Sabe-se que a temperatura, bem como a
velocidade de descongelação do sêmen, pode afetar a qualidade deste.
Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi testar diferentes protocolos
de descongelação para o sêmen canino diluído em ACP-106® e
criopreservado. Para tanto, coletaram-se dez ejaculados oriundos de
oito cães, sendo a fração espermática avaliada quanto ao volume,
concentração, motilidade, vigor, pH, morfologia, integridade acrossomal
e teste hiposmótico. Diluiu-se o sêmen em ACP-106®, contendo 20% de
gema de ovo e 6% de glicerol, sendo congelado em palhetas de 0,25 mL.
Depois de uma semana, a primeira palheta foi descongelada a uma
temperatura de 37°C/60s, a segunda a 55°C/5s e a terceira a 75°C/8s e
reavaliaram-se os parâmetros seminais. Os protocolos apresentaram
resultados semelhantes para quase todos os parâmetros avaliados, com
exceção da motilidade espermática, que foi melhor preservada na
descongelação a 55°C/5s por até trinta minutos, seguida do protocolo de
37°C/60s e por último o de 75°C/8s. Analisando-se estes resultados,
pode-se concluir que, para o sêmen canino congelado no diluidor
ACP-106®, o melhor protocolo para descongelação foi o de 55C/5s.
PALAVRAS-CHAVES: ACP-106®, cão, criopreservação, descongelação, sêmen.
ABSTRACT
EFFECT OF DIFFERENT THAWING PROTOCOLS ON CANINE SEMEN CRYOPRESERVED IN A POWDERED COCONUT WATER EXTENDER (ACP-106®)
It is known that temperature and thawing velocity can affect sperm
quality during freeze-thawing procedures. Thus, the aim of this
research was to compare different thawing protocols for canine semen
extended in ACP-106® extender and cryopreserved. Ten ejaculates were
collected from eight dogs and sperm rich fraction was evaluated
regarding volume, concentration, motility, vigor, pH, morphology,
acrosomal integrity and hyposmotic swelling test. Then, semen was
extended in ACP-106® with 20% egg yolk and 6% glycerol, and frozen in
0.25 mL straws. After one week, one straw was thawed at 37°C/60s,
another one at 55°C/5s and a third one at 75°C/8s, and the seminal
characteristics were reevaluated. Similar results were observed for all
the groups, except for sperm motility which was better preserved at
55°C/5s for up 30min than at 37°C/60s or 75°C/8s. From these results,
it is concluded that canine semen extended in ACP -106® is better
thawed at 55°C/5s.
KEY WORDS: ACP-106®, cryopreservation, dog, semen, thawing.
INTRODUÇÃO
Atualmente o interesse por parte dos criadores de cães em usufruir dos
benefícios das biotecnologias aplicadas à reprodução tem aumentado
consideravelmente. No caso particular da criopreservação do sêmen,
podem ser destacadas, como principais vantagens, o fato de que é
possível armazenar o material genético de animais de alto valor
zootécnico por um período ilimitado, transmitindo as características
desses animais por várias gerações, mesmo após a morte do animal (SILVA
et al., 2003). Apesar dessas
vantagens, muitos pontos que aparentemente influenciam na sobrevivência
e funcionalidade dos espermatozoides criopreservados permanecem não
identificados, o que resulta em taxas de gestação altamente variáveis e
geralmente mais baixas do que aquelas obtidas com sêmen fresco
(LINDE-FORSBERG & FORSBERG, 1993).
A fim de melhorar estes resultados, vários pesquisadores vêm somando
esforços no intuito de aperfeiçoar os protocolos de congelação do sêmen
canino. Um exemplo disso é o desenvolvimento de diluidores alternativos
que sejam atóxicos, isotônicos, tenham atividade tamponante, sejam de
baixo custo, práticos e eficientes. O diluidor à base de água de coco
tem em sua composição básica açúcares, proteínas, vitaminas, sais
minerais, fatores de crescimento (fitormônios) e um baixo teor de
fosfolipídeo. A sua formulação em pó (ACP_106®) foi testada para a
refrigeração de sêmen equino (SAMPAIO-NETO
et al., 2002), diluição para inseminação artificial em caprinos (SALGUEIRO
et al., 2002), refrigeração (MADEIRA
et al., 2003) e congelação de sêmen canino (CARDOSO
et al., 2005), apresentando bons resultados.
Outro ponto de extrema importância para a melhoria dos resultados na
congelação do sêmen é a metodologia empregada na descongelação.
Investigações recentes têm levado à hipótese de que os espermatozoides
criopreservados são danificados, principalmente, durante a
descongelação (GAO
et al., 1992; HOLT
et al.,
1992; CURRY & WATSON, 1994; HOLT & NORTH, 1994). Por razões
práticas, o sêmen canino é frequentemente descongelado a 37ºC/1-3
minutos, embora vários pesquisadores tenham verificado que a
descongelação a temperaturas maiores melhore a viabilidade dos
espermatozoides (ENGLAND & ALLEN, 1992).
Em trabalhos para comparação da temperatura e do tempo de descongelação
sobre a qualidade espermática canina, observou-se que a temperatura de
descongelação mais alta por um menor tempo promoveu uma melhor
qualidade pós-descongelação (IVANOVA-KICHEVA
et al., 1995; PEÑA & LINDE-FORSBERG, 2000). No entanto, SILVA
et al.
(1998), trabalhando com cães, e MINTER & DeLIBERTO (2005), com
coiotes, observaram uma melhor qualidade espermática pós-descongelação
em temperaturas mais baixas e por maior tempo. NÖTHLING
et al.
(2007) constataram que a descongelação do sêmen canino a 98°C por 6,5s
não trouxe benefícios, comparada à de 70°C por 8s. CHIRINÉA
et al.
(2006) utilizaram um método de descongelação a 75ºC por 8s para o sêmen
de cães e obtiveram excelente qualidade espermática. NÖTHLING &
SHUTTLEWORTH (2005), além de verificarem o protocolo de descongelação,
relacionaram o tamanho da palheta e observaram que as amostras
congeladas em palhetas de 0,5 mL foram as que apresentaram os melhores
resultados pós-descongelação.
Diante do exposto, percebe-se que ainda existem muitas variações no que
diz respeito ao melhor protocolo de descongelação. Além disso, nenhum
trabalho propôs o melhor protocolo de descongelação quando se usa
ACP-106® como diluidor. Sendo assim, objetivou-se com este trabalho
avaliar o efeito de diferentes protocolos de descongelação sobre a
qualidade do sêmen canino criopreservado com um diluidor à base de água
de coco em pó (ACP-106®).
MATERIAL E MÉTODOS
Local de execução
O experimento foi realizado no Laboratório de Reprodução de Carnívoros localizado na cidade de Fortaleza, CE, Brasil.
Animais experimentais
Foram utilizados oito cães, oriundos de canis particulares, sendo dois
da raça Boxer, um da raça Retriever do Labrador, um da raça Rottweiler,
um da raça Cane Corso, um da raça Bullmastif, um da raça American Pit
Bull Terrier e um da raça Whippet com idades entre dois e nove anos. Os
cães, mantidos em canis individuais, receberam alimentação à base de
ração comercial peletizada uma vez por dia e tiveram acesso à água ad
libitum.
Coleta do sêmen
O sêmen foi coletado por meio da técnica de manipulação digital do
bulbo peniano com o auxílio de um funil de plástico e tubos de vidro
graduados. Como no cão a ejaculação ocorre de forma fracionada, fez-se
a separação do sêmen em suas três frações distintas, sendo a primeira e
a terceira de origem prostática desprezadas e a segunda, denominada
fração espermática, de origem testicular e rica em espermatozoides
retida para fins de avaliação e posterior criopreservação (SILVA
et al.,
2003). No total, coletaram-se e processaram-se dez ejaculados, sendo
que os cães das raças Retriever do Labrador e Cane Corso foram
coletados por duas vezes.
Avaliação do sêmen
A segunda fração do sêmen coletada foi avaliada macro e
microscopicamente. As avaliações macroscópicas incluíram cor, volume e
pH. Já as microscópicas incluíram motilidade (porcentagem de
espermatozoides móveis 0-100%), vigor (qualidade da motilidade), que
foi avaliado em uma escala variando de 0 (sem movimento) a 5 (movimento
retilíneo progressivo), concentração e morfologia espermáticas, bem
como a integridade acrossomal (PLATZ & SEAGER, 1977).
Avaliaram-se a cor e o volume apenas no sêmen fresco. O pH, a
morfologia espermática e a integridade do acrossoma foram avaliados no
sêmen fresco e congelado/descongelado.
As avaliações de motilidade e vigor foram realizadas com o auxílio da
microscopia óptica (M.O.), no aumento de 100x. Verificou-se a
concentração espermática em câmara de Neubauer, utilizando-se uma
diluição de 5 μL de sêmen para 1 mL de solução salina formolizada
(CARDOSO
et al., 1997).
Para a avaliação da morfologia e integridade acrossomal, realizaram-se
preparações úmidas, as quais foram coradas com Rosa de Bengala e,
posteriormente, avaliadas utilizando-se um microscópio óptico (1000x),
fazendo-se a contagem de duzentas células espermáticas. No tocante à
morfologia, classificaram-se os espermatozoides como normais ou
apresentando alterações morfológicas primárias ou secundárias, sendo
separadas de acordo com a sua localização e o acrossoma classificado
como normal ou danificado (SILVA
et al., 2009).
Teste hiposmótico
Realizou-se o teste hiposmótico (HOS) após a coleta e imediatamente
após a descongelação do sêmen, tendo como função avaliar a integridade
funcional da membrana espermática (SPITTALER & TYLER, 1985). Para
isso, 0,01 mL de sêmen foi diluído em 0,09 mL de água destilada e
mantido em banho-maria a 38 ºC. Após 45 minutos, os espermatozoides de
cada alíquota foram colocados em uma lâmina e avaliados em microscópio
óptico. contaram-se duzentas células em aumento de 400x, sendo os
espermatozoides que apresentavam sua cauda enrolada considerados como
tendo a membrana espermática funcional.
Teste de termorresistência
O teste de termorresistência foi realizado após a descongelação do
sêmen, sendo este mantido em banho-maria a 38 ºC. Avaliaram-se a
motilidade e o vigor espermático imediatamente após a descongelação e
aos trinta, sessenta, noventa e 120 minutos.
Preparo do diluidor
Utilizou-se um diluidor à base de água de coco em pó (ACP-106®),
preparado de acordo com a orientação do fabricante. O diluidor continha
20% de gema de ovo e 6% de glicerol (concentração final no diluidor).
Processamento do sêmen
O sêmen foi processado conforme descrito por CARDOSO
et al.
(2003). O volume total de diluidor a ser acrescido ao sêmen foi
dividido em duas partes (A e B), sendo a parte A composta apenas pelo
ACP-106® acrescido de gema de ovo e a parte B, similar à anterior, mas
contendo 12% de glicerol.
O sêmen foi diluído inicialmente com metade do volume de diluidor
necessário para a obtenção da concentração final de 200 x 106
espermatozoides/mL. Nesta etapa, utilizou-se somente a parte A do
diluidor. Após esta diluição inicial em temperatura ambiente
(aproximadamente 27°C), as amostras foram armazenadas em tubos de vidro
e estes colocados em um recipiente com água e acondicionados em caixa
térmica plástica de 3 L, medindo 14 cm de largura, 21 cm de comprimento
e 15 cm de altura com gelo reciclável (15°C) por quarenta minutos. Após
este período, transferiu-se o sêmen para um refrigerador até atingir
4°C, o que demorou trinta minutos e, posteriormente, adicionou-se a
parte B ao sêmen. O sêmen foi envasado em palhetas de 0,25 mL, sendo
estas dispostas horizontalmente em rampa de congelação a uma altura de
5 cm do nível de nitrogênio líquido por cinco minutos e, finalmente,
armazenadas em nitrogênio líquido. Após uma semana, as amostras foram
descongeladas em banho-maria, sendo a primeira palheta descongelada a
37°C/60s, a segunda a 55°/5s e a terceira a 75°C por 8s e avaliadas
microscopicamente.
Análise estatística
Avaliaram-se as características macroscópicas do sêmen fresco de forma
subjetiva, exceto o volume da fração espermática, que, juntamente com
as características microscópicas, foi submetido à estatística
descritiva e expresso na forma de média e desvio-padrão. A análise dos
dados foi realizada pelo programa Systat 7.0 (SPSS Inc. 1997). Os dados
percentuais sofreram transformação angular arco seno. Para verificar as
diferenças estatísticas entre os protocolos com relação à motilidade,
vigor, morfologia, integridade acrossomal e porcentagem de caudas
enroladas, utilizou-se ANOVA-GLM (General Linear Model) e nos casos em
que houve diferenças estatísticas, as médias foram comparadas pelo
teste de Tukey, para se verificar onde ocorreram as diferenças. Para
todas as análises utilizou-se P < 0,05.
RESULTADOS
No tocante ao sêmen fresco, observou-se que todos os ejaculados
apresentaram-se de cor branco opalescente e viscosidade leitosa e que
os demais parâmetros (macro e microscópicos) encontravam-se dentro da
normalidade (
Tabela 1), como descrito por SILVA
et al. (2003).
A motilidade espermática do sêmen descongelado a 55°C/5s (58,50 ±
14,92%) foi melhor do que no descongelado a 37°C/60s (46,00 ± 11,74%),
que, por sua vez, foi melhor do que a 75°C/8s (19,60 ± 29,31%) nos
tempos zero e trinta minutos. O sêmen fresco foi o que apresentou o
melhor resultado de motilidade (P < 0,05 –
Tabela 2).
A partir de sessenta minutos, não houve mais diferença entre a
motilidade nos três protocolos de descongelação testados (P > 0,05 –
Tabela 2).
Quando se compara a motilidade dentro de cada grupo ao longo do tempo,
observa-se que, nos protocolos de descongelação 37°C/60s e 55°C/5s, no
tempo 0 min, ela foi superior a todos os outros tempos, e no tempo de
trinta minutos foi superior aos tempos de sessenta, noventa e 120
minutos (P < 0,05) e a partir dos sessenta minutos não houve mais
diferenças (P > 0,05). Para as amostras descongeladas a 75°C/8s, a
motilidade não diferiu das demais em momento algum (P > 0,05 -
Tabela 2).
Com relação ao vigor espermático do sêmen descongelado, este não
diferiu nos protocolos de 37°C/60s e 55°C/5s em todos os tempos
avaliados, mas ambos apresentaram resultados melhores que o protocolo
75°C/8s nos tempos zero e trinta minutos (P < 0,05). No que diz
respeito à comparação dos protocolos entre os tempos, o vigor se
manteve inalterado até trinta minutos. A partir de sessenta minutos,
houve uma redução significativa no vigor, que se manteve estável até
120 minutos (
Tabela 3).
Para as características morfológicas dos espermatozoides, não houve
diferenças entre as alterações primárias de cabeça, peça intermediária
e de cauda e secundárias de peça intermediária entre nenhum dos
protocolos e em relação ao sêmen fresco (P > 0,05). Já com relação
às alterações secundárias de cabeça e cauda, observaram-se algumas
diferenças. No caso das alterações secundárias de cabeça, os protocolos
37°C/60s e 75°C/8s foram semelhantes entre si (P > 0,05) e
apresentaram um aumento nas alterações morfológicas quando comparados
ao sêmen fresco (P < 0,05), ao passo que o protocolo 55°C/5s não
diferiu do sêmen fresco, nem dos demais protocolos (P > 0,05). Com
relação às alterações secundárias de cauda, todos os protocolos foram
semelhantes entre si e apresentaram mais alterações que o sêmen fresco (
Tabela 4)
Neste estudo, observou-se que não houve diferenças com relação à
porcentagem de acrossomas intactos entre os protocolos, mas todos
apresentaram uma porcentagem menor de acrossomas intactos em relação ao
sêmen fresco (
Figura 1).
Houve uma redução significativa no percentual de células que foram
reativas ao teste hiposmótico em todos os protocolos com relação ao
sêmen fresco, não diferindo entre os protocolos após a descongelação (
Figura 2).
Não houve alteração do pH nos protocolos de 37°C/60s e 55°C/5s (P >
0,05), no entanto, houve uma redução do pH no protocolo de 75°C/8s em
relação ao sêmen fresco (P < 0,05) (
Figura 3).
DISCUSSÃO
De acordo com a análise dos resultados do sêmen fresco, observou-se que
as amostras estavam aptas a participarem do experimento, visto que
todos os parâmetros avaliados apresentavam-se dentro da normalidade
para a espécie canina, conforme descrito por SILVA
et al. (2003).
Com relação à motilidade pós-descongelação, este estudo demonstrou que
existe uma diferença significativa entre os três protocolos de
descongelação, sendo que o de 55°C/5s apresentou os melhores resultados
por até trinta minutos após a descongelação, seguido pelo de 37°C/60s
e, por último, o protocolo 75°C/8s. Resultado semelhante foi obtido por
IVANOVA-KICHEVA
et al.
(1995), que obtiveram uma melhor motilidade quando descongelaram o
sêmen de cães a 55°C/5s em comparação com a descongelação a 37°C/8s.
Segundo IVANOVA-KICHEVA
et al.
(1995), descongelar o sêmen em temperaturas mais altas reduz os efeitos
destrutivos dos processos osmóticos nas estruturas dos espermatozoides.
Além disso, o aumento rápido da temperatura de -196°C a 55°C por 5s
impede a recristalização intracelular, o que provavelmente favoreceu o
protocolo 55°C/5s em relação ao protocolo 37°C/60s. Embora tenha havido
uma superioridade estatisticamente significativa da motilidade do
protocolo 55°C/5s em relação ao 37°C/60s, percebe-se que ambos os
protocolos apresentaram uma motilidade dentro da faixa aceitável para a
realização de inseminações artificiais, levando-se em consideração os
dados de THOMASSEN
et al.
(2006), que sugerem, para a espécie canina, a motilidade
pós-descongelação acima de 50% como ideal e acima de 30% como
aceitável, visto que é necessário um número adequado de espermatozoides
móveis para que estes possam chegar até o oviduto e realizar a
fecundação.
NÖTHLING & SHUTTLLEWORTH (2005) relacionaram o tamanho da palheta
com o protocolo de descongelação e observaram que as amostras
congeladas em palhetas de 0,5 mL e descongeladas a 70°C por 8s foram as
que apresentaram os melhores resultados. PEÑA & LINDE-FORSBERG
(2000) observaram que todos os parâmetros avaliados foram
significativamente melhores quando se descongelaram os espermatozoides
a 70ºC por 8s quando comparados com 37ºC por 15s. CHIRINÉA
et al.
(2006) utilizaram um método de descongelação a 75ºC por 8s para o sêmen
de cães e obtiveram excelente qualidade espermática pós-descongelação.
Percebe-se que todos esses pesquisadores conseguiram bons resultados na
descongelação do sêmen a altas temperaturas e todos eles atribuem a
esses bons resultados a mesma justificativa de IVANOVA-KICHEVA
et al.
(1995). Contudo, nesses experimentos, diferentemente deste, o sêmen foi
envasado em palhetas de 0,5 mL. Diante disso, é possível que a
influência letal das altas temperaturas sobre a viabilidade dos
espermatozoides seja maior sobre palhetas de 0,25 mL em relação a
palhetas de 0,5 mL, pois o conteúdo da palheta de 0,25 mL descongelaria
mais rapidamente que o da palheta de 0,5 mL e, sendo assim, o sêmen
descongelado da palheta de 0,25 mL permaneceria por mais tempo a uma
temperatura elevada. A partir do que foi exposto, acredita-se que o
resultado obtido na descongelação a 75°C/8s poderia ser melhorado caso
fosse usada uma palheta de 0,5 mL ou então fosse diminuído o tempo de
exposição à temperatura de 75°C. Outro ponto importante é que nenhum
destes autores utilizou a água de coco como diluidor e, diante disso, é
possível que a redistribuição do calor durante a descongelação e a
proteção dos espermatozoides durante este processo sejam diferentes
para o diluidor à base de água de coco em pó.
Com relação ao vigor espermático, não houve diferença entre os
protocolos 55°C/5s e 37°C/60s e novamente o pior protocolo de
descongelação foi o de 75°C/8s, sendo a provável causa, para isso, o
efeito deletério da alta temperatura.
No tocante às alterações morfológicas, acrossomas intactos e caudas
enroladas, após o teste hiposmótico não se verificaram diferenças entre
os protocolos, mostrando que não houve efeito diferenciado da
temperatura e do tempo de congelação sobre essas características
seminais. Observaram-se um maior percentual de alterações totais e
secundárias da cabeça e cauda e uma diminuição de acrossomas intactos e
caudas reativas ao teste hiposmótico em relação ao sêmen fresco,
indicando que, provavelmente, o efeito de redução da qualidade seminal
pós-descongelação deveu-se ao processo de congelação.
Com relação ao pH, constatou-se que a ação tamponante do diluidor foi
extremamente eficaz, dada a capacidade de manter o pH dentro da
normalidade ao longo de todo experimento (CHRISTHIANSEN, 1988).
CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos, sugere-se que o melhor protocolo de
descongelação para o sêmen de cães utilizando como diluidor o ACP-106®
é 55°C/5s, já que este proporcionou uma melhor motilidade por até
trinta minutos após a descongelação.
AGRADECIMENTOS
À CAPES, ao CNPq e à FUNCAP, pelo apoio financeiro; aos proprietários
dos cães, em particular ao Daniel Couto Uchoa, por disponibilizar os
animais para o estudo; ao Prof. Dr. Airton Alencar de Araújo, pela
colaboração nas análises estatísticas, e ao Laboratório de Tecnologia
do Sêmen Caprino, pela disponibilização de uso do CASA.
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Protocolado
em: 22 nov. 2007. Aceito em: 21 set.
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