RESUMO
Objetivou-se avaliar o rendimento de incubação, a capacidade de penetração de
Salmonella Enteritidis
através da casca do ovo e a sua habilidade de colonização do trato
gastrintestinal. Foram incubados 400 ovos embrionados de perus da
linhagem BUT, distribuídos em quatro tratamentos de 100 unidades
experimentais: CC e CCA (inoculação com placebo na casca e na câmara de
ar, respectivamente); IC e ICA (inoculação com 4,2 X 10
4 UFC/mL de
Salmonella Enteritidis
na casca e na câmara de ar, respectivamente). Os parâmetros de
incubação calculados foram: fertilidade, eclodibilidade total e de ovos
férteis, relação peso do peruzinho pelo peso do ovo. A presença de
Salmonella
foi pesquisada na casca, membrana, albume/gema e embrião de dois ovos
por tratamento com um, sete, 14, 21 e 28 dias. Após o nascimento, foi
determinada a frequência de recuperação do patógeno no mecônio de todas
as aves. As variáveis foram analisadas pelos testes de χ² e de Fischer.
Constatou-se que, durante todo o período de incubação, o agente
manteve-se viável em 87,5% e 100% das amostras de casca dos tratamentos
IC e ICA, respectivamente. Houve migração para o interior dos ovos em
33,33% das amostras analisadas no tratamento IC e em 95,45% das
amostras analisadas no tratamento ICA. Os parâmetros de incubação não
foram afetados quando o patógeno foi inoculado na casca. Constatou-se
também que a inoculação do placebo e
Salmonella Enteritidis
na câmara de ar determinou baixa eclodibilidade total e de ovos
férteis. Foi verificado que o tratamento controle da câmara de ar
reduziu a eclosão com aumento (P<0,05) na mortalidade embrionária
tardia em relação à inoculação do patógeno na casca. A colonização
intestinal pelo patógeno ocorreu em peruzinhos oriundos da inoculação
experimental na casca. Conclui-se que a análise da fertilidade,
eclodibilidade e relação peso do peruzinho pelo peso do ovo não
evidencia a presença de
Salmonella Enteritidis no incubatório. Entretanto, a contaminação do incubatório pode ser determinada pela pesquisa de
Salmonella Enteritidis
nos componentes do ovo e no mecônio. A metodologia de inoculação via
câmara de ar influenciou negativamente a eclodibilidade e a mortalidade
embrionária.
____________
PALAVRAS-CHAVE: inoculação experimental; isolamento bacteriano;
Meleagridis gallopavo; salmonelose.
ABSTRACT
EFFECTS OF Salmonella Enteritidis IN INCUBATION OF EMBRYONATED TURKEY EGGS
This study aimed to evaluate the incubation performance, the
Salmonella Enteritidis
capacity of penetration through the eggshell and the ability of
colonization of the gastrointestinal tract. Four hundred turkey eggs
were incubated and distributed into four treatments with 100
experimental units each: CC and CCA (inoculation with placebo in
eggshell and air chamber, respectively), IC and ICA (inoculation with
4.2 X 10
4 CFU/mL of
Salmonella Enteritidis
in eggshell and air chamber, respectively). The parameters of
incubation were fertility, total hatchability and hatchability of
fertile eggs, and relative chick weight to egg weight.
Salmonella
was investigated in shell, membrane, albumen/yolk and embryo of two
eggs per treatment at one, seven, 14, 21 and 28 days. After birth, the
frequency of recovery of the pathogen in meconium of all birds was
determined. The variables were analyzed by χ-square test (χ²) and
Fischer test. During the whole incubation period, the agent has
remained viable in 87.5% and 100% of eggshell samples in treatments IC
and ICA, respectively. There was migration into eggs in 33.33% and
95.45% of the samples in treatments IC and ICA, respectively. The
parameters of incubation were not affected when the pathogen was
inoculated in the eggshell. It was also observed that inoculation of
Salmonella Enteritidis
in air chamber determined low hatchability with higher early embryonic
mortality (P <0.05) than control treatment (CCA). Furthermore, air
chamber control treatment determined low hatchability (P <0.05) with
increase in late embryonic mortality (P<0.05) comparing to
inoculation in eggshell. The intestinal colonization by the pathogen
occurred in chicks from experimental inoculation in eggshell. It can be
concluded that the assessment of fertility, hatchability and ratio of
chick weight by egg weight does not show presence of
Salmonella Enteritidis in the hatchery. However, hatchery contamination may be determined by detection of
Salmonella Enteritidis in egg components and meconium. The method of inoculation via air chamber affected hatchability and embryo mortality.
____________
KEYWORDS: bacterial isolation; experimental inoculation;
Meleagridis gallopavo; salmonellosis.
INTRODUÇÃO
O ovo fertilizado contém a célula reprodutiva e todo o material
nutritivo e de proteção para o adequado desenvolvimento embrionário de
uma ave (RUIZ & FOLEGATTI, 1995).
O ovo representa um meio propício para o desenvolvimento de
microrganismos, sendo necessárias diversas barreiras intrínsecas de
defesa contra bioagentes. A cutícula é uma cobertura glicoproteica da
casca, transparente e delgada, que cobre por curto período a superfície
externa do ovo, selando 99% dos poros. A casca e suas membranas
constituem uma barreira física rígida que limita a penetração de
bactérias, enquanto o albume possui uma série de substâncias
antimicrobianas como a lisozima, coalbumina e avidina, que impedem a
multiplicação e o deslocamento bacteriano (MESSENS
et al., 2005).
Embora o ovo seja um excepcional invólucro natural, a contaminação
inata de ovos pode ocorrer como resultado da infecção do tecido
reprodutivo durante a formação do folículo da gema e/ou formação do
albume no oviduto, antes da formação da casca, resultando em
transmissão vertical. Os ovos contaminam-se também após a formação da
casca, durante a passagem pela cloaca ou pelo contato com as fezes na
cama, no material de ninho, mãos do tratador, água, bandejas, cama,
piso ou em qualquer local contaminado, inclusive incubatórios,
caracterizando-se a transmissão horizontal (HUMPREY, 1994; MIYAMOTO
et al., 1997; COX
et al., 2000).
Apesar do baixo percentual de ovos positivos para
Salmonella
após a postura, a via de transmissão vertical é particularmente
importante para o processo de amplificação da contaminação durante a
incubação (GAST, 2003). Um único ovo contaminado com
Salmonella na incubadora pode disseminar extensivamente a bactéria no ambiente (BAILEY
et al., 1998).
A penetração de
Salmonella na
casca do ovo e na membrana da casca pode resultar em transmissão direta
do agente para o embrião em desenvolvimento (GAST, 2003), causando
aumento de mortalidade embrionária precoce e de ovos bicados com
embriões vivos e mortos (BUT, 2005b). A transmissão horizontal também
pode ocorrer através de penugens e resíduos de nascimento que liberam
Salmonella
no ar que circula nos nascedouros, expondo peruzinhos durante a eclosão
(GAST, 2003). O reflexo dessa contaminação pode afetar a qualidade das
aves, causando doença clínica e mortalidade nos primeiros dias de vida
(BOLELI, 2003).
Inoculações experimentais de
Salmonella têm sido conduzidas em diversos estudos, envolvendo infecções em matrizes (MIYAMOTO
et al., 1997; GAST
et al., 2004), inoculação através da casca do ovo (PADRON, 1990; BARROS
et al., 2001, ANDRADE
et al., 2008) ou cavidade alantóide (BRAUN & FEHLHABER, 1995; ANDRADE
et al.,
2008). Essas experimentações promovem conhecimentos sobre a interação
do patógeno com o hospedeiro, melhorando a eficiência de estratégias de
controle, com impacto significativo na redução da frequência de
transmissão de doença em humanos (GAST, 2003).
Baseado nessa expositiva pretendeu-se avaliar a inoculação de
Salmonella Enteritidis
através da habilidade do patógeno de migrar para os componentes do ovo
e dos índices de incubação, da mortalidade embrionária e da infecção do
trato gastrintestinal ao nascimento.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento com ovos embrionados de perus foi conduzido no Setor de
Doenças de Aves, no Isolamento do Hospital Veterinário e no Laboratório
de Bacteriologia do Departamento de Medicina Veterinária da Escola de
Veterinária e Zootecnia (EVZ) da Universidade Federal de Goiás (UFG).
Foram utilizados 400 ovos férteis de perus da linhagem British United
Turkeys (BUT), obtidos de granja de matrizes em início de produção,
localizada na região Centro-Oeste do Brasil. Os ovos foram
transportados em condições ambientais ao Laboratório de Doenças de
Aves, onde foram pesados, identificados e distribuídos aleatoriamente
em quatro tratamentos constituídos de 100 ovos ou 100 unidades
experimentais.
Foi observada diferença (P<0,05) entre as vias de inoculação quando se utilizou o placebo (sem
Salmonella)
inoculado pela casca e pela câmara de ar. A utilização da câmera de ar
como via de inoculação determinou maior mortalidade do que ovos
inoculados na casca com placebo (CC) e inoculados na casca com
Salmonella Enteritidis
(IC). Foi verificada, ainda, redução da eclodibilidade
(P<0,05), tanto de ovos férteis quanto total, quando a inoculação
foi realizada pela casca e câmara de ar com
Salmonella Enteritidis (
Tabela 1), em relação aos placebos.
Com relação à mortalidade embrionária, não houve diferença (P>0,05)
entre os tratamentos quando a inoculação foi via casca. Quando
Salmonella Enteritidis
foi inoculada via câmara de ar, o efeito de perda de eclodibilidade foi
agravado e mais intenso do que quando a inoculação foi realizada pela
casca (
Figura 1), evidenciando o efeito protetor da casca do ovo sobre a contaminação.
Na comparação com os ovos que receberam o agente infeccioso na câmara
de ar, constatou-se diferença significativa (P<0,05) nas análises
bacteriológicas das membranas da casca, albume/gema em relação aos
inoculados na casca, mostrando que a bactéria migrou para os
componentes do ovo com mais facilidade quando a via de inoculação foi a
câmara de ar, reforçando o efeito protetor da casca (
Tabela 3). Todas as análises dos ovos inoculados na casca e câmara de ar do grupo placebo foram negativas para o patógeno.
Verifica-se na
Tabela 4 que
a relação peso do peruzinho pelo peso do ovo esteve entre 69,31% e
73,43%, porém não houve diferença (P>0,05) entre os tratamentos para
esta variável.
Os peruzinhos inoculados na casca com
Salmonella Enteritidis
apresentaram colonização intestinal positiva em 16,22% (6/57) de
peruzinhos eclodidos. Em relação aos ovos inoculados na câmara de ar, o
único peruzinho nascido apresentava colonização intestinal positiva.
Nos tratamentos controles (CC e CCA) não foram encontradas UFCs com
características morfológicas, bioquímicas ou sorológicas compatíveis
com
Salmonella Enteritidis (
Tabela 5).
DISCUSSÃO
No processo de incubação de ovos de perus, altos índices de fertilidade
são os objetivos principais da produção. A determinação da fertilidade
é uma tarefa importante para monitorar a performance da equipe de
inseminação artificial e determinar a mortalidade precoce (BUT, 2005a).
A fertilidade é ainda o parâmetro que reflete o desempenho de todas as
etapas do processo, desde a recria de matrizes, ao manejo de produção
de ovos, a nutrição, o padrão tecnológico dos incubatórios e diversos
procedimentos de biosseguridade (PERDIGÃO, 2008).
No presente ensaio, todos os tratamentos apresentaram altos índices de
fertilidade (entre 97% e 94%), adequados para o processo de inseminação
artificial na criação de perus. Estes resultados estão de acordo com
BUT (2008), que preconiza como meta de fertilidade 91,6% na primeira
semana de postura e 95,7% no pico de produção, que ocorre cinco semanas
depois do início do manejo de inseminação artificial.
As eclodibilidades total e de ovos férteis inoculados na casca foram
semelhantes entre os tratamentos (P>0,05), embora o agente
infeccioso estivesse presente durante todo o processo. Experimento
anterior também não indicou alterações nos índices de incubação em
matrizes de frangos de corte de linhagens de crescimento rápido e lento
inoculados com
Salmonella Enteritidis pela casca (ANDRADE
et al., 2008), ou seja, a casca é uma barreira importante para a interiorização da bactéria.
Com relação à eclodibilidade prevista para a linhagem, os parâmetros
encontrados foram inferiores à meta de 78,0% na primeira semana de
postura e de 87,4% na sexta semana. Esta diferença ocorre pela
dificuldade de controle minucioso de temperatura nas condições
experimentais assinaladas, considerado o fator mais importante para o
sucesso de incubação em estágio único (BUT, 2008).
De acordo com FRENCH (2005), durante a primeira semana de incubação a
temperatura deve ser alta (37,5ºC), mas a partir da segunda semana de
incubação, o embrião é mais sensível ao excesso de calor. No 14º dia, o
embrião começa a produzir calor que aumenta significativamente nas duas
últimas semanas, devendo-se reduzir o regime de temperatura para 37,0ºC.
A eclodibilidade foi afetada pela inoculação via câmara de ar, tanto
com placebo quanto com o patógeno. Esta técnica pode ser considerada
muito invasiva, uma vez que interferiu no desenvolvimento embrionário e
determinou alta mortalidade embrionária. Em experimento realizado por
ANDRADE
et al., (2008) com
ovos de galinha inoculados na cavidade alantóide com o mesmo patógeno,
os embriões foram capazes de se desenvolver e eclodir.
Com relação à determinação da mortalidade embrionária, utilizou-se a análise de ovos não eclodidos (embriodiagnóstico) (ERNST
et al.,
2004). Em bons lotes de incubação, há dois períodos mais importantes de
mortalidade embrionária: três a dez dias e 25 a 27 dias. Alta
mortalidade em outros estágios de desenvolvimento pode indicar um
problema agudo durante a incubação (BUT, 2005b).
Na inoculação via casca, não foram observadas diferenças de mortalidade embrionária entre os ovos desafiados ou não com
Salmonella Enteritidis.
Entretanto, na inoculação pela câmara de ar, o patógeno determinou
66,67% de mortalidade precoce (P<0,05), o que resultou em menores
taxas de eclodibilidade de ovos férteis (0,92%) e de ovos totais
(0,88%).
A partir desses dados, verificou-se que a câmara de ar demonstrou ser
um ambiente propício para o estabelecimento e multiplicação da
Salmonella Enteritidis. De acordo com LIONG
et al.
(1997), a ligação entre a membrana externa e interna da casca é tênue e
com falhas, permitindo a existência e reprodução de microrganismos
nestes espaços. Em relação à penetração bacteriana, as membranas agem
como um filtro; no entanto, a resistência das membranas pode ser
rapidamente quebrada quando um inóculo com alta concentração bacteriana
é usado e, especialmente, quando os ovos são mantidos a 37ºC
(NASCIMENTO & SALLES, 2003).
A constatação de que
Salmonella Enteritidis
pôde se multiplicar durante a formação do ovo passa a ser ainda mais
preocupante do ponto de vista epidemiológico a partir da confirmação da
presença do patógeno em amostras de sêmen de perus (DONOGHUE
et al.,
2004). O manejo preconizado em granjas de matrizes envolvendo a coleta
de sêmen em pools de vários machos (BUT, 2006) facilita a disseminação
da bactéria no plantel a partir desta fonte de infecção.
A bactéria inoculada tanto na casca quanto na câmara de ar permaneceu
viável durante todo o período de incubação, migrando para os
componentes internos do ovo. Entretanto, os mecanismos de defesa dos
ovos foram suplantados em número menor de amostras quando a via de
inoculação foi a casca, reforçando que a mesma funciona como barreira
física e que suas membranas podem atuar como barreira química,
impedindo a interiorização de agentes infecciosos (GANTOIS
et al.,
2009). Acrescenta-se ainda que a bactéria permaneceu na
superfície e invadiu as membranas da casca na maioria das amostras;
contudo, poucas amostras colonizaram o saco vitelino, o líquido
alantóide e, ainda, poucos embriões foram positivos para
Salmonella Enteritidis.
Vários fatores podem ter influenciado a penetração do patógeno para os
componentes do ovo. SONCINI & BITTENCOURT (2003) afirmaram que a
porosidade, a qualidade da cutícula, a espessura da casca e a presença
de rachadura e trincas são fatores que influenciam a penetração
bacteriana no ovo. MESSENS
et al.
(2005), em artigo de revisão, relataram que existem fatores extrínsecos
e intrínsecos que podem afetar a penetração da Salmonella na casca.
Dentre os extrínsecos, os autores destacaram a cepa e a concentração de
bactérias, a temperatura, a umidade e a presença de matéria orgânica;
em relação aos intrínsecos, a cutícula, as características da casca
(integridade, espessura, porosidade, defeitos) e propriedades das
membranas.
Em relação à migração de
Salmonella Enteritidis
inoculadas via câmara de ar, o patógeno migrou para os componentes do
ovo na maioria das amostras desde o início da incubação. Há
controvérsias a respeito da presença da bactéria no interior do ovo.
MULIARI & ZAVANELLA (1994) relataram que o albume não é um
substrato apropriado para o desenvolvimento da
Salmonella Enteritidis,
o que foi confirmado por OLIVEIRA & SILVA (2000). Quando a bactéria
penetra o ovo atingindo o albume, ela pode se multiplicar por curto
período de tempo e, de forma rápida, ser reduzida numericamente, pois
os componentes do albume e o pH são desfavoráveis ao seu
desenvolvimento (BOARD & TRANTER, 1986).
Entretanto, a bactéria esteve presente em 100% das amostras de casca,
membrana da casca e embrião, indicando que o máximo efeito bactericida
do albume é maior somente nos primeiros dias de incubação (SPARKS &
BOARD 1985). Uma segunda possibilidade é a de que a bactéria pode estar
em posição protegida depois de penetrar o ovo. A casca previne que
desinfetantes externos alcancem a
Salmonella nas membranas e estas protegeriam a bactéria de qualquer ação antibacteriana do albume (CASON
et al., 1993).
Outro importante indicador do processo de incubação é a avaliação da
relação peso do peruzinho pelo peso do ovo, determinando a qualidade
das aves entregues nas granjas. Tipicamente, o percentual de peso do
peruzinho/peso do ovo está entre 66 a 68%, mas pode ser inferior quando
o incubatório utiliza tempo de descanso antes da expedição (BUT, 2005c;
BUT, 2005 d). No presente estudo, a relação ovo/peruzinho esteve entre
69,31% e 73,43%, indicando que as aves foram retiradas precocemente das
incubadoras.
A alta relação peso do ovo pelo peso do peruzinho pode ser prejudicial
em granjas de crescimento, pois as aves estão menos ativas e mais
propensas ao tombamento – aves flip over, isto é, com as patas para
cima (BUT, 2005 d). Entretanto, no presente estudo, as aves passaram
por um período de descanso antes do alojamento e não foi observada a
ocorrência de peruzinhos flip over.
Verificou-se positividade de 16,22% e 100% dos mecônios quando
Salmonella Enteritidis foi inoculada via casca e via câmara de ar, respectivamente. A colonização intestinal positiva para
Salmonella Enteritidis
ao nascimento confirma a suscetibilidade de perus ao patógeno, o que
está de acordo com as observações de BERCHIERI JÚNIOR & FREITAS
NETO (2009).
Pelo percentual de positividade encontrado nos componentes do ovo e nos
mecônio analisados, pode-se afirmar que o patógeno se disseminou pelo
organismo e determinou alta colonização intestinal de peruzinhos que
eclodiram. Tais resultados estão de acordo com os estudos de DONOGHUE
et al. (2004), que isolaram o sorovar em lotes de perus comerciais.
CONCLUSÕES
A eclodibilidade e a mortalidade embrionária foram afetadas pelo método de inoculação e pela
Salmonella Enteritidis.
Salmonella Enteritidis esteve presente na casca durante o período de incubação e à eclosão migrou para o trato gastrintestinal dos peruzinhos.
AGRADECIMENTOS
Ao CNPq pelos recursos disponibilizados e ao Laboratório FIOCRUZ (RJ) pela sorotipagem da Salmonella.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, M.A.; MESQUITA, A.J.; STRINGHINI, J.H.; PEDROSO, A.A.;
LEANDRO, N.S.M.; CAFÉ, M.B.; MATTOS M.S. Infecção experimental de
embriões de frango de corte com Salmonella enterica sorovar Enteritidis fagotipo 4. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.60, n.5, p.1110-1117, 2008.
BARROS, M. R.; ANDREATTI FILHO, R. L.; LIMA, E. T.; SAMPAIO, H. M.; CROCCI, A. J. Sobrevivência de Salmonella Enteritidis em ovos contaminados artificialmente, após desinfecção e armazenados em diferentes temperaturas. Revista Brasileira de Ciência Avícola, v. 3, n. 3., p.219-223, 2001.
BAYLE, J. S.; CASON, J. A.; COX, N. A. Effect of Salmonella in young chicks on competitive treatment. Poultry Science, v. 77, n.3, p.394-399, 1998.
BERCHIERI JUNIOR, A.; FREITAS NETO, O.C. Salmoneloses aviárias. In:
BERCHIERI JUNIOR, A.; SILVA, E.N.; Di FABIO, J.,SESTI,L, ZUANAZE,
M.A.F. Doenças das aves. 2 ed. Campinas: FACTA, 2009. p. 435-454
BOARD, R. G, TRANTER, H.S. The microbiology of eggs. In: STADELMAN, W. J. COTTERILL, O.J. (ed.). 3. ed. Egg Science and Technology. Edinburg: Oliver and Boyd. 1986. p.75-96.
BOLELI, I.C. Estresse, mortalidade e malformações embrionárias. In: MACARI. M.; GONZALES, E. Manejo da Incubação, Campinas:FACTA, 2003. p.394-434.
BRADSHAW, J. G., SHAH, D. B., FORNEY, E., MADDEN, J. H. Growth of Salmonella Enteritidis in shell eggs from normal and seropositive hens. Journal of Food Protection, v.53, n.12.,p 651-69, 1990.
BRASIL. Ministério da Agricultura e do Abastecimento. Secretaria
Nacional da Defesa Agropecuária. Departamento Nacional de Defesa
Animal. Coordenação Geral de Laboratório Animal. Métodos de Análises Microbiológicas para Alimentos, Brasília: MAPA, 2003. 226p.
BRAUN, P.; FEHLHABER, K. Migration of Salmonella Enteritidis from the albumen into the yolk. International Journal of Food Microbiology, v. 25, n.1, p.95-99, 1995.
BRITISH UNITED TURKEYS. Artificial Insemination for female. Technical Advice Sheet,
Inglaterra, 2006, p.1-6.
http://pt.aviagen.com/assets/Tech_Center/Turkeys_technical_advice/breeder_mgt/ATL_Artificial_Insemi_
0037.pdf. Acesso em agosto de 2008.
BRITISH UNITED TURKEYS. Breeder Performance Goals for Big9 Parent Female. Aviagen Turkeys,
Inglaterra, 2008, p.1-5.
http://pt.aviagen.com/assets/Tech_Center/Turkeys_breeders/ATL/Perf_goals/ATL_
Big9_Breeder_Goals.pdf. Acesso em agosto de 2008.
BRITISH UNITED TURKEYS. Fertility Testing. Technical Advice Sheet,
2005a, p1-5
http://pt.aviagen.com/assets/Tech_Center/Turkeys_technical_advice/hatchery/ATL_Fertility_Testing.pdf.
Acesso em agosto de 2008.
BRITISH UNITED TURKEYS. Hatch Breakout Analysis. Technical Advice Sheet,
Inglaterra, 2005b, p.1-5.
http://pt.aviagen.com/assets/Tech_Center/Turkeys_technical_advice/hatchery/ATL_Hatch_Breakout.pdf
Acesso em agosto de 2008.
BRITISH UNITED TURKEYS. Measuring Egg Water Loss. Technical Advice Sheet,
Inglaterra, 2005c, p.1-3.
http://pt.aviagen.com/assets/Tech_Center/Turkeys_technical_advice/hatchery/ATL_Egg_Water_Loss.pdf
Acesso em agosto de 2008.
BRITISH UNITED TURKEYS. Measuring Poult Yield. Technical Advice Sheet,
Inglaterra, 2005d, p.1-3.
http://pt.aviagen.com/assets/Tech_Center/Turkeys_technical_advice/hatchery/ATL_Poult_Yield.pdf.
Acesso em agosto de 2008.
CASON, J. A.; BAILEY, J.S.; COX, N. A. Location of Salmonella typhimurium during incubation and hatching of inoculated eggs. Poultry Science, v. 72, n. 11, p.2064-2068, 1993.
COX , N. A.; BERRANGE, M. E.; CASON, J. A. Salmonella penetration of
eggs shells and proliferation in broiler hatching eggs. Poultry
Science, v. 79, n.11, p. 1571-1574, 2000.
DONOGHUE, A. M.; BLORE, P. J.; COLE, K.; LOSKUTOFF, N. M.; DONOGHUE, D.J. Detection of Campylobacter or Salmonella in turkey semen and the ability of poultry semen extenders to reduce their concentrations. Poultry Science, v. 83, n.10, p. 1728-1733, 2004.
ERNST, R.A.; BRADLEY, F. A.; ABBOTT, U. K. CRAG, R. M. Egg candling and breakout analysis. ANR University of California, Estados Unidos, Publication 8134, p. 1-9, 2004.
FERNÁNDEZ, A.; LARA, C.; LOSTE, A.;CALVO, S.;MARCA,M.C. Control of Salmonella Enteritidis phage type 4 experimental infection by fosfomycin in newly hatched chicks. Comparative Immunology, Microbiology and Infectious Disease, v.24, n.4, p.207-216, 2001.
FRENCH, N. The egg takes control- the future of the turkey incubation? Technical Article - British United Turkey, Inglaterra, 2005, p.1-5.
GANTOIS, I.; DUCATELLE R.; PASMANS, F.; HAESEBROUCK, F.; GAST, R.;
HUMPHREY, T. J.; VAN IMMERSEEL, F. Mechanisms of egg contamination by Salmonella Enteritidis. Federation of European Microbiological Societies (FEMS) Microbiology Reviews, v. 33, n.4, p.718- 738, 2009. disponível em http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1574-6976.2008.00161.x/full
GAST, R. K. Paratyphoid infection. In: CALNEK, B. W. Diseases of Poultry, 11.ed. Ames: Iowa University Press, 2003. p. 97-121.
GAST, R. K.; GUARD-BOULDIN, J.; HOLT, P. S. Colonization of
reproductive organs and internal contamination of eggs after
experimental infection of laying hens with Salmonella heidelberg and Salmonella Enteritidis. Avian Diseases, v. 48, n.4, p.863-869, 2004.
GEORGIA POULTRY LABORATORY. Monitoring and detection of Salmonella in poultry and poultry environments. Oakwood: Georgia Poultry Laboratory, 1997.293p. [Workshop]. GEORGIA POULTRY LABORATORY, 1997
HUMPREY, T. J. Contamination of eggshell and contents with Salmonella Enteritidis: a review. International Journal of Food Microbiology, v. 21, n.1, p. 31-40,1994.
LIONG, J. W. W.; FRANK, J. F.; BAILEY, S. Visualization of eggshell membranes and their interaction with Salmonella Enteritidis using confocal scanning laser microscopy. Journal of Food Protection, v. 60, n. 9, p. 1022-1028, 1997.
MESSENS, W.; GRIJSPEERDT, K.; HERMAN,L. Eggshell penetration by Salmonella: a review. World’s Poultry Science Journal, v.61,n.1, p.71-85, 2005
MIYAMOTO, T.; BABA, E.; TAKANA, T.; SASAI, K.; FUKATA, T.; ARAKAWA, A. Salmonella Enteritidis contamination of eggs from hens inoculated by vaginal, cloacal, and intravenous routes. Avian Diseases, v.41, n. 1, p.296-303, 1997.
MULIARI, R.; ZAVANELLA, M. Influence of temperature on Salmonella Enteritidis growth in hens’ eggs components. Veterinary Record, v.134, n.28, p. 583, 1994.
NASCIMENTO, V. P., SALLE, C. P. O ovo. In: MACARI, M., GONZALES, E. (Ed). Manejo da incubação. , Campinas: FACTA, 2003. p. 34-50.
OLIVEIRA, D.; SILVA, E. N. Salmonela em ovos comerciais: ocorrência, condições de armazenamento e desinfecção da casca. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v.52, n.6, p.655-661, 2000.
PADRON, M. N. Salmonella typhimurium penetration through the eggshell of hatching eggs. Avian Diseases, v. 34, n. 2, p. 463-465, 1990.
PERDIGÃO. Importância da qualidade dos ovos na eclosão. Serviço Rural Perdigão, Brasil, ano XXII, n.106, p. 10, 2008.
RUIZ, R. L.; FOLEGATTI, I. S. Microbiologia do ovo. In: RUIZ, R. L. Microbiologia zootécnica, 1.ed. São Paulo: Roca, 1995. p. 251-272.
SAMPAIO, I. B. M. Estatística Aplicada à Experimentação Animal. Belo Horizonte: Fundação de ensino e Pesquisa em Medicina Veterinária e Zootecnia, 2002. 221p.
SONCINI, R. A., BITTENCOURT, F. L. Contaminação dos ovos após a postura. In: MACARI, M., GONZALES, E. (Ed). Manejo da incubação, Campinas: FACTA 2003. p.433-453.
SPARKS, N. H.; BOARD, R. G. Bacterial penetration of the recently oviposited shell of hen’s eggs. Australian Veterinary Journal, v. 62, p. 169-170, 1985.
Protocolado em: 29 out. 2008. Aceito em: 13 abr. 2011.