DIETARY METHIONINE AND
CHOLINE RELATION ON THE
PERFORMANCE OF JAPANESE QUAILS (
We
evaluated the
relationship between levels of methionine and choline on the
performance of
Japanese quails (Coturnix coturnix
japonica) at the production stage, using 432 birds at 65 days
of
age and
weighing 155g, in a completely randomized design in 4x2 (methionine x
choline)
factorial arrangement with six replicates and nine birds per unit. The
levels
of choline and methionine were 0, 200, 400 and 600 ppm and 0.65 and
0.75%,
respectively. We analyzed the following variables: egg production (% /
hen /
day), egg weight (g), egg mass (g egg / hen/ day), feed conversion (g /
g) and
food intake (g / d). We observed a significant interaction for egg
production
(P ≤ 0.01) and egg mass (P ≤ 0.05) with linear effect for 0.65%
methionine and
inclusion of increasing levels of choline. There was a quadratic effect
of
choline levels on feed intake, with 0.65% methionine. The use of
choline in
diets of quail in production only effects bird performance when 0.65%
methionine level is used. Supplementation with choline causes an
increase in
average egg weight regardless of the level of dietary methionine
supplementation.
KEYWORDS:
laying quails; nutrition; nutritional
requirements; performance; sulphur amino acids.
INTRODUÇÃO
O setor avícola é o mais desenvolvido
tecnologicamente do agronegócio
brasileiro. A coturnicultura vem se desenvolvendo muito na última
década,
graças aos esforços no desenvolvimento de novas tecnologias de
produção,
passando de uma atividade alternativa para industrial.
A atividade encontra-se numa fase
favorável de sua exploração industrial,
principalmente por apresentar características atrativas, como rápido
crescimento, precocidade na maturidade sexual, elevada produção de
ovos,
pequeno consumo de ração e grande resistência a enfermidades, aliadas
ao
incremento constante no consumo de ovos.
Igualmente ao setor de produção de ovos
de poedeiras comerciais, o fator
alimentação representa o maior impacto no custo de produção, havendo
necessidade de adequar os níveis de nutrientes essenciais que definem o
grau de
produção da ave e que possam contribuir para melhorar a produtividade
do setor.
As recomendações nutricionais indicadas pelo NRC (1994) para clima
temperado
podem não estar adequadas, sendo necessários estudos que possam
melhorar a
eficiência das rações utilizadas no Brasil.
As rações de codornas são formuladas
normalmente utilizando-se a base das
recomendações para níveis de proteína bruta, com informações fixas de
aminoácidos, sem levar em consideração as modificações que podem ser
exigidas
quando se formulam rações para aminoácidos, resultando numa excreção
excessiva
de ácido úrico. O consumo exagerado de aminoácidos leva a um maior
gasto de
energia e ainda pode provocar uma redução no consumo de ração devido ao
excesso
desse nutriente circulante no sangue.
Algumas pesquisas têm sido realizadas
para determinar as exigências
nutricionais de codornas, sobretudo daquelas destinadas à produção de
ovos
(FREITAS et al., 2005).
Pela facilidade de compra e pelos
preços acessíveis, existe uma crescente
utilização de aminoácidos sintéticos nas rações, permitindo formulações
de
mínimo custo com teores de proteína bruta inferiores aos recomendados
nas
tabelas de exigências nutricionais, porém, atendendo às exigências dos
aminoácidos essenciais.
O uso de aminoácidos sintéticos
contribui para reduzir os teores de
proteína bruta nas rações em relação aos recomendados em tabelas de
exigências
nutricionais (
Rostagno
et al.,
2011). A suplementação de metionina nas rações de codornas permite essa
redução; por outro lado, existe a necessidade da sua adequação com a
colina
para que haja otimização do seu uso como aminoácido somente, já que a
função de
metilação é secundária e pode ser contemplada com o uso da colina,
ingrediente
de menor custo nas rações.
A metionina é considerada o primeiro
aminoácido limitante para o
desenvolvimento e produção das aves, por ser doadora de radicais metil
necessários à biossíntese de colina, creatina, creatinina, poliaminas,
epinefrina e melatonina, que são componentes corporais fundamentais ao
crescimento normal dos animais.
A colina, considerada um fator
lipotrófico, encontrada tanto em células
animais como vegetais, pode apresentar-se nas formas livre ou
complexada como
acetilcolina, lecitina e esfingomielina (VIEIRA et al., 2001). Além de
ser
precursora da acetilcolina, um neurotransmissor, e da fosfatidilcolina,
um
elemento estrutural da membrana celular, representa a maior fração
lipídica das
lipoproteínas transportadoras.
As exigências de colina podem ser
influenciadas pelo teor de lipídeos da
dieta e aminoácidos sulfurados, uma vez que pode ocorrer sua síntese no
fígado
a partir da doação de grupos metílicos da metionina (BARROETA et al.,
2002).
Em
função da interação entre a colina e a metionina,
é difícil estabelecer as exigências de colina, devido a diversas
variações
entre os estudos encontrados na literatura. Além disso, a falta de
informações
sobre o nível de aminoácidos para codornas japonesas em produção leva à
necessidade de mais pesquisas no assunto. Portanto, objetivou-se
avaliar a
relação entre os níveis de metionina e colina da dieta sobre o
desempenho de
codornas japonesas durante a fase de produção.
MATERIAL
E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Setor de
Avicultura do Departamento de
Zootecnia da Universidade Federal de Lavras (UFLA/MG). Foram utilizadas
432
codornas japonesas (
Coturnix coturnix
japonica), com 65 dias de idade e peso inicial médio de 155g.
As
aves foram
alojadas em gaiolas metálicas de arame galvanizado de 0,60m de largura
x 0,30m
de comprimento x 0,25m de altura, onde receberam as rações
experimentais em
comedouros tipo calha e bebedouros tipo
niple
situados de lados opostos na gaiola.
Utilizou-se um delineamento
experimental inteiramente casualizado, com
oito tratamentos em esquema fatorial 4x2 (quatro níveis de colina x
dois níveis
de metionina), com seis repetições e nove aves por unidade
experimental,
totalizando 48 parcelas e 432 aves. Foram testados dois níveis de
metionina e
quatro níveis de colina, sendo adicionados a uma ração basal (Tabela
1),
seguindo as recomendações do NRC (1994). Os níveis de metionina e
colina
testados foram: 0,65% e 0,75% e 0; 200; 400 e 600 ppm, respectivamente.
Na formulação das dietas experimentais,
a ração basal (
Tabela 1)
foi
suplementada com os níveis de DL-metionina (99%) e de colina, em
substituição
ao milho. A inclusão da metionina correspondeu aos níveis de 0,894%
(ração
basal sem suplementação), 1,544% e 1,644% de aminoácidos sulfurados
totais
(AAST), sendo todas as rações teste isocalóricas, e para os demais
aminoácidos
as relações foram mantidas por intermédio da suplementação de
aminoácidos
sintético.
A água foi fornecida à vontade e a
ração duas vezes ao dia. Foi adotado
um programa de iluminação de 17 horas diárias durante todo o período
experimental, sendo único para todos os grupos experimentais.
O desempenho das aves foi avaliado
utilizando-se a produção de ovos (%),
consumo de ração (gramas), conversão alimentar (gramas de ração/gramas
de ovo),
peso de ovos (gramas) e massa dos ovos (gramas de ovo/codorna/dia).
As
análises estatísticas dos dados obtidos foram
realizadas por meio do software Sistema de Análises de Variância para
dados
balanceados (SISVAR), descrito por FERREIRA (2000), utilizando-se a
análise de
regressão para avaliação dos níveis de colina e teste de média com 5%
de
probabilidade para comparação dos níveis de metionina
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Houve interação (P≤0,01) entre os níveis de
inclusão de metionina e de colina nas dietas. O menor nível de
metionina
(0,65%) provocou aumento linear (P≤0,05) na produção de ovos com
elevação dos
níveis de suplementação de colina (
Tabela
2).
Para o maior nível de
metionina
(0,75%), não houve efeito significativo (P>0,05) dos níveis de
colina sobre
a produção de ovos.
Esses
resultados
indicam que o uso de altos níveis de metionina na dieta da codorna em
postura
dispensa a suplementação dietética com colina, sendo que a biossíntese
orgânica
suporta as necessidades das aves para máximo desempenho.
Com
relação ao consumo de ração, não houve interação entre os fatores
(P>0,05)
níveis de metionina e colina dietéticos e nem entre os níveis de
metionina
utilizados. Mas ocorreu influência dos níveis de colina utilizados nas
dietas
que, ao serem avaliados por análise de regressão, determinou-se que o
maior
consumo de ração ocorre com a inclusão estimada de 405,97 ppm de colina
(
Figura
1). Esses dados, no que se refere a níveis de
metionina,
concordam com
resultados encontrados por MURAKAMI et al. (1994), STRINGHINI et al.
(1998) e
CORREA et al. (2006), que não observaram efeito significativo de níveis
de
metionina (aminoácidos sulfurados) sobre o consumo alimentar de
codornas
japonesas. Por outro lado, trabalhando com codornas japonesas em
produção,
PINTO et al. (2003a), constataram aumento linear no consumo de ração ao
elevar
os níveis de AAST da ração.
Foi verificado com os níveis
crescentes de
colina,
independente do nível de inclusão da metionina, aumento linear no peso
médio
dos ovos (P≤0,05).
Não houve diferença (P>0,05) entre os níveis de metionina
avaliados,
corroborando os dados encontrados por MURAKAMI et al. (1994), que
analisaram
cinco níveis de inclusão de metionina em ração para codornas japonesas
e,
também, não verificaram diferenças para o peso médio dos ovos.
Da
mesma forma, os resultados encontrados por
STRINGHINI et al. (1998), utilizando os níveis de 0, 45% e 0,50% de
inclusão de
metionina na ração de codornas, também não mostraram influência no peso
médio
dos ovos. Assim como nos trabalhos de DABBERT et al. (1996), não foram
observadas diferenças no peso médio dos ovos entre dietas de baixo,
médio e
alto nível de metionina. Resultados divergentes foram encontrados por
PINTO et
al. (2003b) que, ao utilizarem diferentes níveis de AAST digestível,
obtiveram
efeito quadrático sobre o peso dos ovos. Portanto, apenas a inclusão de
metionina não proporciona aumento significativo no peso médio dos ovos,
mas
pode estar relacionado a um aumento, por meio da sua inter-relação com
outros
aminoácidos sulfurados.
Houve
efeito quadrático para conversão alimentar em função dos níveis de
colina e independente dos níveis de metionina (Figura 2).
Por outro
lado, PINTO
et al. (2003b) não
verificaram efeito
significativo dos níveis de metionina mais cistina sobre a conversão
alimentar.
Melhoria linear foi obtida por BELO et al. (2000) na conversão
alimentar com o
aumento do nível de metionina na dieta. As diferenças obtidas entre os
resultados dos trabalhos citados com os obtidos neste trabalho podem
ser
explicadas pelos diferentes níveis utilizados, uma vez que, no presente
trabalho, foram utilizados apenas dois níveis e próximos da
recomendação de
metionina em rações de codornas em postura.
Houve interação entre níveis
de metionina e colina sobre a massa de ovos, sendo que o nível de 0,75%
de
metionina resultou em valores superiores aos obtidos utilizando 0,65%
de
metionina nas dietas experimentais, o que já era esperado uma vez que o
aumento
de metionina na dieta eleva a massa de ovos. Para o nível de 0,65% de
metionina, o nível de 600 ppm de colina proporcionou valores de massa
de ovos
superiores aos tratamentos com os níveis de 0 e 200 ppm de colina. Já
para o
nível de 0,75% de metionina, a inclusão de 600 ppm de colina resultou
em
valores superiores a quando não houve inclusão de colina na dieta
experimental,
comprovando que a inclusão de colina possibilita o uso de menor
quantidade de
metionina na ração para codornas de postura sem redução na massa de
ovos.
CONCLUSÃO
Recomenda-se utilizar 400 ppm
de colina
em rações
de codornas em
produção ao utilizar 0,65% de metionina. Ao utilizar 0,75% de
metionina, a
inclusão de 600 ppm de colina tem um efeito aditivo no desempenho
produtivo das
codornas.
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Protocolado
em: 24
maio 2010. Aceito
em: 17 ago. 2011