RESUMO
Objetivou-se com este estudo avaliar os efeitos dos diferentes
programas de restrição alimentar no desempenho produtivo e econômico de
frangos de corte. Foram utilizados 264 animais, distribuídos em um
delineamento inteiramente casualizado, com seis tratamentos, quatro
repetições e dez aves por parcela. Os programas de restrição alimentar
(RA) foram: T1 – ração à vontade; T2 – RA no 8º dia de idade; T3 – RA
nos 8º e 13º dias de idade; T4 – RA nos 8º, 13º e 18º dias de idade; T5
– RA nos 8º, 13º, 18º e 23º dias de idade; T6 – RA nos 8º, 13º, 18º,
23º e 28º dias de idade. No período total de criação, os programas de
restrição alimentar não influenciaram o desempenho produtivo (consumo
de ração, ganho de peso e conversão alimentar) das aves. No entanto, os
frangos do T6 alcançaram menor peso vivo aos 42 dias de idade em
relação aos do T1 e do T2. Em relação aos indicadores econômicos, os
frangos do T1 apresentaram maior renda bruta média (RBM) e índice
relativo de rentabilidade (IRR), enquanto o T6 resultou em menores
valores para RBM e IRR. Considerando-se os resultados para desempenho e
os indicadores econômicos obtidos no presente estudo, não foram
encontradas justificativas para a adoção de programas de restrição
alimentar em frangos de corte machos da linhagem Cobb.
PALAVRAS-CHAVES: Consumo de ração, conversão alimentar, ganho de peso, índice relativo de rentabilidade, machos.
ABSTRACT
PRODUCTIVE AND ECONOMICAL PERFORMANCE OF BROILER CHICKENS SUBMITTED
TO FEED RESTRICTION PROGRAMS
The objective of this study was to evaluate the effects of the
different quantitative feed restriction programs on the productive and
economical performance of broiler chickens. Two hundred and sixty four
broilers distributed in a completely randomized design, with six
treatments, four replications and ten birds per replication were used.
The feed restriction (FR) programs were: T1 – ad libitum; T2 – FR at
8th day of age; T3 – FR at 8th and 13th days of age; T4 – FR at 8th,
13th and 18th days of age; T5 – FR at 8th, 13th, 18th and 23th days of
age; T6 – FR at 8th, 13th, 18th, 23th and 28th days of age. Evaluating
the total period the feed restriction program did not influence the
productive performance (feed intake, feed:gain ratio and weight gain)
of the birds. Nevertheless, the T6 animals reached smaller live weight
at 42 days of age in relation to T1 and T2. In relation to the
financial indicators, the broilers of the T1 presented greater average
gross income (AGI) and relative profitability index (RPI) while the T6
resulted in smaller AGI and RPI values. Considering the results to
performance and economical indicators parameters presented in this
study, no reasons were found to justify the adoption of feed
restriction programs in male broiler chickens from Cobb
strain.
KEYWORDS: Feed-gain ratio, feed intake, males, relative profitability index, weight gain.
INTRODUÇÃO
Os avanços nas áreas de melhoramento genético, nutrição, manejo,
biosseguridade, entre outras, proporcionaram melhoras significativas na
produção de frangos de corte. O frango moderno é caracterizado,
principalmente, por sua alta taxa de crescimento e sua precocidade
(PELICANO
et al., 2005; RAMOS
et al., 2009; AZARNIK
et al. 2010).
Embora a elevada taxa de crescimento corporal seja desejável, o avanço
no ganho de peso e no consumo de ração intensifica alguns problemas.
Entre eles estão o aumento na deposição de gordura e as desordens
ósseas e metabólicas, que levam a prejuízos no desempenho zootécnico e
geram perdas econômicas (CAMACHO
et al., 2004).
Diversos estudos sobre programas de manejo que limitam o rápido
crescimento inicial e os problemas decorrentes dele têm mostrado que a
prática da restrição alimentar é uma proposta a ser explorada.
Uma das preocupações quanto à introdução da técnica de restrição
alimentar está relacionada ao ganho compensatório, pois o peso de abate
é um parâmetro importante para a comercialização (FURLAN
et al., 2002). Entretanto, diversos autores (FURLAN
et al., 2001; SARTORI
et al.,
2001; TOGASHI, 2004; HASSANABADI & MOGHADDAM, 2006) citam que o
crescimento dos frangos de corte diminui no período de limitação da
ingestão de alimento, ao passo que após a restrição o frango apresenta
ganho de peso em relação às aves alimentadas à vontade, compensando,
dessa forma, o período de restrição.
Assim, a recuperação parcial ou total do peso perdido durante a
restrição alimentar dependerá da magnitude das respostas a fatores como
idade, linhagem, sexo dos animais, intensidade e duração da restrição,
natureza (qualitativa ou quantitativa), estresse imposto e intervalo
entre o final da restrição e o abate das aves (LEU
et al., 2002).
Como a restrição alimentar pode influenciar de forma negativa a
velocidade de crescimento dos frangos de corte, alguns pesquisadores
(ALBANEZ
et al., 2000; LANA
et al.,
2000) sugerem que a restrição severa no consumo – por um período curto
de tempo e em idade que permita a recuperação antes da idade de abate –
pode levar a um crescimento compensatório, além de reduzir o consumo de
ração e, consequentemente, aumentar a viabilidade econômica.
Objetivou-se com este trabalho, portanto, avaliar os efeitos dos
diferentes programas de restrição alimentar quantitativa no desempenho
produtivo e econômico de frangos de corte macho da linhagem Cobb.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no Departamento de Nutrição Animal e
Pastagens (DNAP) do Instituto de Zootecnia da Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), no município de Seropédica, RJ. O
período experimental foi de 24 de julho a 3 de setembro de 2006.
As médias registradas das temperaturas mínima e máxima foram de 23,5 e
26,3ºC, respectivamente, aferidas diariamente de manhã e à tarde,
durante o período experimental.
Alojaram-se inicialmente 264 pintos de corte machos, de 1 dia de idade,
da linhagem comercial Cobb Avian 48, distribuídos em quatro
baterias metálicas com três andares, sendo cada andar subdividido em
dois compartimentos (0,90 x 0,85 x 0,40 m). Cada compartimento foi
provido de dois bebedouros e um comedouro tipo calha.
As aves foram pesadas após o recebimento e distribuídas nas unidades
experimentais de forma que o peso vivo de cada repetição tivesse uma
média semelhante (39,92 g), ficando 11 pintos por compartimento. Do 1º
ao 7º dia de idade todas as aves receberam água e ração à vontade. No
final do 7º dia de idade, todas as aves foram pesadas novamente e
redistribuídas, tendo em vista a equalização dos pesos corporais entre
os tratamentos. Para tanto, retirou-se de cada unidade experimental 1
pinto que apresentasse maior diferença em relação ao peso médio da
repetição (160,43 g), o que resultou em um total de 10 animais por
unidade experimental.
No incubatório, os pintos foram vacinados contra as doenças de Marek,
Gumboro e Bouba aviária. Aos doze dias de idade, as aves receberam na
água de beber, vacina contra a doença de Newcastle, amostra La Sota.
O aquecimento das aves, fornecido por lâmpadas de 100 watts instaladas
nas unidades experimentais foi controlado por meio de observação da
disposição dos animais e de medições diárias da temperatura interna das
gaiolas. O aquecimento foi finalizado aos doze dias de idade.
O peso dos animais foi registrado nos 1º, 8º, 13º, 18º, 23º, 28º, 33º,
38º e 42º dias de idade. Fez-se o registro do consumo de ração nos
mesmos dias das pesagens, com exceção do 1º dia.
O período experimental ocorreu do 8º ao 42º dia de idade, sendo as aves
distribuídas em delineamento experimental inteiramente casualizado, com
seis tratamentos e quatro repetições, em que foram impostos os
seguintes programas: T1 – controle (ração à vontade); T2 – restrição
alimentar de 24 horas no 8º dia de idade; T3 – restrição alimentar de
24 horas nos 8º e 13º dias de idade; T4 – restrição alimentar de 24
horas nos 8º, 13º e 18º dias de idade; T5 – restrição alimentar de 24
horas nos 8º, 13º, 18º e 23º dias de idade; T6 – restrição alimentar de
24 horas nos 8º, 13º, 18º, 23º e 28º dias de idade.
As aves submetidas ao T1 receberam ração e água à vontade, durante todo
o período experimental. Os frangos que foram submetidos aos programas
de restrição alimentar permaneceram em jejum por um período de 24
horas, com início às 8 horas e término no mesmo horário do dia
seguinte, e tiveram livre acesso à água.
Para verificação do desempenho zootécnico, avaliaram-se os parâmetros
ganho de peso, consumo de ração, conversão alimentar e peso vivo, de
acordo com as definições que seguem: O ganho de peso foi obtido através
da diferença entre o peso inicial e o peso final de cada período. O
consumo de ração foi calculado considerando-se a ração fornecida e as
sobras de rações nos comedouros para cada período. Obteve-se a
conversão alimentar por meio da divisão do consumo de ração e do peso
das aves para cada período. O peso vivo foi obtido pelo peso médio dos
frangos antes do jejum, aos 42 dias de idade.
Utilizaram-se quatro tipos de rações (
Tabelas 1 e
2) formuladas para atender no mínimo as recomendações preconizadas por ROSTAGNO
et al. (2005).
O estudo dos indicadores econômicos dos diferentes tratamentos foi realizado a partir dos cálculos descritos por TOGASHI (2004):
Renda bruta média (RBM) – valor em reais (R$) obtido em função do peso médio vivo (PMV) e do preço do frango (PF) em kg.
RBM = PMV x PF
Custo médio de arraçoamento (CMA) – custo total relativo ao consumo de
ração (CR) em todas as fases de criação em função do custo da ração em
cada fase de criação.
CMA = (CR em cada fase de criação x custo ração)
Margem bruta média (MBM) – diferença entre a renda bruta média (RBM) e os custos com alimentação.
MBM = RBM – CMA
Rentabilidade média (RM) – divisão entre a margem bruta média (MBM) e o custo médio de alimentação (CMA).
RM = MBM/CMA x 100
Índice relativo de rentabilidade (IRR) – relação entre a rentabilidade média (RM) dos tratamentos e o controle.
IRR = RM do tratamento testado/RM tratamento controle x 100
O preço médio do quilo do frango vivo (R$ 1,50) foi pesquisado no
comércio da região do Rio de Janeiro. O valor do quilo da ração (R$
0,556) foi considerado a partir dos preços dos ingredientes usados no
período experimental.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, utilizando-se
o programa SAS (2000) e as médias dos tratamentos comparadas pelo teste
de Tukey, no nível de 5% de significância. Seguiu-se o seguinte modelo:
y
j = m + t
i + e
j
em que: y
ij é a i-ésima observação referente a j-ésima repetição, j = 1, 2, ..., J (J = 4); m é a média geral; t
i é o efeito referente ao i-ésimo tratamento, i = 1, 2, ..., I (I = 6); e
ij é o erro experimental suposto homocedástico, independente e normalmente distribuído.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados de desempenho de frangos de corte machos de acordo com os
tratamentos e por períodos de criação (inicial: 8 a 22 dias; final: 22
a 42 dias; e total: 8 a 42 dias) estão relacionados nas
Tabelass 3,
4 e
5.
Ao se analisar o período entre 8-21 dias de idade, nota-se que os
frangos dos tratamentos com maior número de dias de restrição alimentar
(T3 e T4) apresentaram menores valores de consumo de ração quando
comparados aos frangos que foram submetidos a apenas a um dia de
restrição (T2) e aos frangos que receberam ração à vontade durante todo
o período experimental (T1). Isso indica que, nesse período, a
restrição alimentar mais severa leva a um menor consumo de ração.
Entretanto, não foram observadas diferenças significativas nos valores
de consumo de ração entre os frangos de todos os tratamentos que foram
estudados no período final (22-42 dias de idade). Esse comportamento
foi mantido quando se analisou o consumo de ração durante o período
total de criação (8-42 dias de idade). Assim como neste estudo, LEE
& LEESON (2001) não relataram diferenças para consumo de ração por
parte dos animais submetidos aos diferentes programas alimentares. No
entanto, os resultados deste trabalho discordam daqueles obtidos por
URDANETA-RINCON & LEESON (2002) que, ao estudarem a restrição
quantitativa nas características de crescimento de frangos de corte,
observaram que os animais alimentos à vontade tiveram maior consumo de
ração (P<0,05) em relação àqueles submetidos à restrição de 15% da
alimentação. LANA
et al. (2000) e SUGETA
et al.
(2002), ao avaliarem o efeito da restrição alimentar sobre o desempenho
de frangos de corte, observaram que a intensidade dos programas de
restrição acarretava diminuição no consumo de ração.
Quanto ao ganho de peso, percebe-se que no período entre 8-21 dias os
frangos do tratamento T3 e T4 apresentaram valores estatisticamente
inferiores (772,10g e 707,24g) aos dos frangos do T1 e do T2 (851,80 g
e 826,90 g), mostrando que dois ou três dias de restrição implicaram em
prejuízo no ganho de peso. O resultado encontrado no presente estudo
não está de acordo com FURLAN
et al.
(2002), que, ao trabalharem com frangos submetidos a diferentes
períodos de arraçoamento, não encontraram diferença significativa entre
as médias de ganho de peso para aves aos 21 dias de idade. Do mesmo
modo, ao avaliar a restrição quantitativa em frangos de corte, TOGASHI
(2004) verificou que os diferentes programas alimentares não
influenciaram (P>0,05) os ganhos de peso dos animais aos 21 dias de
idade.
No período final (entre 22-42 dias de idade), não foram observadas
diferenças significativas no ganho de peso dos frangos dos diferentes
tratamentos estudados, sendo essa uma resposta direta ao comportamento
do consumo de ração no período. Pode-se destacar que as aves do T5 e T6
– mesmo sendo submetidas, respectivamente, a restrição alimentar nos
23º e 28º dias – tiveram consumo de ração e ganho de peso
estatisticamente iguais aos das aves do T1. Esse resultado mostra que
os períodos de 19 dias para o T5 e 14 dias para o T6, os quais
corresponderam ao intervalo entre o último dia de restrição e o final
do experimento (42 dias de idade), foram suficientes para que os
animais apresentassem um consumo de ração compensatório e igual ganho
de peso em relação aos frangos sem restrição. Esse período é inferior
ao sugerido por NOVEL
et al.
(2009), para quem a restrição alimentar quantitativa (75%) em frangos
de corte deve ser seguida, pelo menos, de 21 dias de realimentação,
período necessário para que a aves apresentem ganho compensatório e,
consequentemente, peso final semelhante ao dos frangos com consumo à
vontade. ZHAN (2007) sugeriu que seriam necessários 41 dias de
realimentação para que as aves conseguissem recuperar a perda de peso
ocasionada pela restrição alimentar precoce.
Quando se avaliou o ganho de peso durante o período total de criação
(8-42 dias de idade), verificou-se que os frangos de corte dos
tratamentos 2, 3, 4, 5 e 6 alcançaram resultados estatisticamente
equivalentes aos dos frangos do T1, que foram alimentados à vontade
durante todo o período experimental. Percebeu-se que os animais
submetidos aos diferentes programas de restrição alimentar,
permanecendo de 1 dia (T2) até 5 dias (T6) sem acesso à ração,
conseguiram recuperar o peso corporal e, dessa forma, apresentar um
ganho compensatório suficiente para se equipararem às aves do
tratamento com alimentação à vontade. ZHAN
et al. (2007) e NOVEL
et al.
(2009), ao avaliarem a restrição alimentar quantitativa na fase
inicial, também observaram a habilidade dos frangos em compensar o
ganho de peso nas semanas subsequentes de realimentação.
Esses resultados contradizem com aqueles encontrados por outros
autores, que reportaram perdas no peso corporal de frangos após a
restrição alimentar e verificaram que, após a restrição, os animais
alimentados à vontade obtiveram melhor ganho de peso em relação aos
animais submetidos a restrição alimentar (MAZZUCO
et al. 2000; SARTORI
et al.,
2001; URDANETA-RINCON & LEESON, 2002; TOGASHI, 2004; HASSANABADI
& MOGHADDAM, 2006. De forma contrária a esses resultados, LEE &
LEESON (2001) citaram que as aves alimentadas à vontade tiveram menor
ganho de peso em relação às aves submetidas a restrição alimentar, no
período experimental entre 7-49 dias de idade.
Ao se analisar a conversão alimentar no período entre 8-21 dias de
idade, constata-se que o aumento do número de dias de restrição
alimentar resultou em piora nos valores (P<0,05) desse parâmetro.
Contudo, esse comportamento não se manteve no período entre 22-42 dias
e no período total (8-42 dias), nos quais os frangos de todos os
tratamentos apresentaram valores de conversão alimentar
estatisticamente semelhantes.
No período experimental entre 8-42 dias de idade, observou-se que as
aves dos tratamentos 2, 3, 4, 5 e 6, submetidas aos diferentes números
de dias de restrição alimentar, apresentaram valores de conversão
alimentar estatisticamente semelhantes aos das aves do tratamento em
que foram alimentadas à vontade. Os frangos dos tratamentos submetidos
à restrição alimentar, mesmo tendo ficado de 24 horas (T2) a 120 horas
(T6) sem ração, conseguiram, nos dias em que tiveram livre acesso ao
alimento, ter um consumo compensatório, o que se refletiu nos
resultados encontrados para conversão alimentar.
Esses resultados não estão de acordo com aqueles relatados anteriormente por autores como MAZZUCO
et al. (2000), LIPPENS
et al.
(2002) e TOGASHI (2004), os quais obtiveram melhores valores para
conversão alimentar (P<0,05) para os frangos que receberam
alimentação à vontade quando comparados àqueles submetidos aos demais
tratamentos. No entanto, os resultados encontrados no presente estudo
estão de acordo com ALBANEZ
et al. (2000), FURLAN
et al. (2001), SARTORI
et al. (2001) e LIPPENS
et al.
(2002), que ao estudarem o efeito da restrição alimentar sobre o
desempenho de frangos de corte não verificaram diferença para conversão
alimentar ao fim do período experimental entre os frangos alimentados à
vontade ou que submetidos a restrição alimentar precoce ou tardia.
Entretanto, LEE & LEESON (2001) observaram que a conversão
alimentar foi pior nas aves que receberam ração à vontade, em relação
aos frangos que foram limitados a ingestão de alimentos ou nutrientes.
Os valores do peso vivo ao abate e os resultados dos
indicadores econômicos em relação aos programas de restrição alimentar
estudados estão apresentados na
Tabela 6.
Pode ser observado na característica peso vivo ao abate, que as aves
dos tratamentos 2, 3, 4 e 5, submetidas a diferentes programas de
restrição alimentar, não diferiram estatisticamente dos frangos do T1
(sem restrição). No entanto, a restrição alimentar mais severa aos
frangos no T6, levou a um menor peso vivo (2.524 g) aos 42 dias de
idade. Esse resultado não está de acordo com os achados por LEONE
et al.
(2001), que ao estudarem a influência da restrição alimentar proteica e
energética não observaram diferença no peso vivo aos 42 dias de idade.
LANA
et al. (2000) citaram
que os animais que receberam ração à vontade e os animais que foram
submetidos a dois dias de restrição (8º e 10º dias de idade) não
obtiveram peso ao abate semelhante estatisticamente, diferentemente dos
demais frangos que foram submetidos a programas de restrição alimentar
mais severo.
Os valores de renda bruta média dos programas de restrição alimentar
foram influenciados significativamente (P<0,05). O T1 apresentou
melhor renda, enquanto o t6 mostrou os piores resultados. Isso
ocorreu devido aos resultados obtidos para peso vivo, o qual tem
participação marcante nos procedimentos de cálculo dessa variável.
Os valores do custo médio de arraçoamento e da margem bruta média não
apresentaram variações estatísticas significativas (P>0,05). Esse
fato pode ser explicado, em parte, pelo consumo compensatório oferecido
aos frangos submetidos aos diversos programas de restrição alimentar.
A rentabilidade média também não foi influenciada estatisticamente
(P>0,05) pelos programas de restrição alimentar adotados. Para o
cálculo do índice relativo de rentabilidade os frangos alimentados à
vontade (T1) foram tomados como referência, e, por isso, o valor
considerado para esse tratamento foi de 100. Ao se analisarem os
índices relativos de rentabilidade verificou-se que o T6, teve a
restrição alimentar mais severa, resultou no pior índice, enquanto o
melhor índice foi obtido pela adoção da alimentação à vontade durante
todo o período de criação (T1).
A análise dos indicadores econômicos apontou que a restrição alimentar
influenciou negativamente nos resultados. Sua adoção por esse critério
não é, portanto, indicada.
CONCLUSÕES
Os frangos submetidos aos programas de restrição alimentar dos
tratamentos 2, 3, 4, 5 e 6 apresentaram consumo de ração e ganho de
peso compensatório.
Considerados os resultados para desempenho e os indicadores econômicos
obtidos no presente estudo, não foram encontradas justificativas para a
adoção de programas de restrição alimentar em frangos de corte machos
da linhagem Cobb.
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Protocolado
em: 13 dez. 2007. Aceito em: 29 nov.
2010.