A técnica da parada circulatória
total (PTC) ou inflow occlusion consiste em impedir a entrada do sangue
às câmaras cardíacas através do clampeamento das veias cavas caudal e
cranial e veia ázigos. Contudo, alterações nos parâmetros fisiológicos
do paciente podem ser desencadeadas com a aplicação desta técnica. Em
enfermidades cardíacas intracavitárias, cuja correção leva alguns
minutos, como na estenose pulmonar ou na estenose subaórtica, esta
técnica pode ser facilmente utilizada. Por ser de baixo custo e de
simples aplicação, é passível de realização em clínicas particulares.
Neste ensaio, avaliou-se o comportamento da frequência cardíaca e da
temperatura corpórea de coelhos submetidos a dois períodos de cinco
minutos de PCT, utilizando-se a técnica da inflow occlusion. Um período
de recirculação sanguínea entre as oclusões foi realizado a fim de
verificar os potenciais benefícios desta prática sobre o comportamento
da frequência cardíaca e temperatura corpórea dos animais, parâmetros
avaliados ao longo de todo o período transoperatório. Ocorreram dois
óbitos, ambos no período de recirculação, dada a ocorrência de
fibrilação ventricular. Todavia, com a aplicação do período de
recirculação do sangue, foi possível constatar que esta técnica pode
ser utilizada em cirurgias intracardíacas, com duração de até dez
minutos.
PALAVRAS-CHAVES: Coelhos, inflow occlusion, parada circulatória.
ABSTRACT
BEHAVIOR OF HEART RATE AND TEMPERATURE IN RABBITS SUBMITTED TO CIRCULATORY ARREST
The technique of total circulatory arrest (TCA), or inflow occlusion,
consists in preventing the blood entry into the heart chambers by
clamping the vena cava and the cranial and caudal vena azygos. However,
changes in physiological parameters of the patient can be triggered
with the application of this technique. This technique can be easily
used in heart intra-cavity diseases, whose correction takes a few
minutes, as in pulmonary stenosis or subaortic stenosis. Because low
cost and simple implementation, it may be carried out in private
clinics. In this trial, the behavior of heart rate and body temperature
of rabbits submitted to two periods of five minutes of TCA, by the use
of inflow occlusion technique, was evaluated. A period of blood
recirculation between occlusions was performed to verify the potential
benefits of this practice on the behavior of heart rate and body
temperature of the animals. These parameters were assessed throughout
the perioperative period. There were two deaths, both in the
recirculation period due to the occurrence of ventricular fibrillation.
Nevertheless, with the implementation of the period of blood
recirculation, we verified that this technique can be used in
intra-cardiac surgery lasting up to 10 minutes.
KEYWORDS: Circulatory arrest, inflow occlusion, rabbits.
INTRODUÇÃO
A técnica de oclusão do influxo venoso cardíaco, também chamada estase
ou parada circulatória total, foi introduzida em 1951 por VARCO
et al.,
para facilitar os procedimentos cirúrgicos de correção de estenose de
valva pulmonar e, subsequentemente, de outras lesões, incluindo
estenose de valva aórtica e septectomias atriais (JONAS
et al., 1985; SINGH
et al.,
2006). SWAN (1950), assim como MARTIN & ESSEX (1951), descreveram
experimentalmente em cães a técnica do inflow occlusion e a ligadura da
veia ázigos com o objetivo de criar e, posteriormente, corrigir
comunicações interatriais (MINGRONE, 2006). HUNT
et al.
(1992a) realizaram parada circulatória de quatro e oito minutos em
cães, que toleraram bem a oclusão, mantendo o ritmo sinusal após
procedimento, com uma rápida recuperação hemodinâmica. Em outro
momento, o mesmo grupo de pesquisadores procedeu à oclusão apenas da
veia cava caudal, observando que a recuperação de todos os parâmetros
cardiovasculares ocorreu em apenas cinco minutos após a liberação do
fluxo sanguíneo. Esta técnica tornou-se procedimento de eleição nas
cirurgias de reparação da veia cava caudal no cão (HUNT
et al., 1992b).
Anos depois, a técnica da oclusão do influxo venoso foi realizada
durante três minutos em dois cães, sob hipotermia, para correção de cor
triatriatum dexter (MITTEN
et al., 2001). TOKMAKOGLU
et al. (2002) fizeram uso da técnica em questão durante uma miniatriotomia para retirada de trombo no átrio direito
Em medicina humana, a inflow occlusion, juntamente com a hipotermia,
teve particular importância na realização de procedimentos
intracardíacos até o ano de 1980. Com advento da circulação
extracorpórea e seus excelentes resultados, a inflow occlusion é
utilizada somente em intervenções cardíacas rápidas ou quando o uso de
circulação extracorpórea (CEC) é contraindicado (KIZILTEPE
et al., 2003; GARCIA
et al.,
2009). No entanto, em medicina veterinária, os altos custos e a
necessidade de uma equipe treinada dificultam o uso da circulação
extracorpórea em cirurgias cardíacas (STOPIGLIA
et al.,
2001). Esta realidade faz da técnica de oclusão do influxo venoso
cardíaco um artifício importantíssimo, tornando praticáveis as
intervenções intra e extracavitárias que gerariam um sangramento muito
intenso (STOPIGLIA
et al., 2001; ODEGARD
et al., 2004), tanto no campo da experimentação quanto nas aplicações clínicas (KWASNICKA
et al., 2000; FREITAS
et al., 2005; GARCIA
et al., 2009).
Recentemente, BROCKMAN
et al.
(2009) realizaram com sucesso o tratamento cirúrgico de uma anomalia
congênita rara em um gato de cinco meses, dispondo da oclusão total do
fluxo venoso durante dois minutos. Em outro caso, um gato de treze anos
foi submetido à mesma técnica, para realizar uma atriotomia direita, a
fim de serem retirados alguns parasitas do coração (IIZUKA
et al., 2009).
MARTINS
et al. (2009)
realizaram a ventriculectomia parcial em cães como alternativa
cirúrgica ao tratamento da cardiomiopatia dilatada, concluindo que a
oclusão do influxo venoso cardíaco é factível, inclusive para
procedimentos invasivos, desde que o procedimento não exceda quatro
minutos.
A busca por um maior tempo cirúrgico em que se possam realizar as
manobras extra e intracardíacas sem os eventuais efeitos nocivos ao
paciente é o que incentiva a realização desta pesquisa. Dessa forma, o
objetivo deste trabalho é avaliar o comportamento da frequência
cardíaca e da temperatura corpórea diante de duas paradas circulatórias
cardíacas não consecutivas.
MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo experimental foi realizado no Laboratório de Cirurgia
Experimental Cardiotorácica do Hospital Veterinário da Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF).
Foram utilizados nove coelhos, adultos, hígidos, de ambos os sexos,
pesando entre 2,3 e 3,0 kg, que passaram pela avaliação clínica e
laboratorial no momento da admissão (hemograma e bioquímica), a fim de
se detectar quaisquer alterações orgânicas que os impediria de
participar do estudo. Durante o protocolo experimental, o animal
permaneceu sobre um colchão térmico. A aferição da temperatura corpórea
foi feita por meio de termometria retal.
Separaram-se os animais em dois grupos experimentais: aqueles alocados
no grupo 1 foram submetidos a cinco minutos de oclusão sanguínea e os
grupo 2, a uma oclusão adicional por mais cinco minutos. Entre os
períodos de parada circulatória, procedeu-se a cinco minutos de
recirculação sanguínea, como disposto na
Tabela 1.
Idealizaram-se dois grupos experimentais. Todos os animais participaram
de ambos os grupos, representando, com isto, o grupo-controle deles
mesmos. O primeiro grupo foi representado por uma oclusão sanguínea de
cinco minutos. Após um período de recirculação sanguínea de cinco
minutos, realizou-se uma oclusão adicional, caracterizando o grupo 2,
como disposto na
Tabela 1.
O acompanhamento do comportamento das variáveis fisiológicas frequência
cardíaca e temperatura foi realizado de acordo o cronograma
representado pela
Tabela 1.
Os animais foram pré-medicados, pela via muscular, com maleato de
acepromazina (Acepran® 1%, Univet S.A., São Paulo, SP, frasco-ampola
contendo 20 ml.), na dose de 0,3mg.kg-1 associado à petidina (Dolosal
®, Cristália, São Paulo, SP, ampola contendo 2 ml com 1 mg/ml.), na
dose de 10mg.kg
-1. Vinte minutos após a administração da
medicação pré-anestésica realizou-se tricotomia na região lateral do
tórax direito, assim como nas faces externas das orelhas para
cateterização da veia e artéria auriculares. Durante todo
experimento os animais receberam infusão de solução de cloreto de sódio
a 0,9% (Cloreto de Sódio®,São Paulo, SP, frasco de 250 mls a 0,9%.).
Procedeu-se à indução e à manutenção da anestesia com isoflurano a 1,5%
(Isoforine®, Cristália, São Paulo, SP, frasco com 100 ml),
aproximadamente, CAM (2,05 %) e oxigênio a 100% em circuito semiaberto.
O acompanhamento da frequência cardíaca dos coelhos foi feito pelo
eletrocardiograma (Eletrocardiógrafo TEB® Digital TEB – ECGPC –
Tecnologia Eletrônica Brasileira S.A). Dadas as dificuldades de
intubação orotraqueal típica da espécie, optou-se pela realização de
uma traqueostomia. Na linha de incisão, fez-se anestesia infiltrativa
com cloridrato de lidocaína a 2% (Xilocaína®,Cristália, São Paulo, SP,
ampola contendo 20 ml a 2%.) com vasoconstritor, na dose de 9mg.kg
-1, realizando-se, na sequência, o acesso cirúrgico da traqueia.
Colocaram-se os coelhos em decúbito lateral esquerdo, para realização
da toracotomia lateral direita, no quarto espaço intercostal.
Uma vez no interior da cavidade pleural, as veias cavas cranial e
caudal, bem como a veia ázigos, foram dissecadas em segmentos de 2 cm a
fim de facilitar a sua oclusão pelas pinças vasculares. Imediatamente
antes da parada circulatória, os pulmões foram expandidos durante
trinta segundos por uma última vez para o esvaziamento das câmaras
cardíacas. Após o cessar da ventilação, estabeleceu-se a parada
circulatória total inicialmente por um período de cinco minutos, tempo
cronometrado a partir da oclusão da veia cava caudal. Na sequência,
ocluíram-se as veias ázigos e a veia cava cranial. As referidas veias
foram liberadas ao término do período de oclusão de cinco minutos, na
sequência inversa à de oclusão.
Em seguida à abertura das pinças, estabeleceu-se um período de cinco
minutos de recirculação sanguínea, fato que precedeu o segundo momento
de parada circulatória total. A segunda oclusão ocorreu de forma
idêntica à primeira, por um período de cinco minutos.
Todos os procedimentos realizados encontram-se de acordo com as normas
e princípios éticos de experimentação animal estabelecidos pela
Comissão de Ética de Uso de Animais (CEUA) da Universidade Estadual do
Norte Fluminense Darcy Ribeiro, tendo sido aprovados.
Na estatística das variáveis fisiológicas, utilizou-se a análise de
variância (ANOVA) para medidas repetidas, seguida do teste de Tukey,
ambos os testes com 95% de confiabilidade (p < 0,05). O programa
estatístico empregado para esta análise foi o ASSISTAT® versão 7.5 para
Windows.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores referentes à frequência cardíaca e à temperatura corpórea obtidos durante os estudo estão dispostos na
Tabela 2.
Os dados apresentados nas
Figuras 1 e
2
sobre frequência cardíaca e temperatura foram submetidos à análise
estatística por ANOVA e demonstraram que as médias da FC e temperatura
variaram significativamente entre si ao longo do experimento. Estes
valores são apresentados na
Tabela 2.
Todos os animais dos dois grupos experimentais apresentaram no momento
zero, já em plano anestésico, batimentos cardíacos e temperatura
corpórea retal dentro dos limites fisiológicos para a espécie.
Quanto à frequência cardíaca, especificamente, em ambos os grupos
experimentais, os coelhos mantiveram valores dentro do considerado
normal para a espécie (
Figura 1).
Com o emprego do teste de Tukey, pode-se afirmar que a variação
observada pela ANOVA ocorreu de forma não significativa para frequência
cardíaca entre a relação das médias dos grupos avaliados neste estudo –
M0 e M4; M2 e M5; M3 e M6 (
Figura 2).
O período de recirculação parece ter seu reflexo positivo neste
sentido, mantendo as alterações de frequência no grupo 2 similares
àquelas apresentadas no grupo 1, o que não seria esperado caso não
houvesse a recirculação e a parada fosse de dez minutos
contínuos. Pode-se sugerir que a recirculação foi eficiente no
sentido de proporcionar a manutenção dos valores de FC no segundo
momento de oclusão.
A queda nas médias de M0 e M4 não teve significância. Logo, pode-se
inferir que, após cinco minutos de parada circulatória, os animais
mantiveram valores de FC semelhantes aos anteriores à oclusão. Os
valores de referência da frequência cardíaca para os coelhos são bem
variáveis, segundo TRANQUILLI
et al. (2007) – de 135 a 325 bat/min –, variação que ocorreria pela variedade de tamanhos e raças que compõem a espécie.
A ocorrência de taquicardia reflexa é relatada por HUNT
et al.
(1992b) e GARCIA (2006) em dois momentos durante a realização da
técnica de inflow occlusion em cães: no segundo minuto, após o
esvaziamento das câmaras cardíacas, e na recirculação sanguínea. No
presente trabalho, a ocorrência de taquicardia reflexa não foi
observada no momento da oclusão, tampouco no momento de recirculação.
MINGRONE (2006) refere-se a um aumento no valor da FC logo após cinco
minutos de recirculação sanguínea no grupo de cães submetidos a oito
minutos de parada circulatória. Este fato corrobora o ensaio
apresentado, em que a média da FC antes da liberação do fluxo era de
213,44 bat/min (M3). No entanto, cinco minutos após recirculação foi de
217,37 bat/min (M4). Apesar desse aumento, não houve diferença
estatística significativa. A autora ainda cita que no grupo de cães
submetidos a sete minutos de parada circulatória o aumento não ocorre,
e associa este fato a uma estimulação adrenérgica maior quanto mais
longo for o período de estase sanguínea. Comportamento semelhante da FC
foi descrito por HUNT
et al. (1992b), o que reforça a hipótese aventada por MINGRONE (2006).
MINGRONE (2006) e GARCIA
et al.
(2009) não avaliaram os cães sob os cinco minutos de parada
circulatória. A justificativa se deu pela impossibilidade de análise
dos dados no referido momento, dada a alternância de períodos de
taquicardia e bradicardia acarretados pela parada circulatória.
Contestando os achados dos citados autores, o presente estudo avaliou o
primeiro e o quinto minuto de parada circulatória cardíaca, não sendo
observadas taquicardia nem bradicardia, o que pode ser comprovado na
análise estatística dos momentos de M0; M2; M3 e M4; M5; M6, em que não
houve diferença significativa entre as médias.
No presente trabalho, ocorreram dois óbitos no grupo 2 em M4, sendo o
primeiro com um minuto e trinta segundos e o segundo no quinto minuto
da recirculação, ambos em decorrência de fibrilação ventricular. Tal
fato vem de encontro aos resultados descritos por GARCIA (2006), que
observou fibrilação ventricular como
causa mortis
de dois cães submetidos a oito minutos de inflow occlusion. Nesse
ensaio os óbitos dos dois coelhos ocorreram após cinco minutos de
parada circulatória cardíaca. É factível correlacionar o óbito do
segundo animal no momento M4 com os motivos apresentados por MINGRONE
(2006). A autora refere que a ocorrência de fibrilação ventricular
durante a realização do inflow occlusion ou logo após a restituição da
circulação está relacionada ao quadro de hipóxia do miocárdio ou ao
aumento excessivo da estimulação adrenérgica, o que pode ser verificado
cinco minutos após a restituição da circulação. A afirmação citada,
segundo a autora, ocorre em resposta fisiológica normal à parada
circulatória total. Em outros trabalhos o problema da fibrilação também
se faz presente. STOPIGLIA
et al.
(2001) relataram óbito em decorrência de fibrilação ventricular no
grupo de cães submetidos a dez minutos de parada circulatória cardíaca.
KWASNICKA
et al. (2000)
também citam um óbito ocorrido no grupo submetido ao mesmo período de
oclusão, porém em decorrência de fibrilação atrial. De fato, a
fibrilação ventricular é uma das complicações desencadeadas pela parada
circulatória sanguínea, encontrada inclusive nesta pesquisa.
Em relação à temperatura corpórea, segundo ORTON
et al.
(1990), o nível da temperatura do paciente no período transoperatório e
o tempo da parada circulatória estão intimamente relacionadas quando da
aplicação da técnica do inflow occlusion.
No transoperatório, os coelhos, independentemente do grupo
experimental, apresentaram as médias de temperatura corpórea sempre
abaixo dos valores fisiológicos.
Com relação à média da temperatura, os coelhos apresentaram queda durante o procedimento (
Figura 3).
Na avaliação do comportamento da temperatura corpórea neste ensaio,
pôde-se constatar que algumas médias se apresentaram até um grau abaixo
do valor para a espécie (38,5ºC), fato que pode ser atribuído ao
ineficiente sistema de manutenção térmica realizada à base de colchão
térmico. O mesmo pôde ser verificado nos trabalhos de KWASNICKA
et al. (2000), STOPIGLIA
et al. (2001) e GARCIA
et al.
(2009), em que o sistema de manutenção térmico utilizado também foi
ineficiente para manter a temperatura dos cães dentro dos valores
fisiológicos para espécie.
Com o emprego do teste de Tukey, pode-se afirmar que a variação
observada pela ANOVA ocorreu de forma significativa para a temperatura
entre os momentos M0 e M4. Já entre os momentos M2 e M5 e M3 e M6 não
houve diferença estatística significativa (
Figura 4).
Na análise estatística dos momentos M0 e M4, houve diferença
significativa nas médias da temperatura apresentadas pelos coelhos.
Dessa maneira, pode-se inferir que a queda da temperatura constituiu-se
em um mecanismo de defesa orgânica metabólica contra a parada
circulatória, como aventado por GARCIA
et al. (2009).
Em análise das médias da temperatura apresentadas entre M2 e M5 e M3 e
M6, era esperada uma queda maior, principalmente no segundo grupo (M5 e
M6), que já havia sofrido os efeitos de uma oclusão anterior, porém a
queda da temperatura entre os grupos não foi significativa. Isto
corrobora outra hipótese de GARCIA
et al.
(2009), em que a hipotermia pode ser exclusivamente por conta do
processo anestésico-cirúrgico e não em decorrência da parada
circulatória total. STOPIGLIA
et al.
(2001) referem queda da temperatura de ambos os grupo experimentais
(com cinco e dez minutos de oclusão), também sem diferença estatística
significativa entre as médias, o que condiz com os resultados deste
trabalho. Estes autores aferem a temperatura dos cães por termometria
retal, mesmo método de aferição do presente estudo.
GARCIA (2006) refere que as médias da temperatura apresentadas pelos
animais do grupo que sofreu oclusão por oito minutos apresentaram
valores superiores às médias dos animais do grupo que sofreram oclusão
por sete minutos. Em seu trabalho, GARCIA (2006) afere a temperatura
central dos cães. Pela aplicação de diferentes métodos de aferição da
temperatura, os resultados deste ensaio não foram compatíveis com os do
autor acima citado.
Pode-se ainda discorrer sobre a hipoperfusão periférica causada pela
parada circulatória, colaborando, dessa maneira, pela queda da
temperatura, já que um dos fatores responsáveis pela manutenção da
temperatura é o fluxo sanguíneo periférico. Segundo MINGRONE (2006),
quanto menor o fluxo sanguíneo maior a queda da temperatura.
Segundo LIMA
et al. (1996), a queda da temperatura ocorre em virtude da utilização de agentes anestésicos inalatórios. FONSECA
et al.
(1996) dizem que isoflurano provoca vasodilatação periférica e que,
somado ao relaxamento muscular, impede a produção de calor, aumentando
a perda por irradiação, condução e evaporação. Esta pode ser mais uma
das causas que levaram à queda da temperatura neste trabalho, haja
vista a utilização do mesmo fármaco para indução e manutenção da
anestesia dos coelhos.
CONCLUSÃO
O período de cinco minutos de recirculação sanguínea permitiu a
manutenção dos parâmetros fisiológicos dos animais compatíveis com a
vida, possibilitando um tempo de parada circulatória total de dez
minutos e, dessa forma, aumentando a possibilidade de intervenções
operatórias intracardíacas em uso da circulação extracorpórea.
A fibrilação ventricular em decorrência de arritmias durante a execução
da técnica de inflow occlusion é uma complicação desta técnica, podendo
ocasionar o óbito.
AGRADECIMENTOS
À CAPES, pela bolsa concedida para realização desta pesquisa.
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