RESUMO
O objetivo deste estudo foi determinar a frequência de ectoparasitos em
cães urbanos domiciliados atendidos em nove clínicas veterinárias
particulares do município de Lavras, MG. Espécimes de ectoparasitos,
visíveis e palpáveis, foram coletados manualmente em 67 cães, durante o
período de setembro de 2004 a maio de 2005. Posteriormente, foram
acondicionados em frascos contendo etanol 70ºGL e identificados sob
microscópio estereoscópio. No caso de ácaros causadores de sarna,
efetuou-se a análise dos resultados de 155 raspados cutâneos obtidos de
igual número de cães com suspeita clínica de dermatose parasitária,
encaminhados para diagnóstico no Laboratório de Doenças Parasitárias da
Universidade Federal de Lavras (UFLA), durante o período de setembro de
2002 a julho de 2007. Foi registrado um total de 540 ectoparasitos,
sendo identificadas quatro espécies:
Rhipicephalus sanguineus (60%),
Ctenocephalides canis e
C. felis (ambas com 36%) e larva de
Dermatobia hominis (4%). Nos raspados cutâneos, verificou-se positividade em 12,9% (20/155), dos quais 80% apresentavam
Demodex canis (16/20) e 20%,
Sarcoptes scabiei
var. canis (4/20). Após a identificação de ectoparasitos, foi montado
um banco de dados com as fichas clínicas dos cães, analisado pelo
programa SPSS 12.0. Pode-se concluir que as espécies de ectoparasitos
predominantes em cães atendidos em clínicas veterinárias particulares
do município de Lavras, MG foram
Ctenocephalides canis e
C. felis (Siphonaptera: Pulicidae),
R. sanguineus (Acari: Ixodidae) e
Demodex canis
(Acari: Demodecidae), que teve um predomínio significativo (p<0,05)
em raspados cutâneos de animais jovens suspeitos de demodicose canina.
PALAVRAS-CHAVES: Cães, ectoparasitos,
Rhipicephalus sanguineus,
Ctenocephalides,
Demodex canis,
Sarcoptes scabiei, larva de
Dermatobia hominis.
ABSTRACT
PARASITIC ECTOFAUNA OF URBAN DOMICILED DOGS EXAMINED IN PRIVATE
VETERINARY CLINICS FROM LAVRAS MUNICIPALITY, MINAS GERAIS STATE, BRAZIL
The objective of this study was to determine the frequency of
ectoparasites in urban domiciled dogs treated at nine private
veterinary clinics in the city of Lavras, Minas Gerais, Brazil. Visible
and palpable ectoparasites specimens were collected manually from 67
dogs during the period of September 2004 to May 2005, kept in flasks
with ethanol 70ºGL and identified under a stereomicroscope. In the case
of mites that cause mange, performed the analysis of the results
obtained from 155 skin scrapings of the same number of dogs with
clinical suspicion of parasitic dermatosis was performed, and sent to
diagnostic at the Laboratory of Parasitic Diseases of Federal
University of Lavras (UFLA), during the period of September 2002 to
July 2007. A total of 540 ectoparasites were recorded, and four species
were identified:
Rhipicephalus sanguineus (60%),
Ctenocephalides canis and
C. felis (both 36%), and
Dermatobia hominis larvae (4%). In scraped skin, positive results were verified in 12.9% (20/155), of which 80.0% with
Demodex canis (16/20) and 20.0% with
Sarcoptes scabiei
var. canis (4/20). After ectoparasites identification a database with
the dogs´medical records was made and analyzed by SPSS 12.0. It can be
concluded that the predominant species of ectoparasites in dogs treated
at private veterinary clinics in the city of Lavras, MG, were
Ctenocephalides canis and
C. felis (Siphonaptera: Pulicidae) and
R. sanguineus (Acari: Ixodidae) and
Demodex canis
(Acari: Demodecidae) that had a significant predominance (p<0.05) on
scraped skin of young animals with suspicion of canine demodicosis.
KEYWORDS: Dogs, ectoparasites,
Rhipicephalus sanguineus,
Ctenocephalides,
Demodex canis, S
arcoptes scabiei, Dermatobia hominis larvae.
INTRODUÇÃO
Alguns artrópodes podem viver como ectoparasitos sobre os cães e
expô-los a risco, assim como as pessoas que mantêm contato direto com
os animais. A maioria desses parasitos pode transmitir doenças
infecciosas e parasitárias tanto para os animais quanto para os seres
humanos. (GONZÁLEZ
et al., 2004).
Em cães infestados por sifonápteros do gênero
Ctenocephalides sp (Siphonaptera: Pulicidae) e por
Rhipicephalus sanguineus
(Acari: Ixodidae) é comum o aparecimento da dermatite alérgica à picada
de ectoparasitos – principalmente pulga (DAPP) – causa prurido, provoca
desconforto nos animais e alterações dermatológicas secundárias
decorrentes das picadas dos parasitos (KWOCHKA, 1987).
Ctenocephalides felis é a espécie de pulga mais comum em cães e gatos na Europa, nos Estados Unidos (BECK
et al., 2006) e no Brasil (BELLATO
et al., 2003; TORRES
et al., 2004), enquanto
C. canis tem distribuição geográfica mais restrita e sua presença é assinalada principalmente em caninos (MARCHIONDO
et al., 2007).
O parasitismo por
R. sanguineus é muito comum entre os cães; esse carrapato é vetor biológico de
Babesia canis,
Ehrlichia canis, Hepatozoon canis, Mycoplasma haemocanis e
Anaplasma platys
(ALMOSNY, 2002), sendo a principal espécie observada em cães criados em
áreas urbanas (LABRUNA & PEREIRA, 2001). Ácaros causadores de
sarna, como
Demodex canis (Acari: Demodecidae) e
Sarcoptes scabiei
var. canis (Acari: Sarcoptidae), são responsáveis por dermatites
parasitárias nos cães, podendo provocar alopecia, prurido, dermatite
alérgica e pequenas lesões eritematosas (pápulas). O ato de coçar o
local pode transformar a lesão em uma crosta, criando consequentemente,
predisposição a infecções secundárias que podem causar piodermites de
graus variados (LARSSON, 1995).
Levantamentos locais sobre a frequência de artrópodes ectoparasitos em
cães são importantes tanto no âmbito da medicina veterinária como no da
saúde pública, pois constituem a etapa inicial para a elaboração de
medidas adequadas de controle e permitem avaliar o risco a que se
expõem a população animal e os seres humanos. A ausência de informações
sobre a ectofauna de parasitos em cães domiciliados, criados na área
urbana do município de Lavras, MG, foi um dos principais motivos para a
realização deste trabalho.
Em vista do exposto, com este estudo objetivou-se determinar a
frequência de ectoparasitos em cães (Canis familiaris) domiciliados,
criados na área urbana do município de Lavras, MG.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de estudo
O município de Lavras está localizado na bacia do Rio Grande, na região
sul de Minas Gerais, a 918 m de altitude (21o14’ S–45º00’) e a 219 km
da capital mineira. O município tem 87.421 habitantes, segundo dados do
IBGE (2008). Na ausência de um censo específico, a população canina foi
estimada em 12.488 animais. Utilizou-se para isso a população humana
como indicador do tamanho da população canina urbana domiciliada, na
proporção de um cão para cada sete habitantes na área urbana, de acordo
com a recomendação feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e
adotada em campanhas de vacinação antirrábica em pequenos animais (WHO,
1990).
Coletas e exames
Para determinação da ectofauna, a coleta de ectoparasitos visíveis como
carrapatos e pulgas foi realizada em 67 cães, no período de setembro de
2004 a maio de 2005. Para determinar a frequência de
ectoparasitos causadores de sarna, examinaram-se 155 raspados cutâneos
coletados de igual número de cães entre setembro de 2002 e julho de
2007.
As coletas de ectoparasitos visíveis foram realizadas independentemente
do que havia motivado a ida do cão à clínica veterinária. No momento da
coleta, o clínico veterinário preenchia uma ficha de identificação para
cada animal, onde eram registrados dados relativos a sexo (macho ou
fêmea), idade (≤1 ou >1 ano), raça (definida ou mestiça), condição
corporal (ruim, regular ou boa) e presença de lesões cutâneas (sim ou
não). Alterações macroscópicas sugestivas de dermatoses foram
identificadas observando-se sinais clínicos como lesões de pele dos
tipos postular e escamosa, eritema e dermatite.
Os animais foram examinados minuciosamente para observação de
ectoparasitos. Removeram-se as espécimes visíveis, como carrapatos e
pulgas, manualmente. Elas foram armazenadas em pequenos frascos de
plástico contendo etanol a 70% GL, que após serem identificados
individualmente permaneceram em temperatura ambiente até o momento da
identificação dos parasitos. Larva de
Dermatobia hominis (Diptera: Cuteribridae) também foi registrada, sempre que detectado sua presença.
Os espécimes de ectoparasitos visíveis foram coletados uma única vez
sobre os cães domiciliados, de ambos os sexos, com diferentes idades e
raças, atendidos em nove clínicas veterinárias particulares e criados
na área urbana do município de Lavras, MG. Identificaram-se os
espécimes coletados em microscópio binocular ou estereoscópico. Os
carrapatos adultos foram classificados segundo FLECHTMANN (1973),
enquanto os espécimes imaturos foram identificados genericamente.
Classificaram-se as pulgas segundo a chave dicotômica proposta por
LINARD & GUIMARÃES (2000).
Para a determinação da frequência de ácaros causadores de sarna, foram
analisados os resultados de raspados cutâneos obtidos de cães urbanos
domiciliados e encaminhados por veterinários de clínicas particulares
para o diagnóstico no Laboratório de Doenças Parasitárias do
Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Lavras
(DMV/UFLA). Cada raspado cutâneo foi colocado sobre uma lâmina de vidro
contendo uma gota de solução de hidróxido de potássio (KOH) a 10%.
Posteriormente, foi coberto com uma lamínula e examinado ao microscópio
com aumento de 100x e 400x para pesquisa de Demodex canis e Sarcoptes
scabiei var. canis. Identificaram-se os ácaros causadores de sarna
segundo MARCONDES (2001); o diagnóstico de demodicose foi confirmado
quando observaram—se vários ácaros e/ou formas imaturas no raspado
cutâneo.
Análise estatística
Após a identificação de ectoparasitos, foi montado um banco de dados
com as fichas clínicas dos cães, analisado posteriormente pelo programa
SPSS 12.0. Efetuou-se a distribuição de frequência de cada espécie de
ectoparasito. Foram utilizados o teste do qui-quadrado ou teste exato
de Fisher para determinar a relação entre idade, sexo e raça e a
frequência dos ectoparasitos identificados, considerando-se um nível de
confiança de 95%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Espécimes de ectoparasitos foram coletados em 67 cães – 49 de raça
definida (73,0%) e dezoito mestiços (27,0%) – representados por 39
machos (58,0%) e 28 fêmeas (42,0%). As idades variaram entre dois meses
e dez anos de vida, sendo 52,2% de jovens (≤1 ano de idade) e 47,8% de
adultos (>1 ano de idade). No total foram coletados 540
ectoparasitos, identificados da seguinte forma: 60% de carrapatos (
Rhipicephalus sanguineus); 36% de pulgas (
Ctenocephalides canis e
C. felis) e 4% de larva da mosca ou “berne” (
Dermatobia hominis).
Não houve diferença significativa (p>0,05) no nível de infestação de
carrapatos e de pulgas de acordo com o sexo e a idade dos cães,
demonstrando que tanto machos como fêmeas, jovens ou adultos, estão
sujeitos a infestações por esses ectoparasitos. O nível de infestação
por berne não foi analisado estatisticamente, devido à baixa frequência
observada nos cães.
O número de espécies de artrópodes determinadas neste trabalho foi
menor que o observado em outros estudos realizados no Brasil, nos quais
se identificaram de cinco a sete espécies de ectoparasitos (RODRIGUES
et al., 2001; BELLATO
et al.,
2003). Porém, carrapatos, seguidos de pulgas, também foram citados como
os ectoparasitos mais frequentes nos estudos de TORRES
et al. (2004), na região metropolitana de Recife, PE, e GONZÁLEZ
et al.
(2004), em Buenos Aires, Argentina. Entretanto, o predomínio de pulgas
(73,3%) em relação aos carrapatos (63,3%) foi observado em 104 cães
examinados em Juiz de Fora, MG (RODRIGUES
et al., 2001).
Neste estudo a pequena variação de espécies se deve, provavelmente, ao
fato de a população analisada ser constituída somente de cães urbanos
domiciliados, atendidos em clínicas veterinárias particulares e que,
consequentemente, recebiam mais cuidados. Essa hipótese é reforçada
pela ausência de piolhos (anopluros ou malófagos) nos animais
examinados, visto que a presença desses ectoparasitos evidencia certo
grau de descuido com os cães.
Neste trabalho,
R. sanguineus
foi a única espécie de carrapato observada nos cães domiciliados
criados na área urbana de Lavras, resultado que concorda com os de
estudos realizados nos municípios de Porto Alegre, RS (RIBEIRO
et al., 1997) e Juiz de Fora, MG (RODRIGUES
et al., 2001; SOARES
et al., 2006). Segundo LABRUNA & PEREIRA (2001),
R. sanguineus
é o ixodídeo mais comum em cães criados em áreas urbanas. A intensidade
da infestação não foi estimada no presente estudo, porém, constatou-se
que entre os espécimes de
R. sanguineus
coletados predominaram os adultos. Esse fato pode ser parcialmente
explicado pela forma como foi realizado o exame macroscópico pelos
clínicos veterinários. Eles podem ter negligenciado a presença de
larvas e ninfas, estádios parasitários de menor tamanho e,
consequentemente, de maior dificuldade de visualização.
No presente estudo,
Ctenocephalides
sp foi o único gênero de pulicídeo identificado nos cães infestados, o
que também constatou-se em outras pesquisas realizadas no Brasil
(RODRIGUES
et al., 2001; TORRES
et al., 2004; SOARES
et al., 2006), na Argentina (GONZÁLES
et al., 2004) e na Itália (RINALDI
et al., 2007). No município de Lavras,
C. canis foi a espécie predominante, encontrada em 54% dos cães (13/24), e
C. felis foi observada em 29% dos animais (7/24). Infestações mistas foram assinaladas em 17% dos cães examinados (4/24). O fato de
C. canis ser a espécie de pulga predominante em relação a
C. felis diverge de estudos realizados no Brasil (TORRES
et al., 2004; BELLATO
et al., 2003), nos Estados Unidos (DURDEN
et al., 2005) e na Itália (RINALDI
et al.,
2007). Entretanto, esta pesquisa concorda com os trabalhos
desenvolvidos no sul do Brasil por OLIVEIRA & RIBEIRO (1982/1983).
Esses autores sugerem que
C. canis
é uma espécie de sifonáptero que se adapta melhor a temperaturas mais
baixas. O município de Lavras apresenta temperatura média baixa,
principalmente nos meses de inverno, o que reforça a hipótese de a
distribuição de
C. canis
estar relacionada principalmente a fatores climáticos como suspeitam
OLIVEIRA & RIBEIRO (1982/1983). Ainda de acordo com esses autores,
é raro o encontrar
C. canis
fora do ambiente domiciliar. Afirmação que reforça os achados deste
trabalho, cuja população analisada foi composta exclusivamente de cães
urbanos domiciliados.
Em relação à sazonalidade, 96% dos ectoparasitos (carrapatos e pulgas)
foram observados entre os meses de setembro e janeiro (estação
chuvosa). De acordo com GONZÁLEZ
et al. (2004),
R. sanguineus e
Ctenocephalides
sp preferem os meses quentes e úmidos, sendo, portanto, mais abundantes
na primavera e no verão, com redução acentuada da população nos meses
de outono e inverno.
Entre os cães envolvidos no presente estudo, 13% apresentaram lesões
macroscópicas (9/67), assim distribuídas: dermatite, 60% (5/9);
eritema, 20% (2/9); ambas, 20% (2/9). Em 75% dos cães examinados
predominou a condição corporal boa dos animais (50/67), e em 25% a
regular (17/67). Estes resultados estão coerentes com o perfil da
população analisada, constituída de animais urbanos domiciliados, que
dispõem de cuidados dos proprietários e assistência veterinária
periódica. Não houve associação significativa (p>0,05) entre
condição corporal e lesões macroscópicas na pele no tocante à
infestação dos animais por pulgas e carrapatos.
Entre os raspados cutâneos de cães, encaminhados ao Laboratório de
Doenças Parasitárias do DMV/UFLA, 16,1% foram positivos (25/155), sendo
81 de fêmeas (52,0%), 68 de machos (44,0%) e seis de sexo indeterminado
(4,0%) na ficha individual. Desses positivos, 80% apresentaram
Demodex canis (20/25) e 20%,
Sarcoptes scabiei var. canis (5/25). Estudos prévios realizados na Índia (NAYAK
et al., 1997) e no México (RODRIGUEZ-VIVAS
et al., 2003) mencionaram o
D. canis como o principal ácaro causador de sarna em cães, seguido de
S. scabei var. canis. Entretanto, pesquisas realizadas no Brasil não observaram diferença significativa (p>0,05) nas frequências de
D. canis e
S. scabiei var. canis (BELLATO
et al., 2003; TORRES
et al., 2004). A frequência de
D. canis de 12,9% (20/155), observada em Lavras, MG, ficou muito acima das relatadas por BELLATO
et al. (2003) em Lages, SC (1,96%), e por TORRES
et al.
(2004) na região metropolitana de Recife, PE (0,92%). Esse
resultado deve-se, provavelmente, ao fato de a amostra do estudo em
questão ser constituída exclusivamente de raspados cutâneos de cães com
suspeita clínica de sarna, ou seja, animais com lesão sugestiva de
dermatose parasitária. Porém, o índice aqui encontrado ficou abaixo do
valor de 23% relatado por RODRIGUES-VIVAS
et al. (2003) em Yacután, México.
A frequência de
D. canis
segundo a faixa etária, o sexo e a raça dos cães atendidos em clínicas
veterinárias particulares do município de Lavras consta na
Tabela 1. Houve diferença significativa (p<0,05) entre frequência de
D. canis
e idade dos cães, sendo que em animais jovens (≤1 ano de idade) há nove
vezes mais chances de se encontrar esse demodecídeo que em adultos
(>1 ano de vida). Esse resultado concorda com os relatados em
estudos anteriores (NAYAK
et al., 1997; RODRIGUES-VIVAS
et al.,
2003) e pode ser explicado pela exposição constante dos cães jovens e
com os sistemas imunológicos falhos às mães portadoras do ácaro
D. canis.
Neste estudo não foi observada associação significativa (p>0,05) alguma de raça e sexo com frequência de cães positivos para
D. canis,
sugerindo que caninos de diferentes raças, machos ou fêmeas, são
igualmente suscetíveis a esse tipo de parasito. Esse resultado concorda
com os encontrados por NAYAK
et al. (1997) e RODRIGUEZ-VIVAS
et al.
(2003). A distribuição dos cães testados e dos casos de demodicose
canina em função da idade, do sexo e da raça dos animais está
representada na
Tabela 1.
CONCLUSÃO
Pode-se concluir que as pulgas
Ctenocephalides canis e
C. felis e o carrapato
Rhipicephalus sanguineus
constituem as espécies de ectoparasitos predominantes em cães urbanos
domiciliados atendidos em clínicas veterinárias particulares do
município de Lavras, MG. Nos casos de ácaros causadores de sarna,
diagnosticados por meio de raspados cutâneos, houve um predomínio
significativo de
Demodex canis nos cães jovens (≤1 ano de idade) em relação aos animais adultos (>1 ano de idade), suspeitos de demodicose canina.
AGRADECIMENTO
Aos clínicos veterinários da cidade de Lavras, MG por possibilitarem a realização deste estudo.
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Protocolado em: 18 dez. 2009. Aceito em: 21 jan. 2011.