Elayne Cristine Soares Silva,¹Fábio Luiz Silva Pina² e Marcelo Weinstein Teixeira³
1. Médica veterinária, doutoranda pela Rede Nordeste em Biotecnologia – RENORBIO.
E-mail: la_cristine@yahoo.com.br
2. Médico veterinário, mestre em Ciência Veterinária pela UFRPE
3. Médico veterinário, professor adjunto do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal da UFRPE.
INTRODUÇÃO
A endoscopia constitui um método de diagnóstico, ainda não muito
utilizado na rotina da clínica médica de pequenos animais. A técnica
vem ganhando campo e novos adeptos na sua utilização por ser segura,
rápida, incruenta e não invasiva (CORRÊA, 1996; JOHNSON & SHERDING,
1998).
Dentre as várias indicações da endoscopia estão os exames dos tratos
digestivo, respiratório e reprodutivo. Por meio da avaliação do trato
gastrointestinal pela via endoscópica, podem-se investigar alterações
da deglutição, êmese recorrente, presença de processos inflamatórios ou
neoplásicos no lúmen do trato digestivo e principalmente a presença de
corpos estranhos. A endoscopia fornece dados relativos à
motilidade, expansibilidade, avaliação do lúmem, anatomia interna e da
mucosa dos órgãos examinados. O método permite, também, a obtenção de
amostras para biópsia, o que pode ser elucidativo quanto ao diagnóstico
e prognóstico de patologias específicas. A endoscopia proporciona,
ainda, a possibilidade de tratamento de algumas afecções, dentre elas a
estenose esofágica e a remoção de corpos estranhos esofágicos cervicais
ou torácicos, podendo evitar a necessidade da intervenção cirúrgica
(CORRÊA, 1996; JOHNSON & SHERDING, 1998; SHERDING
et al., 1999).
Apesar de a endoscopia ser útil no exame da morfologia dos órgãos,
facilitando procedimentos de biópsia, citologia e cultura, ela não é um
método adequado para a avaliação das funções específicas dos órgãos
examinados, o que constitui um fator limitante do método. Além disso,
em pequenos animais, é necessário que o paciente esteja anestesiado
durante realização do exame, para se evitar traumas a eles e danos ao
equipamento (SHERDING
et al., 1999; GANDOLFI, 2001).
A estenose esofágica é geralmente o resultado de lesão inflamatória,
que acomete as camadas submucosa e muscular, a qual resulta em fibrose.
Ocorrem redução do diâmetro esofágico com formação de anéis fibrosos e
variável perda do peristaltismo normal do órgão. É comum após injúria
por corpos estranhos ou refluxo gastroesofágico grave, especialmente
durante anestesia geral, quando não respeitado o jejum prévio. Outras
causas incluem a ingestão de substâncias cáusticas, cicatrização de
cirurgias esofágicas, vômito persistente, neoplasias, compressão
extraluminal e injúria térmica após ingestão de alimentos quentes
(KATERINA
et al., 2002; VLASIN
et al., 2004; CORGOZINHO
et al.,
2006). A estenose pode se desenvolver em qualquer segmento esofágico e
dependerá da causa. Estenoses secundárias causadas por refluxo gástrico
são comuns no terço médio e caudal do esôfago (CORGOZINHO
et al., 2006).
Os sinais clínicos da estenose esofágica incluem regurgitação,
geralmente imediatamente após a ingestão de alimento. Se for crônica, a
regurgitação pode não ocorrer logo após a ingestão do alimento, em
virtude da distensão esofágica cranial à estenose que pode agir como um
reservatório de alimento. Apetite voraz e emagrecimento tornam-se
comuns, por causa da incapacidade de conseguir alimento depois da área
estenosada. Deve-se ainda investigar se há pneumonia por aspiração
nesses casos (JOHNSON & SHERDING, 1998; KATERINA
et al., 2002).
O diagnóstico é baseado no histórico, sinais clínicos, radiografia
contrastada e achados endoscópicos (JOHNSON & SHERDING, 1998;
VLASIN
et al., 2004). As
radiografias simples geralmente fornecem pouca informação diagnóstica.
O esofagograma, utilizando bário líquido, pode demonstrar retenção
intraluminal de contraste ou desvio e afilamento ao redor do local
estenosado, o que é um achado patognomônico da estenose esofágica
(JONES
et al., 1992). Por
meio da endoscopia, a estenose esofágica apresenta-se como um anel de
tecido fibroso branco, que pode estar adjacente à esofagite (SHERDING
et al., 1999).
As estenoses esofágicas podem ser tratadas por meio da endoscopia ou
intervenção cirúrgica. O tratamento conservativo usando cateter com
balão dilatador ou velas de dilatação tem como objetivo a dilatação
mecânica do segmento estenosado e é preferível à intervenção cirúrgica,
dada a dificuldade desse procedimento e as complicações associadas
(estenose cicatricial, deiscência de sutura, e todos os riscos
inerentes a uma cirurgia torácica) (SHERDING
et al., 1999; VLASIN
et al.,
2004). Independente da técnica empregada, o prognóstico de pacientes
com estenose esofágica é reservado, pela possibilidade de recidivas
(STURGESS, 2001).
A dilatação mecânica é repetida a cada cinco a sete dias, conforme o
caso. O total de dilatações pode variar de três a dez, dependendo da
gravidade da estenose e da resposta ao tratamento (JOHNSON &
SHERDING, 1998; SHERDING
et al., 1999).
A terapia para esofagite deve ser instituída durante os procedimentos
de dilatação, permanecendo por duas a três semanas após o último
procedimento. O refluxo de ácidos gástricos pode ser reduzido,
administrando-se ao paciente gastrocinéticos (e.g. metoclopramida ou
cisaprida) para acelerar a motilidade gástrica. Bloqueadores de
receptores H2 (e.g. cimetidina, ranitidina ou famotidina) são
utilizados para o controle da secreção ácida. Sucralfato suspensão, que
age como uma barreira efetiva contra as ações danificadoras do ácido,
também é indicado. Bloqueadores da bomba de prótons (e.g. omeprazol,
pantoprazil) complementam o protocolo. Antibiótico de amplo espectro
(e.g. ampicilina ou amoxicilina) é administrado para controlar
contaminação bacteriana da mucosa (SIMPSON, 2001).
Embora com eficácia não comprovada, corticosteroides são administrados,
a fim de reduzir a possibilidade de recidivas, por diminuir a resposta
inflamatória, inibir a formação de tecido fibroso e interferir na
síntese de colágeno (JOHNSON & SHERDING, 1998; SHERDING
et al., 1999; SIMPSON, 2001; CAMARGO
et al., 2003).
A cada procedimento de dilatação realizado, forma-se nova lesão do
sítio da estenose, o que leva a uma reação inflamatória com
proliferação local de fibroblastos e depósito de colágeno. Num período
variável, a estenose pode se restabelecer, retornando a disfagia e o
desconforto do paciente. Nos casos em que a recorrência da estenose é
frequente e rápida (menos de três meses), acredita-se que o uso de
corticosteroides possa ser benéfico, tornando este processo mais lento
(CAMARGO
et al., 2003).
Objetiva-se relatar um caso de estenose esofágica ocorrido em cão, com
diagnóstico e tratamento através de endoscopia com auxílio de velas
dilatadoras e pinça Mathieu serrilhada (“jacaré”).
MATERIAL E MÉTODOS
Foi realizado o atendimento de um canino, SRD, fêmea, com 10 anos de
idade, pesando 20 Kg. O animal estava normotérmico, normocorado, não
apresentava alterações dignas de nota na ausculta cardiorrespiratória,
linfonodos sem alterações de tamanho, sem dor à palpação abdominal. No
histórico clínico, a proprietária relatou que a paciente tinha apetite,
mas apresentava disfagia e regurgitação, todas as vezes que ingeria
alimentos sólidos. Com isso, eram oferecidos alimentos líquidos,
pastosos ou triturados. Não havia histórico de vômitos, pois o alimento
regurgitado não estava digerido. Os episódios de regurgitação já vinham
acontecendo há um ano, época na qual a paciente havia sido submetida a
ovário-salpingo-histerectomia (OSH), e o jejum alimentar recomendado
não foi realizado. Durante a cirurgia houve regurgitação intensa pela
paciente, por causa da repleção gástrica. A pré-anestesia foi realizada
com acepromazina (0,1mg/Kg/IM), a indução com propofol (5mg/Kg/IV) e a
manutenção sob anestesia inalatória, em circuito semiaberto, com
isofluorano. No pós-operatório imediato, o animal começou a apresentar
tosse frequente, seguida de regurgitação logo após a alimentação. Os
episódios de regurgitação ocorreram quase que diariamente durante
meses. Apesar do quadro recorrente de regurgitação, o animal só foi
encaminhado ao serviço veterinário após um ano.
Indicou-se a realização de exame endoscópico suspeitando-se de uma
possível gastrite ou mesmo esofagite. Dessa forma, procedeu-se à
pré-anestesia com acepromazina (0,1mg/Kg, IM), indução anestésica com
propofol (5mg/Kg, IV) e a manutenção da anestesia com isofluorano, em
sistema semiaberto. O equipamento utilizado para a endoscopia foi um
endoscópio flexível da marca Olympus GIF XQ 20 com sonda de 8 mm. No
exame endoscópico foram visualizados vários anéis fibrosos
esbranquiçados ao longo do esôfago torácico (
Figura 1),
o que dificultou a passagem da sonda por este, evidenciando a estenose
esofágica. O esôfago torácico apresentou aspecto de inflamação crônica,
com a mucosa espessada e fibrótica em alguns pontos. Não foi visto
conteúdo luminal neste trajeto.
Em seguida, realizou-se o exame radiográfico simples, visualizando-se
discreto conteúdo gasoso em esôfago cervical. Dessa maneira, optou-se
por realizar o exame radiográfico contrastado, utilizando sulfato de
bário (13ml/Kg/VO). Tanto no exame radiográfico simples quanto no
contrastado, o paciente foi posicionado na projeção lateral
direita. No exame contrastado, realizou-se a radiografia, logo
após a administração do contraste, o que permitiu visualizar o
estreitamento esofágico (
Figura 2).
Optou-se por fazer o tratamento conservativo da estenose por meio de
dilatação por endoscopia, utilizando, para isso, velas dilatadoras (
Figura 3),
cujo diâmetro variou de 0,5 a 1,5cm de diâmetro, em movimentos
vigorosos de vai e vem, e pinça Mathieu serrilhada (“jacaré”) com 28 cm
de comprimento, promovendo movimentos de alargamento da parede
esofágica. A pinça foi utilizada com movimentos de abrir e fechar nos
pontos de estenose, forçando o alargamento e destruindo os anéis
fibrosos. Para este procedimento utilizou-se um endoscópio rígido
(Retossigmoidoscópio) com 40 cm de comprimento. Durante os
procedimentos de alargamento esofágico, tanto com as velas quanto com a
pinça Mathieu, procurou-se evitar o excesso de força aplicada, para
preservar a integridade do órgão. Em nenhum dos procedimentos
endoscópicos foi utilizada câmera de vídeo acoplada.
Durante todo o tratamento, cuja duração foi de seis semanas,
administraram-se cisaprida (Prepulsid® 0,5mg/Kg, VO, 8/8h), omeprazol
(2mg/Kg, VO, 24/24h), predinisona (Meticorten® 1mg/kg, VO, 12/12h). O
antibiótico escolhido foi a enrofloxacina (Flotril® 5mg/Kg, VO, 24/24h,
quinze dias).
A redução dos sintomas, como regurgitação e disfagia, além da avaliação
clínica semanal do paciente, juntamente com o exame endoscópico,
determinaram o número de procedimentos necessários (sessões) para
dilatar o esôfago e melhorar a deglutição.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No presente relato, o exame endoscópico foi eficaz no diagnóstico da
estenose esofágica, como citado por CORRÊA (1996) e JOHNSON &
SHERDING (1998), permitindo uma avaliação da mucosa, bem como do
diâmetro do lúmen esofágico. A estenose esofágica mostrou
características visuais semelhantes às observadas por SHERDING
et al. (1999), que relataram a presença do anel fibroso como sinal evidente da patologia.
Assim como citado por SHERDING (1999), o exame radiográfico simples não
é confirmativo para patologia, pois na maioria dos casos ele
encontra-se normal. Ar no esôfago, cranial à estenose, também pode ser
observado, como no caso relatado. No entanto, o exame radiográfico
contrastado é confirmativo, obtendo-se dados quanto à extensão da
estenose, assim como quanto ao número de estreitamentos, já que pela
endoscopia, como neste relato, não era possível ultrapassar todos os
anéis, por causa da dimensão apresentada por estes.
Sinais clínicos de regurgitação e disfagia foram observados neste caso,
corroborando os achados descritos por JOHNSON & SHERDING (1998) e
KATERINA
et al. (2002).
Porém, no presente relato não se observou pneumonia por aspiração ou
emagrecimento progressivo, achados comuns em casos de estenose
esofágica, segundo KATERINA
et al.
(2002), em razão, provavelmente, do cuidado em administrar o alimento
na forma pastosa em várias frações diárias.
O provável motivo para a formação da estenose esofágica, neste relato,
foi a esofagite aguda, resultante dos vômitos sob anestesia sem jejum
prévio. Como citado por VLASIN
et al. (2004) e CORGOZINHO
et al. (2006), esta é a causa mais frequente da estenose.
Optou-se por terapia conservadora por causa do alto risco cirúrgico e
possível recidiva com formação de estenoses cicatricais, conforme
citado por JONES
et al. (1992). Durante as sessões de terapia, prescreveram-se omeprazol, cisaprida e enrofloxacina, como sugerido por SHERDING
et al. (1999), SIMPSON (2001) e CAMARGO
et al. (2003).
Realizaram-se seis procedimentos de dilatação esofágica com uso de
velas dilatadoras, com intervalo de uma semana entre elas. O que
determinou a quantidade de sessões realizadas foi a remissão dos
sintomas, com retorno da ingestão de alimentos e um maior diâmetro
esofágico observado ao exame endoscópico. O número de procedimentos foi
compatível com o descrito por JOHNSON & SHERDING (1998) e SHERDING
et al. (1999), que citaram a necessidade de três a dez sessões, dependendo do caso.
O uso das velas dilatadoras não apresentou complicações, como citado
por STURGESS (2001), que afirmou ser a ruptura do esôfago um risco
iminente. No entanto, diante da dificuldade em romper alguns anéis
fibrosos, optou-se pela utilização da pinça Mathieu serrilhada
(“jacaré”), obtendo-se resultado mais eficiente na dilatação. Não se
encontrou descrição de tal procedimento na literatura consultada, que
indica apenas a utilização do balão dilatador nessas situações (JOHNSON
& SHERDING, 1998; SHERDING
et al., 1999). O balão dilatador é oneroso e não está livre de complicações, como ruptura do esôfago e hemorragias (SHERDING
et al., 1999).
Administrou-se corticosteroide durante o tratamento, para ser evitada a
recidiva da estenose, comum neste problema, como afirmou STURGESS
(2001). No entanto, obteve-se um resultado satisfatório com esse
protocolo, corroborando com SHERDING
et al. (1999), SIMPSON, (2001) e CAMARGO
et al.
(2003), diante da afirmação de que os corticoides são úteis por
diminuir a resposta inflamatória, inibir a formação de tecido fibroso e
interferir na síntese de colágeno.
A cadela apresentou melhora gradativa e ao final das seis sessões já se
alimentava com dieta pastosa sem episódios de regurgitação.
Realizaram-se sessões com o intuito de devolver a capacidade total da
ingestão de alimentos sólidos, a qual foi constatada pelo aumento do
diâmetro esofágico e pela ingestão de alimentos sólidos.
CONCLUSÃO
A endoscopia é eficiente no diagnóstico e tratamento da estenose esofágica em cães.
As velas dilatadoras e a pinça Mathieu serrilhada promovem distensão do
lúmen esofágico, por restaurarem a capacidade de deglutição.
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