AVALIAÇÃO DA EFICÁCIA DE CRIOPROTETORES PERMEANTES E NÃO PERMEANTES NO DESCONGELAMENTO RÁPIDO E LENTO DO SÊMEN CANINO
Amanda Carla Acipreste1, Eduardo Paulino Costa2, Fabrício Albani Oliveira3, Sanely Lourenço Costa4, Talita Fernandes Silva5, Daniel Cortes Beretta6
1Pós-Graduanda da Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias da UNESP, Jaboticabal, SP, Brasil -amanda@milgran.com.br
2Professor Doutor da Universidade Federal de Viçosa
Viçosa, MG, Brasil.
3Pós-Graduando da Universidade Federal de Viçosa Viçosa, MG,
Brasil.
4Médica Veterinária, Mestre da Universidade Federal de Viçosa
Viçosa, MG, Brasil.
5Pós-Graduanda da Universidade Federal de Viçosa Viçosa, MG,
Brasil.
6Professor Doutor da Universidade de Rio Verde, Rio Verde GO,
Brasil
RESUMO
O objetivo do
trabalho foi avaliar o efeito da associação entre crioprotetores ainda
pouco estudados no Brasil como a dimetilformamida e a trealose em meio
diluidor, por meio de protocolos de descongelamento rápido e lento.
Foram utilizados três cães machos, adultos, sadios da raça Labrador do
Retrievier, que foram submetidos a uma coleta de sêmen semanal durante
o período de cinco semanas. Os três meios diluentes utilizados neste
estudo foram: (D1)-tris-citrato, acrescido de 3% de dimetilformamida +
3% de glicerol, (D2)-3% de dimetilformamida e de trealose e (D3)-4% de
glicerol. No descongelamento, metade das amostras de cada meio
diluente foi descongelada pelo método rápido, em banho-maria a 75 ºC por sete segundos, seguido de nova imersão a 37 ºC por
1 minuto. A outra metade foi descongelada pelo método lento, em
banho-maria à 37 ºC por 1 minuto. O sêmen foi avaliado
quanto à motilidade progressiva, vigor espermáticos e integridade de
membrana. Pra isso, as amostras foram submetidas aos testes
hipo-osmótico e de integridade da membrana plasmática e do acrossoma
(fluorescência). Os resultados indicam que o uso do glicerol como
crioprotetor em diluidor TRIS proporciona maior eficácia na
criopreservação dos espermatozoides da espécie canina, quando
comparados com a dimetilformamida associada ao glicerol ou trealose.
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PALAVRAS-CHAVE: cão;
criopreservação; dimetilformamida; glicerol; trealose.
EVALUATING THE EFFECTIVENESS OF PERMEATING AND NON-PERMEATING CRYOPROTECTANTS IN FAST AND SLOW DEFROSTING OF CANINE SEMEN
ABSTRACT
The aim of this
study was to evaluate the association between cryoprotectants little
studied in Brazil such as dimethylformamide and trehalose amid
thinner, using protocols of fast and slow defrosting. Three adult
Labrador Retrievier male, healthy dogs, weekly submitted to one semen
collection during five-weeks period, were used. The base diluent
medium used in this study was tris-citrate added with 3% of
dimethylformamide + 3% glycerol (D1), 3%
dimethylformamide and trehalose (D2) and 4% glycerol (D3). At
defrosting, half of the semen samples from each diluent medium was
defrosted by rapid method in water-bath at 75 °C for seven minutes,
followed by a new immersion at 37 °C for 1 minute. The other half of
the samples was defrosted by slow method, in water-bath at 37 °C for 1
minute. The semen was evaluated for sperm progressive motility and
vigor, besides membrane integrity. For this, the semen samples were
submitted to either hyposmotic and membrane integrity tests of the
plasmatic membrane and acrosome (fluorescence).
The results indicated that the use of glycerol as cryoprotector
in TRIS diluter provides greater efficacy in cryopreserving
spermatozoa of the canine species, when compared to dimethylformamide
associated with trehalose or glycerol.
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KEYWORDS: cryopreservation; dimethylformamide; dogs; glycerol;
trehalose.
INTRODUÇÃO
A utilização de diversos crioprotetores e suas combinações visa minimizar os processos deletérios que ocorrem na célula espermática durante o processo de congelamento e descongelamento (1), possibilitando melhores taxas de prenhez (2).
Os diluidores utilizados para o sêmen canino
foram adaptados de outras espécies, sendo inicialmente empregados
meios à base de leite desnatado, lactose-gema, citrato-gema e
tris-gema (3). Pesquisas recentes estão utilizando
diluidores à base de água de coco em pó (ACP®) (4,5)
e tris e/ou citrato de sódio, acrescido de gema de ovo,
açúcares (glicose, frutose, xilose ou trealose) e diferentes agentes
crioprotetores (6).
Os principais crioprotetores permeantes
investigados para a criopreservação do sêmen das diversas espécies
domésticas são o glicerol, o etilenoglicol e a dimetilformamida (3,
7). Entretanto, ainda existem poucos estudos que
comprovem a concentração e as combinações adequadas dessas substâncias
na criopreservação do sêmen canino. Apesar do efeito protetor, o
glicerol é tóxico e sua concentração no meio diluidor deve estar entre
a mínima necessária para promover proteção e a máxima permitida para
não causar danos aos espermatozoides (8).
Outro fator de grande importância é o protocolo
de descongelação do sêmen (10). Estudos comparando a
influência da temperatura e o tempo de descongelação sobre a qualidade
espermática mostrou que a temperatura mais elevada associada ao menor
tempo de descongelamento promove adequada qualidade pós-descongelação
(2, 9).
Desta forma, o objetivo do presente trabalho foi
avaliar o efeito da associação entre crioprotetores ainda pouco
estudados no Brasil como a dimetilformamida e a trealose em meio
diluidor, utilizando-se protocolos de descongelamento rápido e lento.
MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho está de acordo com os princípios éticos na experimentação animal, adotado pelo Colégio Brasileiro de Experimentação (COBEA) e pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Universidade Federal de Viçosa.
Foram
utilizados três cães da raça Labrador Retriever, clinicamente sadios,
com idade entre dois e quatro anos. Durante todo o período
experimental, foi mantido o mesmo manejo alimentar para todos os
animais, com ração comercial disponível uma vez ao dia e água ad
libitum.
Os cães
foram previamente submetidos ao exame andrológico completo e
apresentaram parâmetros de normalidade de acordo com o CBRA (11).
As coletas de sêmen foram realizadas em intervalos semanais, com uma
coleta por semana, totalizando cinco coletas para cada macho. Para a
obtenção do sêmen, adotou-se o método de manipulação digital do bulbo
peniano sendo coletada as três frações do ejaculado. Foram utilizados
tubos graduados acoplados a funis de plástico, ambos acondicionados em
isopor com água a 37 ºC. Imediatamente após a coleta, o ejaculado foi
incubado a 37 ºC em banho-maria. Em seguida, foram registrados o
volume, a concentração espermática, a motilidade progressiva e o vigor
espermáticos.
A avaliação
de motilidade e vigor foi realizada em microscópio óptico, em aumento
de 200x.
A mensuração da concentração espermática foi realizada em câmara de
Neubauer, utilizando-se 20 μL de sêmen em 4,0 mL de solução salina
formolizada (12). O número total de espermatozoides
foi obtido multiplicando-se o volume de sêmen ejaculado pela
concentração espermática, ambos em mL. As análises morfológicas foram
efetuadas em câmara úmida, sendo avaliadas 200 células por amostra (13),
em contraste de fase, sob aumento de 1000x.
Após a avaliação andrológica, o sêmen obtido de
cada ejaculado foi dividido em três frações iguais, sendo cada uma
delas pré-diluída na proporção 1:1 (sêmen:diluidor), com solução de
Ringer Lactato® a 37 ºC. Em seguida, o sêmen foi
centrifugado a 650 G por 10 minutos para a retirada do líquido seminal
e padronização das amostras. O sobrenadante de cada amostra foi
ressuspendido com um dos diluentes a serem testados, todos à base de
tris-citrato (14).
Após a centrifugação e retirada do líquido
sobrenadante, as amostras de sêmen foram diluídas em três diferentes
meios (D1, D2 e D3), todos à base de tris-citrato (Tabela
1).
O diluente 1 (D1) consistiu na diluição em tris-citrato, utilizando-se
como crioprotetores 3% de dimetilformamida + 3% de glicerol; o diluente
2 (D2), em Tris-citrato acrescido de 3% de dimetilformamida e de
trealose; o diluente 3 (D3), em Tris-citrato,
acrescido de 4% de glicerol. O volume acrescentado de diluidor
foi suficiente para o ajuste da concentração total de 25 milhões de
espermatozoides por 0,5 mL, volume este correspondente às palhetas para
o envase, as quais foram previamente identificadas e lacradas com álcool
polivinílico.
As palhetas foram submetidas ao protocolo de resfriamento, sendo
colocadas em um frasco de vidro pré-aquecido, medindo 15 centímetros de
altura e 5 cm de diâmetro, o qual foi sistematicamente fechado. Esse
frasco foi colocado dentro de um recipiente de plástico, com 20 cm de
altura e 12 cm de diâmetro, contendo 1250 mL de água a 37 °C. Ambos os
recipientes, foram acoplados em local específico dentro de uma caixa de
isopor com as seguintes dimensões: 32,5 cm de altura, 2,0 cm de
espessura e 30,0 cm de largura. Essa caixa foi previamente preparada com
4,0 litros de gelo e 4,0 litros de água, volume pré-definido para se
atingir, de modo aproximado, a curva de resfriamento em cerca de 60
minutos, com temperatura inicial de 37 °C, até atingir a temperatura
final de 4 °C. Foi utilizado termômetro digital para aferição da
temperatura, o que permitiu a definição aproximada da curva de
resfriamento do sêmen, -0,45°C/min; entretanto, essa queda não foi
contínua, durante os 60 minutos do resfriamento (15).
Na sequência ocorreu o período de equilíbrio das amostras, que foram
mantidas por mais 60 minutos à aproximadamente 4°C, na mesma caixa de
isopor (15).
O congelamento foi realizado em vapor de nitrogênio líquido,
colocando-se as palhetas, que estavam em equilíbrio a 4°C, sobre uma
grade de isopor a 4 cm do nível de nitrogênio líquido durante 15
minutos. Após esse período, foram mergulhadas diretamente em nitrogênio
líquido e acondicionadas em botijão até o momento de sua utilização.
No descongelamento do sêmen foram utilizados dois protocolos:
descongelamento rápido e lento.
A metade das amostras de sêmen congeladas com cada um dos diluentes
utilizados foi descongelada pelo método rápido e a outra metade pelo
lento. Dessa forma, foram comparados seis tratamentos: descongelamento
rápido (T1, T2 e T3, para o sêmen diluído com os diluentes D1, D2 e
D3, respectivamente) e lento (T4, T5 e T6, para o sêmen diluído com os
diluentes D1, D2 e D3, respectivamente).
O descongelamento rápido foi
realizado em banho-maria a 75 ºC por sete segundos, seguido de nova
imersão a 37 ºC por 1 minuto (16), enquanto que o
processo lento foi realizado em banho-maria à 37 ºC por 1
minuto (17).
Quando os métodos in vitro
são usados em conjunto, aumenta-se a acurácia em predizer o potencial de
fertilidade do sêmen criopreservado. Para tal, o sêmen deve ser
submetido a alguns testes específicos que avaliam, entre outras
características, os seus parâmetros físicos, integridade da membrana
plasmática e do acrossoma e a longevidade dos espermatozóides (18).
Dessa forma, após a
descongelação, as amostras de sêmen foram submetidas à avaliação de
motilidade e vigor, teste de termoresistência (TTR), teste hiposmótico
e coloração por fluorescência.
A longevidade dos espermatozoides foi avaliada por meio do TTR. O teste
consistiu na incubação de 0,5 mL da amostra a 37 ºC durante 2 horas,
sendo avaliadas a cada 30 minutos quanto à motilidade e vigor
espermáticos (19).
Para o teste hiposmótico, 500 µl de uma solução com frutose na
concentração de 60 mOsm/kg
foi acrescida de 50 µl de sêmen. Após a incubação por 30 minutos em
banho-maria a 37 ºC, as amostras foram fixadas em 250 µl de solução de
formol salina tamponada, para posterior análise em microscopia de
contraste de fase. Foi avaliada a integridade da membrana plasmática
por meio da contagem de 200 células em aumento de 1000x, sendo
os espermatozoides que apresentavam sua cauda enrolada considerados com
a membrana espermática funcional.
A integridade estrutural da membrana plasmática e do acrossoma foi
avaliada pela técnica de fluorescência, adotando-se a coloração com
dois fluorocromos (diacetato de carboxifluoresceína e iodeto de
propídio), segundo protocolo de Harrison & Vickers
(20), com as modificações propostas por
Zúccari (21). O volume total foi fracionado em
alíquotas, acondicionado em Eppendorfs
e mantido congelado a -20
ºC. As soluções de formol, citrato de sódio e os fluorocromos usadas
para a realização do teste de fluorescência direta foram preparadas e
armazenadas sob refrigeração a 5 ºC, sendo mantidas em temperatura
ambiente no dia da avaliação do sêmen. Foram analisadas 100 células
por amostra com aumento de 400x em microscópio de fluorescência com
utilização de filtros de 480 a 610 nm. De acordo com a coloração, os
espermatozoides foram classificados em íntegros, semi-lesados e
lesados.
As variáveis quantitativas foram submetidas aos testes de Normalidade
(Lillierfors) e Homocedasticidade (Cochram) e, posteriormente, à análise
de variância. Apresentando significância, foi realizado o teste de
Scott-Knott ou Duncan. A variável qualitativa “vigor” foi submetida ao
teste não-paramétrico de Kruskal-Wallis, adotando-se o nível de
significância de 1% (22).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com relação às características físicas e morfológicas do sêmen fresco, observou-se que todos os resultados estavam dentro dos parâmetros considerados normais para a espécie estudada (23, 24).
Assim, verificou-se que os sêmens diluídos em meios contendo glicerol
apresentaram maior motilidade progressiva e vigor espermáticos ao serem
descongelados, independente do método de descongelação (T1 e T4; T3 e
T6, para o sêmen diluído no meio D1 e D3, respectivamente). Diante
disto, é provável que esse efeito positivo tenha sido pelo glicerol, uma
vez que esse crioprotetor estava presente nos dois diluentes (Tabela
2).
O diluente D2 (T2 e T5) apresentou resultados
inferiores com relação à motilidade progressiva e vigor espermático
após o descongelamento. Esses resultados demonstram que a associação
de dimetilformamida com trealose não foi benéfica na preservação da
integridade dos espermatozoides. Também Bordignon et al. (25)
não obtiveram bons resultados na criopreservação do sêmen suíno,
utilizando a associação da trealose com glicerol. Entretanto, ao
associar a trealose com acetamida, Snoeck et al. (26)
observaram efeito positivo dessa associação para criopreservar sêmen de
equino. Esses pesquisadores verificaram que a associação permitiu
resultados semelhantes aos observados com diluente à base de glicerol,
quanto à taxa de motilidade progressiva após o descongelamento.
A concentração utilizada do crioprotetor dimetilformamida no presente
experimento foi baseada em experimentos realizados com sêmen de animais
de outras espécies, em que a dimetilformamida teve efeitos positivos,
como em sêmen da espécie equina, quando associada ao glicerol (27).
Entretanto, neste estudo, essa associação não apresentou efeitos
benéficos na taxa de motilidade progressiva e vigor espermático (D1 = T1
e T4), quando comparado como meio em que foi utilizado somente o
glicerol como crioprotetor (D3 = T3 e T6). Essa condição também foi
observada em sêmen da espécie caprina (6). Esses
resultados estão em contraposição aos encontrados por Zimmermann et al.
(10), os quais relatam que tanto a dimetilformamida a
7%, como o glicerol a 6%, associados ao meio tris-gema, possuem
capacidade de preservar a qualidade do sêmen canino; no entanto, o uso
de dimetilformamida na concentração de 3,5% não apresentou resultados
satisfatórios. Diante disso, é provável que a ausência de efeitos
positivos da dimetilformamida associada ao glicerol (D1 = T1 e T4)
quando comparada ao uso somente do glicerol (D3 = T3 e T6) tenha
ocorrido devido à baixa concentração utilizada (3%), próxima à testada
(3,5) por Zimmermann et al. (10). Isso demonstra que a
associação da dimetilformamida com
o glicerol pode ser benéfica ou não na preservação da integridade
espermática, dependendo da espécie animal, fato observado no presente
experimento com sêmen de cães. Isso ocorrer provavelmente devido às
diferentes composições de membrana espermática entre as espécies
animais.
Quanto
ao TTR, verificou-se que o sêmen diluído em TRIS acrescido de trealose
e dimetilformamida também apresentou maior comprometimento da
motilidade progressiva após 60 minutos de incubação (D2 = T2 e T5),
enquanto que o sêmen diluído em meio contendo glicerol, associado ou
não com dimetilformamida, apresentou
melhores resultados (D1 = T1 e T4 e D3 = T3 e T6).
Adicionalmente,
verificou-se a superioridade do glicerol na preservação da integridade
espermática, tendo em vista que, no final do TTR (120 minutos de
incubação), os resultados tanto de motilidade espermática quanto de
vigor foram superiores (P<0,01) quando somente o glicerol estava
presente como crioprotetor (Tabelas
2 e 3).
É provável que a concentração de glicerol utilizada no presente
experimento (4%) tenha favorecido os resultados encontrados, tendo em
vista que, de acordo com England & Allen (28),
a concentração de glicerol utilizada para o congelamento do sêmen de
cães varia de 4 a 11%, sendo que a sua concentração ótima em um meio
diluente representa o equilíbrio entre o efeito protetor e o efeito
tóxico do mesmo (29).
Entretanto,
vale ressaltar que o protocolo de descongelação utilizado (rápido) foi
um aspecto determinante na ocorrência dos melhores resultados, tendo
em vista que esse efeito benéfico não foi observado quando o sêmen foi
descongelado pelo método lento. O descongelamento rápido reduz
a formação de cristais de gelo intracelular e permite à diminuição do
estresse da célula espermática (30). Por outro lado, o
descongelamento lento expõe a célula espermática a maiores oscilações
de temperatura, proporcionando um aumento na deposição lipídica e
proteica, influenciando diretamente na estrutura física da célula,
diminuindo, dessa maneira, a viabilidade espermática (9).
Os resultados do teste hiposmótico (Tabela
4) demonstraram que as associações de crioprotetores
testados apresentaram adequado percentual de espermatozoides com cauda
enrolada, estando condizentes aos valores encontrados na literatura,
que variam entre 40 a 60%, considerando a espécie humana, equina e
canina (31, 32).
Foi observada correlação positiva no que diz respeito às alterações
acrossomais avaliadas na microscopia de contraste de fase e
percentagem de espermatozoides lesados visualizados na fluorescência
(r=0,86) (P<0,01). Dessa maneira, os resultados apresentados pelo
teste de fluorescência e de teste hiposmótico demonstraram alto índice
de fidedignidade. Neild et al. (31) também
observaram correlação positiva (r=0,67) (P<0,01) entre o teste de
teste hiposposmótico e o teste de coloração por sonda fluorescente,
sendo estatisticamente iguais às médias encontradas para os dois
testes.
Confirmando os resultados
de motilidade e vigor espermáticos (Tabelas
2 e 3),
foi observado que o uso somente do glicerol como crioprotetor preservou
melhor (P<0,01, Tabela
4) as membranas espermáticas e acrossomais dos
espermatozóides (T3). O percentual mais elevado de membranas íntegras
encontrado em sêmen deste tratamento (T3) ressalta a ação crioprotetora
do glicerol no meio diluente, que resultou na proteção e estabilidade da
membrana espermática criopreservada (29). A proteína
de canais de água denominada Aquaporina 7 (AQP7) tem como função o
transporte de glicerol (33). Em cães, a AQP7 já foi
detectada no epitélio da região proximal do epidídimo e nos vasos
deferentes (34). A presença de AQP7 na membrana
plasmática pode explicar as diferenças de permeabilidade ao glicerol nas
células espermáticas entre as diferentes espécies (35).
Já as associações de 3% de
dimetilformamida e glicerol (D1) e 3% de dimetilformamida e trealose
(D2) apresentaram inferioridade quanto ao percentual de células com
relação à integridade de membranas. Esses resultados indicam que não
foi demonstrada eficiência deste agente crioprotetor quando associado
ao glicerol ou à trealose. Esta condição também foi verificada por
Forero-Gonzalez (36), avaliando a integridade de
membrana plasmática e do acrossoma, mediante a utilização da
dimetilformamida em meio diluente tris na espécie bovina.
Provavelmente, a dimetilformamida, quando associada a outro agente
crioprotetor, como o glicerol e a trealose, promova reações que
potencializem seu efeito. Com isto, a toxicidade à célula espermática
é aumentada, fato responsável pelas lesões evidenciadas quanto à
integridade funcional da membrana celular.
Não houve uma interação sobre as duas variáveis estudadas, ou seja, no
uso de crioprotetores associados aos protocolos de descongelação rápido
e lento, sendo encontrados resultados de correlação (P>0,05).
CONCLUSÕES
O uso do glicerol como crioprotetor em diluidor TRIS associado ao método de descongelação rápida proporcionou maior eficácia na preservação dos espermatozoides da espécie canina, quando comparados com a dimetilformamida associada ao glicerol ou trealose.
REFERÊNCIAS
22 .SAEG. SAEG: sistema para análises estatísticas. Versão 9.1. Viçosa: UFV, 2007
Protocolado
em: 26 ago. 2013 Aceito em 12 nov. 2013