ONFALOPATIAS EM BEZERROS DE REBANHOS LEITEIROS NO NORDESTE DO ESTADO DO
PARÁ
Alessandra dos Santos Belo Reis¹, Cleyton
Prado Pinheiro2, Cinthia Távora de Albuquerque Lopes1, Valíria
Duarte Cerqueira ³, Carlos Magno Chaves Oliveira³, Marcos Dutra Duarte4,
José Diomedes Barbosa5
1. Acadêmico da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Pará
2. Aluno de mestrado do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal, Universidade Federal do Pará
3. Médico(a) Veterinário(a), MSc, professor(a) da Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Pará
4. Médico Veterinário, MSc, Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal do Pará
5. Médico
Veterinário, doutor, professor da Faculdade de Medicina Veterinária, Central de
Diagnóstico Veterinário, Universidade Federal do Pará, Campus Castanhal, Rua
Maximino Porpino da Silva 1000, Castanhal, PA, 68740-080, Brasil. E-mail: diomedes@ufpa.br
(autor correspondente)
PALAVRAS-CHAVE:
Bovinos, doenças do umbigo, doenças neonatais
ABSTRACT
NAVEL
This study investigates the occurrence of navel ill in
six dairy farms located in the municipalities of Castanhal and Aurora do Pará,
Pará. Navel structures were examined by inspection and palpation of 225 calves
aged from one day to three months. Those presenting changes in the navel were
submitted to clinical analysis, which included observation of behaviour, body
temperature, as well as cardiac and respiratory frequencies. Results revealed
that 42,22% of animals had umbilical abnormalities, such as omphalitis
(41,05%), omphalophlebitis (23,16%), umbilical hernia (14,74%), navel myiasis
(10,53%), arterial and urachal inflammation (7,36%), and panvasculitis (3,16%).
Epidemiological data indicated poor preventive measures that only consisted of
cutting the navel, disinfecting the umbilical stump, and adequate intake of
colostrum. Furthermore, reports showed that calves were kept in crowded and
dirty enclosures most of the time. A diagnosis of neutrophilic leukocytosis was
evidenced by hemograms performed in 72 animals with navel ill. Therefore,
findings from our study proved navel infections to be of wide occurrence in the
region investigated.
KEYWORDS: Bovine, navel ill, neonatal
diseases
INTRODUÇÃO
Atualmente no Brasil, dos
184 milhões de bovinos, 44 milhões são bezerros, sendo que 9.432.951 de cabeças
estão no Estado do Pará (ANUALPEC, 2005). Os bezerros ocupam posição especial
na cadeia de produção, devendo-se ressaltar que o manejo neonatal a que forem
submetidos terá reflexos sobre sua vida produtiva, influenciando
significativamente no seu futuro desempenho como produtores de carne ou leite.
As onfalopatias representam um dos principais
problemas de bezerros nos rebanhos brasileiros, tendo como causas principais, fatores
ambientais, higiênicos, traumáticos, bacterianos e congênitos, que isolados ou
em associação provocam processos inflamatórios e/ou infecciosos nas estruturas
do umbigo (LEANDER et al., 1984; DONOVAN
et al., 1998; RADOSTITS et
al., 2002). Essas infecções podem resultar em septicemia, que ocorre devido
bactérias que ascendem a partir dos vasos umbilicais ou do úraco causando
septicemia aguda ou crônica com patologia articular, meningites, uveítes,
abscessos hepáticos e endocardites (REBHUN, 2000; RIET-CORREA, 2007).
A infecção do umbigo e das estruturas associadas
ocorre comumente em animais pecuários recém-nascidos e parece ser
particularmente comum em bezerros, estando
diretamente associada com o nível de contaminação do ambiente em que o bezerro
nasce e vive durante os primeiros dias, a falha na transferência de imunidade
passiva (SMITH, 1993; DONOVAN et al., 1998; DIAS, 2002) e o tratamento tardio
do umbigo (MIESSA et al., 2002).
Segundo REBHUN (2000) as
hérnias também constituem um dos problemas umbilicais, sendo comuns em animais
pecuários. Hérnias pequenas tendem a fechar espontaneamente, porém as maiores
requerem intervenção cirúrgica.
RADOSTITS et al. (2002)
afirmam que a inflamação do umbigo é uma das mais importantes doenças dos
bezerros, dentro das causas de mortalidade dos animais jovens, que chegam a 10%
em animais de até oito meses.
Os problemas umbilicais
causam grandes perdas econômicas, visto que diminuem o ganho de peso, geram
custos com medicamentos e assistência veterinária, retardam o crescimento e promovem
depreciação da carcaça dos bezerros, podendo levá-los à morte. No estado do
Pará são escassas as informações sobre os fatores epidemiológicos,
manifestações clínicas, alterações hematológicas e os prejuízos causados por
essa enfermidade.
O objetivo deste trabalho
é determinar a ocorrência, as alterações clínicas e hematológicas e os fatores
predisponentes das onfalopatias, em bezerros criados em fazendas leiteiras nos
municípios de Castanhal e Aurora do Pará, no Nordeste do estado do Pará.
MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizado o exame das estruturas do umbigo através
da inspeção e da palpação de acordo com DIRKSEN et al. (2005), em 225 bezerros com idade variando de um dia a três meses,
pertencentes a seis propriedades de exploração leiteira, nos municípios de
Castanhal e Aurora do Pará, no Nordeste do estado do Pará. Nos animais que
apresentaram alteração, realizou-se o exame clínico geral avaliando-se o comportamento,
a temperatura, as frequências cardíaca e respiratória. Coletou-se sangue de 72
animais, por punção da veia jugular, em tubos de vacutainer de 5 ml com 100 µl
de anticoagulante EDTA. Os resultados hematológicos foram obtidos no
laboratório de patologia clínica da Central de Diagnóstico Veterinário
(CEDIVET) da Universidade Federal do Pará, através do contador automático de
células (CELL-CC-550). A contagem diferencial de células do leucograma foi
obtida através de esfregaços sanguíneos, corados com panóptico® e
visualizados em microscópico óptico. Adicionalmente foi realizado um
levantamento epidemiológico de acordo com um questionário. Nos animais que morreram
foi realizada a necropsia.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No exame clínico geral, foi
verificado apatia, anorexia, estado nutricional ruim, pêlos longos, sem brilho,
aumento de volume nas articulações com sensibilidade aumentada a palpação,
dificuldade de locomoção e diarréia. A maioria apresentou aumento da temperatura
e das freqüências cardíaca e respiratória. Na palpação do umbigo evidenciaram-se
alterações nas estruturas externas e internas caracterizadas por aumento de
volume de suas espessuras com sensibilidade aumentada. Em alguns animais havia
a presença de miíase, e em outros, secreção purulenta. Achados estes, que de
acordo com SMITH (1993), REBHUN (2000), DIRKSEN et al. (2005) e
RIET-CORREA et al. (2007), são comuns nas infecções umbilicais.
A ocorrência de
onfalopatias nas seis diferentes propriedades foi de 42,22% (95/225). Dos 95
animais com problemas umbilicais, 41,05% (39/95) apresentavam onfalite, 23,16% (22/95)
onfaloflebite, 10,53% (10/95) miíase umbilical, 7,36% (7/95) inflamação das artérias
e/ou úraco, 14,74% (14/95) hérnia umbilical e 3,16% (3/95) apresentavam
pan-vasculite. Semelhantes taxas de ocorrência foram verificadas em estudos
realizados por MIESSA et al. (2002),
que observaram 36,4% de onfalites em rebanho mestiço no estado do Rio de
Janeiro e por PAULA
et al. (2008) que verificaram a ocorrência de 28% de onfalopatias em uma bacia
leiteira na região de Lavras em Minas Gerais.
Na maioria das propriedades estudadas, era
escassa a realização de medidas preventivas como corte do umbigo, uso de
soluções desinfetantes no coto umbilical e ingestão adequada de colostro. Foi
observado também que os bezerros permaneciam aglomerados em currais muito sujos
durante a maior parte do dia. Fatores estes que segundo DONOVAN et al. (1998), MIESSA et al. (2002), RADOSTITS et al. (2002) e DIAS (2002) são determinantes para o
estabelecimento das infecções umbilicais.
DIRKSEN et al. (2005)
citam que a maioria dos animais que têm onfalopatias, apresentam uma leucocitose
por neutrofilia. Neste estudo, dos 72 animais com onfalopatias que foram
realizados hemograma, 42 apresentavam este aumento.
Em todas as propriedades
era adotado o uso de antiparasitário injetável (a base de ivermectina a 1%), na
dose de 10 mg por animal, subcutâneo, para a prevenção das miíases. Em estudos
realizados no Mato Grosso do Sul por BIACHIN et al. (1991), revelaram que a
administração de 10 mg de ivermectina a 1% no animal recém-nascido, reduziu em 61%
a freqüência das miíases.
CONCLUSÃO
O exame específico das
estruturas do umbigo através da inspeção e da palpação mostrou-se eficaz para a
realização dos diagnósticos.
As condições de ambiente
associada à escassez de medidas profiláticas foram determinantes para o alto
índice de onfalopatias nestes rebanhos.
REFERÊNCIAS
ANUALPEC. Anuário da pecuária brasileira. São Paulo: Angra FNP Pesquisas, 2005,
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BIANCHIN, I.; CORRÊA, E. S.; GOMES,
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DIAS, R. O. S. A saúde do rebanho começa
com o controle das onfalopatias. Disponível em: http://
www.milkpoint.com.br, Acesso em: 12 jul. 2002.
DIRKSEN,
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DONOVAN, G. A.; DOHOO, R. I.; MONTGOMERY, D. M.; BENNETT, F. L. Cattle morbidity
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