AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO LEITE DE CABRA IN NATURA EM ALGUNS REBANHOS DE MINAS
GERAIS E RIO DE JANEIRO, BRASIL
Juliana Ferreira de Almeida1, Carlos Henrique
da Silva leitão2, Elmiro Rosendo do Nascimento1, Karine
de Castro Meireles Vieira3, Eunice Maria Alberto3,
Virginia Léo de Almeida Pereira1
1. Departamento de Saúde Coletiva Veterinária e Saúde
Pública, CMV/UFF. Faculdade de Veterinária:
R. Vital Brasil Filho, 64, Vital Brazil . CEP:
24.230-340. Niterói, RJ, Brasil.
2. E-mail: jufalmeida@hotmail.com (autor correspondente)
2. Laboratório Nacional Agropecuário, LANAGRO/MAPA/RJ
3. Médica Veterinária, Leopoldina, MG
PALAVRAS-CHAVE: Composição, Instrução Normativa n° 37, qualidade do leite.
ABSTRACT
PHYSICAL-CHEMICAL EVALUATION OF RAW GOAT MILK FROM HERDS IN MINAS GERAIS
AND RIO DE JANEIRO, BRAZIL
Increased production of
goat milk in the southeast region of Brazil as well as the development of
milk's physical-chemical quality parameters have contributed to detection of
flaws in management practices and recovery of raw materials. This study evaluates both physical
and chemical parameters of raw goat milk in relation to government regulations.
Eleven dairy goat herds (A-K) from Minas Gerais (B, C, E, F, G, H, I and J) and
Rio de Janeiro (A and D) were investigated. A total of 119 milk samples were
examined for determination of acidity, fat, density, non-fat solids, and
lactose. All parameters differed significantly (p<0,05) among the herds by
statistical analysis (ANOVA and Tukey-Kramer tests). As regards standards set
by national legislation, some of the herds did not meet minimum requirements
for acidity (K), fat (C, E, F, G, H, I and J), density (H), and lactose (A).
These results indicate the importance of close monitoring milk production at
dairy farms to provide a better quality product to consumers.
KEYWORDS: Composition, Normative Instruction
37, milk quality.
INTRODUÇÃO
O leite de cabra é um alimento nutritivo e saudável, com
elevados teores de vitamina A, cálcio, fósforo, potássio, magnésio e proteínas
de alto valor biológico, sendo indicado a consumidores
variados como crianças, adultos, idosos e pessoas com restrições alimentares.
Possui glóbulos de gordura menores que os do leite de vaca, o que caracteriza
uma melhor digestibilidade (LAGUNA, 2004).
As composições física e química do leite de cabra foram
avaliadas por vários pesquisadores (BARROS & LEITÃO, 1992; PRATA et al.,
1998; QUEIROGA et al., 1998; TONIN & NADER FILHO, 2002; GOMES et al., 2004;
PEREIRA et al., 2005; FONSECA et al., 2006; QUEIROGA et al., 2007; ANDRADE et
al., 2008) e podem variar conforme a raça, idade, o ciclo estral, estágio da
lactação, a alimentação, as condições ambientais, o manejo, estado de saúde, a
quantidade de leite produzido e a fisiologia individual do animal (ALVES & PINHEIRO, 2004).
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento - MAPA,
pela Instrução Normativa N° 37 de 31 de Outubro de 2000 (BRASIL, 2000), estabeleceu
requisitos mínimos de qualidade do leite destinado ao consumo humano, fixados
no Regulamento Técnico
de Produção, Identidade e Qualidade do Leite de Cabra, como por exemplo: 13 a
18°D para acidez;
2,9%, gordura; 4,3%, lactose; 8,2%, de sólidos não gordurosos e 1.028,0 a
1.034,0 para
densidade a 15°C.
O
presente estudo teve como objetivo analisar parâmetros físico-químicos do leite
de cabras de alguns rebanhos dos Estados de Minas Gerais e do Rio de Janeiro,
Brasil, e comparar os resultados obtidos com os valores fixados pela Normativa
n° 37.
MATERIAL E
MÉTODOS
Foram investigadas 119 amostras de leite de cabra in natura, obtidas em 11 rebanhos leiteiros, identificados alfabeticamente de A à K, dos municípios de Niterói (10), Nova Friburgo (10) e Paracambi (7) no Estado do Rio de Janeiro, e dos municípios de Além Paraíba (20), Belmiro Braga (10), Coronel Pacheco (22), Leopoldina (20) e Viçosa (20), do Estado de Minas Gerais. As criações eram compostas de animais puros e/ou mestiços das raças Saanen e Parda Alpina em diferentes estágios de lactação.
A coleta de 250mL de leite (mistura dos dois tetos), por animal, foi realizada pela ordenha manual, sendo as amostras acondicionadas em frascos plásticos descartáveis, remetidos sob refrigeração em caixa isotérmica ao Laboratório Nacional Agropecuário/ LANAGRO/MAPA/RJ, para a realização de exames físico-químicos no prazo de até 24 horas.
Os parâmetros físico-químicos analisados das 119 amostras de leite de cabra compreenderam: acidez titulável pelo Teste Dornic, gordura pelo butirômetro de Gerber, extrato seco desengordurado (ESD) pelo disco de Ackermann (BRASIL, 1981); lactose pelo método de Lane-Eynon (BRASIL, 2003) e densidade a 15°C em aparelho eletrônico modelo “Density DMA 48 Density Meter AP PAAP”. Os resultados obtidos foram comparados ao estabelecido pela Instrução Normativa n° 37 de 31 de Outubro de 2000, Regulamento Técnico de Produção, Identidade e Qualidade do Leite de Cabra (BRASIL, 2000).
O presente estudo foi realizado pelo método epidemiológico observacional transversal, e a seleção dos caprinos por rebanho feita ao acaso. Os resultados obtidos foram avaliados estatisticamente pela Análise de Variância (ANOVA), seguida pelo Teste de Tukey-Kramer para comparação entre as médias. Os dados obtidos em frequência foram analisados pelo Qui-quadrado para comparar proporções (MARTIN et al., 1994).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os parâmetros acidez, gordura, ESD, densidade e lactose diferiram significativamente (p<0,05) entre os rebanhos caprinos leiteiros estudados pela ANOVA e dentre os rebanhos pela análise de Tukey-Kramer.
O valor médio geral de 15,6°D, obtido para o parâmetro acidez, foi próximo aos valores reportados por PRATA et al. (1998), PEREIRA et al. (2005) e QUEIROGA et al. (2007), isto é, 16,1; 16,0 e 15,2°D, respectivamente. O padrão fixado pela legislação brasileira é de 13°D a 18°D (BRASIL, 2000). Todos os rebanhos apresentaram valores dentro do preconizado, exceto o rebanho K com um valor médio de 19,48°D.
O teor médio geral de gordura foi de 2,6%, inferior aos valores de 3,5% (BARROS & LEITÃO, 1992; PEREIRA et al., 2005), 3,7% (PRATA et al., 1998; ANDRADE et al., 2008), 4,6 a 5,5% (QUEIROGA et al., 1998), 4,1% (GOMES et al., 2004), 4,4% (PEREIRA et al., 2006) e 3,4% (FONSECA et al., 2006; QUEIROGA et al., 2007). A média de gordura nos rebanhos C (2,6%), E (2,0%), F e G (2,3%), H (1,4%), I (2,7%) e J (2,1%), não atendeu o valor mínimo de 2,9% preconizado (BRASIL, 2000).
O valor médio geral de 8,2% para o ESD foi inferior aos valores de 8,6% (BARROS; LEITÃO, 1992), 8,9% (PRATA et al., 1998) e 8,4% (PEREIRA et al., 2005) e superior ao valor de 7,9% encontrado por QUEIROGA et al. (2007). Os rebanhos A (7,9%), E (7,9%), F (8,1%), G (8,1%) e H (7,4%) não atingiram o mínimo de ESD (8,2%) exigido pela legislação (BRASIL, 2000).
O valor médio observado para densidade a 15°C foi de 1029,7g/L, inferior aos valores de 1032,4; 1030,2 e 1031,7g/L obtidos por PRATA et al. (1998), PEREIRA et al. (2005) e QUEIROGA et al. (2007), respectivamente. No rebanho H o valor médio de 1027,0 foi inferior ao valor mínimo de 1028,0 estabelecido por BRASIL (2000).
O valor médio geral de lactose foi de 4,9%, superior aos registrados por PRATA et al. (1998), QUEIROGA et al. (1998), GOMES et al. (2004), PEREIRA et al. (2006) e QUEIROGA et al. (2007) de 4,3%, 4,4%, 4,1%, 4,3% e 4,1%, respectivamente. O rebanho A (4,0%) não atendeu o valor mínimo de 4,3% estabelecido pela legislação (BRASIL, 2000).
CONCLUSÃO
Em relação aos resultados obtidos, os rebanhos K para acidez; C, E, F, G, H, I e J para gordura; H para densidade e A para lactose, não alcançaram os valores fixados pela Normativa n° 37, o que implica em melhorias da produção leiteira caprina com a implementação de monitoramento dos rebanhos a fim de garantir um melhor rendimento e qualidade desse produto, oferecido ao consumidor.
AGRADECIMENTOS
Ao
Laboratório Nacional Agropecuário - LANAGRO/MAPA/RJ, Conselho Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq e à Fundação de Amparo à
Pesquisa Carlos Chagas Filho - FAPERJ.
REFERÊNCIAS
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