DOI: 10.5216/cab.v13i3.4815
EFEITO DE DIFERENTES DOSES DE CLOPROSTENOL SÓDICO NO PERÍODO PÓS-PARTO DE
VACAS DE CORTE
Carlos Antônio
de Carvalho Fernandes1, Regis Jose de Carvalho2, Eduardo
Ramos de Oliveira3, João Henrique Moreira Viana4, Miller
Pereira Palhão1, Marilu Martins Gioso1
1Professores Doutores da
Universidade José do Rosário Vellano, Alfenas, MG, Brasil -
cacf@biotran.com.br.
2 Mestrando Reprodução animal -
Universidade José do Rosário Vellano, Alfenas, MG, Brasil
3 Biotran – Biotecnologia e
Treinamento em Reprodução Animal, Alfenas, MG, Brasil.
4 Pesquisador Doutor da EMBRAPA -
Centro Nacional de Pesquisa de Gado de Leite, Juiz de Fora, MG, Brasil.
RESUMO
O restabelecimento da atividade reprodutiva
pós-parto é dependente de dois processos fisiológicos, a involução uterina e o
restabelecimento da atividade luteal cíclica. Problemas ou atrasos na involução
uterina podem afetar diretamente a atividade ovariana pós-parto. As
prostaglandinas F2a (PGF2a)
exercem uma importante função no
processo de involução uterina. Entretanto, a utilização dos análogos
sintéticos da PGF2a para estimular involução uterina em
bovinos tem sido pequena. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito de duas
doses de uma mistura racêmica de cloprostenol (D+L-Cloprostenol), aplicadas no
pós-parto imediato, sobre o desempenho reprodutivo de vacas mestiças de corte.
Vacas de corte com parto normal foram divididas aleatoriamente em três grupos:
G1(n=144), grupo controle; G2 (n=145), 0.530mg de D+L-Cloprostenol, aplicados
IM de três a cinco dias após o parto, e G3 (n=145), 1.060 mg de
D+L-Cloprostenol, no mesmo protocolo de G2. Foram analisados os serviços por
concepção (c2),
dias do parto à primeira inseminação e período de serviço. Não foram observadas
diferenças no número de serviços por concepção nos três grupos (P>0.05). A
média de dias do parto à primeira inseminação foi de 88,77 + 23,64ª;
77,59 + 26,95b e 76,22 + 26,28b, e o
intervalo parto-concepção foi de 97.34±26.54ª;
86,38 + 28,81b; 85,23 + 30,12b, para os
grupos 1, 2 e 3, respectivamente (P<0.05). O tratamento, independente da
dose de cloprostenol, antecipou o reinicio da atividade reprodutiva em mais de
10 dias. A aplicação de cloprostenol sódico no pós-parto pode melhorar a
eficiência reprodutiva de vacas de corte. Não existem diferenças entre as duas
doses comparadas.
PALAVRAS-CHAVE: bovino; involução uterina; prostaglandinas.
EFFECT OF DIFFERENT DOSES OF SODIC
CLOPROSTENOL AT POST-PARTUM PERIOD OF BEEF COWS
ABSTRACT
Reestablishment of
reproductive activity after parturition is dependent on two physiological
processes, uterine involution and reestablishment of the ovarian luteal cyclic
activity. Impaired or delayed uterine involution can affect ovarian activity.
Prostaglandin F2a (PGF2a) has an important function in uterine involution. The use of PGF2a
synthetic analogous in bovine postpartum, however, has been limited. The aim of
this study was to compare the effect of two different doses of a racemic
cloprostenol mixture (D+L-Cloprostenol) given in the postpartum period, on reproductive
performance of crossbred beef cows. Beef cows with normal parturition were
randomly distributed into three groups: G1(n=144), Control Group; G2 (n=145),
0.530mg of D+L-Cloprostenol, given IM at three to five days after parturition,
and the G3 (n=145), 1.060 mg of D-Cloprostenol, in the same schedule of group
2. The following parameters evaluated were: services per conception (c2), days from parturition to first estrus, and open days (Tukey test).
There was no difference in body score condition among groups at parturition or
during postpartum period (P>0.05). There was also no difference in the
number of services per conception. The average number of days from parturition
to first estrus was 88.77 + 23.64ª; 77.59 + 26.95b and
76.22 + 26.28b, and the average number of open days open was
97.34±26.54ª, 86.38±28.81b and 85.23±30.12b
for groups 1, 2 and 3, respectively (P<0.05). Regardless cloprostenol doses, the treatments anticipated the
beginning of reproductive activity in more than 10 days. The treatment with sodic cloprostenol in the post-partum period of zebu
beef cows is an alternative to reduce anestrous postpartum and open days.
KEYWORDS: bovine; prostaglandins; uterine involution.
INTRODUÇÃO
O período que vai do parto ao
reinício da atividade reprodutiva depende, basicamente, de dois processos
fisiológicos, relacionando-se com o período de involução uterina e também com o
tempo necessário para o reinicio da atividade ovariana cíclica, sendo esse
período definido como puerpério (FERREIRA et al., 1999). Para a vaca, puerpério
tem sido definido como o período que vai do parto até o aparecimento do
primeiro estro, no qual nova gestação pode ser estabelecida, o que implica
completa involução uterina e retorno da atividade endócrina, com plena
reativação e sincronia do eixo hipotálamo-hipófise-ovário, permitindo
crescimento folicular, estro, ovulação, concepção, desenvolvimento do corpo
lúteo e gestação (MARQUES JÚNIOR, 1993).
Não existe sincronia entre o
inicio da atividade ovariana, que se reinicia e pode estar completa em torno de
duas a três semanas após o parto, e a involução uterina, que parece estar
completa em torno de 45 dias (MARQUES JÚNIOR, 1993). Alguns autores, porém,
relatam que, para o retorno à atividade reprodutiva, é importante uma involução
uterina rápida. Segundo SHELDON et al. (2000), existe uma grande correlação
entre a involução uterina e o retorno à atividade ovariana pós-parto. Esses
autores afirmam que o retardo na involução uterina pode atrasar a presença de
atividade funcional nos ovários, retardando o início do primeiro cio pós-parto.
Segundo MARQUES JÚNIOR
(1993), o período puerperal é dos mais importantes no contexto do manejo, por
representar o período de maior vulnerabilidade do animal a problemas que afetam
a fertilidade futura e a eficiência reprodutiva. A vaca tem um tipo de
involução do útero bastante
complexa, em parte, devido ao tipo de placenta presente nessa espécie. Após a
parição, os cotilédones fetais se separam das carúnculas maternas. As
carúnculas e o restante da parede uterina sofrem um processo semelhante a um
processo inflamatório. A massa uterina, logo após o parto normal, pesa
aproximadamente 10 kg,
caindo para 0,7-0,8 kg
até a sexta semana após o parto,
quando ocorre uma involução total. Assim, no período logo após o parto,
observa-se uma mudança na massa do tecido uterino de mais de 10 vezes o seu
tamanho (KASK et al., 1999).
O processo de involução
envolve modificações na camada interna de revestimento e também a atividade
contrátil do miométrio, para expulsão do conteúdo remanescente pós-parto e
também redução do tamanho do útero. A involução uterina pode ser comparada a um
processo de reação inflamatória (SHELDON et al., 2000). CHAGAS et al. (1998), num trabalho de
avaliação histológica do útero de vacas no pós-parto, observaram que aquelas
que apresentaram achados mais evidentes de processo inflamatório tiveram
involução mais rápida.
Como nos casos de inflamação,
na involução uterina, as prostaglandinas exercem importante função (BENCHARIF
et al., 2000). Além de acelerar o processo de involução, a prostaglandina F2a
(PGF2a)
estimula a atividade da camada muscular uterina (miométrio) após o parto. Essa
substância é normalmente produzida pelo útero sendo responsável pela correta
involução uterina pós-parto, em tempo normal. TANIKAWA et al. (2005) indicam
que as prostaglandinas, além de importante papel no pós-parto imediato, atuam
também após a completa involução uterina, participando de vários eventos
fisiológicos.
Os análogos sintéticos da
PGF2a
têm sido amplamente utilizados para controlar a atividade funcional do corpo
lúteo, porém sua aplicação no pós-parto em bovinos tem sido pouco empregada em
nosso país (FERNANDES & FIGUEIREDO, 2007), embora seja rotina em outros
(BENCHARIF et al., 2000). ALBUQUERQUE
et al. (1997) citam efeito benéfico na involução uterina de vacas
tratadas com o mesmo análogo sintético. Esses autores mostram resultados na
melhoria do desempenho reprodutivo quando o cloprostenol foi aplicado entre 12
e 18 dias após o parto.
Fernandes (1999), num trabalho com animais com retenção de
placenta, constatou efeitos benéficos da aplicação do cloprostenol sódico. As
vacas tratadas exibiram involução uterina mais rápida e também um menor
intervalo parto-primeiro estro, em relação àquelas apresentando a mesma
condição, porém não tratadas com este fármaco. ZAIEM et al. (1997) mostraram
que vacas que receberam uma aplicação de análogo sintético da prostaglandina no
pós-parto apresentaram involução uterina mais rápida que animais do grupo
controle.
A partir dos trabalhos inicialmente
publicados por FERNANDES et al. (2002ab), a utilização do cloprostenol sódico
no pós-parto de vacas leiteiras se tornou uma realidade. Esses trabalhos
mostraram que, além de acelerar a involução uterina, reduziram-se a incidência
de infecções, o número de serviços por concepção e o período de serviços.
Vários outros trabalhos, em diferentes sistemas de manejo, corroboraram
posteriormente esses achados (FIGUEIREDO et al., 2000; ZANCHET, 2005).
A utilização de análogos de
prostaglandina no pós-parto de gado de corte também se mostrou ser um protocolo
muito eficiente em duas aplicações (Fernandes
et al. 2005). Além de simples, apresenta uma ótima relação custo-benefício. Esse
tipo de protocolo, no entanto, tem encontrado resistência para utilização em gado
de corte, pelas dificuldades de manejo referentes a duas aplicações. Uma
alternativa para tornar viável a utilização desse protocolo num esquema de
manejo normalmente existente em gado de corte seria a utilização de doses
maiores numa única aplicação.
O objetivo deste trabalho foi
avaliar a aplicação de duas doses de cloprostenol sódico (análogo da
prostaglandinaF2α) no pós-parto imediato
sobre o desempenho reprodutivo de vacas de corte.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido num
período de seis meses nas dependências de uma fazenda de gado de corte,
localizada no sudoeste do Estado de Minas Gerais. Essa propriedade possuía
apenas inseminação artificial como forma de cobertura das vacas. O rebanho
utilizado era composto basicamente por animais mestiços da raça Nelore com
raças europeias. A propriedade adota o sistema de estação de monta de 90 dias
para a inseminação das fêmeas. Existem três núcleos (rebanhos, funcionários e
infra-estrutura) que funcionam como propriedades distintas, nos quais a mão-de-obra
e manejo dos animais são independentes.
Para se evitar influencia de
outras variáveis, como manejo, aspectos climáticos e nutricionais, o
experimento foi conduzido, em cada um dos núcleos, avaliando-se os diferentes
grupos de tratamento simultaneamente.
Foram utilizadas 461 vacas de
corte, apresentando parto normal (sem qualquer intervenção ou registro de
problemas). Após o parto, os animais foram divididos aleatoriamente em três
grupos de tratamento conforme descrito na Tabela 1.
Um funcionário da
propriedade, em cada um dos núcleos, foi treinado para anotações (tipo de
tratamento, data do parto, escore corporal e outros), procedimentos adicionais
e aplicação dos produtos. Além de receber uma planilha para anotações, com os
tratamentos pré-determinados, nos quais as fêmeas foram distribuídas após o
parto. Um grupo de vacas foi utilizado como controle, ou seja, não tratados, e
as variáveis foram comparadas com os outros grupos. As fêmeas do grupo controle
foram tratadas com salina.
Foi avaliado o escore de
condição corporal, em uma escala de 1
a 5, conforme citado por FERNANDES et al. (2002a), no
momento da aplicação e entre 30 e 45 dias após o parto. A comparação da média
dessas variáveis foi utilizada para se definir o padrão de homogeneidade
referente aos aspectos nutricionais entre os grupos.
Para os tratamentos, todos
via intramuscular na região do glúteo, foram utilizadas seringas de 3mL e
agulhas 40x8, ambas descartáveis. Durante o período experimental, a propriedade
foi visitada regularmente, em intervalos mensais, para realização de exames
ginecológicos e coleta de dados.
Em relação ao desempenho
reprodutivo, foram avaliadas e comparadas as seguintes variáveis: intervalo parto-primeira
IA, número de serviços/concepção e período de serviços. Esses dados foram
submetidos à análise de variância (Anova) e, quando houve diferença, as médias foram
comparadas pelo teste de Tukey. O escore de condição corporal (ECC) logo após o
parto e 30-45 dias pós-parto foi avaliado pela prova não paramétrica de
Wilcoxon. Para as análises estatísticas foi utilizado o programa SAEG.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O escore de condição corporal
médio dos animais não diferiu entre os núcleos avaliados nem nos diferentes
tratamentos (P>0,05), considerando um mesmo período de análise (pré ou
pós-parto). Foram observadas diferenças de escore de condição corporal (ECC)
entre os dois períodos avaliados. A média de ECC das fêmeas na avaliação feita
entre 30 e 45 dias pós-parto foi inferior à media dessa variável na avaliação
pré-parto (P<0,05). Essa é uma situação comum, mesmo em vacas de corte, que,
embora não tenham grande produção leiteira, passam por um período de balanço
energético negativo após o parto, que leva ao consumo das reservas corporais,
influenciando no ECC (DISKIN et al., 2003).
Não houve diferenças entre a
ocorrência de problemas pós-parto nos diferentes núcleos ou grupos de
tratamento. Em todos os rebanhos e tratamentos a ocorrência de problemas foi
baixa (4,32%). FERNANDES et al. (2002b) relatam uma menor incidência de
infecção uterina em vacas leiteiras tratadas com cloprostenol sódico em relação
a animais não tratados. Essa diferença provavelmente ocorreu pela maior
incidência desse tipo de patologia em gado leiteiro. Segundo a literatura,
existe maior ocorrência significativa em gado leiteiro: 32,3% (MILLER &
DORN, 1990), 25,3% (LOEFFLER et al., 1999), 18,8% (FERNANDES et al., 2000).
Não foram encontradas
diferenças (P>0,05) entre o desempenho reprodutivo (nenhuma das variáveis
analisadas) entre todos os animais nos diferentes núcleos nem entre um mesmo
grupo de tratamento entre os núcleos de produção avaliados (Tabelas 2, 3 e 4). Diante dessa situação,
a análise dos tratamentos foi feita em conjunto com os animais desses três
locais.
O efeito dos diferentes
tratamentos foi semelhante nos três núcleos. A diferença de desempenho dos
animais tratados em relação ao controle mostra a repetibilidade dos tratamentos.
FERNANDES et al. (2005), trabalhando também com rebanhos de corte, relataram
resultados semelhantes, confirmando que a utilização do cloprostenol no
pós-parto imediato pode melhorar a eficiência reprodutiva.
Em gado leiteiro, segundo
FERNANDES et al. (2002ab), os efeitos na melhoria da performance reprodutiva
dos animais tratados foram maiores dos que os apresentados neste trabalho. Isso
provavelmente pode ter ocorrido pelas diferenças de manejo e genética entre os
rebanhos de corte e leite. No caso do gado de corte, a presença de bezerro
junto das vacas (ao pé da vaca), durante todo o período pós-parto, pode
influenciar o retorno à atividade ovariana (BUTLER, 2005). Outros trabalhos com
gado de corte (FERNANDES et al., 2005) mostraram efeitos muito semelhantes aos
encontrados no presente estudo (Tabela 2).
Segundo SHELDON et al. (2000),
existe correlação positiva entre a involução uterina e o retorno à atividade
ovariana pós-parto. Esses autores afirmam que o retardo na involução uterina
pode atrasar a presença de atividade funcional nos ovários, retardando o início
do primeiro cio pós-parto. Embora não se tenha avaliado o grau de involução
uterina no trabalho em questão, o mecanismo descrito acima provavelmente
ocorreu, pois os animais tratados com cloprostenol sódico tiveram involução
uterina acelerada, possibilitando retorno mais rápido à atividade reprodutiva
pós-parto. Esses achados corroboram os resultados de ALBUQUERQUE et al. (1997)
que, embora trabalhando com aplicação do mesmo análogo sintético em outro
período pós-parto (
12 a
18 dias), relataram resultados semelhantes, ou seja, involução uterina mais
rápida naqueles animais que receberam o tratamento. HENDRICKS et al. (2005),
utilizando análogos da PGF2
a num período pós-parto mais avançado, não conseguiram
benefícios em relação à eficiência reprodutiva. Nesse mesmo período, três a
cinco semanas
após o parto, HIRSBRUNNER
et al. (2006), utilizando apenas uma dose de PGF2
a, também não viram efeitos
benéficos em vacas leiteiras. É difícil comparar resultados de diferentes
trabalhos realizados com animais e em condições distintas, visto a gama de
variáveis relacionadas.
Segundo MARQUES JÚNIOR (1993),
a prostaglandina2
a
é uma das substâncias mais importantes na involução uterina da vaca. Os
análogos sintéticos, no caso o cloprostenol, podem atuar de forma semelhante,
de forma benéfica, nesse processo. Situação semelhante foi por FERNANDES et al.
(2001) para vacas com retenção de placenta que apresentaram retardo na
involução uterina e no retorno à atividade ovariana pós-parto.
Não foram observadas
diferenças em relação ao número de serviços por concepção nos diferentes grupos
e rebanhos avaliados (
Tabela 3).
Também num estudo utilizando
cloprostenol no pós-parto em gado de corte, FERNANDES et al. (2005) não
encontraram diferenças entre os grupos tratados e controle em ralação ao número
de serviços por concepção. Em gado leiteiro, porém, FERNANDES et al. (2002b)
mostraram que essa variável foi menor nas vacas do grupo tratado com duas doses
de cloprostenol. Essa diferença provavelmente pode ter ocorrido porque os
animais neste trabalho apresentaram menor ocorrência de infecção uterina. As
infecções uterinas podem deixar, por algum tempo, sequelas no endométrio que
prejudicam a fertilidade (SHELDON et al., 2000).
Em decorrência do menor
intervalo parto-primeiro cio, como não houve diferenças no número de serviços
por concepção, os animais tratados apresentaram menor período de serviços
(p<0,05 –
Tabela 4).
O tratamento com
cloprostenol, independente da dose, foi eficiente em acelerar o retorno à
atividade reprodutiva pós-parto e também o intervalo do parto à concepção,
denominado período de serviços. Os resultados (
Tabela 4) mostram que, em média,
os animais que receberam a dose de 0,530mg de cloprostenol ficaram gestantes 11
dias mais cedo que o grupo controle. Aqueles que receberam 1,060mg do mesmo
produto ficaram gestantes cerca de 12,1 dias mais cedo; logo, não houve
diferença (p>0.05) entre as doses utilizadas. Considerando um período de
gestação médio de 290 dias em fêmeas zebuínas, para a produção de um
bezerro/ano, o intervalo entre o parto e a próxima concepção deve ser no máximo
de 75 dias (FERREIRA et al., 1999); portanto, a antecipação de 10 dias obtida
no presente trabalho é uma ferramenta valiosa para aumentar a eficiência
reprodutiva de gado de corte.
Segundo FERNANDES et al.
(2002ab), animais que receberam dose maior de cloprostenol (1,060mg), porém
divididas em duas aplicações (0,530 + 0,530mg), apresentaram desempenho
reprodutivo superior a uma única aplicação de 0,530mg. Esse efeito
provavelmente não foi observado no trabalho em questão, pois, como o
cloprostenol possui meia-vida curta, a maior dose (1,060mg), numa única
aplicação, pode ter saturado os receptores existentes e parte dela ter sido
metabolizada sem promover qualquer efeito. Isso, porém é uma suposição que deve
ser avaliada em trabalhos posteriores.
CONCLUSÕES
A aplicação de cloprostenol
sódico nas duas doses utilizadas, no pós-parto imediato de vacas de corte,
acelera o retorno à atividade reprodutiva e o período de serviços. Não há
diferença no desempenho reprodutivo dos animais que receberam as diferentes
doses de cloprostenol testadas, 0,530 ou 1,060mg. Pelo menor custo, recomenda-se
a dose de 0,530mg.
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