FISICO-QUÍMICAS DA CAMA E NA PREVALENCIA DE Salmonella sp. EM SUÍNOS DURANTE A TERMINAÇÃO
RESUMO
Este trabalho avaliou dois lotes consecutivos de suínos criados
em piso de concreto e sobre cama com duas diferentes profundidades.
Avaliaram-se os parâmetros ambientais da
edificação, físico-químicos da cama,
além da presença de Salmonella sp. nos sistemas de piso e
nos animais no momento do abate. Os tratamentos foram
constituídos de duas profundidades diferentes de cama de casca
de arroz, 0,5 m (T1) e 0,25 m (T2), e um sistema com piso compacto de
concreto (T3). Utilizaram-se trinta animais, sendo quinze animais por
repetição. Registrou-se a temperatura na
superfície dos pisos e centro das baias nos três
tratamentos, à meia profundidade no centro das baias para T1 e
T2. Mensuraram-se a temperatura ambiente e a umidade relativa do ar no
interior das baias. Foram determinados pH, teor de matéria seca,
carbono e nitrogênio das camas. A análise de
Salmonella
spp. foi feita em: fezes, sangue, cama, swab do piso e animais no
momento do abate. A utilização de piso com cama para
suínos nas fases de crescimento-terminação,
independente da altura, é viável, pois não
influenciou os parâmetros de conforto térmico e a
prevalência de salmonela, além de permitir a
transformação dos dejetos em material estabilizado para
uso agrícola.
PALAVRAS-CHAVES: Conforto térmico, meio ambiente, segurança alimentar, sistema de produção.
ABSTRACT
INFLUENCE OF DIFFERENT DEPTHS ON
BEDDING PHYSICOCHEMICAL CHARACTERISITICS AND ON Salmonella sp.
PREVALENCE IN PIGS DURING THE FINISHING PHASE.
The main objective of this study was to evaluate two consecutive lots
of swine production in floor of concrete and on bedding with two
different depths. Environment parameters of the building had been
evaluated, physical and chemistry of the bed, beyond the presence of
Salmonella spp. in the systems of floor and the animals in the moment
of slaughter. The treatments had been constituted of two different
depths of bed of rind of rice, 0.5 m (T1) and 0.25 m (T2), and a system
with compact floor of concrete (T3). Thirty animals had been used,
being 15 animals for repetition. Was registered temperature in the
surface of the floors and middle of the pens in the three treatments,
to the half depth in the middle of the pens for T1 and T2. Was
registered the ambient temperature and the relative humidity of air in
the building. pH, dry matter, carbon and nitrogen Was determined in the
beds.
Salmonella spp. was
analysed in: feces, blood, bed, swab of the floor and animals at the
moment of slaughter. The use of bedding for swine in growth and
finishing independent of the its height, is viable, because it did not
influence the parameters of thermal comfort and the prevalency of
Salmonella spp., beyond allowing the transformation of the waste in
material stabilized for agricultural use.
KEY WORDS: Alimentary security, environment, system of production, thermal comfort.
INTRODUÇÃO
Modelos alternativos para a criação de suínos,
como o sistema de produção sobre cama (SPC), têm
despertado o interesse do setor produtivo, principalmente por
apresentarem, quando comparados aos sistemas convencionais,
edificações de menor custo, melhora do bem-estar dos
animais e menor impacto ao meio ambiente (HONEYMAN & HARMON, 2003).
O SPC tem como princípio a substituição do piso
convencional (concreto, ferro ou plástico) por uma cama de
aproximadamente 0,5 m de profundidade, constituída por material
rico em carbono (OLIVEIRA et al., 1999; CORRÊA et al., 2000;
GENTRY et al., 2002). Esta camada desempenha uma dupla
função: a de biodigestor dos dejetos e de piso. Desse
modo, os dejetos são armazenados e estabilizados dentro da
própria edificação suinícola (CAMPBELL et
al., 2003).
Entretanto, ao manter os dejetos no interior da
edificação, o SPC não permite a limpeza das baias,
nem mesmo durante o intervalo entre dois lotes consecutivos,
inviabilizando o vazio sanitário. Assim, o SPC pode favorecer a
disseminação de patógenos, visto que os animais
são expostos a uma maior carga microbiana, quando comparado aos
modelos convencionais de produção de suínos
(CORRÊA et al., 2000).
Dentre os patógenos que causam doenças transmitidas por alimentos de origem animal,
Salmonella sp. assume papel de destaque.
Salmonella
sp. é uma enterobactéria, amplamente distribuída
na natureza e encontrada no trato gastrintestinal de humanos e animais
(SCHLOSSER et al., 2000). A presença desse patógeno no
trato gastrointestinal dos suínos representa uma importante
fonte de contaminação entre os animais e dentro das
instalações suinícolas (DAVIES, 1999).
Muitas podem ser as fontes de infecção nas granjas de
terminação. Entre elas destacam-se:
contaminação residual das instalações,
introdução de animais portadores e ração
contaminada. Entretanto, o suíno, depois de infectado, torna-se
portador da
Salmonella spp.
em seus linfonodos, e quando submetido a uma situação
estressante passa a excretá-la nas fezes (NIELSEN et al., 1995;
SOBSEY et al., 2001). A presença da
Salmonella
nas fezes durante o abate faz com que o processo de
evisceração e a sequência de
manipulação seja responsável pela maioria da
contaminação das carcaças (KORSAK et al., 2006).
A população microbiana presente na cama, dentre outros
fatores, é influenciada pela temperatura do leito. O processo de
compostagem dos dejetos na cama inicia-se à temperatura
ambiente, predominando, nesta fase, microorganismos mesófilos
(CORRÊA et al., 2000). Na medida em que as ações
dos microorganismos se intensificam, ocorrem reações
exotérmicas em virtude da decomposição da
fração leve da matéria orgânica. Após
alguns dias, a temperatura aumenta gradativamente, podendo atingir
valores superiores a 65 ºC, quando começam a prevalecer
microorganismos termófilos (BARTELS, 2001; KAPUINEN, 2001; TANG
et al., 2004). Outras alterações que ocorrem na cama
são relativas às características físicas e
químicas, como no teor de umidade, pH e relação
C/N, ocorrendo simultaneamente a transformação
progressiva de substâncias complexas para moléculas mais
simples (MINER, 1999; TIQUIA, 2005). Outro fator que pode influenciar a
temperatura e, consequentemente, os microorganismos saprófitos
e/ou patógenos presentes durante o processo de
bioestabilização dos dejetos é a profundidade
utilizada na cama. Além disso, o SPC é uma alternativa
para a produção de suínos. No entanto,
são escassos os trabalhos sobre a população de
microorganismos patogênicos presentes na cama.
Este trabalho objetivou avaliar em dois lotes consecutivos de
suínos, criados em piso de concreto e sobre cama com duas
diferentes profundidades, o efeito sobre parâmetros ambientais da
edificação, físico-químicos da cama,
além da presença de
Salmonella spp. nos sistemas de piso e nos animais no momento do abate.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi desenvolvido no Centro Agropecuário da Palma,
da Universidade Federal de Pelotas, localizado no município de
Capão do Leão, RS, Brasil (latitude -
31º48’03’’S - longitude -
52º30’58’’W). Compararam-se três
tratamentos, constituídos de duas profundidades diferentes de
cama de casca de arroz, 0,5 m (T1) e 0,25 m (T2), e um sistema controle
com piso compacto de concreto (T3).
Adotou-se cada baia com cinco animais como unidade experimental. As
baias utilizadas foram dispostas linearmente, com 7,0 m2 cada uma (2,0
m x 3,50 m), com área de 1,4 m2/suíno. A cama foi
disponibilizada no volume de 0,7 m3 no T1 e 0,35 m3 no T2 por animal,
sendo a casca de arroz distribuída em toda a área das
baias. Cada cama foi utilizada em duas repetições, sem
adição de material complementar, mas com revolvimento
(aeração) entre as repetições, utilizando
escarificador manual. A edificação tinha cobertura de
telha de barro, com 3,2 m de pé direito, e divisórias
internas e externas de alvenaria. Cada baia possuía um comedouro
convencional de três bocas e um bebedouro tipo nipple.
Avaliaram-se trinta animais F1 (Landrace x Large White), sendo quinze
animais por repetição, com cinco em cada baia (dois
machos castrados e três fêmeas). A avaliação
dos animais ocorreu dos 65 aos 155 dias de idade (45 dias de
crescimento e 45 de terminação), seguindo delineamento
experimental completamente casualizado. Os animais foram alimentados ad
libitum com uma ração com 19% de proteína bruta e
3.350 kcal de EM/kg na fase de crescimento e 17% de proteína
bruta e 3.200 kcal de EM/kg na fase de terminação (NRC,
1998).
Determinaram-se as medidas de condicionamento ambiental da
edificação através do registro das temperaturas
com o uso de termômetro digital com sonda Multi-Stem® (-50 a
150°C, ± 1°C). Registrou-se a temperatura na
superfície dos pisos (TS) e no centro das baias para os
três tratamentos à meia profundidade (TM) no centro das
baias para os tratamentos T1 e T2. A temperatura ambiente (TA) e a
umidade relativa do ar (UR) foram medidas em cada tratamento,
utilizando-se termômetro de bulbo úmido e bulbo seco,
colocado a 70 cm de altura dos pisos. Todas as medidas de temperatura e
UR foram realizadas semanalmente.
Coletaram-se quinzenalmente amostras de cada uma das camas, em cinco
pontos diferentes, que, após homogeneização,
passaram a constituir uma amostra, utilizada para
determinação do pH, teor de matéria seca (MS),
carbono e nitrogênio. Para análise do pH foi utilizada uma
alíquota de 10 g da amostra diluída em 50 mL de
água destilada, realizando-se leitura em pH metro digital
(TEDESCO, 1995). Determinou-se a MS através da secagem da
amostra a 105 °C por 24 h (SILVA & QUEIROZ, 2004). Os valores
para carbono e nitrogênio foram determinados pelo método
Walkley-Black (TEDESCO, 1995) e através do processo Kjeldahl
(SILVA & QUEIROZ, 2004), respectivamente. Por cálculo,
procedeu-se à determinação da
relação carbono/nitrogênio (C/N).
As amostragens para
Salmonella
sp. foram realizadas na repetição 1 nos dias 0, 30, 60,
90 e no frigorífico. Para a repetição 2,
desenvolveram-se as amostragens para Salmonella sp. nos dias 30, 60, 90
e no frigorífico. As análises de
Salmonella
sp. foram realizadas nas amostras de fezes, sangue, cama e swab do piso
e amostras de linfonodos mesentéricos, tonsilas, músculo,
fezes e sangue no momento do abate. Coletaram-se as amostras de sangue
dos animais abatidos logo após a insensibilização,
enquanto que as amostras de fezes foram coletadas após a
evisceração, diretamente da ampola retal.
Procedeu-se à coleta das amostras de linfonodos
mesentéricos, tonsilas e músculo durante a
inspeção das carcaças, órgãos e
vísceras na linha de abate. Todas as amostras foram submetidas
às analises de
Salmonella
sp. Inicialmente, as amostras foram submetidas à
pré-enriquecimento, em estufa bacteriológica, a 370C, por
24 horas. A seguir, foram submetidos ao enriquecimento seletivo,
transferindo-se 1mL do caldo pré-enriquecido para um tubo de
ensaio contendo 10mL de caldo Tetrationato e 0,1mL para um tubo
contendo 10mL de caldo Rappaport-Vassiliadis, os quais foram incubados
a 35°C e a 42°C, respectivamente. Após o período
de incubação, uma alçada proveniente de cada caldo
de enriquecimento seletivo foi estriada em placas de petri contendo
ágar Hektoen-enteric, e em ágar xilose lisina
desoxicolato, as quais foram incubadas por 24 horas a 37°C.
Colônias apresentando morfologia típica de Salmonella spp.
foram submetidas à identificação bioquímica
através de ágar tríplice açúcar e
ferro, ágar lisina e ferro e ágar ureia. Os isolados que
apresentaram comportamento bioquímico característico do
gênero
Salmonella foram
submetidos à prova de soroaglutinação
rápida em lâmina, empregando-se soro polivalente
somático e flagelar (APHA, 1992).
Para as variáveis dependentes parâmetros ambientais (TS,
TM, TA e UR) e parâmetros químicos (pH, MS, carbono e
nitrogênio), realizou-se análise de variância,
considerando as variáveis independentes e possíveis
interações entre elas. Na comparação entre
as médias dos tratamentos, foi adotado o teste de Tukey
(P<0,05). Para avaliação de
Salmonella
sp, fez-se a tabulação dos dados obtidos e foi
considerada a presença ou ausência do patógeno.
Desenvolveram-se todas as análises mediante o uso do programa
STATISTIX® (2004).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados demonstraram ausência de
Salmonella
spp. em todas as amostras de sangue analisadas. Nesse sentido,
também não foram observados sinais clínicos de
salmonelose nos animais avaliados (
Tabela 1).
No dia da entrada dos animais nas baias (dia 0), o microrganismo foi
isolado nas amostras de piso e cama do T1, o que indica a
contaminação residual do ambiente. Aos 30 e 60 dias de
criação na primeira repetição não se
encontrou o patógeno nas amostras analisadas de todos os
tratamentos, enquanto que, aos 90 dias, isolou-se
Salmonella
sp. nas fezes dos animais do T2. No frigorífico, as amostras de
linfonodos mesentéricos dos animais do T1, fezes e
músculo dos animais do T2 e tonsilas dos animais do T3 foram
positivas (
Tabela 1).
Na segunda repetição, isolou-se
Salmonella
sp. nas amostras de cama do T1 e nas amostras de fezes dos animais do
T2 após 30 dias de produção, não sendo
encontrada nas coletas aos 60 e 90 dias. No frigorífico, apenas
as amostras de linfonodos mesentéricos dos animais do T1 foram
positivas para o patógeno (
Tabela 1).
Estes resultados confirmam que o sistema de produção pode
ser responsável pela disseminação do
patógeno nas instalações e entre os animais (FUNK
et al., 2001) e que os suínos destinados ao abate são
portadores da bactéria no sistema linfático e no trato
gastrointestinal, sem apresentar sintomas de doença (SWANENBURG
et al., 2001). Em um estudo feito para analisar a presença de
Salmonella sp.
em 406 rebanhos de terminação, foi constatado que 21,7%
deles apresentavam prevalência moderada e 8,6% prevalência
alta (WOLF et al., 2001). Em outro estudo, analisando amostras de fezes
de suínos, linfonodos mesentéricos e tonsilas, no momento
do abate, este patógeno foi isolado, respectivamente, em 25,6%,
9,3% e 19,6% das amostras analisadas (SWANENBURG et al., 2001).
Alguns autores avaliaram a prevalência desse patógeno em
amostras de ambiente, ração e fezes de animais de dois
sistemas de produção, e isolaram quinze sorotipos de
Salmonella
spp. em ambos os sistemas (FUNK et al., 2001). Além disso, esse
microrganismo pode ser encontrado em tonsilas, linfonodos
mesentéricos, conteúdo fecal e amostras superficiais de
carcaças suínas no momento do abate, contaminadas
originalmente durante a produção (SWANENBURG et al.,
2001).
Não houve efeito de tratamento (P>0,05) para UR e TA nos diferentes tratamentos (
Tabela 2).
Quanto a TS, os valores registrados para o T3 foram inferiores aos
demais tratamentos (P<0,05). Entretanto, o efeito das diferentes
alturas de cama não foi suficiente para alterar a resposta para
TS entre T1 e T2 (P>0,05). Houve efeito dos tratamentos sobre a TM
(P<0,05), sendo a temperatura média superior no T1 em
relação ao T2.
A presença de cama, mesmo em diferentes alturas dentro da baia,
não foi suficiente para alterar a resposta da variável
UR. Em todos os tratamentos, a UR foi superior ao recomendado por
BENEDI (2002), de 70%, e por VEIT & TROUTT (1999), de 75%, para
suínos em crescimento e terminação. De acordo com
MORRISON et al. (1969), valores elevados de UR diminuem a perda de
calor dos suínos por evaporação, principalmente
pelos pulmões, piorando o desempenho zootécnico dos
animais.
Com relação à TA, esta não foi influenciada
pelos sistemas de piso. Mesmo o calor gerado nas camas em virtude da
fase termofílica, como descrito por KAPUINEN (2001), não
foi suficiente para modificar os valores dessa variável. Os
valores registrados para TA nos diferentes tratamentos situaram-se
dentro do intervalo recomendado por VEIT & TROUTT (1999), para
suínos em crescimento e terminação de 12 a 21
°C, mas T1 e T2 apresentaram valores médios ligeiramente
superiores ao recomendado por BENEDI (2002) de 15 a 18 °C. Desse
modo, os diferentes tratamentos atenderam às exigências
térmicas de conforto térmico dos suínos.
O valor médio observado para a variável TS dos pisos foi
inferior (P<0,05) no T3 em relação aos demais (
Figura 1),
seguramente em virtude de a temperatura que foi originada no interior
da cama ter sido suficiente para alterar a temperatura na
superfície, confirmando dados da literatura (VENGLOVSKY et al.,
2005). Entretanto, as diferenças nas alturas de cama não
provocaram diferenças (P>0,05) entre T1 e T2.
A TM das camas foi superior (P<0,05) no T1 quando comparado ao T2 (
Figura 2).
Isso pode indicar uma maior atividade microbiana durante a fase
termofílica, como citado por TANG et al. (2004), em
decorrência da maior altura de cama, já que a TM possui
uma correlação positiva com a atividade microbiana
(TIQUIA, 2005), resultando em uma temperatura média mais elevada
no T1.
Ocorreu diferença para o teor de MS (P<0,05), sendo o maior valor observado para T1 (
Tabela 2). Entretanto, ocorreu a diminuição gradual desse valor ao longo do experimento para o T1 e T2 (
Figura 3).
O pico observado entre a primeira e a segunda repetição
foi decorrente do intervalo entre lotes, momento no qual se efetuou o
revolvimento da cama, o que possibilitou a aeração e a
consequente elevação do conteúdo de MS para ambos
os tratamentos (ISHII & TAKII, 2003). O menor teor de MS observado
no T2 ao longo do experimento pode ser atribuído ao menor volume
de cama disponibilizado para absorver as dejeções dos
animais (MINER, 1999).
Com relação ao valor de pH das camas, não foi
observada diferença entre tratamentos (P>0,05). O pH inicial
das camas apresentou um caráter levemente ácido (
Figura 4).
À medida que ocorreu a incorporação dos dejetos
pelas camas, houve a alcalinização delas. Porém,
entre a primeira e a segunda repetição ocorreu uma
tendência de diminuição nos valores de pH, mais
evidente para o T2. Ao final do período experimental, ambos os
tratamentos apresentaram pH superior a 8,5, conforme descrito por MINER
(1999).
Ocorreu diferença (P<0,05) entre T1 e T2 para C/N, em que o maior valor foi observado para T1 (
Tabela 2). Na
Figura 5
está apresentado o resultado da relação C/N do T1
e T2. O valor inicial de C/N é alto no início da primeira
repetição (superior a 90), pelo elevado teor de lignina e
celulose da casca de arroz. À medida que ocorreu a
incorporação de dejeto, rico em nitrogênio, houve a
biodegradação das camas pela ação da
microbiota presente nelas, reduzindo a C/N ao longo do período
experimental em ambas as camas para valores próximos a vinte
(ISHII & TAKII, 2003). Além disso, segundo RODERICK et al.
(1998), durante o processo de estabilização dos dejetos
na cama ocorre perda para a atmosfera de carbono na forma de metano
(CH4) e de nitrogênio na forma de amônia (NH3). O valor de
C/N observado no final do experimento é indicativo da
estabilização de ambas as camas, o que permite sua
utilização como adubo orgânico (BARTELS, 2001).
A presença de
Salmonella
sp. durante a produção de suínos criados sobre
cama e sobre piso compacto de concreto não diferiu, visto que se
isolou o microrganismo nas mais diferentes fontes, confirmando que as
instalações suinícolas, assim como os
próprios animais alojados, podem ser responsáveis pela
contaminação e disseminação do
patógeno. A presença deste agente nas diferentes amostras
do sistema linfático, músculo e fezes no momento do abate
confirmou que os animais abatidos podem ser carreadores de
Salmonella
sp. e prováveis fontes de contaminação do ambiente
de abate e das carcaças, enfatizando a necessidade de um
rígido controle das condições
higiênico-sanitárias durante o processamento destes
alimentos.
Entretanto a presença de
Salmonella
sp. na cama de T1 no dia 0 da primeira repetição e no dia
30 da segunda repetição e a ausência nas coletas
posteriores indicam que a temperatura apresentada no interior da cama
pelo processo de compostagem eliminou o patógeno desse meio,
corroborando com dados de FUNK et al. (2001).
CONCLUSÕES
A utilização de piso com cama para suínos nas
fases de crescimento-terminação independente da altura
é viável, pois não influenciou os parâmetros
de conforto térmico e a prevalência de salmonela,
além de permitir a transformação dos dejetos em
material estabilizado para uso agrícola.
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Protocolado em: 26 nov. 2006. Aceito em: 26 out. 2008.