas de gado de corte que comercializam algum excedente de leite de bezerros, não traduzindo necessariamente a realidade das fazendas brasileiras(2020 Pereira MN, Resende JC, Pereira RAN, Silva HCM. Indicadores de desempenho de fazendas leiteirasde Minas Gerais. Arquivos Brasileiros de Medicina Veterinária e Zootecnia. 2016; 68(4): 1033-1042.).

Conclusão

Diversas transformações ocorreram na pecuária entre as unidades federativas do Brasil no período de 2006 a 2017. Entre as principais delas destaca-se mudanças na geografia da produção, com avanço especialmente para região Norte do país; maior concentração e profissionalização da atividade pecuária; e aumento significativo da produção de leite em praticamente todos os estados, reflexo da maior produtividade do rebanho nacional, embora muito aquém da média de rebanhos especializados.

As informações geradas neste estudo contribuem para melhor caracterização e delineamento estratégico entre os formuladores de políticas, o setor privado, institutos de pesquisa e os diversos elos e agentes da cadeia produtiva da pecuária leiteira, com vistas a elevar ainda mais seu protagonismo no cenário internacional.

Agradecimentos

Os autores agradecem a Raquel Louise Canezim pela ajuda na coleta de dados e aos revisores anônimos pelas correções e sugestões relativas à versão preliminar do manuscrito.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Jan 2022
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    14 Maio 2021
  • Aceito
    14 Set 2021
  • Publicado
    10 Nov 2021
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