SUBSTITUIÇÃO
DO MILHO TRITURADO POR CASCA DE SOJA EM DIETAS PARA VACAS
MESTIÇAS EM LACTAÇÃO
Milton
Luiz Moreira Lima,1 Juliano José de
Resende Fernandes,1 Eduardo Rodrigues de
Carvalho,2 Sandro de Castro Santos,2
Filipe Marinho da Rocha3 e Douglas de Almeida
Lima3
1. Professor doutor da Escola de Veterinária,
UFG
2. Mestrando em Ciência Animal, Escola de
Veterinária, Universidade Federal de Goiás (UFG)
3. Aluno de Graduação da Escola de
Veterinária, Universidade Federal de Goiás (UFG).
RESUMO
Objetivou-se avaliar a produção e
composição do leite quando a casca de soja foi
utilizada
para substituir o milho triturado na dieta de doze vacas
mestiças em lactação,
distribuídas em
quatro quadrados latinos 3x3. Adicionou-se a casca de soja dieta (21%,
30,1% e 39,3% do total da matéria seca) para reduzir
progressivamente a porcentagem de milho triturado (24%, 15% e 5,8% do
total da matéria seca). Não houve
diferenças
(P>0,05) para a produção de leite sem e
com
correção para 3,5% de gordura, teores de
proteína
(3,26 g/100 g) e de lactose no leite (4,67 g/100 g). Já os
teores de gordura e de sólidos totais no leite aumentaram
linearmente com o aumento da quantidade de casca de soja adicionada na
dieta (P<0,01). Também foi observado aumento linear
na
concentração de nitrogênio ureico no
leite à
medida que a quantidade de casca de soja (P<0,01) foi elevada.
Concluiu-se que a substituição do milho triturado
por
casca de soja não afetou a produção de
leite,
porém houve aumento no teor de sólidos totais,
especificamente no teor de gordura.
PALAVRAS-CHAVES: Nitrogênio ureico no leite,
produção e composição do
leite, subprodutos
de agroindústria.
ABSTRACT
SOYBEAN HULLS AS A REPLACEMENT
FOR GROUND CORN IN RATIONS FOR LACTATING CROSSBREED COWS
Twelve lactating dairy cows were randomly assigned in four 3x3 Latin
squares to evaluate milk production and composition when ground corn
was replaced by soybean hulls in the diet. Soybean hull was added to
the diet to progressively decrease ground corn (24%, 15% and 5.8% on
the dry matter basis) while soybean hull was simultaneously increased
to 21%, 30.1% and 39.3% (dry matter basis). Both milk production and
3.5% fat corrected milk production, milk protein (3.26 g/100 g) and
milk lactose (4.67 g/100 g) were not affected by treatments
(P>0.05). However, milk fat, milk solids and milk urea nitrogen
increased linearly with the increasing levels of soybean hulls
(P<0.01). It was concluded that the replacement of corn grain by
soybean hulls did not affect milk production, but there was increase in
milk solids, specifically milk fat.
KEY WORDS: Byproduct feeds, milk yield and composition, milk urea
nitrogen.
INTRODUÇÃO
A crescente demanda pela utilização racional e
sustentável dos recursos alimentícios em todo o
mundo tem
demonstrado a necessidade de pesquisas sobre a
utilização
de fontes alternativas de alimentos na nutrição
animal
que reduzam a competição com os alimentos usados
em larga
escala na alimentação humana e na
própria
alimentação animal.
Em fazendas leiteiras, a alimentação representa o
maior
percentual do custo de produção de leite,
porém
com grandes variações, dependendo do
nível
tecnológico empregado. Quando se fraciona este custo,
verifica-se que os concentrados têm a maior
participação percentual de toda a
alimentação, podendo até mesmo
inviabilizar o
sistema de produção.
No Brasil, o milho triturado é o principal ingrediente
concentrado energético para vacas em
lactação.
Porém, variações na oferta deste
ingrediente no
mercado, que são determinadas por inúmeras
causas,
ocasionam consideráveis altas no seu preço,
tornando-o
economicamente menos competitivo como fonte de energia, e, assim, dando
oportunidade ao emprego de outros alimentos.
Uma dessas alternativas é a utilização
da casca de
soja, um subproduto da indústria do processamento dos
grãos de soja, que, devido aos seus teores de fibra e
energia,
pode ser incluída em rações de vacas
leiteiras,
substituindo tanto volumosos como concentrados energéticos
(NRC,
2001).
Para cada tonelada de soja moída para
extração de
óleo, obtêm-se aproximadamente 180 kg de
óleo, 710
kg de farelo 48% e cerca de 50 kg de cascas (5%). Quando é
produzido o farelo com 46% de proteína, a quantidade
disponível de cascas torna-se muito pequena, tanto
é que
nem todas as indústrias de óleo possuem casca
disponível, por não estarem equipadas para a
produção do farelo 48% (BLASI et
al., 2000).
Segundo BELYEA et
al. (1989) e
STERN & ZIEMER (1993), a maior vantagem na
utilização
da casca de soja na alimentação de vacas
leiteiras
está na alta digestibilidade de FDN (fibra em detergente
neutro), podendo atingir 95%. Dessa forma, a
substituição
de grãos de cereais pela casca de soja em
rações
para vacas leiteiras contribui para um ambiente ruminal mais
favorável, mediante a redução no teor
de amido com
concomitante aumento no teor de FDN digestível, resultando
em
menor risco de acidose subclínica (SANTOS et
al., 2004).
Muito embora o teor energético atribuído
à casca
de soja seja inferior ao do milho, muitos experimentos têm
demonstrado que, na maioria dos casos em que esta
substituição é feita, o desempenho dos
animais
não se altera. Isto seria consequência do efeito
associativo positivo que a substituição de parte
do amido
por fibra de alta digestibilidade teria na digestão da fibra
dos
demais ingredientes, gerando então saldo
energético
positivo, que compensaria, por sua vez, o menor valor
energético
da casca de soja.
Isso foi comprovado pelo trabalho de McGREGOR et
al.
(1976), em que, numa ração à base de
silagem de
alfafa, substituiu-se o milho moído por casca de soja nos
concentrados experimentais em níveis de 0%, 26,9% e 48,9% da
MS
(matéria seca), sendo que não houve
diferença no
consumo de MS, produção de leite corrigida para
4% de
gordura (média de 19 L/vaca/dia), teor de gordura do leite
(média de 4,1%), digestibilidade da MS (média de
64%) e
produção de ácidos graxos
voláteis no
rúmen.
Seguindo essa mesma linha de pesquisa, NAKAMURA & OWEN (1989)
pesquisaram a dieta total constituída por 50% de silagem de
alfafa e 50% de concentrado (base na MS) a doze vacas holandesas de
alta produção, na qual a casca de soja substituiu
0%, 50%
e 95% do milho no concentrado (base na MS). O consumo médio
de
MS foi de 23,7 kg/vaca/dia, sendo que não houve
diferença
entre as três rações. A
produção de
leite foi respectivamente de 29,8; 28,9 e 27,3 kg/vaca/dia para os
três níveis de substituição,
com teores de
gordura de 3,13%; 3,33% e 3,49%, resultados que não
diferiram
quando a produção diária de leite foi
corrigida
para 3,5% de gordura.
No entanto, há resultados opostos na literatura, quando, por
exemplo, a casca de soja foi gradualmente incluída na dieta
para
substituir o milho nos níveis de 10%, 20%, 30% e 40% da MS,
e o
consumo de MS por parte dos animais diminuiu, sendo que o maior
decréscimo ocorreu quando a casca de soja foi fornecida em
30% e
40% da MS (IPHARRAGUERRE et
al., 2002).
Dados de alguns autores (MERTENS, 1997; BATAJOO & SHAVER, 1998;
IPHARRAGUERRE et
al.,
2002) indicaram que a inclusão da casca de soja em teores
acima
de 30% da MS diminuiu a efetividade da FDN da
ração,
levando à concentração excessiva de
ácidos
graxos voláteis no rúmen com consequente
diminuição do consumo de MS por parte dos animais.
Sendo assim, objetivou-se com este trabalho avaliar a
produção e composição do
leite de vacas
mestiças que receberam dietas em que o milho triturado foi
substituído por níveis crescentes de casca de
soja.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado na Fazenda Escola da UFG no
período
de 9 de junho a 8 de agosto de 2004. Fez-se uso de doze vacas
multíparas mestiças (½
Holandês e ½
Gir leiteiro), que ao início e final do experimento estavam
em
média com 76 e 106 dias em lactação,
respectivamente. Esses animais foram distribuídos em quatro
quadrados latinos 3x3, a fim de ser avaliada a
substituição do milho triturado pela casca de
soja na
dieta. De acordo com a Tabela 1,
as dietas foram compostas por três
formulações
isonitrogenadas, com redução na porcentagem de
milho
triturado (24%, 15% e 5,8% do total da MS) e aumento da casca de soja
(21%, 30,1% e 39,3% do total da MS). A composição
bromatológica das dietas experimentais encontra-se na Tabela 2.
As dietas (tratamentos) foram calculadas de acordo com o NRC (2001)
para atender às exigências nutricionais das vacas
utilizadas neste trabalho, que ao início do experimento
apresentaram peso vivo médio de 550 kg ± 39 e
produção média de 23,8 kg de leite/dia
±
2,7.
As vacas foram ordenhadas duas vezes ao dia (6h e 16h) e receberam a
dieta basal e os concentrados em locais distintos. Ofereceram-se os
concentrados em grupos de quatro animais, logo após as duas
ordenhas diárias, na quantidade de 7 kg/vaca/dia (3,5
kg/vaca
pela manhã e 3,5 kg/vaca à tarde) nos currais de
alimentação adjacentes à sala de
ordenha. A dieta
basal foi oferecida em área comum de
alimentação
coletiva, composta por silagem de milho, casca de soja (4 kg/vaca/dia)
e mistura de ureia + sulfato de amônio na
proporção
de 9:1 (0,15 kg/vaca/dia). Incluiu-se a casca de soja na dieta basal
porque a disponibilidade de silagem de milho não foi
suficiente
durante todo o período de estiagem.
Procurou-se obter 10% a 15% de sobras da dieta basal, para que houvesse
o máximo consumo voluntário por parte dos
animais. Foi
adotado o consumo de MS da dieta basal das doze vacas, extrapolando-se
posteriormente para o consumo individual, a fim de se determinar a
composição percentual dos ingredientes das dietas
experimentais (Tabela 1).
Os três períodos experimentais foram de vinte e um
dias
cada, sendo quatorze dias para adaptação e sete
dias para
coleta dos dados. Avaliaram-se a produção e a
composição do leite do 15º ao
17º dia de cada
período, procedendo-se, posteriormente, à sua
correção para 3,5% de gordura mediante o emprego
da
fórmula proposta por TYRRELL & REID (1965), em que
LCG 3,5%
= (0,4324 x produção de leite em kg) + (16,216 x
produção diária de gordura em kg).
Amostras de leite de cada vaca oriundas das ordenhas da
manhã e
da tarde foram coletadas em frascos apropriados contendo bronopol
(conservante antibactericida) e enviadas para análises dos
teores de gordura, proteína, lactose e sólidos
totais no
Laboratório do Centro de Pesquisa em Alimentos da Escola de
Veterinária da UFG e também para
análise da
concentração de nitrogênio ureico no
leite (NUL) no
Laboratório da Clínica do Leite, ESALQ/USP,
Piracicaba
– SP. O aparelho utilizado em ambos os
laboratórios foi o
Milkoscan 4000 Basic® com princípio
analítico
infravermelho próximo. Coletaram-se amostras dos
concentrados e
da dieta basal do 15º ao 21º dia de cada
período,
sendo congeladas a -10ºC e posteriormente analisadas no
Laboratório de Nutrição Animal do
Departamento de
Produção Animal da Escola de
Veterinária da UFG.
Determinaram-se os teores de MS, matéria mineral,
proteína bruta (AOAC, 1990) e FDN (VAN SOEST et
al.,
1991). A análise estatística dos dados foi feita
com
auxílio do programa SAS (1998), utilizando-se o PROC GLM
para
análise das variáveis e contrastes ortogonais
completos
(linear e quadrático) e para análise dos efeitos
da
inclusão dos níveis crescentes da casca de soja
nas
dietas experimentais, adotando-se o nível de
significância
de 5%.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os consumos totais da casca de soja (dieta basal + concentrado) foram
respectivamente de 3,56 kg de MS/vaca/dia na dieta com 21% de casca de
soja, 5,12 kg de MS/vaca/dia na dieta com 30,1% de casca de soja e 6,67
kg de MS/vaca/dia na dieta com 39,3% de casca de soja.
Os resultados referentes à produção e
composição do leite estão apresentados
na Tabela 3.
A produção de leite (21,7 kg/dia), a
produção de leite corrigida para 3,5% de gordura
(22,8
kg/dia), a produção diária de gordura
(0,824
kg/dia), o teor de proteína (3,26 g/100g), a
produção diária de proteína
(0,705 kg/dia)
e o teor de lactose (4,67 g/100g) não diferiram entre as
dietas
experimentais (P>0,05). Houve aumento linear (P<0,01) nos
teores
de gordura, sólidos totais e nitrogênio ureico no
leite
quando a casca de soja substituiu progressivamente o milho triturado
nas dietas.
Em relação à
produção de leite,
esses resultados são semelhantes aos obtidos por
IPHARRAGUERRE
& CLARK (2003), que em sua revisão verificaram que a
correlação linear entre a
produção de leite
e a porcentagem de casca de soja nas dietas para vacas leiteiras em dez
trabalhos revisados foi baixa e não significativa. PEDROSO et
al.
(2007) também relataram não haver
diferença para a
produção de leite com e sem
correção para
3,5% de gordura, quando a casca de soja substituiu o milho em 10% e 20%
da MS da dieta. Além disso, nos trabalhos de COOMER et
al. (1993) e
MIRON et
al.
(2004a, 2004b), também não foi observada
alteração na produção de
leite quando a
casca de soja substituiu grãos de cereais em diferentes
níveis.
No entanto, NAKAMURA & OWEN (1989) reportaram
decréscimo na
produção de leite (-2,5 kg/dia) quando a casca de
soja
substituiu o milho em 48% do total da MS em uma dieta que continha 50%
de volumoso e 50% de concentrado. NAKAMURA & OWEN (1989)
atribuíram essa queda principalmente ao baixo
nível de
amido na dieta que continha casca de soja e também
à
menor digestibilidade da MS da dieta com casca de soja comparada
à dieta-controle (61,3% versus 69,9%, respectivamente).
Corroborando os resultados de NAKAMURA & OWEN (1989),
IPHARRAGUERRE
et
al. (2002)
observaram
tendência de redução na
produção de
leite (-1,2 kg/dia) quando a casca de soja substituiu o milho triturado
em 40% da MS da dieta (28,3 kg de leite/dia), comparado ao desempenho
da dieta-controle (29,5 kg de leite/dia). Nos demais níveis
de
inclusão da casca de soja (10%, 20% e 30% da MS),
não
houve diferença em relação
à dieta-controle.
Ainda observando-se a Tabela 3,
pode-se verificar que a inclusão da casca de soja aumentou
linearmente (P<0,01) o teor de gordura do leite, o que, por sua
vez,
desencadeou aumento no teor de sólidos totais
(P<0,01).
Outros autores, tais como NAKAMURA & OWEN (1989), PANTOJA et
al. (1994) e
ELLIOTT et
al.
(1995), ao avaliarem a substituição do milho pela
casca
de soja nos valores de 48%, 18% e 20% da MS da dieta, respectivamente,
concluíram que tais níveis restabeleceram os
teores de
gordura próximos às médias das
raças
empregadas nesses experimentos (Holandesa e Jersey). Seguindo esses
mesmos resultados, IPHARRAGUERRE et
al.
(2002) verificaram aumento linear no teor de gordura do leite
à
medida que a casca de soja substituiu o milho nos níveis de
10%,
20%, 30% e 40% da MS da dieta. Esses autores argumentaram que esse
aumento foi ocasionado pela redução na
formação dos ácidos graxos trans-10,
cis-12,
à medida que o milho foi progressivamente
substituído
pela casca de soja. Entretanto, IPHARRAGUERRE & CLARK (2003)
não encontraram correlação entre o
teor de gordura
do leite e a porcentagem de inclusão da casca de soja em
dietas
para vacas leiteiras, ou mesmo entre o teor de gordura do leite e a
participação da FDN oriunda desse subproduto.
No presente trabalho, os aumentos observados na porcentagem de gordura
no leite nos tratamentos com 30,1% e 39,3% de casca de soja na dieta
são importantes para os produtores de leite e
indústrias
de laticínios. Para os produtores, esses resultados podem
representar redução no custo de
alimentação
(mediante concentrados mais baratos, dada a inclusão da
casca de
soja) e aumento na receita, com a comercialização
de
maior quantidade de gordura, pois os pagamentos por volume de leite e
teor de sólidos totais fazem parte dos atuais
critérios
de remuneração aos produtores adotados por
algumas
indústrias lácteas no Brasil. Para os
laticínios,
aumentos nos teores de sólidos totais no leite representam
maior
rendimento industrial na fabricação de produtos
lácteos.
Diferentemente de alguns dados encontrados na literatura, no presente
trabalho não se observou efeito da
substituição do
milho pela casca de soja na dieta sobre o teor de proteína
do
leite (P>0,05). FIRKINS & EASTRIDGE (1992), SARWAR et
al. (1992),
MANSFIELD & STERN (1994), PANTOJA et
al. (1994) e
MIRON et
al.
(2004a, 2004b) observaram redução no teor de
proteína do leite com a inclusão da casca de soja
em
substituição aos grãos de cereais em
diversos
níveis. IPHARRAGUERRE & CLARK (2003)
relataram que a
redução no teor de proteína do leite
nos trabalhos
compilados variou de 0,8% a 8%, quando a casca de soja substituiu o
milho desde 18% até 48% da MS da dieta. Tais resultados
podem
ser parcialmente explicados pelo menor teor de carboidratos
não
fibrosos (especialmente amido) nas rações que
continham
níveis mais elevados de casca de soja, podendo, dessa forma,
limitar a síntese de proteína microbiana no
rúmen
e reduzir o aporte de proteína metabolizável que
chega ao
intestino delgado, o que limitaria, por sua vez, a disponibilidade de
aminoácidos na glândula mamária para
síntese
de proteína.
Houve aumento linear no teor de NUL (nitrogênio ureico no
leite)
quando se elevou a porcentagem da casca de soja na dieta
(P<0,01),
resultado semelhante ao obtido por MIRON et
al.
(2004a, 2004b). O aumento no teor de NUL neste trabalho foi
possivelmente ocasionado pela redução na
disponibilidade
de energia no rúmen. Isso pode ocorrer quando fontes de
carboidratos não fibrosos (amido) são
substituídas
por subprodutos ricos em FDN, ocasionando
diminuição da
quantidade de nitrogênio capturado pelos microorganismos
ruminais
para síntese de proteína microbiana e aumento da
passagem
de nitrogênio amoniacal para a corrente sanguínea.
Apesar
disso, as concentrações de NUL observadas neste
trabalho
encontram-se dentro do limite de 10 a 14 mg/dL, valores propostos por
DePETERS & FERGUSON (1992) para vacas em
lactação.
CONCLUSÕES
A casca de soja pode ser incluída em até 39,3% na
dieta
para vacas em lactação produzindo 22 kg de
leite/dia sem
prejuízos para a produção ou
composição do leite. O aumento no teor de gordura
no
leite pode ser apontado como a principal vantagem observada quando o
milho triturado foi progressivamente substituído pela casca
de
soja na dieta para vacas mestiças no terço
inicial da
lactação.
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Protocolado
em: 21 jan. 2008. Aceito em: 22 set. 2009.