RESUMO
Listeria monocytogenes
está amplamente distribuída no ambiente e tem sido isolada de alimentos
associados a surtos de elevada letalidade, representando um risco para
a saúde pública. Em alguns países, os produtos prontos para consumo,
como embutidos cozidos, entre os quais as salsichas, estão associadas à
listeriose humana. Considerando a relevância do tema e a necessidade de
dados, analisou-se a ocorrência de
Listeria spp. e
L. monocytogenes
na produção de salsichas em dois estabelecimentos sob SIF, sendo que em
um deles, as ferramentas de autocontrole estavam implantadas. Os
resultados das análises microbiológicas de 106 amostras, entre
matéria-prima cárnea, produto acabado e
pools de
swabs
do ambiente pós-cozimento, quando submetidos ao programa @Risk,
apresentaram valores médios que indicaram que 7 a 9% das salsichas
continham
L. monocytogenes. Obtiveram-se 88 isolados de
L. monocytogenes
a partir de 106 amostras, sendo que destas, 76 foram coletadas nas
indústrias que participaram do experimento e 30 eram provenientes do
varejo. Identificou-se 95% dos sorotipos como 4b, 1/2a e 1/2b.
Concluiu-se que além de apresentar fatores de risco desconhecidos
quanto à presença desse patógeno nas salsichas consumidas no Brasil, a
situação preocupa pela escassez de dados epidemiológicos, ausência de
padrões e falta de informação ao consumidor, tanto no que diz respeito
à possibilidade da presença de
L. monocytogenes, especialmente para grupos de risco, como a importância do aquecimento antes do consumo.
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PALAVRAS-CHAVE: contaminação, embutido cozido, listeriose, salsicharia.
ABSTRACT
Listeria spp. AND Listeria monocytogenes IN INDUSTRIAL PLANTS OF HOT DOG FRANKFURTERS
Listeria monocytogenes
is widely distributed in the environment and it has been isolated from
food that were associated to outbreaks of high lethality in many
countries. Thus, this bacterium represents an important pathogen to the
public health. Ready-to-eat products, like cooked stuffed food, within
them, frankfurters, are associated to human listeriosis in many
countries. Taking into consideration the importance of the subject and
the need of more data about it, the occurrence of
Listeria spp. and
L. monocytogenes
in industrial plants, in meat raw materials, in slurry and frankfurters
was investigated. These samples were collected in two production plants
with SIF (Federal Inspection Service); in one of them GMP, HACCP and
SOP were implemented. The results of the 106 microbiological analysis
were submitted to the program @Risk to obtain the risk analysis; the
mean values results showed that 7 to 9% of the frankfurters in the
market may have
L. monocytogenes. The analysis indicated that 88 strains of
L. monocytogenes were
obtained from 106 samples; among them, 76 were collected in the
industrial plants that participate in the experiment, and 30 were
collected in the market. In serological typification, 95% of these
strains were classified as serotypes 4b, 1/2a and 1/2b. Besides the
presence of the bacterium in frankfurthers consumed in Brazil and the
risk factors associated to this pathogen, the situation concerns
because of the lack of epidemiological data, absence of patterns and
the deficient information given to the consumer, specially information
related to the presence of
L. monocytogenes, particularly important to the groups at risk, as well as information related to the importance of heating the product.
____________
KEY-WORDS: contamination, cooked stuffed food, listeriosis, industrial plant.
INTRODUÇÃO
Há seis espécies de
Listeria conhecidas:
L. monocytogenes, L. innocua, L. ivanovii, L. seeligeri, L. welshimeri e
L. grayi; dessas, apenas
L. monocytogenes
é patogênica para o homem (FARBER & PETERKIN, 1991; ROCOURT &
BUCHRIESER, 2007). Com base nos antígenos somáticos (O) e flagelar (H),
L. monocytogenes está dividida em 13 sorotipos: 1/2a, 1/2b, 1/2c, 3a, 3b, 3c, 4a, 4ab, 4b, 4c, 4d, 4e e 7 (FSIS/USDA/CFSAN/FDA/USDHHS, 2003).
A temperatura ótima para multiplicação de
L. monocytogenes
é de 37ºC, porém, multiplica-se também sob refrigeração, não devendo
esse método ser considerado eficaz para seu controle (HARMAYANI
et al., 1993).
Segundo JAY (2005),
L. monocytogenes é
um patógeno intracelular, ubíquo e associado a doenças de origem
alimentar e, de acordo com TERATANAVAT & HOOKER (2004), responsável
por diversas operações de recolhimento (recall) de alimentos. A
listeriose é uma enfermidade bastante severa, podendo ocorrer na forma
de surtos ou casos esporádicos (FARBER & PETERKIN, 1991). A grande
maioria (95%) das infecções humanas por L.
monocytogenes é causada pelos sorotipos 1/2a, 1/2b e 4b (GRAVES
et al., 2007).
As elevadas taxas de mortalidade resultantes de listeriose variam de
20% (GELLIN & BROOME, 1989) a 30% (ROCOURT, 1996; FISHER
et al., 2000), sendo que a forma primária de transmissão do microrganismo ocorre por meio de alimentos (WHO, 1988; KATHARIOU, 2002).
Alguns estudos indicaram que certas partes de equipamentos, que são
difíceis de higienizar, como esteiras, picadoras, fatiadoras e
embaladoras, estavam entre os principais sítios de L.
monocytogenes, mesmo após as operações de limpeza (MIETTINEN
et al., 1999; AUTIO
et al., 2000; TOMPKIN, 2002).
A prevalência e a incidência de
L. monocytogenes em produtos comercializados prontos para o consumo tem sido objeto de estudo em diversos países (WILSON, 1995; UYTTENDAELE
et al., 1999; AGUADO
et al., 2001; GOMBAS
et al., 2003; VAN COILLIE
et al.,
2004; VITAS & GARCIA-JALON, 2004; ANGELIDIS & KOUTSOUMANIS,
2006). Somente de 1986 a 1987, foram registrados 1600 casos de
listeriose nos Estados Unidos da América (EUA), ocasionando 400 mortes
e tendo como um dos alimentos envolvidos salsichas que não foram
aquecidas antes do consumo (SCHWARTZ
et al., 1988; GELLIN
et al., 1991). A destruição da bactéria pelo calor depende do binômio tempo e temperatura. Segundo PORTO
et al. (2004), reaquecendo as salsichas antes do consumo por 70ºC/2min ou 80 a 90ºC/0,6min, há redução significativa de
L. monocytogenes previamente inoculada.
No ambiente industrial, os microrganismos podem estar em suspensão
(JAY, 2005), ou podem se organizar em comunidades na forma de
biofilmes, que se fixam às superfícies (GANDHI & CHIKINDAS, 2007).
Algumas cepas de
L. monocytogenes
podem persistir no ambiente de processamento por longos períodos,
havendo relatos de persistência até por mais de 10 anos (KATHARIOU,
2002; TOMPKIN, 2002); porém, os fatores relacionados à persistência ou
não de
L. monocytogenes
no ambiente de processamento de alimentos ainda não são bem entendidos.
Há sugestões de que essa persistência esteja relacionada com a
habilidade de algumas cepas formarem biofilmes e assim resistirem aos
sanitizantes (HOLAH
et al., 2002). Para MORETRO & LANGSRUD (2004),
L. monocytogenes
pode se estabelecer no ambiente industrial por anos, e a persistência
está frequentemente associada à equipamentos ou ambientes de difícil
higienização.
A adesão de
L. monocytogenes
pode ocorrer sobre vários tipos de superfícies (DONLAN, 2002). Na
indústria de alimentos, as superfícies de equipamentos e de substâncias
selantes impermeáveis, de cintas transportadoras e ralos são potenciais
reservatórios de
Listeria spp. (LADO & YOUSEF, 2007).
Para minimizar a contaminação por
L. monocytogenes
em salsichas é importante identificar as fontes, as rotas e os isolados
do patógeno nos estabelecimentos. As ferramentas de autocontrole Boas
Práticas de Fabricação (BPF), Procedimentos Padrão de Higiene
Operacional (PPHO) e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle
(APPCC), quando efetivamente implantadas pela indústria, constituem
controles que minimizam os riscos associados à presença de
L. monocytogenes nos alimentos (SHANK
et al., 1996; REIJ & DEN AANTREKKER, 2004).
No Brasil, dados sobre a ocorrência de
L. monocytogenes
em salsichas são escassos e as normas brasileiras vigentes não
determinam que o fabricante faça constar no rótulo a necessidade de
aquecimento ou fervura das mesmas antes do consumo. Portanto, as
salsichas podem ou não ser reaquecidas antes do consumo, o que aumenta
a complexidade do problema de controle do patógeno no país.
Embora
L. monocytogenes
não se multiplique em temperaturas menores que -1,5ºC, a bactéria pode
sobreviver em temperaturas muito baixas (EL-KEST & MARTH, 1991). O
congelamento e a estocagem a -18ºC inativa 1 a 2 log
10UFC
da população e causa injúrias em mais de 50% das células (LADO &
YOUSEF, 2007). No entanto, repetições de congelamento e descongelamento
causam o rompimento da membrana celular da bactéria permitindo o
vazamento do conteúdo citoplasmático (EL-KEST & MARTH, 1991; JAY,
2005).
Com este estudo, objetivou-se verificar a ocorrência de
Listeria spp. e
L. monocytogenes
durante um turno de produção de salsichas em duas indústrias sob
Serviço de Inspeção Federal (SIF), com realidades distintas, ou seja,
com as ferramentas de autocontrole implantadas e ainda em implantação,
bem como identificar a probabilidade de sua ocorrência em salsichas
provenientes do varejo.
MATERIAL E MÉTODOS
Aplicou-se um questionário à inspeção local e à equipe do controle de
qualidade de cada estabelecimento durante visita ao acaso, enfatizando
tópicos contemplados pelas ferramentas de autocontrole (BPF, PPHO e
APPCC) no âmbito da salsicharia.
Os estabelecimentos industriais foram codificados como 01 e 02, e
caracterizados de acordo com (i) identificação, (ii) volume de
produção, (iii) data da colheita, (iv) tipo de salsicha e (v)
implantação das ferramentas de autocontrole.
Em visita realizada ao acaso nos meses de setembro e outubro de 2007,
foram colhidas 36 amostras na indústria 01 e 40 amostras na indústria
02, constituídas por
pool de
swabs
ambientais de superfícies da área pós-cozimento e amostras de porções
da matéria-prima cárnea, emulsão e do produto acabado, em períodos
alternados ao longo da linha de produção de salsichas, conforme o fluxo
de produção de cada estabelecimento. Já as amostras do varejo foram
adquiridas em março de 2008, em oito supermercados da cidade de
Goiânia-GO.
As amostras de alimentos nas indústrias foram colhidas aleatoriamente e
em períodos distintos, ao longo da linha de produção de cada
estabelecimento, em assepsia, na quantidade de 10 amostras de 500 g das
carnes utilizadas como matéria-prima para a produção de salsichas, 10
amostras de 500 g de emulsão e 10 amostras do produto acabado, pronto
para o consumo, todas resfriadas. Uma vez colhidas, acondicionadas em
sacos de polipropileno esterilizados e identificadas, essas foram
encaminhadas, sob refrigeração (4ºC), ao Laboratório de Microbiologia
do Centro de Pesquisa em Alimentos da Escola de Veterinária e Zootecnia
da Universidade Federal de Goiás (CPA/EVZ/UFG) para análise.
A colheita de
swabs no
ambiente de salsicharia ocorreu durante o desenvolvimento das
atividades de produção, nas áreas pós-cozimento, sendo a quantidade
estabelecida de acordo com a tecnologia e fluxo de produção empregada
em cada indústria, gerando, portanto, diferença no número de amostras,
sendo 06
pools de
swabs
na indústria 01 e 10 na indústria 02. Foram avaliadas superfícies de
contato direto com o produto, tais como equipamentos e luvas dos
manipuladores, e superfícies sem contato com o produto, a exemplo de
ralos, paredes e aventais dos manipuladores.
A área para colheita nessas superfícies pré-estabelecidas foi de 100
cm² e executada com auxílio de gabaritos previamente esterilizados. Os
swabs
foram umedecidos com água peptonada 0,1% (Difco) e transportados ao
laboratório em tubos contendo 10 mL de água peptonada 0,1% e mantidos a
4ºC até o momento da análise. Cada amostra constituiu-se de um pool,
sendo dispostos três
swabs de um mesmo tipo de superfície em cada tubo.
As amostras de salsichas no varejo foram colhidas em supermercados da
cidade de Goiânia-GO, totalizando 30 amostras de salsichas procedentes
das duas indústrias que participaram do experimento. No total, 11
amostras estavam embaladas e 19 foram compradas a granel (pesadas em
unidades amostrais de 500g). Todas as salsichas amostradas apresentavam
temperatura abaixo de 7ºC.
As amostras foram mantidas sob refrigeração, durante o transporte,
utilizando-se caixa isotérmica e gelo reciclável, bem como em geladeira
até o início das análises.
Utilizou-se como controle positivo de
L. monocytogenes
a cepa American Type Culture Collection, Instituto Adolfo Lutz (ATCC
7644-IAL), mantida em caldo LB adicionado de 50% de glicerol e
renovadas mensalmente.
Utilizou-se o sistema VIDAS® como método rápido qualitativo
(screening), após as etapas de enriquecimento primário e enriquecimento
secundário, sendo que as amostras com resultados positivos foram
submetidas à análise tradicional, preconizada pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que inclui o isolamento em ágar
sólido e provas confirmatórias.
Uma porção de 25g, obtida em pequenas frações de diversos pontos de
cada unidade amostral, foi transferida assepticamente para 225mL do
caldo de enriquecimento primário UVM – Universidade de Vermont
Modificado (Difco) adicionado de seu suplemento, homogeneizada por dois
minutos em Stomacher (400 Blender, SE 1 1 PPUK, England), sendo a
suspensão resultante incubada a 30°C ± 1ºC por 24h (BRASIL, 2003).
Após 24h, transferiu-se 1mL da suspensão em caldo UVM para 10mL do
caldo Fraser (Difco), para enriquecimento secundário, suplementado com
Fraser Broth Supplement (Difco), seguido de incubação a 30°C ± 1ºC por
24h (BioMÉRIEUX, 2006a).
Após o enriquecimento secundário todas as amostras foram submetidas à
análise imuno-enzimática no sistema automatizado VIDAS® (bioMérieux,
Paris).
Utilizou-se o protocolo validado da Associação Francesa de Normalização (AFNOR) para detecção de
Listeria
spp. nas 106 amostras analisadas. Assim, após 24h, a 30°C ± 1ºC no
caldo de enriquecimento secundário, transferiu-se 2mL do material
resultante para tubo esterilizado, que foi submetido a banho de água
(100ºC/15min). Transferiu-se então uma alíquota de 0,5mL do material já
arrefecido para poço do barrete específico para
Listeria
spp. e submeteu-se a amostra à análise no sistema automatizado VIDAS®
(bioMérieux, Paris). Os resultados foram apresentados impressos, como
positivo ou negativo, em 45min. (BioMÉRIEUX, 2006b).
Para detecção de
L. monocytogenes,
foi utilizado o protocolo da Association of Official Analytical
Chemists (AOAC) em todas as amostras analisadas anteriormente que
apresentaram resultado positivo para
Listeria spp. As etapas foram as mesmas utilizadas para
Listeria spp., exceto que, para essa análise, as amostras não foram submetidas ao banho de água e os resultados qualitativos para
L. monocytogenes emitidos em 70min (BioMÉRIEUX, 2006a).
As amostras positivas ao teste rápido, tanto para
Listeria spp. como para
L. monocytogenes,
foram submetidas à protocolo convencional, estabelecido pela IN Nº
62/2003 do MAPA (BRASIL, 2003), para isolamento e identificação da
bactéria. Para tanto, semearam-se por esgotamento em estrias, alíquotas
de 1μL a partir do caldo Fraser inoculado, em Ágar Oxford Modificado -
MOX (Difco) adicionado do suplemento antimicrobiano para o ágar MOX (BD
- Becton, Dickinson), visando à obtenção de colônias presuntivas de
Listeria spp. As placas foram incubadas invertidas a 35 ± 1ºC por 24 - 48h.
Nas divergências entre os resultados do teste rápido e do método
convencional, repetiu-se o método convencional por quatro vezes,
transferindo-se de 5 a 10 colônias suspeitas a partir do ágar MOX.
Amostras com resultados negativos no método convencional foram
plaqueadas em duplicata no ágar cromogênico Rapid’ L mono (BioRad) a
partir do caldo Fraser e de colônias suspeitas do agar MOX diluídas em
solução salina a 0,85%, sempre com a realização do controle positivo.
Ressalte-se que os meios cromogênicos ainda não são utilizados no
método oficial.
A purificação foi realizada em placas de ágar tripticase de soja - TSA
(Difco) suplementado com 0,6% de extrato de levedura - YE (Oxoid),
TSA-YE, por meio da inoculação de cinco a dez unidades formadoras de
colônias enegrecidas típicas de
Listeria
spp. de cada placa de ágar MOX, após a observação suplementar, em
microscopia de contraste de fase (Carl Zeiss, Alemanha), para
visualização dos movimentos de tombamento, característicos de
Listeria
spp. Após incubação das placas a 30ºC/24h, as colônias
resultantes foram examinadas sob iluminação transversal
(transiluminação a 45º) para visualização de colônias azuladas de
L. monocytogenes.
Colônias suspeitas foram semeadas por picada em profundidade e por
estrias na superfície inclinada de tubos com ágar TSI (Difco).
Para confirmação de
Listeria
spp., cinco a dez unidades formadoras de colônias suspeitas em TSA-YE
foram transferidas para tubos de ágar açúcar triplo e ferro - TSI
(Difco) inclinado, cujas culturas, após 24h de incubação a 35ºC, foram
utilizadas para a realização das provas bioquímicas de produção de
catalase, observação das características morfotintoriais (método de
Gram), verificação de motilidade em meio semi-sólido (BBL/BD) e
observação microscópica em contraste de fase (BRASIL, 2003).
Além das provas realizadas para identificação de
Listeria spp., a confirmação de
L. monocytogenes
foi feita por verificação da produção de beta-hemólise em ágar sangue
de carneiro a 5%, capacidade de fermentação dos carboidratos ramnose
(Sigma), xilose (Merck), maltose (Difco) e manitol (Synth), provas de
VM e VP (Merck) e redução do nitrato (Vetec). Os métodos descritos
também foram adotados para as análises dos
swabs ambientais.
Colônias suspeitas de
L. monocytogenes
foram semeadas em estrias e por picada com agulha, logo abaixo da
superfície do ágar sangue de carneiro a 5% (BRASIL, 2003). Após
incubação a 35ºC/24-48h, consideraram-se como positivas as placas que
apresentaram halo de hemólise total (β-hemolíticas) ao redor da colônia.
Na prova do Gram, adicionou-se sobre lâmina de vidro 0,1mL de hidróxido
de potássio 3,5% e, em seguida, uma pequena porção de raspado da
superfície do tubo com a cultura em teste. Após alguns segundos sob
homogeneização em movimentos circulares contínuos com alça descartável,
se não ocorria a formação de filamentos viscosos, a prova era
considerada positiva para
Listeria (MAC FADDIN, 1980).
A partir de resultados positivos para
Listeria
spp. em TSI com 24h, uma porção do cultivo bacteriano foi depositada
sobre lâmina de vidro utilizando-se alça plástica esterilizada e uma
gota de solução aquosa de peróxido de hidrogênio a 3% (BRASIL, 2003)
foi adicionada para a prova da catalase. O teste foi considerado
positivo quando houve a formação de borbulhamento, associado ao
desprendimento de O
2 em função da presença da enzima catalase, sintetizada pelo microrganismo em estudo.
Para a redução do nitrato a nitrito, tubos de ensaio com 5mL de caldo
nitrato (Vetec) foram inoculados com pequena porção da cultura
suspeita, utilizando-se alça plástica descartável esterilizada de 0,1mL
e incubados a 35ºC por 24h (BRASIL, 2003). Ao final do período de
incubação adicionou-se 1mL da solução A (alfa-naftilamina 0,5%) e 1mL
do reagente B (ácido sulfanílico 0,8%) em 1mL do caldo cultivado. A
formação de coloração rósea ou avermelhada indica teste positivo.
No teste de Vermelho de Metila VM, adicionaram-se três gotas do
reagente vermelho de metila 0,06% (Merck) à cultura incubada no caldo
MR-VP (Merck) a 35ºC/96h. O aparecimento imediato de coloração vermelha
foi indicativo de resultado positivo para a reação (BRASIL, 2003).
Na reação de Voges-Proskauer (VP), após incubação do inóculo em 1mL do
meio de Clark e Lubs (Merck) a 30ºC/48h, adicionou-se 0,6mL de
alfa-naftol 5% e 0,2mL de solução de hidróxido de potássio 40%. Após
30min de agitação dos tubos abertos, consideraram-se positivas as
reações que apresentaram coloração avermelhada (BRASIL, 2003).
No teste de utilização de açúcares, porções de colônias suspeitas,
isoladas com o auxílio de alça plástica descartável esterilizada, foram
semeadas em tubos contendo caldo vermelho de fenol (Merck) adicionado
dos açúcares ramnose, manitol, maltose e xilose previamente
esterilizados a 121ºC/15min (exceto a xilose que foi esterilizada por
filtração -Milipore 0,10μ). Tubos incubados a 30ºC por 24-36h foram
considerados positivos quando houve a acidificação do meio devido à
fermentação dos açúcares, com alteração da cor vermelha do indicador
vermelho de fenol para o amarelo (BRASIL, 2003).
Utilizando-se agulha plástica descartável esterilizada de 0,1mL,
porções das culturas suspeitas foram inoculadas em linha reta por
picada até dois terços do meio semi-sólido para teste de motilidade
(BD). Após incubação a 25ºC/2 por 5 dias, consideraram-se positivas as
amostras que apresentaram crescimento na forma de “guarda-chuva” ou
“chapéu-chinês”, característico de bactérias do gênero
Listeria, por evidenciar a preferência desse microrganismo pela microaerofilia (BRASIL, 2003).
Os isolados obtidos foram enviados ao Laboratório de Referência da Fundação Instituto Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) para sorotipagem.
Além da análise descritiva, na avaliação das variáveis categóricas
utilizaram-se o teste exato de Fisher e o teste de Qui-quadrado,
aplicados de acordo com PIMENTEL GOMES (1987). Na análise de perigos,
utilizou-se o software @Risk 4.5, PALISADE, versão 2005, empregando a
distribuição de probabilidade contínua do tipo beta, para valores
0<x<1, com 99% de confiança apresentada no eixo X dos gráficos
obtidos, sendo que o eixo Y corresponde à amostragem. Os resultados de
presença ou ausência tanto para
Listeria spp. como para
L. monocytogenes,
nas matrizes alimentares analisadas, foram processados pelo @Risk, com
o intuito de se obter a variação de probabilidade de ocorrência da
bactéria na produção amostrada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
De acordo com as respostas obtidas no questionário aplicado e a
rotulagem utilizada, ambas as indústrias produzem salsichas do tipo hot
dog, compostas por diferentes matérias-primas cárneas adicionadas de
ingredientes misturados no cutter, até a formação da emulsão.
Na indústria 01, as informações evidenciaram que as ferramentas de
autocontrole (BPF, PPHO e APPCC) estavam implantadas na linha de
produção de salsichas, com registros disponíveis para verificação.
Entre os Pontos Críticos de Controle (PCCs) está a etapa de cocção,
realizada em túnel de cozimento com injeção de vapor e com
monitoramento contínuo da temperatura. Após as etapas de cozimento,
quando atingiam a temperatura de 73ºC, e resfriamento a 15ºC, ambas em
túnel, ocorria a remoção do envoltório, acidificação e embalagem
primária a vácuo. Em seguida, as salsichas eram submetidas à
pasteurização em tanque com água à temperatura de 85-90ºC/40min,
resfriamento e armazenamento (4ºC). A separação física entre as áreas
destinadas aos produtos crus e cozidos reduzia a possibilidade de
contaminação cruzada.
Nas etapas de higienização, utilizavam-se diariamente água quente
(40-50ºC), detergente alcalino e ácido peracético, sendo a amônia
quaternária aplicada nos finais de semana. O uso de dois sanitizantes
diferentes, empregados de forma alternada, segundo MEREGHETTI
et al. (2000), pode ser benéfico no controle de
Listeria spp.
A indústria 02 não havia ainda implantado as ferramentas de
autocontrole, não havendo disponibilidade de registros para
verificação. O tratamento térmico era realizado em estufa (40min) até
atingir 74ºC e em seguida as salsichas eram resfriadas por meio de
aspersão de água clorada (0,5 a 1ppm) em temperatura ambiente. Os
envoltórios eram removidos de forma mecanizada e a acidificação era
feita com ácido fosfórico 2% (pH 2 a 3). Em seguida, as salsichas eram
embaladas manualmente, lacradas, pesadas e congeladas a -12ºC. O tanque
de acidificação/tingimento apresentava acabamento sanitário falho, com
a constatação de soldas aparentes, de difícil higienização.
No que diz respeito à separação física entre as áreas destinadas a
produtos crus e cozidos, constatou-se a existência de contra-fluxo,
pelo fato de a estufa possuir apenas uma porta utilizada como entrada e
saída, como também pela localização do tanque de tingimento na sala de
pesagem e preparo da emulsão de embutidos, o que poderia favorecer à
contaminação pós-cozimento. Nesse aspecto, de acordo com o CODEX
ALIMENTARIUS (2007), a introdução de
L. monocytogenes
no ambiente de preparo dos alimentos prontos para o consumo pode ser
decorrente da insuficiente separação entre as áreas de produtos crus e
produtos acabados, assim como pelo controle deficiente na circulacão de
empregados.
O processo de higienização da salsicharia era realizado com água quente
(50ºC), detergente alcalino e emprego diário de ácido peracético como
sanitizante.
Conforme os dados apresentados na
Tabela 1, entre as 30 amostras de alimentos colhidas na indústria 01, a matéria-prima cárnea e a emulsão apresentaram
Listeria spp. em 9 (90%) e 10 (100%) das amostras, respectivamente.
L. monocytogenes foi confirmada em 4 (40%) amostras de carne e 2 (20%) amostras de emulsão. Da sorotipagem dos 23 isolados de
L. monocytogenes
provenientes das 6 amostras positivas obtidas pelo método convencional,
resultaram em 14 isolados com sorotipo 4b, 8 isolados com sorotipo 1/2a
e um isolado com sorotipo 3a.
No cômputo geral da indústria 01, obtiveram-se 25 isolados de
L. monocytogenes,
distribuídos os sorotipos 4b (71%), 1/2a (28%) e 3a (14%), com
predominância do sorotipo 4b na base cárnea. A diferença entre os
sorotipos identificados nas matrizes alimentares e no ambiente coincide
com a informação de KATHARIOU (2002) de que a fonte primária de
contaminação do alimento por
L. monocytogenes está relacionada ao ambiente de processamento, o que pode justificar a não semelhança entre os sorotipos identificados.
O sorotipo 4b da amostra ambiental (ralos) coincide com o da
matéria-prima-cárnea que é proveniente de animais abatidos na própria
indústria, como também adquiridos de terceiros. Os sorotipos 1/2a e 3a
identificados na emulsão podem estar relacionados à adição de aditivos
e outros ingredientes não-esterilizados, como corantes, estabilizantes,
aromatizantes, proteína texturizada, amido, além da água, que não foram
analisados de forma individualizada neste estudo. Apesar de não ser
comum, há registros de ocorrência de surto de listeriose causado pelo
sorotipo 3a, evidenciando sua importância em saúde pública (McLAUCHLIN
et al.,
2004). Em 1999, na Finlândia, foi registrado o provável primeiro surto
de listeriose em decorrência da ingestão de manteiga pasteurizada,
contaminada por esse sorotipo (LYYTIKÄINEN
et al., 2000). Não é comum a presença do sorotipo 3a nos estudos realizados no Brasil, havendo a necessidade de mais investigações.
Como pode ser observado na
Tabela 2, na indústria 02, obtiveram-se 62 isolados de
L. monocytogenes,
provenientes das 12 amostras positivas obtidas pelo método
convencional, que foram distribuídos em 33 sorotipos 1/2b (75%), 28
sorotipos 1/2a (33%) e um sorotipo 1/2c (8%). Os sorotipos
predominantes foram 1/2b e 1/2a, tanto no ambiente como na carne e na
emulsão. Assim como na indústria 01, a matéria-prima cárnea é produzida
no próprio estabelecimento e também recebida de terceiros. A presença
do sorotipo 1/2c na emulsão pode estar relacionada com a adição de
ingredientes não-esterilizados.
A incidência de
L. monocytogenes em produtos cárneos, registrados pelo programa de monitoramento norte americano e apresentados por FARBER
et al.
(2007), são de 18% para carne moída crua e 0 a 8% para produtos cárneos
prontos para o consumo, sendo de 0,4 – 2,1% para salsichas de pequeno
diâmetro e de 1,8 – 5,3% para as maiores.
Os resultados das análises das amostras de produtos acabados colhidos
nas indústrias 01 e 02 não se assemelham aos dados obtidos por WALLACE
et al. (2003), que em dois estabelecimentos produtores de salsichas, entre 27.300 amostras analisadas, 104 (0,38%) continham
L. monocytogenes.
A
Tabela 3 apresenta os resultados para a ocorrência de
L. monocytogenes
no ambiente industrial pós-cozimento, nas matérias-primas cárneas e
salsichas produzidas nos dois estabelecimentos amostrados, evidenciando
a presença da bactéria no ambiente e na carne crua.
Quando da divergência de resultados entre a presença de
L. monocytogenes
no sistema VIDAS® e a ausência no método convencional, utilizou-se o
meio cromogênico para visualização de colônias azuladas típicas da
bactéria, constatando-se em determinadas situações a presença de raras
colônias azuis. O fato observado coincide com a sensibilidade descrita
pelo método VIDAS® e com a dificuldade em se capturar colônias
características de
L. monocytogenes no método convencional quando há um número muito pequeno de colônias nas placas.
Como apresentado na
Tabela 4, na indústria 01, as esteiras transportadoras nas saídas do forno de cozimento e do tanque de corante apresentaram
Listeria
spp. Na indústria 02, a presença de soldas com acabamento aparente que
dificultam a higienização e as paredes do tanque de tingimento (pH 2 a
3) apresentaram resultado positivo para
L. monocytogenes. Os resultados coincidem com os de MIETTINEN
et al.
(1999) e de TOMPKIN (2002), de que certos equipamentos difíceis de
higienizar, entre os quais as esteiras, apresentam maior possibilidade
de se encontrar
L. monocytogenes.
Constatou-se, a partir dos resultados obtidos, que, nas áreas onde são
manipuladas as salsichas após o cozimento, nas duas salsicharias, havia
indícios de falhas no processo de higienização, seja pelas más
condições das superfícies dos equipamentos, pela realização inadequada
do processo de limpeza ou ainda pela possível existência de biofilmes,
indicando a necessidade de se fazer o acompanhamento das operações de
higienização. A presença do patógeno no ambiente pós-cozimento gera a
possibilidade de contaminação do produto final pronto para o consumo.
Neste aspecto, de acordo com o CODEX ALIMENTARIUS (2007), uma das
estratégias para controlar a listeriose transmitida por alimentos
consiste em introduzir um tratamento de mitigação adicional após o
envase final, o que é observado na indústria 01, que pasteuriza o
produto após a embalagem primária.
A presença de
L. monocytogenes
nas instalações industriais sustenta a necessidade da existência e
manutenção de programas de acompanhamento da presença desse patógeno
por meio do monitoramento ambiental com frequência pré-estabelecida,
especialmente nas superfícies de contato direto com o produto após o
cozimento, evitando a recontaminação após o tratamento térmico.
De acordo com PETTINATI
et al.
(2006), os sorotipos 1/2a, 1/2c e 4b já foram relacionados com surtos
ou casos esporádicos de listeriose humana, não apenas no Brasil, mas em
outros países. GARCÍA-ÁLVAREZ
et al. (2006) e GRAVES
et al.
(2007) relataram que 95% das infecções humanas são causadas pelos
sorotipos 1/2a, 1/2b e 4b, detectados neste estudo aos níveis de 97,7%;
portanto, todos os sorotipos identificados são de importância em saúde
pública.
Considerando-se os resultados das análises por categorias, observa-se que apesar do isolamento de
Listeria spp. e
L. monocytogenes
nas amostras cárneas e nas instalações industriais, esse microrganismo
não foi isolado no produto acabado. Embora a avaliação do tratamento
térmico não tenha feito parte deste estudo, possivelmente tenha
reduzido ou destruído a bactéria detectada na matéria-prima cárnea,
comprovando a importância de monitorar o tempo e a temperatura de
cozimento. Esses resultados são semelhantes aos obtidos por SAMELIS
& METAXOPOULOS (1999), que também não encontraram
Listeria spp. em amostras de salsichas contaminadas por
L. monocytogenes que foram submetidas à temperatura de 74ºC/4-5h. Da mesma forma, estudos de ANONYMOUS (1988), WENGER
et al. (1990) e McKELLAR
et al. (1994) enfatizam que o cozimento adequado durante a produção de salsichas elimina
Listeria
spp. que pode estar presente nas carnes utilizadas no preparo da
emulsão, porém, a bactéria pode ser encontrada no produto final devido
a falhas no processo de cocção ou em decorrência da contaminação
pós-processamento. Assim, o fato de haver cozimento não mitiga a
preocupação com o patógeno no ambiente de fábrica e em matérias-primas
e ingredientes.
Além de as salsichas possuirem as características descritas pelo CODEX
ALIMENTARIUS (2007), quanto à existência de fatores que contribuem para
o risco de listeriose relacionada com alimentos prontos para o consumo,
entre os quais a capacidade do alimento de favorecer a multiplicação de
L. monocytogenes
e a temperatura e o tempo de estocagem sob refrigeração, na formulação
das salsichas, os estabelecimentos utilizam como conservantes nitrito e
ou nitrato de sódio e sal, em concentrações que, de acordo com GLASS
& DOYLE (1989), não possuem ação inibitória sobre
L. monocytogenes.
Nesse aspecto, experimentos de LE MARC
et al.
(2010), utilizando caldo TSB-YE (tripticase e soja acrescido de 0,6% de
extrato de levedura), demonstraram que concentrações de cloreto de
sódio de até 12,5% não foram suficientes para impedir a multiplicação
de
L. monocytogenes – ressalte-se que na grande maioria dos produtos cárneos, os teores de sal não ultrapassam 3,5%.
Quanto à ação de diferentes concentrações de nitrito sobre
L. monocytogenes, NGUTTER & DONNELLY (2003) e NYACHUBA
et al.
(2007) verificaram que houve sobrevivência do patógeno mesmo com níveis
residuais de 200ppm. Portanto, o limite máximo estabelecido pelos
órgãos regulamentadores (BRASIL, 1999; BRASIL 2007) de 150mg/kg para o
emprego de nitrito de sódio em carnes e produtos cárneos não seria
suficiente para impedir a multiplicação da bactéria no alimento que,
segundo GLASS & DOYLE (1989), mesmo quando associados, cloreto de
sódio e sais de cura não impedem a multiplicação da bactéria.
Conclui-se que há necessidade do controle do cozimento, utilizando-se
as ferramentas de autocontrole.
Portanto, quando o patógeno, mesmo em pequena quantidade, está presente
nesse alimento, conservado sob temperaturas de refrigeração, ele pode
se multiplicar durante o período de validade e oferecer risco aos
consumidores, principalmente àqueles que fazem parte do grupo de risco
e que não dispõem de informações acerca da possibilidade da presença da
bactéria nesse tipo de produto.
A análise categorizada dos resultados das análises microbiológicas
realizadas indica que a contaminação da base cárnea e emulsão por
L. monocytogenes
na indústria onde estavam implantadas as ferramentas de autocontrole
foi menor (p<0,05) do que na indústria onde os referidos controles
não eram realizados. Porém, não houve diferença (p>0,05) quanto à
presença de
L. monocytogenes no ambiente industrial pós-cozimento, com indícios de que as falhas estariam no PPHO.
Devido à patogenicidade de
L. monocytogenes,
bem como sua capacidade de formar biofilmes, a ocorrência desse
microorganismo na matéria-prima e nas instalações demonstra a
necessidade de reavaliação e intensificação das ferramentas de
autocontrole implantadas na indústria 01, em especial ao PPHO
relacionado à higienização, bem como sua implantação na indústria 02,
buscando garantir a segurança dos produtos cárneos desses
estabelecimentos. Situação semelhante de reavaliação de planos foi
descrita por FARBER
et al.
(2007), quando em 2002, após investigação de surto de listeriose nos
Estados Unidos, o FSIS concluiu que alguns estabelecimentos não
contemplavam de forma correta em seus planos HACCP e Procedimentos
Padrão de Higiene Operacional (SSOP) a probabilidade de contaminação de
seus produtos por
L. monocytogenes.
De acordo com o CODEX ALIMENTARIUS (2007), um elemento eficaz da gestão
desse risco é a aplicacão de um programa de vigilância para avaliar o
controle do ambiente a que se expõem os alimentos prontos para o
consumo antes do envase final.
A natureza ubiquitária desse patógeno é evidenciada pela elevada taxa
de contaminação observada nos produtos crus e no ambiente industrial;
portanto, a elevada frequência de
Listeria spp. encontrada implica risco para a produção, uma vez que, segundo SILVA
et al. (2004), a elevada ocorrência de
Listeria spp. pode indicar uma maior probabilidade de ocorrência de
L. monocytogenes, constituindo-se, assim, num fator indicativo de risco à segurança do alimento.
A
Tabela 5 mostra a ocorrência de
Listeria spp e
L. monocytogenes nas amostras de salsichas adquiridas no varejo. Os dados obtidos coincidem com os achados de ANONYMOUS (1993), quanto à
Listeria spp., que nos Estados Unidos, entre 30 amostras de salsichas adquiridas no varejo, 20% continham
Listeria spp. sendo 17%
L. monocytogenes.
Os resultados revelam elevada ocorrência de
Listeria spp. nas salsichas comercializadas a granel, após manipulação para fracionamento no estabelecimento comercial, além de
L. monocytogenes, evidenciando falhas higiênico-sanitárias no ambiente fracionador.
Por outro lado, a presença de
Listeria
spp. em amostras embaladas, íntegras, que não foram manipuladas no
varejo e que foram pasteurizadas após a embalagem na indústria, indica
a possibilidade de células bacterianas de
Listeria spp. terem resistido ao tratamento térmico ou estarem associadas à contaminação pós-cozimento.
Esses resultados não se assemelham aos achados de PETTINATI
et al. (2006), que detectaram
L. monocytogenes
em 55,4% das amostras de salsichas tipo “hot dog” comercializadas
embaladas, não fracionadas, e adquiridas em supermercados da cidade de
São Paulo, porém, sem indicação se as mesmas possuíam registro no SIF.
Por outro lado, assemelham-se, estatisticamente, aos dados apresentados
por VORSTER
et al. (1993) que encontraram 8% de
Listeria spp. em salsichas Viena e não encontraram
L. monocytogenes.
A análise estatística dos resultados apresenta a distribuição da probabilidade da ocorrência de
Listeria spp. e
L. monocytogenes nos lotes amostrados, tanto da matéria-prima cárnea, emulsão, como das salsichas adquiridas na indústria como no varejo.
Os resultados da análise evidenciam as elevadas probabilidades de
contaminação, possibilitando a adoção de medidas imediatas, como a
revisão dos procedimentos operacionais nos estabelecimentos durante a
produção, inclusive no que diz respeito à avaliação e utilização da
matéria-prima cárnea (
Tabelas 6 e
7).
Os dados suscitam a discussão acerca das condições microbiológicas da
matéria-prima cárnea destinada à composição de produtos cozidos, tendo
a etapa do tratamento térmico como ponto crítico de controle que torna
aparentemente dispensável o controle da matéria-prima, especialmente
face à característica ubiquitária da bactéria. Porém, ressalte-se que
as mesmas provêm de estabelecimentos onde os autocontroles também devam
estar implantados na linha de produção do abate e que o cozimento de
produtos com elevada contaminação por
L. monocytogenes pode não ser letal para todas as células presentes.
CONCLUSÕES
Listeria spp. e sorotipos de
L. monocytogenes
foram detectados durante a produção de salsichas em duas indústrias sob
SIF, evidenciando a necessidade de revisão dos Programas existentes na
indústria 01 e implantação/implementação na indústria 02. Mesmo com a
necessidade de reavaliação, no estabelecimento onde as ferramentas de
autocontrole (BPF, PPHO e APPCC) estavam implantadas, identificou-se
menor frequência de
L. monocytogenes
na matéria-prima cárnea utilizada no preparo de salsichas, ressaltando
a importância do controle contínuo, com cumprimento dos monitoramentos
e verificações pré-estabelecidos. A definição de padrões
microbiológicos e a implantação imediata de programa de monitoramento
específico por parte dos órgãos regulamentadores e fiscalizadores para
controle de
Listeria spp. e
L. monocytogenes nessa categoria de produtos possibilitariam maior segurança em sua industrialização.
L. monocytogenes,
sorotipo 4b, estava presente em amostra de salsicha com registro no
SIF, comercializada a granel, em supermercado da cidade de Goiânia, o
que possibilita concluir que a manipulação para granelização deveria
ser permitida apenas em condições especiais, onde houver práticas
sanitárias que garantam a segurança do alimento.
Salsichas com rotulos registrados no SIF comercializadas tanto a granel como em embalagens fechadas desde a indústria continham
Listeria spp. evidenciando falhas no processo de produção.
Informações no rótulo do produto sobre a necessidade de aquecimento
antes do consumo e maior interação entre órgãos regulamentadores e
consumidores podem contribuir para evitar ou reduzir casos de
listeriose.
AGRADECIMENTOS
A toda a equipe do Centro de Pesquisas em Alimentos – CPA da Escola de Veterinária da UFG.
Aos Professores da UNB, Ângela Patrícia Santana e Vitor Gonçalves, pelo auxílio na análise dos dados.
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Protocolado em: 16 set. 2009. Aceito em: 11 abr. 2011.