Desenvolveram-se dois experimentos
para avaliar o desempenho, a digestibilidade de nutrientes da ração e a
biometria de órgãos do trato gastrintestinal de pintos, oriundos de
ovos inoculados com prebiótico ou ácido orgânico, submetidos a jejum
hídrico e alimentar. Os ovos férteis foram inoculados com uma solução
contendo prebiótico (experimento I) ou água (grupo placebo), no saco
alantoide aos dezesseis dias de incubação. No experimento II, os ovos
embrionados foram inoculados com água (placebo) ou ácido orgânico
(butirato de sódio). Depois da eclosão, selecionaram-se duzentos pintos
pelo peso, sendo distribuídos de acordo com os tratamentos em baterias.
O delineamento foi em blocos casualizados, em esquema fatorial 2x2
(inóculos x períodos de jejum), totalizando quatro tratamentos e dez
repetições. Os períodos de jejum estudados foram de oito
(grupo-controle) e 36 horas após a eclosão. O prebiótico inoculado
reduziu o ganho de peso (P<0,05) e não afetou a digestibilidade e a
biometria dos órgãos. A inoculação in ovo não prejudicou o peso inicial
dos pintos e não houve interação entre o inóculo e o período de jejum.
A inoculação com ácido orgânico não afetou o desempenho das aves e a
digestibilidade dos nutrientes, mas aumentou a biometria intestinal
(P<0,05). A suplementação de prebiótico ou butirato de sódio não
melhorou o desempenho dos pintos até os dez dias de idade, tampouco a
digestibilidade dos nutrientes da ração, independentemente se
submetidos ou não ao jejum inicial. Porém, o butirato de sódio
favoreceu o desenvolvimento intestinal.
PALAVRAS-CHAVES: Ácido orgânico, digestibilidade de nutrientes, ovos, pinto de corte, manano.
ABSTRACT
EFFECT OF PREBIOTIC AND BUTYRIC ACID IN EGG ON THE PERFORMANCE,
NUTRIENTS DIGESTIBILITY OF THE DIET AND BIOMETRY OF THE GASTOINTESTINAL
TRACT OF CHICKS UNDER FASTING
Two experiments were conducted to evaluate the performance,
digestibility of nutrients of the diet and biometry of the
gastrointestinal tract of chicks from eggs inoculated with prebiotic or
butyric acid, submitted to water and food fasting. The fertile eggs
were inoculated with a solution containing prebiotic (experiment I) or
water (placebo group), in the allantoic sac on the 16th day of the
incubation. In experiment II, the fertile eggs were inoculated with
water (placebo group) or organic acid (sodium butyrate). After
hatching, 200 chicks were selected and classified by weight and
distributed according to the treatments in battery cages. A randomized
complete block design in 2x2 factorial scheme (inoculants x fasting
time) was used, totaling four treatments and 10 replicates. The fasting
times evaluated were eight (control group) and 36 hours after hatching.
The inoculation of butyric acid did not affect the performance of
chicks and nutrients digestibility, but the gastrointestinal biometry
was increased (P<0.05). The prebiotc reduced the weight gain
(P<0.05) and affected neither the nutrients digestibility nor the
gastrointestinal biometry. The inoculation in the eggs did not
harm the initial weight of the chicks as well as there was no
interaction between the inoculant and the fasting time. The
supplementation with prebiotic or butyric acid neither improved the
performance of chicks until ten days of age nor the nutrients
digestibility of the diet, irrespective if the chicks were under
fasting or not. However, the butyric acid enhanced the gastrointestinal
tract development.
KEYWORDS: Broilers, inoculated eggs, manano, nutrients digestibility, organic acid.
INTRODUÇÃO
O jejum pós-eclosão prejudica o desempenho de pintos de corte até a
fase final de criação (NIR & LEVANON, 1993; PINCHASOV & NOY,
1993). Do mesmo modo, o jejum afeta o desenvolvimento do trato
gastrintestinal (TGI) das aves. GONZALES
et al.
(2008) observaram que aves alimentadas logo após a eclosão apresentaram
maior desenvolvimento do intestino e do pâncreas e concluíram que o
período de restrição alimentar pós-eclosão prejudica a maturidade do
TGI. GONZALES
et al. (1999,
2008) relataram que pintos de corte submetidos a 36 horas de jejum após
a eclosão apresentaram dificuldades na absorção dos nutrientes do saco
vitelino e menores pesos dos órgãos secretores (fígado, pâncreas e
intestino), refletindo em prejuízos no desempenho aos 42 dias de idade.
Do mesmo modo, ALMEIDA
et al. (2006) observaram pior desempenho aos 42 dias de idade para as aves submetidas a jejum de 48 horas. UNI
et al. (1998) e MAIORKA
et al. (2000) observaram que a restrição alimentar após a eclosão prejudicou o desenvolvimento intestinal de pintos de corte.
Normalmente entre a eclosão e o alojamento, os pintos de corte são
submetidos a uma restrição hídrica e alimentar, período esse que pode
variar de 24 a 48 horas, resultantes da preparação e descanso dos
pintos no incubatório associado ao tempo de transporte até as granjas.
Em consequência desse jejum, os pintos podem sofrer uma desidratação e
uma perda de peso de até 10% (BAIÃO & CANÇADO, 1998). No entanto, a
maturidade do TGI e o estabelecimento precoce da microbiota intestinal
podem ser estimulados pela suplementação exógena de nutrientes ou
aditivos (GUILLOT, 2000; LEANDRO
et al.,
2010), promovendo maior desempenho dos pintos de corte. Dentre os
produtos que podem ser considerados fatores tróficos para induzir a
maturidade do TGI estão os probióticos e prebióticos (MAIORKA, 2001) e
acidificantes orgânicos (DIBNER & BUTTIN, 2002; RICKE, 2003).
Os prebióticos são definidos como ingredientes alimentares não
hidrolisáveis pelas enzimas endógenas dos animais e que beneficiam o
animal, por estimularem seletivamente o crescimento e/ou a atividade de
um limitado número de bactérias no intestino, favorecendo a saúde e o
desempenho do animal. Carboidratos oligo e polissacarídeos, alguns
peptídeos e proteínas e certos lipídeos e fibras são considerados
prebióticos (GIBSON & ROBERFROID, 1995). Entretanto, as substâncias
que têm sido mais estudadas como aditivos prebióticos em alimentação
animal são os oligossacarídeos, especialmente os frutoligossacarídeos
(FOS), glucoligossacarídeos (GOS) e mananooligossacarídeos (MOS).
O MOS não é digestível pelas aves, mas é alimento específico para as
bactérias consideradas úteis (ROBERFROID, 1998). Além de funcionar como
substrato para as bactérias úteis, estimulando o seu crescimento e/ou
ativando o metabolismo, o MOS atua como bloqueador dos sítios de
aderência de certas bactérias patogênicas, imobilizando e reduzindo a
capacidade desses agentes de se manterem no TGI (COLLINS & GIBSON,
1999).
Estudos com desempenho de frangos de corte suplementados com
prebióticos apresentam resultados contraditórios. Algumas pesquisas
mostram melhoras no desempenho com uso do produto (TOLEDO
et al., 2003; PELICANO
et al., 2004; ALBINO
et al., 2006; SILVA
et al., 2009). Um estudo refere que não houve efeito significativo sobre o ganho de peso e conversão alimentar (PAZ
et al.,
2010). Um outro estudo demonstrou efeito positivo do produto sobre o
desenvolvimento intestinal de pintos criados em ambientes com alta
temperatura (SILVA
et al., 2010).
Outro produto pesquisado com o objetivo de favorecer o balanço da
microbiota intestinal é o ácido orgânico. Trata-se de uma substância
que facilita a colonização do TGI pelas bactérias úteis, promovendo um
amadurecimento mais rápido da mucosa do intestino delgado de pintos
(JANSSENS & NOLLET, 2002). O efeito inibidor da proliferação de
enterobactérias no trato digestório, provocado pela utilização do ácido
orgânico na ração, deve-se à redução do pH na parte superior do
intestino delgado, promovendo um aumento de disponibilidade de
nutrientes e potencializando os ganhos nutricionais das dietas (FREZZA,
2008; FARIA
et al., 2009). Os
ácidos orgânicos mais usados na avicultura são o fórmico, o acético, o
propiônico, o butírico, o lático, o cítrico e o fumárico, apresentando,
respectivamente, os seguintes pKa: 3,75; 4,76; 4,87; 4,81; 3,86;
3,09/4,75/5,41; 3,03/4,54.
GARCIA
et al. (2000) não
encontraram qualquer efeito dos ácidos orgânicos sobre o ganho de peso
e conversão alimentar dos frangos até abate (42 dias de idade). No
entanto, estudos em que aves foram desafiadas mostraram resultados
positivos com o uso de ácidos orgânicos, como a redução das unidades
formadoras de colônia de Campylobacter (CHAVEERACH
et al., 2002) e do número total de coliformes e de Escherichia coli no duodeno, jejuno e ílio (IZAT
et al., 1990) e o favorecimento no desenvolvimento de bactérias aeróbicas na água (CHAVEERACH
et al., 2004).
De acordo com PEDROSO
et al.
(2005), a colonização do trato gastrintestinal pela microbiota natural
nas aves se inicia antes mesmo da eclosão. Assim, a inoculação de
prebiótico e ácido orgânico via ovo pode favorecer a colonização de
bactérias desejáveis, antecipando a maturidade do TGI das aves.
Objetivou-se, com este estudo, avaliar o efeito do prebiótico ou do
ácido orgânico inoculado em ovos embrionados e do período de jejum após
a eclosão sobre o desenvolvimento do TGI e desempenho de pintos de
corte até os dez dias de idade.
MATERIAL E MÉTODOS
Realizaram-se dois experimentos, sendo estudados no experimento I a
inoculação de prebióticos em ovos embrionados e no experimento II o
ácido butírico. Em cada experimento foram utilizados trezentos ovos de
matrizes da linhagem Cobb-500, com 46 semanas de idade, provenientes do
incubatório comercial da região. Transportaram-se os ovos no 15º dia de
incubação para a Escola de Veterinária da UFG, sendo distribuídos em
quatro incubadoras, com capacidade para 120 ovos cada, para completar o
período de incubação.
Instalaram-se as incubadoras em uma única sala, sendo os ovos pesados,
uniformizados e distribuídos nas incubadoras. Estas foram reguladas e
monitoradas diariamente, para se manter a temperatura e a umidade
relativa em 37,5 °C e 55%, respectivamente, até o final da incubação.
No 16o dia de incubação, os ovos (experimento I) foram inoculados com
0,30 mL de água destilada (placebo) ou com o mesmo volume de solução
contendo 40 mg do prebiótico comercial MOS®. Esse produto era composto
por lactose (15%) e mananooligossacarídio (85%). A inoculação foi
efetuada na cavidade alantoide, utilizando-se uma seringa de 1,0 mL e
uma agulha de 13 mm estéreis para cada ovo de acordo com a metodologia
proposta por LEITÃO
et al. (2008).
Após o nascimento e seleção dos pintos de corte pelo peso corporal,
duzentas aves (não sexadas) provenientes de ambas inoculações (água x
prebiótico) foram alojadas em baterias de gaiolas, equipadas com
comedouros e bebedouros tipo linear e bandejas metálicas. Metade dos
pintos, inoculados com água ou prebiótico, foram submetidos a um jejum
hídrico e alimentar de oito a 36 horas. Estudou-se, assim, a combinação
entre o tipo de inóculo (placebo ou MOS) e períodos de jejum após a
eclosão (oito ou 36 horas), totalizando quatro tratamentos. O
tratamento com oito horas de jejum foi considerado o grupo-controle, já
que este seria o tempo mínimo necessário para um incubatório comercial
entregar pintos de um dia para o alojamento.
O mesmo procedimento foi adotado para o experimento II, sendo a
diferença apenas no produto inoculado. Realizou-se a inoculação no ovo
de 0,30 mL de água destilada ou o mesmo volume de solução contendo 8,0
mg do butirato de sódio a 98% ± 2% (Adimix TM Butyrate-C, Invenutri-AD).
Para o alojamento, empregaram-se 240 pintos da linhagem Cobb 500 (não
sexados) de um dia de idade, provenientes dos trezentos ovos inoculados
com água ou ácido butírico de acordo com os tratamentos. Metade dos
pintos, inoculados com água ou ácido butírico (Adimix TM Butyrate-C,
Invenutri-AD), foram submetidos ao jejum hídrico e alimentar após a
eclosão de 8 e 36 horas. Assim, procedeu-se ao estudo da combinação
entre o tipo de inóculo (placebo ou ácido butírico) e períodos de jejum
após a eclosão (controle de 8 horas de jejum ou 36 horas de jejum),
semelhante ao experimento I.
A ração utilizada durante todo o período experimental era composta por
ingredientes vegetais (à base de milho e farelo de soja), isentas de
agentes anticoccidianos e de antibióticos como promotores de
crescimento. A ração era farelada e formulada para conter 21% de
proteína bruta e de 3.000 kcal EM/ kg de ração.
Para a avaliação do desempenho foram considerados: consumo de ração,
ganho de peso, conversão alimentar (corrigida para mortalidade) e
mortalidade.
Efetuou-se o ensaio de digestibilidade pelo método de colheita total
das excretas, durante o período de seis a dez dias de idade dos
frangos. A ingestão de ração foi controlada e diariamente faziam-se
duas coletas de toda a excreta produzida (pela manhã e à tarde), que
era acondicionada em sacos plásticos e conservada em freezer, para
análises posteriores. As análises bromatológicas da matéria seca,
proteína bruta, extrato etéreo e do nitrogênio foram feitas de acordo
com a metodologia proposta por SILVA & QUEIROZ (2002).
Calcularam-se os coeficientes de digestibilidade da matéria seca
(CDMS), da proteína bruta (CDPB), do extrato etéreo (CDEE) e o balanço
de nitrogênio.
As análises biométricas do proventrículo, da moela, do fígado e do
intestino foram realizadas com pintos de um e de dez dias de idade,
utilizando-se dez aves por tratamento, sacrificadas por deslocamento
cervical e pesadas individualmente para a coleta dos órgãos.
Os dados de percentagem de mortalidade foram transformados em Arc seno
e as análises estatísticas para todas as variáveis realizadas pelo
procedimento GLM do SAS® (2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não houve interação entre os fatores inoculação de prebiótico e período de jejum após a eclosão (
Tabela 1).
Assim, a suplementação de prebiótico na fase embrionária não melhorou o
desempenho de pintos submetidos ao jejum de 36 horas em relação aos
embriões oriundos de ovos não inoculados com prebiótico (grupo
placebo). O ganho de peso e o consumo de ração foram inferiores
(p<0,05) para pintos que receberam o prebiótico via ovo e para
aqueles submetidos ao período de 36 horas de jejum pós-eclosão.
Os menores valores para ganho de peso, observados em pintos
provenientes de ovos inoculados com prebiótico, discordam dos
resultados obtidos por IJI & TIVEY (1998), os quais observaram que
frangos suplementados com prebiótico apresentaram maior consumo de
ração e ganho de peso em relação ao grupo-controle (sem aditivos).
Assim como TOLEDO
et al. (2003) e ALBINO
et al.
(2006), que encontraram resultados positivos para desempenho em frangos
suplementados com prebiótico, porém todos esses autores estudaram o uso
do probiótico suplementado na ração.
As boas condições higiênicas do experimento proporcionaram baixo
desafio sanitário das instalações. De acordo com a literatura, aditivos
como os prebióticos são mais efetivos em condições de maior desafio.
SPRING
et al. (2000) explicam
que o MOS atua bloqueando os sítios de ligação de bactérias patogênicas
na mucosa intestinal, diminuindo, assim, as injúrias ao TGI e
consequentemente reduzindo o turnover celular da mucosa, o que
proporciona melhor utilização dos ingredientes da dieta e desempenho
zootécnico. Esses autores, ao testarem MOS como promotor de
crescimento, observaram que o prebiótico promoveu o desenvolvimento da
microbiota intestinal, melhorando o desempenho das aves. SANTIN
et al.
(2003) observaram que aves desafiadas e alimentadas com o prebiótico
apresentaram maior ganho de peso e melhor conversão alimentar que as
aves do grupo-controle.
Com relação ao período de jejum, observou-se que pintos submetidos a 36
horas de restrição alimentar e hídrica, após a eclosão, apresentaram
pior ganho de peso (
Tabela 1)
quando comparados com controle (oito horas de jejum). Corroborando este
estudo, PINCHASOV & NOY (1993) e BAIÃO & CANÇADO (1998)
afirmaram que pintos submetidos a um período de 24 e 48 horas de jejum
após a eclosão podem sofrer desidratação e perda de peso de até 10%. Do
mesmo modo, NIR & LEVANON (1993) observaram um atraso no
crescimento de pintos de corte, provocado pelo jejum de 24 e 48 horas,
equivalente a um ou dois dias de ganho peso, respectivamente, e
GONZALES
et al. (2008)
observaram efeitos negativos sobre o peso vivo de frangos de corte
quando os pintos foram submetidos ao período de 24 horas de jejum, após
o nascimento.
Os resultados de digestibilidade da matéria seca, da proteína bruta, do
extrato etéreo e o balanço de nitrogênio são apresentados na
Tabela 2.
As análises estatísticas demonstram que os resultados de coeficientes
de digestibilidade foram semelhantes entre o grupo-controle e o
suplementado com prebiótico. No entanto, o prebiótico prejudicou o
balanço de nitrogênio (p<0,05).
Resultados obtidos por LODDI
et al.
(2000) também mostraram que não houve diferença na digestibilidade da
PB e MS da ração entre pintos que recebem ou não prebiótico na
dieta. Entretanto, FERES
et al.
(2002), verificando os efeitos do prebiótico mananooligossacarídio,
concluíram que o aditivo melhorou os coeficientes de digestibilidade da
matéria seca e da proteína digestível, além de melhorar a energia
metabolizável aparente e energia metabolizável aparente corrigida para
o balanço de nitrogênio, pelo método de coleta ileal, quando este foi
comparado com a ração-controle.
Os resultados da biometria do TGI mostraram que não houve diferenças
(p>0,05) entre os tratamentos no primeiro (dados não apresentados)
ou no décimo dia de vida (
Tabela 3).
O prebiótico não influenciou o desenvolvimento do TGI dos pintos
durante o período final da fase embrionária, assim como na fase
pré-inicial de crescimento. O jejum de 36 horas após a eclosão
interferiu negativamente somente sobre o peso absoluto da moela
(p<0,05).
Esses dados indicam que os prejuízos observados para ganho de peso em
pintos submetidos ao jejum não resultaram de alterações do
desenvolvimento do TGI dos pintos, que não foram influenciados pelo
período de jejum. Desse modo, o menor ganho de peso observado em pintos
submetidos ao jejum de 36 horas deve estar relacionado com o baixo
consumo de ração pelos pintos. Dados contrários foram observados por
GONZALES
et al. (2008), os
quais relataram que pintos de corte submetidos a 36 horas de jejum
apresentaram menor peso dos órgãos secretores (fígado, pâncreas e
intestino). MAIORKA
et al.
(2000, 2001) observaram que o comprimento e o peso do intestino de
pintos de corte receberam influência do período de 24 horas de
restrição alimentar após a eclosão.
Os resultados de desempenho de pintos de corte na fase pré-inicial
oriundos de ovos embrionados inoculados com placebo ou butirato de
sódio (experimento II) estão apresentados na
Tabela 4.
Pode-se observar que não houve interação entre os tratamentos inóculos
e jejum para todas as variáveis estudadas. A suplementação in ovo
de butirato não influenciou o desempenho, resultado esse que não está
de acordo com os dados de RUNHO
et al. (1997), GARCIA
et al. (2000) e SILVA
et al.
(2009), os quais mostraram que o ácido orgânico administrado na ração
melhorou a conversão alimentar de frangos de corte na fase inicial. No
entanto, VALE
et al. (2004) verificaram piora no ganho de peso ma fase inicial de criação de frango de corte.
Da mesma forma que no experimento I, as condições ambientais
possivelmente proporcionaram baixo desafio sanitário para os pintos que
foram criados em baterias com baixa densidade de aves. Os ácidos
orgânicos são substâncias com potencial para modificar o pH do TGI das
aves, favorecendo a microbiota natural, e quando as aves são submetidas
às condições de desafio o fornecimento de ácidos orgânicos melhora o
desempenho destas (DIBNER & BUTTIN, 2002; RICKE, 2003).
O jejum prejudicou o ganho de peso e a conversão alimentar (p<0,05). No entanto, o balanço de nitrogênio (
Tabela 5)
foi influenciado positivamente (p<0,05) pelo jejum após a eclosão, o
que pode estar relacionado a um ganho compensatório na utilização de
nitrogênio dietético, não acompanhado de aumento na excreção de
nitrogênio endógeno, embora esse resultado não tenha sido observado no
Experimento I. Corroborando esses resultados, ROSTAGNO
et al.
(2004) explicaram que a digestão de determinadas moléculas é
potencializada quando se encontram em menor concentração na dieta.
O fato de o ácido orgânico ser um produto que age como um agente
antimicrobiano (JANSSENS & NOLLET, 2002) pode explicar os dados de
menor peso para os órgãos do TGI combinados com o maior comprimento do
intestino, encontrado, neste experimento, para pintos oriundos de ovos
inoculados com ácido butírico (
Tabela 6).
Esses resultados sugerem que houve uma diminuição da espessura da
mucosa intestinal decorrente de uma proteção do TGI, conferida pelo
acidificante. Segundo FURLAN
et al.
(2001), a menor relação entre peso e comprimento do intestino indica
uma menor espessura da mucosa intestinal, o que se deve, provavelmente,
à maior proteção ou às menores injúrias pelas quais os pintos foram
submetidos, pois, caso contrário, a mucosa tornar-se-ia mais espessa,
resultando em maior peso e aumento na demanda por nutrientes. No
entanto, os dados de digestibilidade dos nutrientes e os de conversão
alimentar não diferiram entre pintos que receberam o ácido butírico e o
controle.
Os resultados de desempenho com a aplicação do prebiótico ou ácido
orgânico, via ovo, em pintos submetidos ao jejum não diferiram dos
resultados dos pintos não suplementados com os aditivos que sofreram
semelhante jejum. Assim, a inoculação desses aditivos antes da eclosão
não acelerou o processo de estabelecimento da população bacteriana
estável e benéfica no TGI das aves e por falta de desafio experimental
não se pode concluir que esses aditivos excluíram ou limitaram a
colonização de patógenos.
CONCLUSÕES
A suplementação de prebióticos MOS® ou de butirato de sódio (Adimix TM
Butyrate-C, Invenutri-AD®) em embriões de frangos de corte não melhorou
o desempenho dos pintos ou a digestibilidade dos nutrientes da ração,
na fase pré-inicial. Esses aditivos inoculados em ovos embrionados não
aceleraram a maturidade do TGI de pintos submetidos ou não ao jejum
alimentar por 36 horas após a eclosão.
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Protocolado em: 19 nov. 2008. Aceito em: 17 jun. 2010.