EFEITO
DA SUPLEMENTAÇÃO DE MINERAIS ORGÂNICOS E
INORGÂNICOS NA QUALIDADE DO SÊMEN DE SUÍNOS
SUBMETIDOS A ESTRESSE TÉRMICO
Daiane Donin Spessatto1 e Nei Moreira1
1. Curso de Pós-Graduação em Ciências
Veterinárias, Universidade Federal do Paraná, Campus
Palotina, Palotina, PR, Brasil.
E-mail: dds@ufpr.br
RESUMO
Estações
de elevadas temperaturas ou nutrição inadequada podem
influenciar a eficiência reprodutiva de machos suínos,
especialmente através da redução no número
de espermatozoides ejaculados e da porcentagem de espermatozoides
normais. O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da
suplementação micromineral orgânica e
inorgânica sobre a qualidade do sêmen de suínos
expostos à elevada temperatura ambiental. O experimento foi
realizado na Região Sul do Brasil, no oeste do Paraná.
Machos de dois anos de idade foram divididos em três grupos para
receber: suplementação mineral inorgânica (GIn,
n=4), orgânica (GOr, n=4) e uma dieta lactação
(GCo, n=5). Dietas inorgânicas e orgânicas continham um
premix de microminerais inorgânicos e orgânicos,
respectivamente, com a mesma quantidade de cada micromineral, baseado
no NRC para machos suínos. A dieta lactação
baseou-se no NRC para fêmeas em lactação e continha
um nível superior de microminerais inorgânicos,
proteínas e energia metabólica. A média de
temperatura ambiental máxima foi superior à temperatura
normal de conforto térmico para machos suínos (26
ºC) durante todo o período experimental, e foi associada
com uma redução na qualidade seminal. Os resultados foram
expressos como média ± EPM. O volume de sêmen dos
grupos de dieta inorgânica e orgânica foi maior do que nos
animais do grupo lactação (345,7 ± 92,6 mL e 338,4
± 67,8 mL contra 302,5 ± 81,4 mL, respectivamente;
P=0,02). Machos no grupo de dieta orgânica apresentaram uma maior
concentração espermática quando comparados ao
grupo de dieta inorgânica (233,5 ± 76,7 X 106 sptz/mL
contra 181,2 ± 77,3 X 106 sptz/mL, respectivamente; P=0,006). A
porcentagem de espermatozoides normais foi maior no grupo
orgânico do que em ambos os grupos inorgânico e
lactação (93,31 ± 5,20% contra 78,48 ±
12,15% e 82,59 ± 17,27%, respectivamente; P=0,00021). Elevadas
temperaturas (>34,5ºC) reduziram o número de
espermatozoides normais apenas nos grupos inorgânico e
lactação, com diferença significativa (P=0,03)
entre o período antes e após a exposição a
estas temperaturas. Minerais orgânicos foram benéficos
à qualidade seminal, reduzindo alguns dos efeitos do estresse
térmico em machos expostos.
PALAVRAS-CHAVES: Estresse térmico, minerais orgânicos, sêmen, suíno.
ABSTRACT
EFFECT OF ORGANIC AND INORGANIC MINERAL SUPPLEMENTATION ON
SEMINAL QUALITY OF BOARS EXPOSED TO HEAT STRESS
Seasonal high
temperatures or inadequate nutrition can decrease reproductive
efficiency in boars, especially through a reduction in spermatozoal
number/ejaculate and percentage of normal spermatozoa. The aim of this
study was to evaluate the effect of organic and inorganic trace mineral
supplementation on seminal quality in boars exposed to high
environmental temperatures. The experiment was conducted in Southern
Brazil, west of Parana State. Boars (2 years of age) were divided into
three groups to receive: inorganic (GIn, n=4) and organic (GOr, n=4)
mineral supplementation and a lactation diet (GCo, n=5). Inorganic and
organic diets contained a premix of inorganic and organic trace
minerals, respectively, with the same quantity of each trace mineral,
based on NRC (NRC, 1998) for boars. The lactation diet was based on NRC
for lactating sows and contained a higher level of inorganic trace
minerals, protein and metabolic energy. Maximum mean environmental
temperatures were higher than the normal thermal comfort temperature
for boars (26ºC) during the experimental period, and were
associated with a reduction in semen quality. Results are expressed as
mean ± SEM. The semen volume of Inorganic and Organic diet
groups were higher than Lactation group animals (345.7 ± 92.6 mL
and 338.4 ± 67.8 mL versus 302.5 ± 81.4 mL, respectively;
P=0.02). Boars in the Organic diet group had higher sperm concentration
when compared to the Inorganic diet group (233.5 ± 76.7 X 106
sptz/mL versus 181.2 ± 77.3 X 106 sptz/mL, respectively;
P=0.006). Percentage of normal spermatozoa, averaged higher in the
Organic group than both Inorganic and Lactation groups (93.31 ±
5.20% versus 78.48 ± 12.15% and 82.59 ± 17.27%,
respectively; P=0.00021). High temperatures (>34.5ºC)
reduced normal spermatozoa number in all groups, but with significant
differences only in the Inorganic and Lactation groups (P=0.03).
Organic minerals were benefic to seminal quality, reducing some of the
heat stress effects in exposed boars.
KEY WORDS: Heat stress, organic minerals, semen, swine.
INTRODUÇÃO
No Brasil, um
país tipicamente tropical, considerando as regiões Sul,
Sudeste e Centro-Oeste, os períodos de calor intenso são
marcados por temperaturas expressivas que ocorrem principalmente
durante o final da primavera, no verão e no início do
outono, nos meses de outubro a março (INMET, 2004). Os
suínos, em especial, são suscetíveis a essas
temperaturas, devido á sua limitada capacidade de
eliminação de calor corporal (EINARSSON et al., 1996),
visto que apresentam uma espessa camada de tecido adiposo
subcutâneo, limitada capacidade de perda de calor por sudorese e
pelo reduzido número de glândulas sudoríparas
presentes na pele (DYCE et al., 1997). Em consequência disso,
esses animais têm uma menor tolerância ao calor em
relação a muitos outros animais domésticos
(SWENSON & REECE, 1996) e são suscetíveis à
hipertermia quando expostos ao estresse pelo calor (EDWARDS et al.,
1968; WENTZ et al., 2001).
Durante ou
imediatamente após períodos de elevadas temperaturas,
pode ser observado aumento da frequência respiratória,
aumento da temperatura retal (WETTEMANN & BAZER, 1985) e
redução na ingestão de alimento, o que prejudica a
espermatogênese (KUNAVONGKRIT et al., 2005) e consequentemente
acarreta um decréscimo na eficiência reprodutiva dos
machos.
CLAUS et al.
(1985) relataram que a luminosidade e o fotoperíodo podem
influenciar a qualidade espermática e a libido em machos,
porém essa influência não é expressiva em
países tropicais, nos quais há poucas
variações na duração do fotoperíodo
durante as diferentes estações.
Além das
condições ambientais, outro fator que tem
importância na qualidade do sêmen e eficiência
reprodutiva dos machos é a nutrição. Com os
avanços obtidos no melhoramento genético dos
suínos, um plano nutricional mais elevado é
necessário para atender às necessidades. Animais com
plano nutricional mais elevado apresentam maior interferência
negativa sobre os parâmetros produtivos quando expostos ao calor
do que animais com plano nutricional mais baixo (FUQUAY, 1981).
A
nutrição dos reprodutores pode influenciar a quantidade
de sêmen (número de espermatozoides e volume do
ejaculado), especialmente em animais jovens e sob
condições desfavoráveis de ambiente (HUGONIN,
2001). Uma dieta contendo 14% de proteína ou nível de
lisina de 0,7% e 70% de energia é recomendada para machos
reprodutores e, quando reduzida a ingestão diária, a
produção de sêmen será também
reduzida (FLOWERS, 1997). No que diz respeito à dieta, deve-se
considerar a importância dos minerais, principalmente aqueles
necessários para a produção espermática e
desenvolvimento testicular, em especial a importância da
suplementação com microminerais orgânicos como o
cobre, cromo, manganês, iodo, selênio, zinco e ferro, que
levam ao aumento do volume do ejaculado e à
redução dos efeitos estressantes aos quais os animais
são submetidos (MAHAN et al., 2002).
O objetivo
deste trabalho foi de avaliar o efeito da suplementação
micromineral orgânica e inorgânica sobre a qualidade do
sêmen de suínos expostos à elevada temperatura
ambiental.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento
foi desenvolvido durante os meses de dezembro de 2005 a maio de 2006,
em uma central de inseminação artificial de suínos
situada no município de Palotina, na região oeste do
Estado do Paraná. Os animais, com dois anos de idade, foram
adquiridos de uma empresa de melhoramento genético de
suínos (Agroceres), eram oriundos de granjas de reprodutores
suínos certificados (GRSC) e andrologicamente aptos para a
reprodução. Antes de entrarem para a central, alojaram-se
em quarentenário, sendo submetidos a exame sorológico
para diagnóstico das seguintes enfermidades: peste suína
clássica (PSC), doença de Aujesky, brucelose,
leptospirose, teste intradérmico para diagnóstico de
tuberculose e raspado cutâneo para diagnóstico de sarna.
Cada animal
permaneceu alojado isoladamente em baias de concreto com
dimensões de 2,0 m x 2,5 m, separadas uma das outras por
grades que permitiam a visualização entre os animais. A
sala de alojamento possuía pé direito de 3,20 m, era
equipada com cortinas laterais, quatro ventiladores e três linhas
de nebulizadores instalados junto ao teto da instalação,
os quais eram automaticamente acionados quando a temperatura ambiente
superava os 24 ºC. A sala ainda possuía equipamento para
registro da temperatura máxima e mínima, bem como da
umidade relativa do ar. Para as análises, os animais foram
distribuídos em três grupos de 4, 4 e 5 animais, que
receberam dieta inorgânica (GIn), dieta orgânica (GOr) e
dieta lactação (GCo), respectivamente.
A dieta foi
formulada com base nos requerimentos nutricionais para machos
sexualmente ativos, porém sem adição de
microminerais. Na fábrica de ração, ao se formular
250 kg de cada ração, adicionava-se o premix de
microminerais, constituindo duas dietas diferentes. Para o grupo A,
forneceu-se dieta contendo microminerais inorgânicos com taxa de
inclusão de 5 kg por tonelada de ração. Para o
grupo B foi fornecida dieta contendo microminerais orgânicos com
inclusão de 5 kg por tonelada de ração. Para o
grupo C manteve-se a dieta normalmente utilizada para a
alimentação dos animais, formulada com base nos
requerimentos nutricionais de fêmeas em lactação,
seguindo formulação preconizada pela própria
empresa, contendo minerais suplementados na forma inorgânica. Os
animais dos três grupos receberam 2 kg de ração por
dia (Tabela 1), uma vez ao dia. Serviu-se água à vontade para os três grupos de animais.
A
avaliação da influência da temperatura e da
suplementação alimentar com minerais orgânicos
sobre a qualidade do sêmen foi realizada duas vezes por semana em
todos os ejaculados, observando-se volume, concentração,
motilidade e percentual de alterações morfológicas
espermáticas, durante os seis meses do experimento. Além
disso, realizaram-se determinações diárias
(às 10:00 h) da frequência respiratória,
temperatura retal e do consumo de alimento. O ejaculado total foi
coletado por um funcionário experiente pelo método da
mão enluvada, filtrado em uma gaze para remoção da
fração gelatinosa do sêmen e armazenado a 37
ºC em um copo térmico contendo água aquecida.
Logo
após a coleta, mediu-se o volume (mL) do sêmen
utilizando-se uma balança (1 mL = 1g). A motilidade (%) e o
vigor espermático foram avaliados em lâmina coberta por
lamínula (37 ºC), levadas ao microscópio e
visualizadas sob aumento de 40X. Classificou-se o vigor de zero a
cinco. Zero representa a ausência de movimento progressivo com
deslocamento deslocamento fraco e inexpressivo e cinco representa
movimento vigoroso e veloz dos espermatozoides, geralmente progressivo
(CBRA, 1998).
A
concentração foi avaliada mediante contagem das
células na câmara de Newbauer, através da
diluição do sêmen em solução
formol-salina-tamponada (HANCOCK, 1957), na proporção de
0,1 ml de sêmen para 10 mL de solução, adotando-se
a diluição de 1:100 para o ejaculado total (CBRA, 1998).
Para avaliar as
características morfológicas dos espermatozoides,
desenvolveu-se a técnica da preparação
úmida padronizada por KRAUSE (1966), na qual se homogeneizou 0,1
mL de sêmen com 0,5 mL de solução-formol-salina.
Essa solução foi armazenada em temperatura ambiente e
submetida à agitação frequente até o
momento da realização do exame, para evitar
aglutinação espermática. No momento da
realização do exame, retirou-se uma alíquota de 30
µL, sendo avaliada em lâmina coberta por lamínula em
microscópio de contraste de fase (Olympus BX 41 TF) com aumento
de 1000x. A verificação da morfologia espermática
foi realizada em duzentas células, analisando-se os defeitos de
forma e estrutura e classificando-os como defeito de cabeça e
cauda.
Durante o
experimento foram também registradas diariamente a temperatura
máxima e mínima e a umidade relativa do ar no local onde
estavam alojados os machos, às 8:00 h e às 16:00 h.
O experimento
foi realizado no período de predomínio de elevadas
temperaturas na região, durante os meses de dezembro de 2005 a
maio de 2006. Utilizaram-se os dois primeiros meses como período
inicial de adaptação à nova dieta, sendo a
avaliação da qualidade seminal iniciada nesse
período.
Foram coletadas
105 amostras de sêmen dos animais pertencentes ao grupo
orgânico, 108 amostras dos animais do grupo inorgânico e
130 amostras dos animais pertencentes ao grupo controle.
Para
avaliação dos três grupos, foi utilizado o
método estatístico de comparação de
médias ANOVA, ao nível de significância de 5%, com
o objetivo de testar se existiram diferenças significativas
entre eles. Nas situações em que se observou
diferença significativa entre os tratamentos na análise
de variância (ANOVA), os grupos foram submetidos ao teste de
comparação de médias, para testar qualquer
contraste entre as médias dos tratamentos, através do
cálculo da diferença mínima significante (DMS)
pelo teste de Tukey (5%).
Avaliou-se a
correlação existente entre as variáveis por meio
do coeficiente de correlação de Pearson, para verificar
se a correlação encontrada foi significante ou
não, utilizando-se o programa estatístico SAEG (UFV,
1998).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o
período experimental, a temperatura no interior do galpão
no qual os animais estavam alojados atingiu o valor mínimo de
16,4 ºC e máximo de 39,7 ºC, observados nos meses
de maio de 2006 e janeiro de 2006, respectivamente. A Figura 1 apresenta as médias de temperatura ambiental durante o período experimental.
Calor e umidade
elevada podem resultar em estresse crônico, especialmente se
acompanhado por uma ampla flutuação da temperatura,
resultando em diminuição na ingestão de alimento e
interferência na espermatogênese (KUNAVONGKRIT et al.,
2005) (Figura 2).
Nas condições experimentais não se observou
redução na ingestão de alimento, pois os animais
recebiam 2 kg de ração uma vez ao dia. Como o intervalo
entre o fornecimento de ração era de 24 horas, os animais
ingeriam toda a ração fornecida.
A análise de variância da média de volume de sêmen observada ao longo dos meses do ano (Tabela 2)
mostrou que o GCo apresentou menor volume de sêmen durante todos
os meses do experimento, exceto no mês de março, sendo a
diferença significativa entre os três tratamentos
(P=0,025). O GIn foi o que apresentou os maiores valores de volume de
sêmen durante todo o período experimental, porém
sem diferença significativa para o GOr.
A análise de variância da média de motilidade espermática (Tabela 3)
observada ao longo dos meses do ano apresentou diferença
significativa entre os grupos (P=0,029), sendo que o GOr foi o que
apresentou maior motilidade durante todo o período experimental,
com diferença média significativa em
relação ao GIn.
O padrão
desejado de motilidade progressiva é de 70%. Os três
grupos apresentaram resultados de motilidade dentro dos padrões
desejados durante todo o período experimental, mesmo quando
submetidos a elevadas temperaturas (CBRA, 1998). Estes resultados foram
superiores aos observados por BORG et al. (1993), que obtiveram
média de 75% de motilidade progressiva em suínos,
não observando diferenças entre raças.
A
concentração de espermatozoides apresentou
diferença significativa entre os grupos (P=0,006), sendo que os
resultados (Tabela 4) dos grupos GOr e GCo se assemelham, porém diferem do GIn.
Os resultados
demonstram que a capacidade de produção
espermática pelos testículos e a qualidade do movimento
flagelar são satisfatórias para os animais do grupo GOr e
são menos afetadas pelas elevadas temperaturas a que foram
submetidos quando comparado com os grupos GIn e GCo.
Quando se compararam as médias de espermatozoides normais entre os grupos (Figura 3)
verificou-se que houve diferença significativa entre os valores
observados ao longo dos meses do experimento (P = 0,00021), sendo que,
para os grupos GIn e GCo, a diferença entre as médias
não foi significativa ao nível de 5%. Já quando se
comparou o grupo GOr com os demais (GCo e GIn), a diferença
entre as médias de espermatozoides normais foi significativa.
SURIYASOMBOON
et al. (2004), na Tailândia, ao verificarem a influência
dos diferentes sistemas de criação para machos
suínos sobre a produção e qualidade
espermática, observaram 79,8% de espermatozoides normais em um
total de 607 em animais criados em sistema convencional. Já
VASCONCELOS et al. (2001) observaram uma média de 86,3% de
espermatozoides normais no sêmen de machos suínos das
raças Duroc, Landrace e Large White. Apenas os animais do GOr
mantiveram porcentagem média de espermatozoides normais superior
às observadas por esses pesquisadores durante todo o
período experimental, equivalente a 92,8% em um total de 105
observações.
Para a
avaliação da relação entre temperatura
ambiental média e porcentagem de espermatozoides normais
observados em cada grupo, a temperatura média da primeira semana
foi correlacionada com os dados de espermatozoides normais observados
21 dias após. Segundo WETTEMANN et al. (1976), a
exposição de machos suínos a elevadas temperaturas
ambientais provoca alteração na qualidade do sêmen
dos animais a partir de vinte dias após o início da
exposição.
O grupo de
animais GCo foi o que sofreu o maior declínio na porcentagem de
espermatozoides normais no período de janeiro a março de
2006, seguido pelo GIn, período que refletiu a
exposição a altas temperaturas ambientais nos meses de
dezembro/2005, janeiro/2006 e fevereiro/2006, como pode ser observado
na Figura 3.
A partir dos resultados demonstrados na Tabela 5,
verificou-se que houve diferença significativa nos defeitos de
cabeça, cauda, gota plasmática proximal e gota
plasmática distal ao longo do período experimental,
quando foram comparados os três grupos.
Os defeitos
observados na cabeça dos espermatozoides dos animais que
receberam dieta lactação (GCo) foram significativamente
superiores (P= 0,0006) aos demais tratamentos ao longo dos meses do
experimento. O valor médio observado (1,77%) foi superior ao
percentual médio de defeitos de cabeça observados em um
total de 1.324 amostras de sêmen de suínos durante um
período de 44 meses nos estados de Santa Catarina e Rio Grande
do Sul, onde se verificou que os defeitos de cabeça apresentaram
uma média de 0,94% (HEIM et al., 2005). Nos grupos GIn e GOr, o
valor observado nos defeitos de cabeça mostrou-se inferior
à média verificada no experimento citado.
Já os
defeitos de cauda foram significativamente superiores para os animais
que receberam a dieta inorgânica (GIn) em relação
aos outros tratamentos, porém inferior ao percentual de defeitos
de cauda observados por HEIM et al. (2005), que constataram uma
média de 4,52% em um total de 1.324 observações.
Para os
defeitos de gota plasmática proximal (GPP) e gota
plasmática distal (GPD), observou-se que os grupos que
apresentaram maior porcentagem média foram os grupos GCo e GIn
respectivamente. A diferença entre as médias de gota
plasmática proximal foi significativa (P=0,003) apenas entre os
GCo e GOr, porém apenas o grupo GOr apresentou média
inferior ao percentual médio observado por HEIM et al. (2005) e
KUNAVONGKRIT et al. (2005), que encontraram 3,8% e 3,9% de defeitos de
GPP, respectivamente. Já a diferença entre as
médias de gota plasmática distal foi significativa entre
os grupos GIn e GCo (P=0,002) e GIn e GOr (P=0,002). O percentual
médio de defeitos de GPD encontrado por HEIM et al. (2005) foi
de 4,5%; sendo que apenas o grupo GIn apresentou percentual superior a
este, e superior também ao percentual observado por KUNAVONGKRIT
et al. (2005), que, ao verificarem a incidência de GPD em
suínos submetidos a um sistema convencional de
criação, encontraram 5,6% de espermatozoides com GPD.
As gotas
plasmáticas representam um sério defeito
morfológico das células espermáticas, de
particular importância quando da armazenagem em longo prazo do
sêmen para inseminação artificial, não sendo
recomendado que a porcentagem total de gotas plasmáticas exceda
15% (WABERSKI et al., 1994). Nas condições experimentais,
nenhum dos grupos apresentou somatório das porcentagens de
espermatozoides com defeitos de gota plasmática superior a este
valor.
Com o aumento
da temperatura ambiente, observou-se uma redução do
volume e da concentração espermática (Tabela 6), confirmada pela correlação significativa e negativa entre essas variáveis.
mbiental e
volume de sêmen, e temperatura ambiental e
concentração, estão de acordo com os observados
por KUNAVONGKRIT & PRATEEP (1995), que notaram menor volume total
do ejaculado e menor concentração do sêmen em
machos submetidos a ambiente com elevada temperatura.
CONCLUSÕES
A suplementação com minerais orgânicos é
benéfica no que diz respeito à qualidade do sêmen e
à redução dos efeitos negativos das altas
temperaturas ambientais às quais os suínos são
submetidos em condições tropicais de
criação.
AGRADECIMENTOS
À
Companhia Zootécnica Tortuga, pelo apoio científico e
financeiro, e à Cooperativa C-Vale, pela permissão da
realização do experimento com os machos da Unidade
Produtora de Leitões.
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Protocolado em: 19 maio 2008. Aceito em: 21 ago. 2009.