ALTERNATIVAS AO USO DE ANTIBIÓTICOS COMO PROMOTORES DE CRESCIMENTO PARA FRANGOS DE CORTE: 1. PROBIÓTICOS
Desenvolveu-se um experimento para
avaliar o efeito de diferentes antibióticos, probióticos
e suas combinações sobre o desempenho e rendimento de
carcaça de frangos de corte e também para verificar a
sensibilidade dos probióticos aos antibióticos e ao
agente anticoccidiano utilizados. Empregaram-se 1.440 pintos com um dia
de idade, machos, da linhagem Hubbard, distribuídos em um
delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 3 x 3, com os
fatores antibióticos na ração (sem
antibiótico, virginiamicina e avilamicina) e probióticos
na ração (sem probiótico, probiótico A e
B), totalizando nove tratamentos com quatro repetições de
quarenta aves cada. Os probióticos foram: A) Streptococcus faecium, Lactobacillus acidophilus e Saccharomyces cerevisiae; B) Bacillus subtilis.
Verificou-se que os probióticos testados podem ser empregados
conjuntamente com a monensina sódica (agente anticoccidiano) e a
avilamicina (promotor de crescimento). No entanto, a presença de
virginiamicina pode comprometer a viabilidade dos probióticos,
dada a sensibilidade, in vitro, dos microrganismos presentes nos
probióticos. Não houve interação entre
probióticos e antibióticos para as variáveis
avaliadas. Houve redução da mortalidade quando se
utilizaram os probióticos A ou B e aumento na presença de
avilamicina para o período de 1 a 42 dias de idade. As demais
variáveis de desempenho e o rendimento de carcaça e de
partes não foram modificados pela administração
dos probióticos, antibióticos ou pela
combinação desses produtos.
ALTERNATIVES TO THE USE OF ANTIBIOTIC GROWTH PROMOTERS FOR BROILER CHICKENS: 1. PROBIOTICS
An experiment was conducted to
evaluate the effect of different antibiotics, probiotics and their
combination on performance and carcass yield of broiler chickens. Also,
the experiment aimed to verify the probiotics sensibility to the
antibiotics and the coccidiostatic utilized. Fourteen hundred and forty
one-day-old male chicks, Hubbard, were randomly distributed in a 3 x 3
factorial design: antibiotic in the diet (without antibiotic,
virginiamicin, and avilamicin) and probiotic in the diet (without
probiotic, and probiotics A and B), totaling nine treatments with four
replicates of 40 birds each. The probiotics were: A) Streptococcus faecium, Lactobacillus acidophilus and Saccharomyces cerevisiae; B) Bacillus subtilis.
It was verified that the tested probiotics can be used together with
sodic monensine (coccidiostatic) and the avilamicin (growth promoter).
However, the presence of virginiamicin can impair the probiotics
viability, since the probiotics microorganisms were sensible to
virginiamicin (observed in vitro). There was no significant interaction
between antibiotic and probiotic for the evaluated variables. Mortality
was reduced by the use of probiotics A or B, whereas the use of
avilamicin increased mortality from 1 to 42 days of age. The other
performance, carcass and parts yield characteristics were not
influenced by the administration of probiotics, antibiotics or by the
combination of such products in the diets.
Como os promotores de crescimento
antimicrobianos (antibióticos e quimioterápicos)
são produtos que apresentam eficácia comprovada sobre a
produtividade e saúde animal, desde a década de 1990 eles
vêm sendo largamente utilizados nas criações
comerciais de frangos de corte. O mecanismo de ação dos
promotores de crescimento ainda não está completamente
elucidado, mas sabe-se que sua atuação ocorre sobre a
flora intestinal dos animais (MENTEN, 2002), provavelmente, inibindo o
metabolismo bacteriano e reduzindo a competição entre a
bactéria e o hospedeiro (LANCINI, 1994).
No entanto, com a associação do uso de promotores de
crescimento, a indução de resistência cruzada por
bactérias patogênicas e reações de
hipersensibilidade ou câncer, em virtude da presença de
seus resíduos na carne, tem ocorrido pressão para o
banimento desses produtos da alimentação animal (MENTEN,
2002). A União Europeia, uma das maiores importadoras de frango
brasileiro, proibiu o uso de promotores de crescimento antimicrobianos
na alimentação animal a partir de janeiro de 2006,
pemitindo somente a utilização dos ionóforos
monensina e salinomicina como agentes anticoccidianos (COUNCIL, 2003).
Das alternativas aos promotores de crescimento antimicrobianos faz
parte a utilização dos probióticos, que foram
definidos, por FULLER (1989), como suplementos alimentares que
contêm bactérias vivas e que promovem efeitos
benéficos ao hospedeiro, por favorecerem o equilíbrio da
microbiota intestinal. Os modos de ação dos
probióticos, conforme MENTEN (2002), são: (a)
aderência aos sítios de ligação do
epitélio intestinal competindo com outras bactérias
patogênicas; (b) antagonismo direto através da
produção de substâncias bactericidas; (c)
estímulo ao sistema imune; (d) facilitação da
digestão e absorção de nutrientes; (e)
supressão da produção de amônia que pode ser
tóxica para as células intestinais; (f)
neutralização de enterotoxinas.
Recentemente, FARIA FILHO et al. (2006) elaboraram uma revisão
sistemática da literatura com metanálise sobre os estudos
brasileiros envolvendo a utilização de probióticos
sobre o desempenho de frangos de corte durante o período de
1995 a 2005. Vale lembrar que esse tipo de revisão constitui uma
técnica científica que objetiva evitar os vieses
potenciais de uma revisão narrativa da literatura (CASTRO et
al., 2002). A metanálise envolve métodos
estatísticos específicos que são aplicados
à revisão sistemática, para integrar os resultados
de dois ou mais estudos e permitir chegar a uma conclusão sobre
o tema em estudo (CASTRO et al., 2002). Em seu estudo, FARIA FILHO et
al. (2006) concluíram que os probióticos são
alternativas tecnicamente viáveis aos promotores de crescimento
antimicrobianos na alimentação de frangos de corte.
Apesar disso, ainda há a necessidade de outros estudos para
identificar eventuais diferenças entre os probióticos
existentes no mercado brasileiro.
Inúmeros fatores podem interferir na resposta dos frangos frente
aos probióticos, como, por exemplo, idade do lote, desafio
sanitário, tipo de microorganismo, agente anticoccidiano,
criação em gaiolas ou piso, entre outros. Além
disso, MENTEN & PEDROSO (2005) atentam para o fato de que a
composição indicada no rótulo dos
probióticos comercializados, quanto à identidade e
concentração microbiana, nem sempre é a que
compõe o produto. Por isso, estudos envolvendo a
utilização de probióticos devem controlar os
fatores anteriormente mencionados, para que essa nova tecnologia
(probióticos) possa ser utilizada com segurança pelos
profissionais da avicultura industrial.
Assim, este experimento teve como objetivo avaliar o efeito da
suplementação de rações com
antibióticos (avilamicina e virginiamicina), probióticos
(A:
Streptococcus faecium, Lactobacillus acidophilus e
Saccharomyces cerevisiae; B:
Bacillus subtilis)
e suas combinações sobre o desempenho e rendimento de
carcaça de frangos de corte. Além disso, procurou-se
verificar a sensibilidade dos probióticos aos
antibióticos e ao agente anticoccidiano utilizados.
MATERIAL E MÉTODOS
Empregaram-se 1.440 pintos de um dia, machos, da linhagem Hubbard,
sendo distribuídos em delineamento inteiramente casualizado em
esquema fatorial 3 x 3, com os fatores: antibióticos na
ração (sem antibiótico, virginiamicina e
avilamicina) e probióticos na ração (sem
probiótico, probiótico A e B), totalizando nove
tratamentos com quatro repetições de quarenta aves cada.
Os probióticos A e B foram produtos comerciais com a seguinte
composição: A) S
treptococcus faecium, Lactobacillus acidophilus e
Saccharomyces cerevisiae; B)
Bacillus subtilis.
Formularam-se as rações experimentais (
Tabela 1)
à base de milho e farelo de soja e sem promotores de
crescimento, com níveis nutricionais comerciais para a fase
inicial (1 a 21 dias de idade), crescimento (22 a 37 dias de idade) e
final (38 a 45 dias de idade). Utilizou-se a monensina sódica
como agente anticoccidiano nas rações inicial e de
crescimento. Adicionaram-se os produtos testados (antibióticos e
probióticos) sobre as rações prontas, seguindo as
recomendações dos fabricantes: virginiamicina (15 ppm e
10 ppm nas fases inicial e crescimento, respectivamente), avilamicina
(10 ppm nas fases inicial e crescimento), probiótico A (100 ppm
nas fases inicial, crescimento e final), probiótico B (30 ppm
nas fases inicial, crescimento e final).
Antes da elaboração das rações
experimentais, verificou-se a viabilidade dos microrganismos contidos
nos probióticos. Utilizou-se meio de cultura próprio para
Streptococcus faecium (COLLINS & LYNE’S, 1989),
Lactobacillus acidophilus (DE MAN et al., 1960),
Saccharomyces cerevisiae (COLLINS & LYNE’S, 1989) e
Bacillus subtilis
(AMERICAN, 1980). Colheram-se 10 gramas de amostra do
probiótico, a qual foi diluída em 90mL de
solução salina a 0,85%, obtendo-se uma
diluição inicial de 1:100. Após
diluições sucessivas, procedeu-se ao plaqueamento em
profundidade (pour plate), mediante a utilização do meio
seletivo para cada um dos microorganismos a ser isolado. A amostra foi
plaqueada em duplicata e incubada nas condições adequadas
para o crescimento dos microorganismos (
Lactobacillus acidophilus – microaerofilia [10% de CO2] a 37oC por 48 horas;
Streptococcus faecium,
Saccharomyces cerevisiae e
Bacillus subtilis
– aerobiose a 37oC por 48 horas). Após a
incubação, contaram-se as colônias em contador
Quebec, sendo escolhidas placas que continham de trinta a trezentas
colônias. Realizou-se a coloração pelo
método de Gram de uma colônia característica de
cada espécie para confirmação do isolamento. Uma
colônia de cada espécie isolada foi inoculada em caldo
seletivo e novamente incubada nas condições descritas
anteriormente. Fez-se a verificação do crescimento
através da turbidez do meio de cultura e mais uma vez
procedeu-se à confirmação da pureza dos isolados
por meio da leitura em microscópio de esfregaços do caldo
corado pelo método de Gram. Pesquisas envolvendo a
utilização de probióticos são importantes
para esse tipo de caracterização. Isso porque, como
mostrado por MENTEN & PEDROSO (2005), a composição
indicada no rótulo dos probióticos comercializados nem
sempre é a que compõe o produto, quanto à
identidade e concentração microbiana.
A sensibilidade dos microorganismos dos probióticos em
relação a virginiamicina, avilamicina e monensina
sódica (anticoccidiano) foi avaliada in vitro pelo método
da concentração inibitória mínima em caldo.
Prepararam-se séries de dez tubos, adicionando-se 4,5mL do caldo
seletivo nos tubos de 2 a 10. Nos tubos 1 e 2 foram adicionados 4,5mL
da solução de virginiamicina (30 µg/mL),
avilamicina (400 µg/mL) ou monensina sódica (500
µg/mL). Do tubo 2, após agitação adequada,
transferiram-se 4,5mL para o tubo 3 e, dessa forma, sucessivamente,
até o tubo 10, de onde foram descartados 4,5mL. Utilizando-se a
escala de MacFarland, foi adicionado a cada tubo o inóculo de
104 células/mL de cada microorganismo testado, sendo
incluído, na série de tubos, um tubo-controle com 4,5mL
do meio seletivo com inóculo. Os tubos foram incubados a 37oC,
até observar-se o crescimento no tubo-controle, sendo feita a
leitura do crescimento nos demais tubos, para o caso de ter ocorrido
crescimento.
Para os períodos de 1 a 7, 1 a 21 e 1 a 42 dias de idade foram
avaliados o consumo de ração (kg), o ganho de peso
corporal (kg), a conversão alimentar (kg ração/kg
ganho de peso) e a mortalidade (%). O fator de produção
(FP) foi calculado para o período de 1 a 42 dias de idade, pela
fórmula: FP = [(ganho de peso médio diário (kg) x
viabilidade criatória (%) x 100) / (conversão
alimentar)].
Aos 45 dias de idade, selecionaram-se ao acaso quatro aves por unidade
experimental para avaliação do rendimento de
carcaça e de partes (peito, coxas, sobrecoxas e asas).
Após oito horas de jejum, os frangos foram pesados, sacrificados
por sangria com corte na jugular, escaldados, depenados e eviscerados.
Mantiveram-se as carcaças evisceradas em
chiller
e, após o gotejamento, procedeu-se novamente a sua pesagem. O
rendimento de carcaça (com cabeça, pescoço e
pés) foi expresso em relação ao peso vivo antes do
abate e o de partes em relação à carcaça
eviscerada resfriada.
Os dados de desempenho e rendimento de carcaça foram submetidos
à análise de variância por meio do procedimento
General Linear Model (GLM) do programa SAS® (LITTELL et al., 2002)
e em caso de diferença significativa fez-se
comparação de médias pelo teste de Tukey (5%).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Viabilidade dos microorganismos
O crescimento obtido para os microorganismos dos probióticos A e B encontram-se na
Tabela 2.
Constataram-se crescimentos satisfatórios das espécies de
microorganismos indicadas no rótulo, mostrando que os produtos
encontravam-se aptos para uso.
Sensibilidade dos microorganismos
Todos os microrganismos constituintes dos probióticos, com exceção do
Saccharomyces cerevisiae, mostraram-se sensíveis à virginiamicina (
Tabela 3)
na concentração em que foi empregada nas
rações. Verificou-se ainda que o microorganismo mais
sensível foi o
Bacillus subtilis, seguido pelo
Streptococcus faecium, sendo o
Lactobacillus acidophilus o mais resistente dos três.
Avilamicina (
Tabela 4) e monensina sódica (
Tabela 5),
nas concentrações utilizadas nas rações,
não inibiram o desenvolvimento dos microorganismos
presentes nos probióticos, indicando, portanto, a possibilidade
da associação desses compostos com os probióticos
em estudo. Esse achado tem importância prática relevante,
pois a monensina sódica é um agente anticoccidiano que
pode ser utilizado nas rações dos frangos de corte a
serem exportados para a União Europeia (COUNCIL, 2003).
Desempenho
Não se verificou interação significativa entre os
antibióticos e probióticos administrados nas
rações sobre o desempenho dos frangos de corte para os
períodos de 1 a 7 dias de idade (
Tabela 6), 1 a 21 dias de idade (
Tabela 7) e 1 a 42 dias de idade (
Tabela 8).
Essa ausência de interação indica que a resposta
produtiva à utilização de antibióticos
não depende da inclusão de probióticos e
vice-versa. Dessa forma, não há uma
potencialização do desempenho pela
combinação de probióticos e antibióticos.
Essa ausência de potencialização para o caso da
virginiamicina poderia ser explicada pela sensibilidade observada dos
probióticos A e B diante daquela droga (
Tabelas 3).
O teste in vitro de sensibilidade, no entanto, não mostrou
sensibilidade dos probióticos à avilamicina (
Tabela 4),
que também não potencializou o desempenho quando em
combinação com os probióticos A e B. Além
disso, segundo RADA et al. (1994), o teste in vitro
(concentração inibitória mínima) não
reflete exatamente a interação
antibiótico:probiótico que ocorre na ração.
Considerando os efeitos principais de antibiótico, durante
o período de 1 a 7 e 1 a 21 e 1 a 42 dias de idade, a
avilamicina e a virginiamicina não influenciaram no consumo de
ração e no ganho de peso corporal. Os resultados para
conversão alimentar variaram consideravelmente entre as fases
experimentais. De 1 a 7 dias de idade, a conversão alimentar foi
melhor para os frangos alimentados com avilamicina em
relação aos que receberam virginiamicina. No entanto,
nenhum desses tratamentos com antibiótico diferiu do controle.
Ressalve-se que, para o período de 1 a 21 dias de idade, a
conversão alimentar foi melhor para as aves que receberam
virginiamicina, em relação à
ração-controle, sendo que ambos não diferiram das
aves alimentadas com avilamicina. Para o período total de
criação (1 a 42 dias de idade), a inclusão de
antibióticos nas rações não alterou a
conversão alimentar e o fator de produção. Durante
1 a 21 e 1 a 42 dias de idade os frangos alimentados com avilamicina
apresentaram maior mortalidade em comparação com aqueles
que receberam a ração-controle. Já a
virginiamicina proporcionou mortalidade intermediária entre os
dois tratamentos.
Os achados da presente pesquisa concordam com os de JUNQUEIRA et al.
(2006 a). Esses autores verificaram que a administração
de virginiamicina durante 1 a 21 dias de idade proporcionou melhor
conversão alimentar em comparação com a
ração-controle sem antibiótico. JUNQUEIRA et al.
(2006b) não encontraram diferenças no desempenho de
frangos de corte alimentados com virginiamicina ou ração
sem antibióticos durante o período total de
criação, conforme observado na presente pesquisa. Os
resultados desta pesquisa não corroboram os de PEDROSO et al.
(2003) e LORA et al. (2006), que verificaram melhor ganho de peso para
frangos alimentados com avilamicina, em comparação com
rações sem aditivos para o período de 1 a 42 dias
de idade. Tais diferenças de resultados podem ocorrer em
função da linhagem comercial das aves, qualidade da cama
(reutilizada ou não), concentração e
composição dos microorganismos nos aditivos utilizados.
MENTEN (2002), em compilação de 28 artigos
científicos brasileiros publicados entre 1998 a 2001 envolvendo
a utilização de promotores de crescimento antimicrobianos
(treze princípios ativos; incluindo a virginiamicina e
avilamicina) sobre o desempenho de frangos de corte, verificou que, em
média, ocorreu uma melhora de 1,26% e 1,03% no ganho de peso e
eficiência alimentar, respectivamente. Além disso,
ressaltou que as respostas encontradas foram de pequena magnitude, o
que também foi observado na presente pesquisa.
Possivelmente, a ausência de resposta aos antibióticos em
termos de ganho de peso neste experimento decorreu das boas
condições de higiene do ambiente, do estado
sanitário dos animais, da eficiência de manejo, entre
outros. É importante ressaltar que as instalações
experimentais permaneceram em vazio sanitário por período
aproximado de 150 dias. O grau de resposta aos antibióticos (bem
como aos probióticos) é inversamente relacionado ao
bem-estar geral dos animais, e, portanto, é possível que
resultados obtidos no campo sejam maiores. PEDROSO et al. (2003)
verificaram que frangos de corte criados em gaiolas não
responderam à utilização de antibiótico.
Já os criados em piso apresentaram melhores ganho de peso
corporal e conversão alimentar quando alimentados com
antibióticos, em comparação com
ração sem aditivo promotor de crescimento.
Com relação aos probióticos, não se
registraram alterações nas características de
desempenho dos frangos de corte de 1 a 7, 1 a 21 e 1 a 42 dias de
idade. Contudo, de 1 a 42 dias de idade, os frangos alimentados com
probióticos (A ou B) apresentaram menor mortalidade em
comparação aos que receberam a
ração-controle.
Os resultados de desempenho que constam da presente pesquisa estão de acordo com os de PELICANO et al. (2004 a, b;
Bacillus subtilis) e de TEIXEIRA et al. (2003;
Streptococcus faecium, Lactobacillus acidophilus e
Saccharomyces cerevisiae),
ao verificarem que a inclusão de probiótico na
ração de frangos de corte não alterou o
desempenho. No entanto, discordam dos de CAMPOS et al. (2002) e LORA et
al. (2006), que encontraram melhor ganho de peso de 1 a 42 dias de
idade para frangos alimentados com ração contendo
Bacillus subtilis,
em comparação com ração sem aditivos
promotores de crescimento. A menor mortalidade proporcionada pela
inclusão dos probióticos A ou B em relação
à ração-controle também foi verificada por
CAMPOS et al. (2002;
Bacillus subtilis). No entanto, trata-se de resultados que discordam dos de PELICANO et al. (2004 a, b;
Bacillus subtilis).
Vários aspectos como dosagem inadequada dos microorganismos que
compõem os probióticos, falta de desafio sanitário
em condições experimentais e uma possível
competição com o hospedeiro por nutrientes podem
contribuir para a não-expressão de respostas
favoráveis ao desempenho quando da utilização de
probióticos.
FARIA FILHO et al. (2006), em uma revisão sistemática da
literatura com metanálise envolvendo a utilização
de probióticos sobre o desempenho de frangos de corte, com
pesquisa que envolveu 27 trabalhos publicados entre 1995 a 2005,
concluíram que os probióticos são alternativas
tecnicamente viáveis aos promotores de crescimento
antimicrobianos na alimentação de frangos de corte. No
entanto, aquele estudo não foi hábil em identificar
eventuais diferenças entre os probióticos existentes no
mercado brasileiro, indicando a necessidade de mais estudos na
área. As diferentes respostas com a utilização dos
probióticos para frangos de corte encontradas na literatura
científica podem ser devidas a fatores como diferentes
concentrações e microorganismos utilizados, estado
sanitário dos animais, rações e
instalações, temperatura ambiente, densidade de
criação, linhagem, sexo, níveis nutricionais
empregados, entre outros. Dessa forma, é importante que mais
pesquisas sejam realizadas, com o controle adequado dos fatores
mencionados anteriormente, para a obtenção de
evidências conclusivas, o que permitirá a
recomendação dos probióticos com segurança
para a indústria avícola.
Rendimento de carcaça e partes
Não houve interação significativa entre
antibióticos e probióticos sobre o rendimento de
carcaça e de partes aos 45 dias de idade (
Tabela 9).
Também não se verificou efeito significativo de
antibióticos e probióticos sobre o rendimento de
carcaça e de partes (peito, coxas, sobrecoxas e asas). JUNQUEIRA
et al. (2006b) não verificaram alteração do
rendimento de carcaça e de partes ao administrarem uma
ração com virginiamicina em relação
à ração-controle sem aditivos antimicrobianos. Por
outro lado, IZAT et al. (1990) verificaram maior rendimento de
carcaça e de cortes nobres quando se administrou virginiamicina
em rações para frangos de corte. Nos trabalhos de MAIORKA
et al. (2001;
Bacillus subtilis), CORRÊA et al. (2003;
Bacillus subtilis), SANTOS et al. (2004;
Bacillus lincheniformis e
Bacillus subtilis) e PELICANO et al. (2005;
Bacillus
subtilis; Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus casei, Streptococcus
lactis, Streptococcus faecium, Bifidobacterium bifidum e Aspergillus
oryzae), a utilização de probióticos
não alterou o rendimento de carcaça e de partes em
comparação com a ração-controle sem
aditivos. LODDI et al. (2000;
Enterococcus faecium)
verificaram que a combinação de probiótico com
antibiótico (avoparcina) potencializou o rendimento de
carcaça, fato não observado na presente pesquisa. No
entanto, os achados da presente pesquisa e os resultados da literatura
científica reúnem dados suficientes para inferir que a
utilização de probióticos não altera o
rendimento de carcaça e de partes.
CONCLUSÕES
Os probióticos testados podem ser empregados conjuntamente com a
monensina sódica (agente anticoccidiano) e a avilamicina
(promotor de crescimento). No entanto, a presença de
virginiamicina pode comprometer a viabilidade dos microrganismos
presentes nos probióticos.
A utilização de probióticos é tecnicamente
viável e caracteriza-se como alternativa aos antibióticos
promotores de crescimento.
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Protocolado em: 21 ago. 2006. Aceito em: 20 nov. 2008.