INFLUÊNCIA DA ALTA INGESTÃO DE MATÉRIA SECA NA RESPOSTA SUPEROVULATÓRIA EM VACAS MESTIÇAS
Michele Ricieri Bastos,1 Alexandre Floriani Ramos,2 Katlen Driessen,2 Aline Carvalho Martins,1 Rodolfo Rumpf 2 e Roberto Sartori3
1. Departamento de Reprodução Animal e
Radiologia,, Veterinária, FMVZ, Universidade Estadual de
São Paulo (UNESP),
Botucatu, SP, Brasil, CEP 18618-000
2. Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, CEP 70770-900, Brasília, DF, Brasil
3. Departamento de Zootecnia, ESALQ, Universidade de São Paulo
(USP), Piracicaba, SP, Brasil, CEP 13418-900. E-mail:
sartori@esalq.usp.br
RESUMO
Objetivou-se avaliar o efeito da alta ingestão de matéria
seca (AIMS) sobre a resposta superovulatória de vacas
mestiças Nelore x Simental. Quatorze vacas não lactantes,
com escore de condição corporal (ECC) igual a 4,0 (escala
de 1 a 5), foram divididas aleatoriamente em dois grupos
(Manutenção=M ou alta ingestão de matéria
seca=AIMS). De sete dias antes do início da
superovulação (SOV) até o final das
aplicações de FSH, as vacas do grupo AIMS receberam dieta
com 180% da manutenção. O grupo M recebeu dieta de
manutenção. Sete dias após a IA, os
embriões foram colhidos e avaliados. Quarenta dias após,
inverteram-se os tratamentos e realizou-se uma nova SOV. Para
comparação entre os grupos, utilizou-se o teste t
pareado. Os resultados estão apresentados em média
± erro-padrão. O número de folículos
recrutados detectados por ultrassonografia (19,6±1,8 e
16,4±2,0) e ovulados (15,0±1,6 e 13,0±1,6)
não diferiu entre os grupos M e AIMS, respectivamente
(P>0,10). Entretanto, os números de estruturas totais
(14,1±2,3 e 9,5±1,5) e embriões viáveis
(10,1±2,1 e 6,7±1,5) colhidos foram maiores no grupo M
(P<0,05). Conclui-se que, nas condições deste estudo,
AIMS previamente à SOV pode comprometer a produção
embrionária em vacas de elevado ECC.
PALAVRAS-CHAVES: Bovinos, embrião, nutrição, superovulação.
ABSTRACT
INFLUENCE OF HIGH DRY MATTER INTAKE ON THE SUPEROVULATORY RESPONSE
OF CROSSBRED COWS
This study investigated the effect of high dry matter intake (Flushing)
on the superovulatory response of crossbred Nelore x Simmental cows.
Fourteen non-lactating cows, with a mean body condition score (BCS) of
4.0 (scale from 1 to 5) were randomly assigned into two groups
(Maintenance=M or Flushing=F). Seven days prior to onset of
superovulation (SOV) until the last day of treatment with FSH, group F
cows were fed a diet to achieve 180% of maintenance. Group M cows were
fed a maintenance diet. Seven days after AI, embryos were collected and
evaluated. Forty days later, the treatment groups were inverted and
another SOV was realized. Variables were compared by paired t test and
data are presented as mean ± SEM. The number of recruited
(19.6±1.8 and 16.4±2.0) and ovulated (15.0±1.6 and
13.0±1.6) follicles detected by ultrasonography did not differ
between the M and F groups, respectively (P>0.10). However, the
total number of embryos/ova (14.1±2.3 and 9.5±1.5) and
the number of viable embryos (10.1±2.1 and 6.7±1.5)
recovered were greater in group M (P<0.05). Under the conditions of
this study, we conclude that nutritional flushing previously to SOV may
compromise embryo production in cows with high BCS.
KEY WORDS: Bovine, embryo, nutrition, superovulation.
INTRODUÇÃO
Um dos maiores entraves dos programas comerciais de transferência
de embriões (TE) é a grande variação
individual ao tratamento superestimulatório (MAPLETOFT et al.,
2002; NOGUEIRA et al., 2002; BARROS & NOGUEIRA, 2004), observada
tanto em vacas e novilhas Bos indicus (BARUSELLI et al., 2003) quanto
em Bos taurus (SARTORI et al., 2003, 2004). A variabilidade na resposta
ovariana está relacionada aos diferentes protocolos de
superovulação (SOV), mas também ao estado
nutricional do animal (YAAKUB et al., 1999). Em geral, fêmeas de
elevado mérito genético, que são utilizadas como
doadoras de embriões, não estão sob um manejo
nutricional adequado, o que pode comprometer os resultados de TE.
Além das alterações nutricionais, o escore de
condição corporal (ECC) e o nível
energético da dieta também estão entre os fatores
que mais afetam o desempenho reprodutivo da fêmea bovina (WEBB et
al., 2004). Estes podem influenciar, de forma sinérgica ou
antagônica, diversos fatores que regulam o desenvolvimento
folicular ovariano e a esteroidogênese, refletindo quali e
quantitativamente na produção de embriões (RHODES
et al., 1995; ADAMIAK et al., 2005).
Dessa forma, pode-se afirmar que a resposta superovulatória pode
ser influenciada por fatores intrínsecos (relacionados ao
animal) e extrínsecos (ambiente), dentre eles a
nutrição (WEBB et al., 2004). Trabalhos que foram
desenvolvidos com o objetivo de aumentar o número de
folículos recrutados mostraram que a população
folicular presente na fase de recrutamento é
pré-requisito para melhorar a resposta aos protocolos de SOV e,
consequentemente, melhorar a eficiência reprodutiva dos animais
domésticos (FORTUNE, 2003). Até o presente momento, o
flushing nutricional (curto período de
superalimentação) (GUTIERREZ et al., 1997; ARMSTRONG et
al., 2001; GONG et al., 2002) e o uso do rbST (somatotropina bovina
recombinante) (GONG et al., 1991; BURATINI et al., 2000) mostraram ser
os principais fatores capazes de influenciar positivamente o
número de folículos recrutados e/ou a resposta aos
protocolos de SOV.
Embora o aumento da ingestão energética possa alterar o
perfil dos hormônios metabólicos, principalmente IGF-I e
insulina, e afetar o desenvolvimento folicular (ARMSTRONG et al.,
2001), o período mínimo necessário para que este
aporte energético tenha efeito sobre o número de
folículos recrutados ainda precisa ser determinado.
Objetivou-se com este trabalho avaliar a influência da alta
ingestão de matéria seca (AIMS) sete dias antes do
início e durante a superestimulação ovariana com
FSH, sobre a resposta superestimulatória, superovulatória
e produção embrionária, em vacas mestiças
F1 Nelore x Simental.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizadas quatorze vacas não lactantes, mestiças
F1 Nelore x Simental, com idade entre cinco e seis anos, peso
médio de 500,0 kg e ECC 4,0 (escala de 1 a 5; HOUGHTON et al.,
1990), que passaram por exame ginecológico antes do
início do experimento e encontravam-se sem
alterações reprodutivas detectáveis.
As vacas foram divididas aleatoriamente em dois grupos experimentais
(Manutenção e AIMS) e mantidas em sistema de pastejo com
Brachiaria decumbens, mineralização adequada e
água à vontade, em um delineamento experimental
cross-over.
Três semanas antes do início da SOV, as vacas passaram a
receber uma dieta de adaptação a fim de se evitar
complicações rumenais durante o experimento, devido ao
maior aporte nutricional. Durante essa adaptação, os
animais permaneceram em um piquete com pouca oferta de gramíneas
e com suplementação à base de silagem de milho e
fonte proteica à base de NNP, em níveis próximos
aos de manutenção. Sete dias antes do início da
SOV as vacas foram transferidas para piquetes sem gramíneas e
passaram a ser alimentadas exclusivamente com dieta balanceada, sal
mineral e água à vontade. A dieta do grupo
Manutenção foi ajustada para 100% das necessidades
diárias de mantença, totalizando uma ingestão de
2,03% do peso vivo (PV) por dia. O grupo AIMS recebeu uma dieta
ajustada para 180% em relação à
manutenção (ingestão total de 3,65% do PV/dia). O
encerramento da AIMS coincidiu com a última
aplicação de FSH, totalizando onze dias de
duração. Para que houvesse pouca competição
pela dieta fornecida, e para assegurar um consumo alimentar
relativamente uniforme entre as vacas, respeitou-se uma medida
mínima de comprimento de cocho de 70 cm por animal.
Após esse período, as vacas do grupo AIMS retornaram
à dieta de manutenção até o momento da
colheita dos embriões e, após as colheitas, todas as
vacas retornaram ao sistema de pastejo em Brachiaria decumbens, com
suplementação mineral adequada e água à
vontade. Quarenta dias após, foi realizada uma outra
repetição do experimento, e os tratamentos foram
invertidos, ou seja, o grupo Manutenção passou a ser o
grupo AIMS e vice-versa.
A composição centesimal e as percentagens de
matéria seca (MS), nutrientes digestíveis totais (NDT) e
proteína bruta (PB) da dieta oferecida estão ilustradas
na Tabela 1.
Três dias após o início do fornecimento das
dietas experimentais (Manutenção ou AIMS), todas as vacas
foram sincronizadas com dispositivo intravaginal de progesterona (P4;
DIB, Sintex S.A., Argentina) e 2,0 mg de benzoato de estradiol (BE;
Ric-BE, Syntex S.A., Argentina) e foram superovuladas com FSH seguindo
o protocolo de TE em tempo fixo descrito na Figura 1.
Cada vaca recebeu oito injeções im de FSH a cada doze
horas, em doses decrescentes, utilizando-se uma dose total de 250 UI de
FSH (Pluset, Calier, S.A., Barcelona, Espanha) e 0,150 mg de
prostaglandina F2α (PG F2α; D-Cloprostenol; Prolise; ARSA
S. R. L., Buenos Aires, Argentina) simultânea à sexta e
sétima aplicação de FSH. A retirada do dispositivo
intravaginal de progesterona foi simultânea à sexta
aplicação do FSH. Doze horas após a última
aplicação de FSH, induziu-se a ovulação com
0,05 mg de GnRH (acetato de gonadorelina; Gestran Plus; ARSA S. R. L.,
Buenos Aires, Argentina). Doze e 24 horas após a
aplicação do indutor da ovulação, as vacas
foram inseminadas artificialmente com sêmen congelado de uma
mesma partida de um mesmo touro, e os embriões foram colhidos
sete dias após a injeção para
indução da ovulação. Após a
colheita, as vacas receberam 0,150 mg de PGF2α (D-Cloprostenol;
Prolise) e retornaram ao pasto.
Os exames ultrassonográficos foram realizados por um
único operador, mediante um aparelho de ultrassom em tempo real
(Aloka SSD-500 V; Corometrics Medical Sistems Inc., Wallingford, CT,
USA) com transdutor linear transretal de 7,5 MHz.
Exames ultrassonográficos ovarianos foram realizados no ato da
primeira e da última aplicação de FSH, e dois e
sete dias após a indução da ovulação
(Figura 1).
Na avaliação realizada no dia da primeira
aplicação de FSH, contaram-se apenas folículos
pequenos (3,0 a 5,0 mm de diâmetro), e na avaliação
do dia da última aplicação de FSH e dois dias
após a indução da ovulação,
contaram-se apenas os folículos com diâmetro ≥ 6,0 mm.
Para realização das colheitas dos embriões, as
vacas foram contidas em tronco individual e procedeu-se à
anestesia peridural com 4,0 mL de lidocaína 2,0%. Aplicou-se a
técnica de colheita dupla, relatada por CASTRO NETO et al.
(2005), em que se posicionou o balão do catéter de Foley
no corpo uterino justaposto ao óstio cranial da cérvix,
empregando-se, em média, 1.000 mL de Dulbecco Phosphate Buffered
Saline (DPBS) por animal. Após a lavagem uterina, o útero
foi preenchido com DPBS e o catéter mantido no local com
sua abertura lacrada com uma presilha de filtro de coleta. Em seguida,
as vacas foram soltas e retornaram ao tronco vinte minutos depois, para
a remoção do DPBS que estava no útero e para a
realização de um segundo lavado com um volume extra de
500 mL de DPBS. O lavado uterino foi colhido em filtro de 75 µm,
com devida identificação para cada animal e transportado
para o laboratório, onde os embriões foram rastreados e
avaliados em estereomicroscópio (Zeiss – Stemi SV6,
Holanda). Classificaram-se os embriões segundo o grau de
desenvolvimento e qualidade, de acordo com o manual da International
Embryo Transfer Society – IETS (STRINGFELLOW & SIEDEL, 1999).
Embriões de graus 1 a 3 foram considerados viáveis.
Todas as variáveis apresentaram homoscedasticidade pelo teste de
Cochran e distribuição normal pelo teste de Lilliefors,
exceto o número de corpos lúteos, que sofreu
transformação logarítmica, passando a ter
distribuição normal. Para comparar as variáveis
entre os grupos, utilizou-se o teste t pareado. Os resultados
estão apresentados sob a forma de média ±
erro-padrão da média.
RESULTADOS e DISCUSSÃO
No presente trabalho, utilizando sete dias de fornecimento da AIMS
antes do início da SOV, não foi observada
diferença entre os tratamentos Manutenção e AIMS
(P > 0,10) quanto ao número de folículos recrutados na
onda folicular sincronizada, quanto à resposta
superestimulatória (número de folículos no final
do tratamento com FSH) e resposta superovulatória (número
de corpos lúteos). No entanto, o número de
estruturas totais e o(P ≤ 0,05) no grupo Manutenção,
comparado ao grupo AIMS (Tabela 2).
Trabalhos desenvolvidos com novilhas cruzadas (Hereford x
Holandês) demonstraram que o fornecimento de AIMS (200%) por um
curto período de tempo (duas ou três semanas) foi capaz de
aumentar o número de folículos recrutados (GUTIERREZ et
al., 1997; GONG et al., 2002) e, consequentemente, melhorou a resposta
aos protocolos de superovulação à base de FSH
(GONG et al., 2002). No entanto, alguns trabalhos observaram efeito
nulo (FRERET et al., 2006) ou negativo (NOLAN et al., 1998; YAAKUB et
al., 1999; WRENZYCKI et al., 2000; SIDDIQUI et al., 2002; LOZANO et
al., 2003; ADAMIAK et al., 2005; MOLLO et al., 2007) da alta
ingestão alimentar sobre o número de folículos
recrutados e sobre a produção de ovócitos e de
embriões.
O efeito positivo da alta ingestão sobre a
população folicular normalmente é atribuído
ao aumento das concentrações circulantes de IGF-I e,
principalmente, insulina. Ambos atuam como potentes estimuladores da
proliferação de células da granulosa e da
esteroidogênese em bovinos, além de aumentar a resposta
ovariana às gonadotrofinas (WEBB et al., 2004). No entanto, a
insulina responde de forma mais aguda às
alterações na dieta do que o IGF-I (WEBB et al., 2004).
Até o presente momento, o período mínimo de AIMS
em que se detectou diferença nas concentrações de
insulina e de IGF-I foi de dez dias, mas não se sabe se esta
diferença já estava presente antes, uma vez que
não foram feitas dosagens prévias (ARMSTRONG et al.,
2001). Com base nos resultados de ARMSTRONG et al. (2001), o presente
estudo optou por aumentar a ingestão alimentar por apenas sete
dias antes do início do protocolo de SOV, a fim de se verificar
se esse período de AIMS seria suficiente para elevar o
número de folículos recrutados e, consequentemente, a
resposta superovulatória, de forma que também resultasse
em menor ganho de peso dos animais durante o tratamento e menor custo.
No entanto, sete dias de AIMS, antes do início da SOV,
não foi suficiente para alterar a população de
folículos recrutados no início de uma onda. O fato de
não ter sido encontrada diferença no número de
folículos recrutados na onda sincronizada, possivelmente,
ocorreu pelo elevado ECC dos animais utilizados neste experimento. De
fato, ADAMIAK et al. (2005) observaram que animais
hiperinsulinêmicos (fêmeas com elevado ECC e submetidas
à alta ingestão alimentar) apresentaram menor
número de folículos totais no ovário e menor
número de ovócitos maturados e blastocistos produzidos
após cultivo in vitro. Provavelmente, neste estudo, a
associação AIMS e elevado ECC dos animais impediu um
possível efeito positivo sobre o número de
folículos recrutados. Além disso, esse período de
sete dias de AIMS antes da SOV talvez não tenha sido
suficientemente longo para alterar o recrutamento folicular, como
descrito por ADAMIAK et al. (2005).
Com relação à produção
embrionária, o fornecimento de AIMS por sete dias antes e mais
quatro dias durante a superestimulação ovariana reduziu o
número de estruturas totais e embriões viáveis
colhidos. Apesar de a insulina e o IGF-I não terem sido dosados
neste trabalho, acredita-se que sete dias de AIMS tenham sido
suficiente para alterar a concentração circulante desses
hormônios, principalmente a de insulina, em virtude do efeito
negativo sobre a produção embrionária, observado
neste trabalho. Dados publicados sugerem que a AIMS associada a um
elevado ECC nos animais possa exercer um efeito deletério sobre
a maturação ovocitária e produção de
embriões, possivelmente pelo excesso de IGF-I (WEBB et al.,
2004) e pela hiperinsulinemia (ADAMIAK et al., 2005), o que pode ter
ocorrido neste experimento, por terem sido usados animais com ECC
médio igual a 4,0. Além disso, deve-se considerar que a
permanência da AIMS durante as aplicações de FSH
também possa ter resultado num efeito deletério sobre os
ovócitos.
Corroborando os resultados negativos observados sobre a
produção e qualidade embrionária nos animais
submetidos à AIMS, YAAKUB et al. (1999) e WRENZYCKI et al.
(2000) mostraram que novilhas que receberam quantidade restrita de
concentrado produziram maior número de embriões e de
qualidade superior quando comparadas a novilhas que receberam dieta
à vontade. Similarmente, trabalhos com novilhas da raça
Nelore (MOLLO et al., 2007) observaram que o número de
embriões colhidos foi superior no grupo de baixa ingestão
alimentar.
Dessa forma, acredita-se que o efeito positivo da AIMS sobre a
população folicular, a resposta superovulatória e
a produção embrionária seja dependente do estado
metabólico em que o animal se encontra no momento em que a dieta
é fornecida. SIDDIQUI et al. (2002) sugeriram que um
nível nutricional que limite o ECC em 2,5 a 3,0 (escala de 1 a
5), em vacas zebus antes de um tratamento de
superovulação, seja melhor do que um alto nível
nutricional. Em concordância, ADAMIAK et al. (2005), além
de mostrarem efeito negativo da hiperinsulinemia na qualidade dos
ovócitos, sugeriram que o efeito do nível nutricional
sobre as qualidades ovocitária e embrionária é
dependente do ECC inicial da fêmea bovina. Outra possibilidade a
ser considerada é que esses animais estavam a pasto antes do
experimento e, durante parte do experimento, ficaram totalmente
confinados com dieta exclusivamente no cocho. Portanto, não se
pode descartar a possibilidade de o confinamento desses animais, mesmo
que apenas com dieta de manutenção, durante o
período de adaptação experimental, ter resultado
no efeito semelhante ao esperado com a AIMS e, após o
período de adaptação, quando passaram a receber a
dieta de alta ingestão, este maior aporte energético
tenha sido excessivo, comprometendo a produção
embrionária desses animais.
CONCLUSÕES
A alta ingestão de matéria seca, previamente à
SOV, pode comprometer a produção embrionária em
vacas de elevado ECC.
AGRADECIMENTOS
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico, pelo auxílio financeiro, à FAPESP,
pela concessão de bolsa, e à Integral
Nutrição Animal, pelo fornecimento do concentrado.
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Protocolado em: 7 maio 2008. Aceito em: 9 set. 2009.