RESUMO
Dentre os queijos frescos, ou com elevada umidade, destaca-se a ricota.
Trata-se de um produto muito consumido, tendo em vista seu reduzido
teor de gordura e baixo custo, sendo indicado em dietas com restrições
em lipídios, além de ser acessível à maioria das classes sociais. A
ricota apresenta elevada atividade de água e diversidade nutricional,
fatores que propiciam a proliferação da microbiota oportunista e
patogênica, reduzindo a segurança desse alimento. Nesse contexto, o
presente estudo objetivou avaliar a qualidade microbiológica da ricota
produzida sob controle higiênico-sanitário permanente. De um total de
sessenta amostras de duas marcas comerciais analisadas, 68,3% foram
consideradas impróprias para o consumo humano, devido à presença de
elevadas populações de coliformes termotolerantes. Quanto ao
Staphylococcus
coagulase positivo, 18,3% das amostras estavam em desacordo com os
padrões estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa). Altas contagens também foram observadas para microrganismos
mesófilos e bolores e leveduras. A presença de microrganismos como
E. coli e
S. aureus
no produto avaliado pode desencadear surtos de doenças transmitidas por
alimentos e deve ser motivo de preocupação por parte das autoridades de
saúde pública.
PALAVRAS-CHAVES: Coliformes termotolerantes, Staphylococcus aureus, ricota e saúde pública.
ABSTRACT
EVALUATION OF THE MICROBIOTICAL QUALITY OF RICOTTA CHEESE MARKETED IN SUPERMARKETS OF THE STATE OF SÃO PAULO
Ricotta is distinguishable among different kinds of fresh cheese, or
with high humidity. It is a highly consumed product for the reduced fat
content and low cost, being indicated in diets with lipid restrictions,
besides being economically accessible to most of the social classes.
Ricotta cheese presents high water activity and nutritional diversity,
factors that propitiate the proliferation of opportunist and patogenic
microbiota, reducing the safety of these victuals. In that context, the
present study aimed at evaluating the microbiotical quality of ricotta
cheese produced under permanent hygienic-sanitarium control. Of a total
of 60 samples from the two commercial brands analyzed, 68.3% were
considered inappropriate for human consumption due to the presence of
high populations of thermotolerant coliforms. With regard to
Staphylococcus
coagulase positive, 18.3% of the samples were in disagreement with the
patterns established by the Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa). High scores were also observed for mesophils microorganisms,
mould and yeasts. The presence of microorganisms as
E. coli and
S. aureus
in the evaluated product can unchain the outbreak of diseases
transmitted by food and it should be a reason of concern by public
health authorities.
KEYWORDS: Thermotolerant coliforms, Staphylococcus aureus, ricotta cheese and public health.
INTRODUÇÃO
As exigências do mercado em relação a alimentos mais nutritivos e
saudáveis têm aumentado o consumo de produtos lácteos com baixo teor de
gordura. Dentre os mais populares, destaca-se a ricota, um queijo de
soro de significativa importância econômica e alimentar, consumido
mundialmente e também em larga escala no Brasil (SOUZA
et al., 2002; RIBEIRO
et al., 2005).
Contudo, a ricota é um produto cuja conservação é limitada devido aos
teores elevados de umidade de (70% a 73%) e disponibilidade de
nutrientes, como sais minerais e lactose (MAIA
et al.,
2004). Essas condições, aliadas ao pH geralmente alto, favorecem a
multiplicação de microrganismos contaminantes, sejam estes
deteriorantes ou patogênicos, que apresentam ações deletérias sobre os
queijos, alterando suas características sensoriais e representando
risco à saúde pública (PINTADO
et al., 2001).
Dentre os inúmeros microrganismos que podem contaminar esse tipo de queijo, destaca-se a
Listeria monocytogenes,
que tem sido associada a doença emergente de origem alimentar. Os
laticínios são particularmente suscetctíveis à contaminação por
Listeria monocytogenes,
pelo fato de a bactéria ser frequentemente isolada nas granjas
leiteiras, nas ordenhadeiras mecânicas e no ambiente industrial,
multiplicando-se sob temperatura de refrigeração (2 a 10ºC) (GUERRA
& BERNARDO, 1999).
O gênero
Salmonella possui
ampla distribuição no ambiente e tem sido isolada em alimentos de
origem animal e derivados, constituindo um problema para a
agroindústria e a saúde pública. Estudos epidemiológicos realizados em
vários países situam as salmonelas entre os agentes patogênicos mais
frequentemente associados a Doenças de Transmissão Alimentar (DTA).
Segundo FEITOSA
et al. (2003), a presença de
Salmonella em queijo de coalho e queijo de manteiga tem sido relatada em algumas pesquisas. O mesmo autor afirma, também, que a
Salmonella mantém-se viável em queijo contaminado por longo período de tempo.
A identificação de microrganismos do gênero
Staphylococcus
a partir do leite e derivados é relevante, devido à sua prevalência nos
casos de mastite bovina. Paralelamente, esse microrganismo pode ser
isolado de diferentes nichos – pele e mucosa do homem, animais e
ambiente – e, em determinadas condições, pode causar patogenia humana
(FAGUNDES & OLIVEIRA, 2004; NORMANNO
et al., 2005).
A presença desse microrganismo nos produtos lácteos, sob condições
apropriadas, pode determinar a produção de enterotoxinas termoestáveis
e causar surtos de intoxicação alimentar. A intoxicação ocorre após
consumo de alimentos contaminados submetidos a tratamento térmico
inadequado ou mantidos sob condições favoráveis à multiplicação da
bactéria e produção da toxina (ALMEIDA & FRANCO, 2003).
Escherichia coli é o principal
representante do grupo dos coliformes termotolerantes, por ser um
habitante natural do trato entérico do homem e dos animais. Sua
presença nos alimentos, incluindo o leite e derivados, indica
contaminação fecal direta ou indireta e tem estreita relação com a
presença de salmonelas e microrganismos patogênicos de origem entérica
(ICMSF, 2000). Tem sido isolado com frequência a partir do leite bovino
e já foram identificados alguns sorotipos patogênicos, como a
Escherichia coli O157:H7, causadora da enterocolite e da síndrome urêmica hemolítica humana (GARCIA
et al., 2008).
Além dos coliformes totais e dos termotolerantes, a quantificação da
população de bactérias aeróbias mesófilas e psicrotróficas e de bolores
e leveduras representa uma ferramenta útil para indicar as condições de
qualidade higiênico-sanitária da produção e comercialização da ricota
(FRANCO e LANDGRAF, 2003).
Com esta pesquisa, objetivou-se avaliar as características
microbiológicas de ricota comercial produzida sob controle
higiênico-sanitário permanente. As análises basearam-se nos padrões da
legislação sanitária nacional vigente, a fim de observar se o produto
comercializado pode representar risco à saúde do consumidor.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram analisadas sessenta amostras de ricota de fabricação industrial,
de duas marcas comerciais, produzidas sob controle higiênico-sanitário
permanente, adquiridas em supermercados do estado de São Paulo pelo
período de doze meses. As amostras foram processadas no Laboratório de
Análise de Alimentos de Origem Animal e Água do Departamento de
Medicina Veterinária Preventiva e Reprodução Animal da Faculdade de
Ciências Agrárias e Veterinárias, Câmpus de Jaboticabal da Universidade
Estadual Paulista.
Avaliaram-se as amostras quanto à presença dos gêneros
Listeria e
Salmonella, enumeração das populações de Staphylococcus coagulase positivo e
S. aureus, determinação do número mais provável (NMP) de coliformes totais, termotolerantes e
Escherichia coli.
Adicionalmente, foi investigada a presença de microrganismos aeróbios
ou facultativos mesófilos e psicrotróficos viáveis, bolores e
leveduras. Para a realização das análises foi utilizada a metodologia
recomendada pelo Compendium of methods for microbiological examination
of foods (APHA, 2001), com exceção da pesquisa do gênero
Listeria, que seguiu a metodologia preconizada pelo Health Protection Branch of Canada, adotada por SILVA
et al. (1998).
Para contagem do gênero
Staphylococcus
foi utilizada a técnica de semeadura em superfície em ágar
Baird-Parker. Decorrido o período de incubação, as colônias
características foram contadas e cinco delas foram semeadas em tubos
com ágar nutriente inclinado. Após a incubação, prepararam-se
esfregaços corados pelo método de Gram e as culturas características
foram submetidas à prova de catalase para confirmação do gênero.
O resultado final da contagem de
Staphylococcus coagulase positivo foi obtido com base no resultado da prova de coagulase livre, proporcionalmente à população de
Staphylococcus. Dentre as cepas coagulase positivas, foi confirmada a presença do
Staphylococcus aureus,
através das provas da fermentação do manitol em anaerobiose e da
produção de acetoína (VP), seguindo a metodologia descrita por Mac
FADDIN (1976).
Para pesquisa de gênero
Salmonella,
25 gramas de cada amostra foram adicionados a 225 mL de água peptonada
a 0,1% tamponada. Após a incubação, realizou-se o enriquecimento
seletivo em caldo selenito-cistina e em caldo Rappaport-Vassiliadis,
acrescidos de novobiocina em uma concentração de quarenta microgramas
do princípio ativo por mililitro do meio. Após a incubação, as
culturas dos caldos de enriquecimento foram semeadas em ágar verde
brilhante e ágar MacConkey.
Das culturas obtidas no plaqueamento seletivo, de três a cinco colônias
com características sugestivas do gênero Salmonella foram inoculadas em
tubos contendo meio tríplice açúcar ferro (TSI), para identificação
presuntiva do gênero.
A técnica para pesquisa de bactérias do gênero
Listeria
consistiu em um enriquecimento primário em que 25 gramas da amostra
foram acrescentados a 225 mL de caldo de enriquecimento para Listeria
(LEB), suplementado com cicloheximida (50 mg/litro), acriflavina (15
mg/litro) e ácido nalidíxico (40 mg/litro). Decorrido o período de
incubação, 0,1 mL do caldo foi transferido para tubos com 10 mL de
Caldo Fraser, suplementado com acriflavina (25 mg/litro) e ácido
nalidíxico (20 mg/litro), constituindo-se em um enriquecimento
secundário. Simultaneamente, a cultura em caldo de enriquecimento
primário foi semeada, pela técnica de esgotamento, em ágar Oxford
modificado (MOX), suplementado de acordo com as instruções do
fabricante (DIFCO-Modified Oxford Antimicrobic Supplement.). As
culturas também foram semeadas em ágar cloreto de lítio feniletanol
moxalactam (LPM), suplementado com esculina (1,0 g/litro) e citrato
férrico amoniacal (0,5 g/litro), para melhor visualização das colônias.
Decorrido o período de incubação do caldo Fraser, este também foi
semeado nos meios seletivos MOX e LPM. Colônias negras, regulares com
formação de halo escuro, foram consideradas sugestivas do gênero
Listeria.
De três a cinco colônias com características sugestivas nos meios
seletivos foram submetidas à coloração pelo método de Gram e,
posteriormente semeadas em tubos de ágar tripticase de soja,
suplementado com 0,6% de extrato de levedura (TSA-YE). A identificação
bioquímica incluiu os testes de catalase, motilidade, nitrato, reação
em ágar tríplice açúcar ferro (TSI), verificação de hemólise (CAMP
teste) e teste de fermentação de açúcares (dextrose, xilose, rhamnose,
manitol, maltose e esculina), segundo metodologia descrita por Mac
FADDIN (1976).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Das sessenta amostras de ricota analisadas, 18,3% (13,3% da marca A e
23,3% da marca B) foram consideradas impróprias para consumo humano por
apresentarem contagens de
Staphylococcus coagulase positivo superiores a 5,0 x 10² UFC/g. As populações do microrganismo estão divididas em classes e demonstradas na
Tabela 1, onde é possível observar que o maior número de amostras se encontra na faixa de 104 a 10
5 UFC/g.
Observou-se que todas as amostras de
Staphylococcus coagulase positivo foram posteriormente confirmadas como
Staphylococcus aureus,
mantendo-se a mesma distribuição de contagem do microrganismo. As
médias aritméticas encontradas para esse agente foram 3,1 x 10
5 UFC/g e 9,8 x 10
5 UFC/g, respectivamente, para as marcas A e B.
Os resultados do presente estudo mostraram que 100% das amostras avaliadas estavam contaminadas com
Staphylococcus
coagulase positivo, em desacordo, portanto, com os padrões exigidos
pela legislação vigente e, dessa forma, impróprias para consumo humano.
A legislação determina, através da Resolução no 12/2001 (BRASIL, 2001),
o limite tolerável de 5,0 x 10² UFC/g de
Sthapylococcus
coagulase positivo em queijos de alta umidade, elaborados por
coagulação enzimática, sem a ação de bactérias lácticas. VASCONCELOS
et al. (2005) também encontraram altas contagens de
Staphylococcus
coagulase positivo em ricota de produção industrial: 60% das amostras
analisadas pelos autores foram consideradas impróprias para consumo
humano.
Evidencia-se que não houve diferença significativa (p>0,05) entre o
número de amostras fora dos padrões legais em ambas as marcas,
demonstrando a qualidade insatisfatória do produto, independente da
marca analisada.
Em relação ao
Staphylococcus aureus,
o percentual de 18,3% de amostras com contagem superior a 5,0 x 10²
UFC/g revela o risco que o consumo desse alimento representa para a
população, especialmente pela possibilidade de produção de toxinas
responsáveis por causar gastrenterite. Segundo NADER FILHO
et al.
(2007), de 30% a 50% dos isolados têm capacidade de produzir uma ou
mais enterotoxinas termoestáveis. Um trabalho realizado por NORMANNO
et al. (2005) revelou que 83,3% dos isolados de
Staphylococcus aureus
provenientes de amostras de ricota eram enterotoxigênicos, evidenciando
o risco ao consumidor. Entre os alimentos causadores de surtos e casos
de intoxicação estafilocócica destacam-se o leite cru, o leite
pasteurizado e os queijos sendo
S. aureus o microrganismo mais frequente nas investigações epidemiológicas (BORGES, 2008).
No presente estudo,
Listeria spp. e
Salmonella
spp. não foram isoladas a partir das amostras de ricota analisadas.
Nesse aspecto, as amostras foram consideradas em conformidade com a
Resolução no 12/2001 da Anvisa (BRASIL, 2001), que determina ausência
desses microrganismos em 25 gramas do produto analisado. É importante
ressaltar, porém, que a ausência desses gêneros nas amostras analisadas
pode estar relacionada às características de competição dos agentes,
sendo que a presença de outros microrganismos poderia atuar inibindo a
multiplicação. A ocorrência desses microrganismos em alimentos está,
muitas vezes, associada às contagens menores de outros contaminantes
(BRANT
et al., 2007).
Os dados da
Tabela 2 apontam a distribuição das amostras de ricota, quanto ao NMP por grama de coliformes totais, coliformes termotolerantes e
Escherichia coli
para as marcas A e B, sendo que não houve diferença estatística
significativa entre ambas quando aplicado o teste de Qui-quadrado
(p>0,05).
Do total de amostras analisadas, 100% apresentaram coliformes totais. A
legislação brasileira não estabelece limites de tolerância para esse
grupo em ricota; entretanto, a contagem indica as condições higiênicas
em que o produto foi produzido, uma vez que tais microrganismos,
comumente presentes no leite cru, devem ser destruídos pela
pasteurização, não estando presentes no leite submetido a tratamento
térmico correto. Pode-se, portanto, associar as elevadas populações
observadas no presente estudo, tanto para a marca A quanto para a B,
com a recontaminação do produto ocorrida durante as diferentes etapas
de produção.
Com base na população de coliformes termotolerantes, observa-se que a
maioria das amostras das marcas analisadas estava em desacordo com o
padrão microbiológico estabelecido pela Resolução no 12/2001 da Anvisa,
a qual determina tolerável para esse tipo de alimento o valor de 5,0 x
10² como sendo o NMP/g de coliformes a 45ºC, (BRASIL, 2001). Populações
superiores às estabelecidas pela legislação foram observadas em 22
(73%) amostras da marca A e em dezenove (63%) da marca B. Assim, das
sessenta amostras analisadas, 41 (68%) estavam impróprias para consumo
humano.
Os níveis de coliformes termotolerantes obtidos nesta pesquisa para as
marcas A e B são alarmantes, pois sua presença no produto revela
contato com conteúdo fecal, seja através da matéria-prima, ou de
equipamentos mal higienizados, ou de manipulação higiênica inadequada.
Esse quadro é um indicativo de produção sob condições sanitárias
insatisfatórias e de presença de microrganismos patogênicos capazes de
causar Doenças de Transmissão Alimentar. VASCONCELOS
et al.,
(2005), ao fazer a mesma análise no Rio Grande do Sul encontraram no
comércio 25% de amostras de ricota impróprias para consumo humano.
Entre os diversos microrganismos da microbiota intestinal de animais homeotérmicos, a
Escherichia coli é a espécie predominante. No presente estudo, cinquenta (83%) amostras estavam contaminadas com
Escherichia coli, sendo 26 (86%) da marca A e 24 (80%) da marca B (
Tabela 2).
A contagem de bactérias aeróbias mesófilas, psicrotróficas e de bolores
e leveduras foi um indicador empregado para verificar a qualidade
higiênico-sanitária da produção da ricota. Para o grupo dos
psicrotróficos e dos mesófilos, os níveis alcançaram entre 1,0 x 10
16 e 1,0 x 10
18 UFC/g. Com relação aos bolores e leveduras, para a marca A a maioria das amostras situou-se na faixa entre 1,0 x 10
5 e 1,0 x 10
6 UFC/g; para a marca B, os valores mais frequentemente encontrados oscilaram entre 1,0 x 10
4 e 1,0 x 10
5 UFC/g.
Embora em nossa legislação não existam parâmetros regulamentadores para
a presença ou a ausência desses microrganismos, o isolamento deles, em
níveis elevados nos alimentos pode indicar a existência de condições
favoráveis para multiplicação de microrganismos patogênicos. Alguns
apresentam potencial deteriorador, causando modificações sensoriais nos
produtos diminuindo seu prazo de vida comercial, o que gera impactos
negativos para a economia e para a saúde pública, caso os alimentos
sejam consumidos inadvertidamente (CARMINATI
et al., 2002).
É importante salientar que a ricota é um derivado lácteo consumido em
larga escala no Brasil. Geralmente o consumidor adquire esse tipo de
produto, de alta digestibilidade, sem gordura ou sal, a fim de auxiliar
no controle de distúrbios orgânicos, como parte de uma dieta mais
saudável ou para controlar o peso (PINTO
et al.,
2000). Por essas características, os derivados do leite, especialmente
a ricota, são normalmente recomendados para pessoas convalescentes,
idosos e crianças. Porém, a ricota é considerada um dos produtos que
apresentam as melhores condições para a multiplicação de
microrganismos, sejam patogênicos ou deteriorantes. Isso se deve,
principalmente, à alta umidade e à disponibilidade de nutrientes, como
sais minerais e lactose, o que compromete a qualidade do produto e sua
vida de prateleira (MAIA
et al.,
2004). No caso da ricota tem-se a associação entre dois fatores
importantes do ponto de vista da saúde pública: população consumidora,
formada muitas vezes por indivíduos com o sistema imunológico
comprometido; e alimento que alberga todas as características
necessárias para a veiculação de diferentes agentes patogênicos.
CONCLUSÃO
A maior parte das amostras de ricota analisadas neste experimento
encontrava-se em desacordo com os padrões exigidos legalmente. A
ricota, mesmo produzida sob controle higiênico-sanitário permanente,
pode representar risco à saúde do consumidor, especialmente pelas altas
contagens de
Staphylococcus aureus, coliformes termotolerantes e
Escherichia coli.
Além disso, a presença de microrganismos psicrotróficos, mesófilos,
bolores e leveduras em níveis elevados revela que as condições
higiênicas de obtenção do produto são insatisfatórias.
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