RESUMO
Desenvolveu-se um experimento para avaliar os efeitos de ácidos
orgânicos, antibiótico, probiótico e suas
combinações sobre o desempenho, rendimento de
carcaça e pH de papo, duodeno e ceco e das rações
de frangos de corte. Além disso, o experimento objetivou
verificar a sensibilidade do probiótico ao antibiótico e
ao agente anticoccidiano utilizados. Empregaram-se 1.440 pintos com um
dia de idade, machos, da linhagem Hubbard, distribuídos em um
delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 3 x 3, com os
fatores: aditivos na ração (sem antibiótico,
avoparcina e probiótico composto por Streptococcus faecium,
Lactobacillus acidophilus e Saccharomyces cerevisiae) e ácidos
orgânicos na ração (sem ácido
orgânico, ácido fumárico e ácido
propiônico+fórmico), totalizando nove tratamentos com
quatro repetições de quarenta aves cada. Observou-se que
os microorganismos Streptococcus faecium e Lactobacillus acidophilus
foram sensíveis à avoparcina na
concentração em que se empregou nas rações.
No entanto, a presença de monensina sódica
(anticoccidiano) não inibiu o crescimento, in vitro, dos
microrganismos presentes no probiótico. Os ácidos
orgânicos, o antibiótico, o probiótico ou suas
combinações não alteraram o desempenho, rendimento
de carcaça e o pH do papo, duodeno e ceco em
relação à dieta-controle. Contudo, o ácido
fumárico promoveu redução do pH da
ração, podendo contribuir para a inibição
do desenvolvimento de microorganismos indesejáveis.
PALAVRAS-CHAVES: Aditivos, aves, desempenho, rendimento de carcaça, rendimento de partes
ABSTRACT
ALTERNATIVES TO THE USE OF ANTIBIOTIC GROWTH PROMOTERS FOR BROILER CHICKENS: 2. ORGANIC ACIDS AND PROBIOTICS
An experiment was conducted to evaluate the effects of organic acids,
antibiotic, probiotic and their combination on performance, carcass
yield, and pH of some parts of crop, duodenum and ceca, and of the
diets of broiler chickens. Also, the experiment aimed to verify the
probiotic sensibility to the antibiotic and the coccidiostatic
utilized. Fourteen hundred and forty one-day-old male chicks, Hubbard,
were randomly distributed in a 3 x 3 factorial design: additives in the
diet (without antibiotic, avoparcin, and probiotic composed by
Streptococcus faecium, Lactobacillus acidophilus and Saccharomyces
cerevisiae) and organic acids in the diet (without organic acids,
fumaric acid, and propionic+formic acid), totaling nine treatments with
four replicates of 40 birds each. It was verified that the
microorganisms Streptococcus faecium and Lactobacillus acidophilus were
sensible to avoparcin in the concentration wich was employed in the
diets. However, the presence of sodic monensine did not inhibit the
growth, in vitro, of the probiotic’s microorganisms. Organic
acids, antibiotic, probiotic or their combinations did not affect the
performance, carcass yield, and the pH of the crop, duodenum and cecum
in relation to the control diet. Nevertheless, the fumaric acid
promoted a reduction in the pH of the diet, and might contribute to an
inhibition of the growth of undesirable microorganisms.
KEY WORDS: Additives, birds, carcass yield, parts yield, performance.
INTRODUÇÃO
A partir da década de 1950, o uso de promotores de crescimento
antimicrobianos (antibióticos e quimioterápicos), como
aditivos às rações, proporcionou grandes
benefícios na criação de frangos de corte,
expressos principalmente por melhoria de desempenho e consequentemente
maior lucratividade. Os mecanismos de ação dos promotores
de crescimento antimicrobianos ainda não estão
completamente elucidados, mas sabe-se que sua atuação
ocorre sobre a microbiota intestinal dos animais (MENTEN, 2002),
provavelmente, inibindo o metabolismo bacteriano e reduzindo a
competição entre a bactéria e o hospedeiro
(LANCINI, 1994).
Em virtude da associação do uso de promotores de
crescimento com a indução de resistência cruzada
por bactérias patogênicas e com reações de
hipersensibilidade ou câncer, devidas à presença de
seus resíduos na carne (MENTEN, 2002), em janeiro de 2006, a
União Europeia – responsável por parcela
significativa das exportações brasileiras de frango
– baniu a utilização de antibióticos como
promotores de crescimento da alimentação de aves,
permitindo somente o emprego dos ionóforos monensina
sódica e salinomicina como agentes anticoccidianos (COUNCIL,
2003). Dessa forma, todo frango brasileiro destinado às
exportações para a União Europeia deve ser criado
sem o uso de antibióticos, o que pode gerar queda de
produtividade. A Suécia e a Dinamarca já haviam banido os
antibióticos da alimentação animal e verificaram
queda de desempenho e lucratividade da ordem de 2% e 3%,
respectivamente (LANGHOUT, 2005).
Neste contexto, algumas alternativas têm sido estudadas em
substituição aos promotores de crescimento
antimicrobianos, dentre elas o uso de ácidos orgânicos e
de probióticos.
Os ácidos orgânicos empregados em nutrição
animal são os ácidos graxos de cadeia curta como, por
exemplo, o ácido acético, propiônico,
butírico, fumárico, fórmico, entre outros. Os
mecanismos de ação dos ácidos orgânicos
são os seguintes: (a) inibem o desenvolvimento de fungos nas
matérias-primas e rações, (b) diminuem a
proliferação de enterobactérias (
Salmonella e
Escherichia coli)
no intestino e (c) potencializam ganhos nutricionais das
rações (GONZALES & SARTORI, 2001). Esses modos de
ação seriam decorrentes do efeito redutor de pH dos
ácidos orgânicos, tanto na ração como no
trato gastrintestinal. No entanto, na alimentação de
aves, são poucos os trabalhos envolvendo a
utilização de ácidos orgânicos sobre o
desempenho animal e entre os existentes os resultados são
variáveis, o que não permite uma
recomendação segura quanto à
utilização desses produtos para frangos de corte (SKINNER
et al., 1991; WALDROUP et al., 1995; GARCIA et al., 2000; VALE et al.,
2004; BARBOSA et al., 2005).
Os probióticos são suplementos alimentares que
contêm bactérias vivas e que promovem efeitos
benéficos ao hospedeiro favorecendo o equilíbrio da
microbiota intestinal (FULLER, 1989). Os modos de ação
dos probióticos são: (a) aderência aos
sítios de ligação do epitélio intestinal
competindo com outras bactérias patogênicas, (b)
antagonismo direto por meio da produção de
substâncias bactericidas, (c) estímulo ao sistema imune,
(d) facilitação da digestão e
absorção de nutrientes, (e) supressão da
produção de amônia que pode ser tóxica para
as células intestinais e (f) neutralização de
enterotoxinas (MENTEN, 2002).
De acordo com GONZALES & SARTORI (2001), o Food and Drug
Administration (FDA), dos Estados Unidos, lista mais de quarenta
microrganismos que podem ser utilizados na produção de
probióticos. Os mais comuns são cepas de bactérias
Gram positivas dos tipos
Lactobacillus sp (
L. acidophillus,
L. farciminis,
L. rhammnosus, L. reuteri e
L. salivarius),
Streptococcus sp (
S. faecium e
S. mundtii) e
Bacillus sp (
B. cereus,
B. licheniformis, B. subtilis e
B. toyoi), além das leveduras, como as cepas de
Saccharomyces cerevisae (GONZALES & SARTORI, 2001).
Com relação aos efeitos dos probióticos sobre o
desempenho de frangos de corte, FARIA FILHO et al. (2006) elaboraram
uma revisão sistemática da literatura com
metanálise envolvendo estudos brasileiros entre 1995 e 2005. A
partir da análise de 27 trabalhos científicos os autores
concluíram que os probióticos são alternativas
tecnicamente viáveis aos promotores de crescimento
antimicrobianos na alimentação de frangos de corte, no
entanto, mais estudos são necessários para identificar
eventuais diferenças entre os probióticos existentes no
mercado brasileiro.
Este experimento teve como objetivo avaliar o efeito da
suplementação de rações com ácidos
orgânicos, antibiótico, probiótico e suas
combinações sobre o desempenho, rendimento de
carcaça e o pH de algumas partes do trato gastrintestinal e das
rações de frangos de corte. Além disso, o
experimento objetivou verificar a sensibilidade do probiótico ao
antibiótico e ao agente anticoccidiano utilizados.
MATERIAL E MÉTODOS
Empregaram-se 1.440 pintos de um dia, machos, da linhagem Hubbard,
distribuídos em delineamento inteiramente casualizado em esquema
fatorial 3 x 3, com os fatores: aditivos na ração (sem
antibiótico, avoparcina e probiótico composto por
Streptococcus faecium, Lactobacillus acidophilus e Saccharomyces
cerevisiae) e ácidos orgânicos na ração (sem
ácido orgânico, ácido fumárico e
ácido propiônico+fórmico), totalizando nove
tratamentos com quatro repetições de quarenta aves cada.
As rações experimentais (
Tabela 1)
foram formuladas à base de milho e farelo de soja e sem
promotores de crescimento, com níveis nutricionais comerciais
para a fase inicial (1 a 21 dias de idade), crescimento (22 a 37 dias
de idade) e final (38 a 45 dias de idade). Utilizou-se a monensina
sódica como agente anticoccidiano nas rações
inicial e de crescimento. Adicionaram-se os produtos testados
(ácidos orgânicos, antibiótico e probiótico)
sobre as rações prontas, seguindo as
recomendações dos fabricantes: avoparcina (10 ppm nas
fases inicial e crescimento); probiótico (100 ppm nas fases
inicial, crescimento e final); ácido fumárico (5.000 ppm
nas rações inicial, crescimento e final); ácido
propiônico+fórmico (ácido propiônico 45% e
ácido fórmico 15% – 500 ppm nas
rações inicial, crescimento e final).
Antes da elaboração das rações
experimentais verificou-se a viabilidade dos microrganismos dos
probióticos. Utilizou-se meio de cultura próprio para
Streptococcus faecium (COLLINS & LYNE’S, 1989),
Lactobacillus acidophilus (DE MAN et al., 1960) e
Saccharomyces cerevisiae
(COLLINS & LYNE’S, 1989). Colheram-se dez gramas de amostra
do probiótico, a qual foi diluída em 90 mL de
solução salina a 0,85%, obtendo-se uma
diluição inicial de 1:100. Após
diluições sucessivas, foi feito o plaqueamento em
profundidade (pour plate) utilizando o meio seletivo específico
para cada um dos microorganismos a serem isolados. A amostra foi
plaqueada em duplicata e incubada nas condições adequadas
para o crescimento dos microorganismos (
Lactobacillus acidophilus – microaerofilia [10% de CO2] a 37oC por 48 horas em meio De Man, Rugosa e Sharpe (DE MAN et al., 1960);
Streptococcus faecium em meio dextrose azida (COLLINS & LYNE’S, 1989) e
Saccharomyces cerevisiae – aerobiose a 37oC por 48 horas em meio extrato de malte (COLLINS & LYNE’S, 1989).
Após a incubação, contaram-se as colônias em
contador Quebec, sendo escolhidas placas que continham de trinta a
trezentas colônias. Foi realizada a coloração pelo
método de Gram de uma colônia característica de
cada espécie para confirmação do isolamento
através da observação das características
morfológicas e de coloração dos microrganismos.
Uma colônia de cada espécie isolada foi inoculada em caldo
seletivo e novamente incubada nas condições descritas
anteriormente. Fez-se a verificação do crescimento por
meio da turbidez do meio de cultura e mais uma vez a
confirmação da pureza dos isolados através da
leitura em microscópio de esfregaços do caldo corado pelo
método de Gram (CAPPUCCINO & NATALIE, 1992).
A sensibilidade dos microrganismos dos probióticos em
relação à avoparcina e à monensina
sódica (anticoccidiano) foi avaliada in vitro pelo método
da concentração inibitória mínima em caldo.
Prepararam-se séries de dez tubos onde se adicionaram 4,5 mL do
caldo seletivo nos tubos de 2 a 10. Nos tubos 1 e 2 foram adicionados
4,5 mL da solução de avoparcina (100 μg/mL) ou
monensina sódica (500 μg/mL). Do tubo 2, após
agitação adequada, transferiram-se 4,5 mL para o tubo 3 e
dessa forma, sucessivamente, até o tubo 10, de onde foram
descartados 4,5 mL. Utilizando-se a escala de MacFarland, foi
adicionado a cada tubo o inóculo de 104 células/mL de
cada microorganismo testado, sendo incluído, na série de
tubos, um tubo-controle com 4,5 mL do meio seletivo com inóculo
e sem avoparcina ou monensina. Os tubos foram incubados a 37oC
até observar-se o crescimento no tubo-controle, podendo,
então, ser feita a leitura do crescimento nos demais tubos, caso
ocorrido crescimento (BIER, 1985).
Para os períodos de 1 a 7, 1 a 21 e 1 a 42 dias de idade foram
avaliados consumo de ração (kg), ganho de peso corporal
(kg), conversão alimentar (kg ração/kg ganho de
peso) e mortalidade (%). Calculou-se o fator de produção
(FP) para o período de 1 a 42 dias de idade, pela
fórmula: FP = [(ganho de peso médio diário (kg) x
viabilidade criatória (%) x 100) / (conversão alimentar)].
Aos 45 dias de idade, procedeu-se à seleção ao
acaso de quatro aves por unidade experimental para
avaliação do rendimento de carcaça e de partes
(peito, coxas, sobrecoxas e asas). Após oito horas de jejum, os
frangos foram pesados, sacrificados por sangria com corte na jugular,
escaldados, depenados e eviscerados. Mantiveram-se as carcaças
evisceradas em chiller e após o gotejamento fez-se a pesagem
delas novamente. O rendimento de carcaça (com cabeça,
pescoço e pés) foi expresso em relação ao
peso vivo antes do abate e o de partes em relação
à carcaça eviscerada resfriada.
Aos 45 dias de idade, determinaram-se o pH das rações e
do conteúdo do papo, duodeno e ceco em uma ave por unidade
experimental. Os animais foram sacrificados por deslocamento cervical.
Em seguida, colheu-se o conteúdo do papo, duodeno, e ceco em
frascos contendo 15 ml de água destilada. Os frascos foram
submetidos à agitação por trinta minutos e
deixados em repouso por cinco minutos para a determinação
do pH. Adotou-se o mesmo procedimento para determinação
do pH da ração (COON et al., 1990).
Os dados de desempenho, de rendimento de carcaça e de partes e
de pH foram submetidos à análise de variância por
meio do procedimento General Linear Model (GLM) do programa SAS®
(LITTELL et al., 2002) e, em caso de diferença significativa,
procedeu-se à comparação de médias pelo
teste de Tukey (5%).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Viabilidade dos microrganismos
Ocorreu crescimento dos microrganismos (
Streptococcus faecium,
Lactobacillus acidophilus e
Saccharomyces cerevisiae) do probiótico utilizado nesta pesquisa, mostrando que o produto encontrava-se apto para uso (
Tabela 2).
Esse tipo de caracterização é importante nas
pesquisas envolvendo a utilização de probióticos,
pois, como mostrado por MENTEN & PEDROSO (2005), a
composição indicada no rótulo dos
probióticos comercializados nem sempre é a que
compõe o produto, quanto à identidade e
concentração microbiana.
Sensibilidade dos microrganismos
A sensibilidade in vitro dos microrganismos dos probióticos
à avoparcina e à monensina sódica encontra-se nas
Tabelas
3 e
4, respectivamente. O
Saccharomyces cerevisiae
não se mostrou sensível à avoparcina na
concentração em que foi empregada nas
rações, enquanto que o
Lactobacillus acidophilus e
Streptococcus faecium
mostraram-se sensíveis, sendo o primeiro mais sensível
que o segundo. Os microrganismos do probiótico utilizado
não foram sensíveis à monensina sódica,
mostrando a possibilidade da associação destes compostos
com os probióticos em estudo. Este achado tem importância
prática relevante, pois a monensina sódica é um
agente anticoccidiano que pode ser utilizado nas rações
dos frangos de corte a serem exportados para a União Europeia
(COUNCIL, 2003).
Desempenho
Não se verificou interação significativa entre os
aditivos e ácidos orgânicos administrados nas
rações sobre o desempenho dos frangos de corte para os
períodos de 1 a 7 dias de idade (
Tabela 5), 1 a 21 dias de idade (
Tabela 6) e 1 a 42 dias de idade (
Tabela 7).
Essa ausência de interação indicou que não
houve potencialização do desempenho produtivo com a
combinação de aditivos e ácidos orgânicos.
Essa não-potencialização para o caso da avoparcina
poderia ser explicada pela sensibilidade observada do
Lactobacillus acidophilus e do
Streptococcus faecium contidos no probiótico utilizado (
Tabela 3) à avoparcina. No entanto, o teste
in vitro
(concentração inibitória mínima) não
reflete exatamente a interação
antibiótico:probiótico que ocorre na ração
(RADA et al., 1994).
Considerando os efeitos principais dos aditivos, verificou-se para o
período de 1 a 7 dias de idade que o consumo de
ração foi menor para as aves alimentadas com os
probióticos em comparação aos frangos que
receberam avoparcina ou ração-controle. O ganho de peso
corporal foi semelhante entre os tratamentos, enquanto que os frangos
alimentados com probiótico apresentaram melhor conversão
alimentar que os frangos alimentados com avoparcina. Para o
período de 1 a 21 e 1 a 42 dias de idade os aditivos utilizados
não interferiram no desempenho dos frangos de corte, discordando
parcialmente de ZUANON et al. (1998a), que verificaram melhor ganho de
peso para frangos de corte de 1 a 21 dias de idade alimentados com
avoparcina em relação à
ração-controle.
No entanto, os resultados deste trabalho corroboram os de ZUANON et al.
(1998a, 1998b), ao verificarem que frangos de corte de 1 a 42 dias de
idade não apresentaram melhor desempenho quando alimentados com
avoparcina em comparação com ração sem
aditivos. LODDI et al. (2000) verificaram que a adição de
avoparcina na ração de frangos de corte promoveu maior
ganho de peso corporal de 1 a 21 dias de idade em
comparação com uma ração sem
antibiótico. Ressalve-se, porém, que o efeito não
se manteve para o período de 1 a 42 dias de idade. MENTEN (2002)
elaborou uma compilação que envolveu 28 artigos
científicos brasileiros publicados entre 1998 a 2001 envolvendo
a utilização de promotores de crescimento antimicrobianos
(treze princípios ativos, incluindo a avoparcina) sobre o
desempenho de frangos de corte. O autor verificou que, em média,
ocorreu uma melhora de 1,26% e 1,03% no ganho de peso e
eficiência alimentar, respectivamente, e ressaltou que as
respostas encontradas foram de pequena magnitude, como também se
observou na presente pesquisa.
Com relação aos probióticos, FARIA FILHO et al.
(2006) elaboraram uma revisão sistemática da literatura
com metanálise envolvendo a utilização de
probióticos sobre o desempenho de frangos de corte. A pesquisa
localizou 35 trabalhos (somente 27 trabalhos utilizados na
análise) publicados entre 1995 a 2005, sendo que deste total
somente dois trabalhos (TEIXEIRA et al., 2003; e o presente trabalho)
envolveram o probiótico composto por
Enterococcus faecium, Lactobacillus acidophilus e
Saccharomyces cerevisiae,
indicando a necessidade de mais estudos envolvendo tal
probiótico. Os autores concluíram que os
probióticos são alternativas tecnicamente viáveis
aos promotores de crescimento antimicrobianos na
alimentação de frangos de corte. No entanto, aquele
estudo (FARIA FILHO et al., 2006) não foi hábil em
identificar eventuais diferenças entre os probióticos
existentes no mercado brasileiro. O trabalho de TEIXEIRA et al. (2003),
envolvendo a utilização do probiótico composto por
Streptococcus faecium, Lactobacillus acidophilus e
Saccharomyces cerevisiae,
administrado via ração, não promoveu melhora no
desempenho dos frangos de corte em comparação com a
ração sem aditivos. Por outro lado, BERTECHINI &
HOSSAIN (2005) observaram melhor conversão alimentar aos 42 dias
de idade de frangos recebendo probiótico à base de
Streptococcus faecium, Lactobacillus acidophilus e
Saccharomyces cerevisiae.
A inclusão de ácidos orgânicos de 1 a 7, 1 a 21 e 1
a 42 dias de idade não alterou o desempenho dos frangos de
corte. BARBOSA et al. (2005) administraram diferentes
combinações de ácidos orgânicos
(ácido cítrico + fosfórico; ácido
fumárico + fosfórico; ácido cítrico +
propiônico) para frangos de corte e verificaram que a
combinação ácido fumárico +
fosfórico proporcionou melhor conversão alimentar de 1 a
21 dias de idade em relação à
ração-controle sem aditivos; no entanto, o desempenho foi
semelhante entre os tratamentos de 1 a 42 dias de idade. VALE et al.
(2004) utilizaram uma mistura de ácido fórmico e
propiônico (70:30) e verificaram que a inclusão de
até 1% na ração não altera o desempenho dos
frangos. Ressalve-se, porém, que o nível de 2% promoveu
menor consumo de ração e ganho de peso corporal de 1 a 21
dias de idade. Para o período de 1 a 42 dias de idade, a
inclusão de até 2% da mistura de ácidos
orgânicos proporcionou redução no consumo de
ração sem alterar as demais variáveis de
desempenho (VALE et al., 2004).
GARCIA et al. (2000) utilizaram uma mistura de ácido
fórmico + propiônico (1:1) e verificaram, para o
período de 1 a 42 dias de idade, que a inclusão de 0,1%
da mistura não alterou o desempenho dos frangos de corte, como
observado no presente trabalho. SKINNER et al. (1991) utilizaram
ácido fumárico nos níveis de 0%, 0,125%, 0,25% e
0,5% em rações para frangos de corte e verificaram
consumo de ração, ganho de peso e mortalidade semelhantes
entre os tratamentos. Por outro lado, em um segundo experimento,
SKINNER et al. (1991) notaram que a adição do
ácido fumárico nos níveis de 0,125% e 0,25%
aumentou significativamente o peso dos machos aos 49 dias. WALDROUP et
al. (1995) verificaram que a adição de 0,5% de
ácido fumárico às rações de frangos
de corte não resultou em efeito significativo sobre a
conversão alimentar.
As diferentes respostas com a utilização dos
ácidos orgânicos para frangos de corte, encontradas na
literatura científica, podem ser causa de fatores tais como
diferentes concentrações e princípios ativos
utilizados, estado sanitário dos animais, rações e
instalações, temperatura ambiente, densidade de
criação, linhagem, sexo, níveis nutricionais
empregados, entre outros. Dessa forma, é importante que mais
pesquisas sejam realizadas, com o controle adequado dos fatores
mencionados anteriormente, para que se obtenham respostas conclusivas,
permitindo a recomendação dos ácidos
orgânicos com segurança.
Rendimento de carcaça e de partes
Não houve interação significativa entre aditivos e
ácidos orgânicos sobre o rendimento de carcaça e de
partes aos 45 dias de idade (
Tabela 8),
indicando que a combinação dos produtos testados
não potencializa o rendimento de carcaça dos frangos de
corte. No entanto, GARCIA et al. (2000), utilizando uma mistura de
ácido fórmico+propiônico (1:1), verificaram que o
rendimento de carcaça foi prejudicado com a adição
conjunta da apramicina (antibiótico) e 0,1% dos ácidos
orgânicos. Os resultados da presente pesquisa indicam que a
utilização conjunta de ácidos fórmico +
propiônico e avoparcina não altera o rendimento de
carcaça e de partes, conforme ocorrido com a apramicina (GARCIA
et al., 2000).
Os efeitos principais de aditivos e ácidos orgânicos
não foram significativos sobre o rendimento de carcaça e
de partes (peito, coxas, sobrecoxas e asas). Nos trabalhos de MAIORKA
et al. (2001) com
Bacillus subtilis, de CORRÊA et al. (2003) com
Bacillus subtilis, de SANTOS et al. (2004) com
Bacillus lincheniformis e
Bacillus subtilis e de PELICANO et al. (2005) com
Bacillus subtilis; Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus casei, Streptococcus lactis, Streptococcus faecium, Bifidobacterium bifidum e
Aspergillus oryzae,
a utilização de probióticos não alterou o
rendimento de carcaça e de partes em comparação
com a ração-controle sem aditivos, em acordo com a
presente pesquisa. SKINNER et al. (1991) não encontraram efeito
da suplementação de 0,5% de ácido fumárico
sobre o rendimento de carcaça de frangos de corte. Dessa forma,
os resultados da presente pesquisa e os da literatura parecem mostrar
de forma conclusiva que os ácidos orgânicos e os
probióticos não alteram o rendimento de carcaça e
de partes de frangos de corte.
pH do papo, duodeno, ceco e ração
Não se verificou interação significativa entre os
aditivos e ácidos orgânicos administrados nas
rações sobre o pH do papo, duodeno, ceco e das
rações dos frangos de corte aos 45 dias de idade (
Tabela 9).
Os valores de pH observados no papo e duodeno encontraram-se dentro da
faixa indicada por DUKE (1994) de 4,0 a 5,0 e 5,0 a 6,0,
respectivamente. O pH encontrado para o ceco foi ligeiramente superior
ao valor mencionado por DUKE (1994), o que era esperado quando se
considera a faixa de 5,7 a 6,5 (FRENER, 1942).
Com relação aos efeitos principais de aditivos,
verificou-se que a avoparcina e o probiótico utilizados
não modificaram o pH do papo, duodeno, ceco e
rações. Esses resultados eram esperados para a
avoparcina. Contudo, pelo fato de o probiótico utilizado ser
composto por bactérias produtoras de ácido láctico
(
Lactobacillus acidophillus),
que são colonizadores naturais do papo, era de se esperar que o
grupo de animais recebendo o probiótico apresentasse menor pH
desta região em relação ao grupo recebendo
avoparcina ou controle.
Os ácidos orgânicos empregados não alteraram o pH
do papo, duodeno e ceco dos frangos de corte aos 45 dias de idade,
concordando com WALDROUP et al. (1995), que utilizaram ácido
fórmico + propiônico e não encontraram
redução do pH cecal das aves. No presente estudo, o
ácido fumárico proporcionou redução
significativa do pH das rações em
comparação com a ração-controle e com
aquela contendo os ácidos propiônico+fórmico. Esse
achado é importante, pois a acidificação da
ração pode ajudar a diminuir a contaminação
das rações por microorganismos, como, por exemplo, as
Salmonellas.
OLIVEIRA (1996) verificou que a combinação de
ácido fórmico + propiônico (70:30) em
inclusão de 0,8% na ração foi efetiva em reduzir a
contaminação por
Salmonella enteritidis e
Salmonella thyphimurium de rações para frangos de corte.
CONCLUSÕES
O desempenho de frangos de corte aos 42 dias e o rendimento de
carcaça não são influenciados pelos fatores
estudados na presente pesquisa.
O anticoccidiano monensina sódica não interfere no
crescimento dos microrganismos presentes no probiótico
utilizado. No entanto, o antibiótico promotor de crescimento
avoparcina inibiu o crescimento de
Streptococcus faecium e de
Lactobacillus acidophilus, dois componentes do probiótico utilizado, evidenciando certa incompatibilidade de uso simultâneo.
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Protocolado em: 21 ago. 2006. Aceito em: 20 nov. 2008.