DETECÇÃO DA INFECÇÃO PELO VÍRUS DA ARTRITE
ENCEFALITE CAPRINA (CAEV) PELA IMUNODIFUSÃO
Lídia
Maria Marques dos Santos1, Elmiro Rosendo do Nascimento2,
Juliana Ferreira de Almeida2, Karine de Castro Meirelles3,
Roberto Soares de Castro4, Virginia Léo de Almeida Pereira2
1. Mestranda do Programa de
Pós-Graduação
2. Departamento de Saúde Coletiva
Veterinária e Saúde Pública, CMV/UFF. Faculdade de Veterinária: R. Vital Brasil
Filho, 64, Vital Brazil . CEP: 24.230-340. Niterói, RJ, Brasil.
E-mail: elmiro@vm.uff.br (autor
correspondente)
3. Médica Veterinária, Leopoldina, MG
4Departamento de Medicina Veterinária Preventiva,
Universidade Federal Rural de Pernambuco, Recife, PE
PALAVRAS–CHAVE: Diagnóstico, doença infecciosa, pequenos ruminantes.
ABSTRACT
DETECTION OF CAPRINE ARTHRITIS ENCEPHALITIS VIRUS INFECTION BY AGAR GEL
IMMUNODIFFUSION AND POLYMERASE CHAIN REACTION
Caprine
arthritis encephalitis (CAE) is a long-lasting, degenerative, fatal disease of
high prevalence in goat herds in
KEYWORDS:
Diagnosis, goats, infectious disease.
A artrite encefalite caprina
(CAE) é uma enfermidade incurável, degenerativa, com evolução lenta e de alta
prevalência nos rebanhos caprinos nacionais (ANDRIOLI et al., 2007). O agente
etiológico foi identificado no início da década de oitenta como um RNA-vírus
pertencente ao gênero Lentivirus da família Retroviridae e subfamília
Lentivirinae. Trata-se de uma doença infecciosa dos caprinos, podendo ocorrer também
ovinos, que geralmente se apresenta de forma crônica, caracterizada por um
longo período de incubação, em que, os animais infectados passam a ser
portadores permanentes do vírus. A doença pode se manifestar por quadros
clínicos de artrite, encefalite, mastite, pneumonia e emagrecimento crônico
(FRANKE, 1998).
O diagnóstico dessa infecção
viral é baseado na sorologia, sendo a prova de escolha a imunodifusão em gel de
agarose (IDGA), embora outras técnicas para detecção do vírus possam ser
utilizadas, tais como o isolamento viral, a hibridização in situ e a reação em cadeia da polimerase – PCR (ANDRIOLI et al.,
2006).
Embora a IDGA seja a principal
forma de detecção de animais infectados pelo CAEV e o teste indicado pela World Organization for Animal Health
(OIE), possui um valor limitado na identificação de animais em fase inicial da
infecção (FROTA et al., 2005). Por isso, para o diagnóstico precoce da
enfermidade técnicas moleculares de detecção viral têm sido aplicadas, dentre
elas a PCR, cujo objetivo é a amplificação in
vitro dos ácidos nucleicos, permitindo a obtenção de milhares de cópias de
uma sequência específica de DNA (FROTA et al., 2005; ANDRIOLI et al., 2006).
A PCR tem sido utilizada para a
pesquisa do DNA proviral dos lentivírus de caprinos em diferentes amostras,
como: sangue, líquido sinovial, leite e soro do leite, tecidos e sêmen (REDDY
et al., 1993; RIMSTAD et al., 1994; BARLOUGH et al., 1994; CLAVIJO &
THORSEN, 1996; ANDRIOLI et al., 2006).
Dessa forma, o presente trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a positividade para CAE por PCR, em animais com resultado positivo pela IDGA.
MATERIAL
E MÉTODOS
Coleta
de material
Foram coletadas amostras sanguíneas
por venopunção jugular, em 63 caprinos assintomáticos, provenientes de um
rebanho do município de Leopoldina, Minas Gerais, Brasil. Para o teste de IDGA
o sangue foi transferido para tubos eppendorf
sem anticoagulante e para a PCR em tubos vacutainer
com anticoagulante EDTA. As amostras foram acondicionadas sob refrigeração em caixa
isotérmica e encaminhadas ao Laboratório de Epidemiologia Molecular da
Faculdade de Veterinária – UFF, para diagnóstico da CAE pela IDGA e PCR.
Detecção de
anticorpos
As amostras de sangue foram
dessoradas em temperatura ambiente e/ou centrifugadas (20.000Xg) por cinco
minutos, quando necessário, para a obtenção final dos soros, os quais foram
armazenados a
Após a disposição dos soros
suspeitos, dos controles positivos e do antígeno nos respectivos orifícios, as
placas foram incubadas em atmosfera úmida à temperatura entre
Detecção do DNA
proviral no sangue
A extração do DNA foi realizada a
partir do sangue com anticoagulante utilizando-se o “illustraTM
blood genomic Prep Mini Spin Kit” (GE Healthcare®) de acordo com as
instruções do fabricante. O DNA purificado foi estocado em freezer a -20ºC.
Na amplificação do DNA foram
utilizados dois pares de oligonucleotídeos
iniciadores determinados a
partir da região gag da amostra padrão CAEV-Cork (SALTARELLI et al., 1990;
ANDRIOLI et al., 2006), sendo os iniciadores P1= 5’CAA GCA GCA GGA GGG AGA AGC
TG3’ (posição genômica 953-975) e P2= 5’TCC TAC CCC CAT AAT TTG ATC CAC3’
(posição genômica 1249-1226) descritos Barlough et al. (1994) que amplificaram
um fragmento alvo de 297pb. Em seguida foram utilizados os oligonucleotídeos
iniciadores internos P3= 5’GTT CCA GCA ACT GCA AAC AGT AGC AAT G3’ (posição
genômica 997-1024) e P4= 5’ACC TTT CTG CTT CTT CAT TTA ATT TCC C3’ (posição
genômica 1181-1154) para a segunda amplificação (Nested PCR) para a obtenção de
amplicon de 185pb (RIMSTAD et al.,
1993; ANDRIOLI et al., 2006). A reação consistiu de um volume total de 50µL e
os reagentes obedeceram às concentrações segundo BARLOUGH et al. (1994),
contendo: tampão Tris HCl 10mM; KCl 50mM; MgCl2 1,5mM; dNTP 100µM de
cada; 20 pmol de cada primer (ciclo
1: oligos P1 e P2; ciclo 2: oligos P3 e P4); Taq DNA polimerase (2UI); DNA da
amostra: 3µL no ciclo 1 e 1µL de produto do ciclo 1 no ciclo 2, sendo o volume
final completado com água livre de DNAse.
As reações de amplificação foram
realizadas em termociclador (Thermo Electron Corporation) com as seguintes
etapas: um ciclo inicial para desnaturação a 94ºC por 5 minutos; seguido de 35
ciclos de 94ºC por 1 minuto, 53ºC por 1 minuto e 72ºC por 45 segundos; seguidos
de extensão final a 72ºC por 7 minutos e término a 4ºC.
Os produtos obtidos na PCR,
juntamente com o marcador molecular, foram submetidos à eletroforese em gel de
agarose a 1,5%, corados com brometo de etídio e visualizados em transiluminador
de luz ultravioleta.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O teste de IDGA resultou em 16
amostras positivas das 63 analisadas. Das positivas na sorologia, seis foram
submetidas à técnica de PCR, onde uma foi confirmada para infecção pelo CAEV. A
discordância dos resultados poderia ser explicada pelo fato do DNA viral não
estar presente no sangue dos cinco animais que apresentaram resultado positivo
na IDGA (ANDRIOLI et al., 2006). Uma diferente explicação para tais resultados
consiste na possibilidade da carga viral ter sido baixa em função dos altos
títulos de anticorpos, o que explicaria um número pequeno de células contendo o
provírus e diminuindo a possibilidade de detecção pela PCR. Outra possibilidade
gera em torno do fato do CAEV não infectar leucócitos, mas sim monócitos, os
quais constituem apenas 10% dos leucócitos do sangue periférico e somente
nessas células seria detectado o provírus (RUTKOSKI et al., 2001). Embora a PCR identifique animais
portadores dos lentivírus caprinos antes da soroconversão, tem-se relatado que
após esta, a PCR apresenta-se menos sensível quando comparada aos testes sorológicos,
de forma que há recomendação que se utilize a associação dos dois testes em um
programa de monitoramento e controle da enfermidade (DE ANDRÉS et al., 2005;
ANDRIOLI et al., 2006).
CONCLUSÃO
A
detecção de CAEV pela PCR
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