SINAIS CLÍNICOS DA
INFECÇÃO EXPERIMENTAL DE BEZERROS BUBALINOS POR SALMONELLA ENTERICA SUBESPÉCIE ENTERICA
SOROTIPO DUBLIN
André
Marcos Santana1, Daniela Gomes da Silva2, Lucas José
Luduverio Pizauro3, Priscila Arrigucci Bernardes3 e José
Jurandir Fagliari4
1Doutorando
2Pós-doutoranda do Departamento de
Clínica e Cirurgia Veterinária da FCAV – UNESP – Campus de Jaboticabal
3Graduandos
4Docente do Departamento de Clínica e
Cirurgia Veterinária da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias – UNESP –
Campus de Jaboticabal. Via de Acesso Prof. Paulo Donato Castellane, s/n.
14.884-900 – Jaboticabal, SP, Brasil. E-mail: fagliari@fcav.unesp.br (autor
correspondente)
PALAVRAS-CHAVE: Bubalus bubalis, diarréia, febre, salmonelose
ABSTRACT
CLINICAL SIGNS OF EXPERIMENTAL SALMONELLA ENTERICA SUBSPECIES ENTERICA SOROVAR
The clinical signs of healthy buffalo calves infected with experimental
108 CFU of Salmonella
KEYWORDS: Bubalus bubalis, diarrhea, fever,
salmonellosis.
INTRODUÇÃO
As maiores taxas de mortalidade em búfalos são registradas em animais com até seis meses de idade, sendo a diarréia neonatal dos bezerros uma das principais causas dessas perdas (SUNIL CHANDRA & MAHALINGAM, 1994; BENESI, 2004).
Dentre as causas de diarréia, a salmonelose é uma das mais importantes (HOUSE et al., 2001) e o sorotipo S. Dublin é o mais frequentemente isolado em búfalos (LÁU, 1999). Em bezerros bubalinos, as salmoneloses podem ser responsáveis por 13% a 14% do total de casos de diarréia, com taxa de mortalidade variando de 40% a 72% (FAGIOLO et al., 2005).
A principal porta de entrada para a
infecção é a cavidade oral, através da ingestão de água e alimentos contaminados.
De maneira geral, em bovinos sob condições experimentais, a infecção com
Em búfalos, os principais sinais clínicos da salmonelose são diarréia, febre e desidratação. A diarréia é profusa, aquosa e fétida, com presença de muco e sangue. Nos casos em que as endotoxinas bacterianas são absorvidas, a diarréia é acompanhada de febre, dor abdominal, apatia, anorexia, fraqueza e taquipnéia; o animal pode morrer dentro de quatro a sete dias (FAGIOLO et al., 2005).
O objetivo do estudo foi avaliar o quadro clínico de bezerros bubalinos submetidos à infecção experimental com 108 UFC de Salmonella Dublin e, adicionalmente, verificar a viabilidade do modelo experimental na indução da doença nesta espécie.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram examinados 10 bezerros
bubalinos da raça Murrah sadios, com
Os animais foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos experimentais, com cinco bezerros cada. Os animais do grupo 1 foram infectados experimentalmente, por via oral, com 108 UFC de Salmonella Dublin suspensas em 10 mL de caldo Brain Heart Infusion (BHI) (CM0225, Oxoid), antes da primeira mamada do dia. Os bezerros do grupo 2 receberam apenas 10 mL de caldo BHI (grupo controle).
A cepa de Salmonella Dublin (registro IOC 3101/03) foi isolada de bezerro infectado naturalmente e cedida pela Fundação Oswaldo Cruz (Manguinhos–RJ). A bactéria foi cultivada de acordo com as recomendações de WRAY & SOJKA (1981) e quantificada pela técnica de MILES & MISRA (1938).
Os bezerros foram submetidos ao exame físico antes da inoculação e a cada 12 horas, ao longo de sete dias após a infecção experimental, como propôs DIRKSEN et al. (1993). A colheita de suabes retais dos bezerros, para avaliar a presença da Salmonella Dublin, foi realizada logo antes da inoculação e, a partir daí, diariamente até a constatação de dois resultados negativos consecutivos, em intervalo de 15 dias, conforme sugerido por ANDREWS et al. (2008). Os suabes retais foram posteriormente enriquecidos em caldo selenito-cistina (CM0699, Oxoid), caldo tetrationato Muller-Kauffmann (CM0343, Oxoid) e caldo Rappaport-Vassiliadis (CM0866, Oxoid) e plaqueados em ágar verde brilhante modificado (CM0329, Oxoid), contendo 50 µg/mL de ácido nalidíxico, como preconizado por SANTOS et al. (2002). Colônias com morfologia característica do gênero Salmonella foram submetidas a testes bioquímicos, utilizando-se ágar tríplice açúcar ferro (TSI) (CM0277, Oxoid) e ágar lisina ferro (LIA) (CM0381, Oxoid). Após a comprovação bioquímica foi realizada soroaglutinação em lâmina, utilizando-se soro polivalente anti-antígenos somáticos (anti-O) de Salmonella (Probac do Brasil) e soro anti-antígenos somáticos do sorogrupo D (Probac do Brasil), no qual se inclui S. Dublin.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não se
constatou sinal clínico algum de infecção por salmonela nos bezerros bubalinos
do grupo controle. As frequências cardíaca e respiratória dos animais deste
grupo variaram de
No grupo de
bezerros infectados, as frequências cardíaca e respiratória variaram de
Entre 24 e
96 horas após a inoculação, todos os bezerros bubalinos do grupo infectado
manifestaram diarréia discreta a grave, com presença de muco e/ou estrias de
sangue; sete a dez dias após a infecção experimental notou-se recuperação
espontânea da diarréia, nestes animais. SILVA et al. (2008) verificaram
diarréia grave em todos os bezerros de vacas
Dois bezerros infectados (40%) apresentaram desidratação discreta 72 e 96 horas após a inoculação, respectivamente; por outro lado, SILVA et al. (2008) relataram a ocorrência de desidratação 36 horas após a inoculação. Também, não se constatou sintoma respiratório, como tosse, secreção nasal e taquipnéia, relatados por SILVA et al. (2008) em bezerros bovinos. Quanto ao apetite, apenas um animal apresentou inapetência e apatia entre 120 e 136 horas após a inoculação.
Não foi isolada Salmonella Dublin nas amostras de suabes retais dos animais do grupo controle. No grupo de bezerros infectados, o isolamento ocorreu 24 horas após a inoculação, sendo verificada excreção contínua em dois animais e intermitente em três búfalos durante os sete dias após a infecção. SILVA et al. (2008) isolaram a bactéria a partir de 12 horas após a infecção experimental de bezerros bovinos, sendo que dois dos seis animais infectados apresentaram excreção contínua, também durante os sete dias após a infecção.
Apesar de
os bezerros infectados já não apresentarem sinais clínicos de salmonelose entre
sete e dez dias após a infecção experimental, constatou-se eliminação de Salmonella Dublin por até 16 dias após a
inoculação, achado este de relevância epidemiológica. De modo semelhante, ÁVILA
(2008), estudando bezerros bovinos com
Não se verificou óbito de bezerros bubalinos infectados com Salmonella Dublin, ao contrário do relatado por SILVA et al. (2008), que constataram dois óbitos (33,3%) no grupo de bezerros infectados durante o período experimental de sete dias.
CONCLUSÃO
Os
resultados permitem concluir que a administração oral de 108 UFC de Salmonella Dublin é suficiente para
induzir quadro clínico de salmonelose em bezerros bubalinos com
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem à FAPESP pela concessão de bolsa e à Fundação Oswaldo Cruz – FIOCRUZ pelo fornecimento da cepa de Salmonella Dublin.
REFERÊNCIAS
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