CARACTERÍSTICA
DAS FEZES E EXCREÇÃO FECAL DE AREIA EM EQUINOS MANTIDOS A
PASTO NO MUNICÍPIO DE CACHOEIRO DO ITAPEMIRIM, ESPÍRITO
SANTO, BRASIL
Jonas Macedo Filgueiras,1 Ubiratan Pereira Melo,2 Cíntia Ferreira,3
Sílvia Araújo França4 e Eduardo Shimoda5
1.Graduando da Faculdade de Castelo
2. Médico veterinário, mestre, doutorando do programa de
Pós-Graduação em Ciência Animal/Escola de
Veterinária da UFMG, bolsista do CNPq. E-mail:
ubiratan_melo@yahoo.com.br
3. Médica veterinária, mestre, doutoranda do programa de
Pós-Graduação em Ciência Animal/Escola de
Veterinária da UFMG, bolsista do CNPq
4. Médica veterinária, mestre, doutoranda do programa de
Pós-Graduação em Ciência Animal/Escola de
Veterinária da UFMG
5. Faculdade de Castelo.
RESUMO
A característica das
fezes e a excreção fecal de areia foram avaliadas em 112
éguas criadas a campo no município de Cachoeiro do
Itapemirim, estado do Espírito Santo, em um delineamento
inteiramente casualizado. Colheram-se de cada animal 200 gramas de
fezes por palpação transretal, sendo estas avaliadas
quanto à consistência, ao grau de
hidratação, à coloração, ao odor, ao
tamanho da fibra, à presença de grãos e de corpo
estranho. Simultaneamente, foi realizado o teste de
sedimentação de areia para determinar a
excreção fecal de areia. Em 100% dos animais, as
síbalas eram firmes com odor sui generis. Quanto à
coloração, 90% (101/112) dos animais apresentaram fezes
de coloração verde-musgo e 10% (11/112), fezes
verde-oliva-escuro. Em relação à
consistência, 23,21% (26/112) apresentaram fezes levemente
pastosas e 76,79% (86/112), fezes firmes. Em relação ao
grau de hidratação, 23,21% (26/112) apresentaram fezes
com discreto aumento do conteúdo hídrico e 76,79%
(86/112), fezes com hidratação normal. O teste de
sedimentação da areia revelou que 100% (112/112) dos
animais excretavam areia no momento do estudo. Embora a
prevalência da excreção fecal de areia tenha sido
alta, a presença de areia no trato gastrintestinal dos animais
avaliados não está provocando alterações
gastroentéricas.
PALAVRAS-CHAVES: Areia, equino, fezes.
ABSTRACT
FECES CHARACTERISTICS AND FAECAL SAND
EXCRETION IN EQUINE KEEP AT PASTURE IN CACHOEIRO ITAPEMIRIM CITY,
ESPÍRITO SANTO, BRAZIL
The characteristic of feces
and fecal excretion of sand were evaluated in 112 mares in the
Cachoeiro do Itapemirim city, state of Espírito Santo, Brazil.
From each animal were collected 200 grams of feces by transrectal
palpation, and after collection were evaluated for consistency,
hydration, color, smell, size of fiber, grains and presence of foreign
body. Simultaneously was performed the test of sedimentation of sand to
determine the fecal excretion of sand. In 100% of animals feces were
firm with the unique odor. As for color, 90% (101/112) of the animals
showed feces of moss green color, while 10% (11/112) showed dark olive
green stool. For consistency, 23.21% (26/112) had stool slightly pasty
and 76.79% (86/112) had stool firm. Regarding the degree of hydration,
23.21% (26/112) had stool with slight increase in water content, while
76.79% (86/112) had stool with normal hydration. The test of
sedimentation of the sand revealed that 100% (112/112) of animals
excreted sand at the time of the study. Although the prevalence of
fecal excretion of sand has been high, the presence of sand in the
gastrointestinal tract of animals evaluated is not causing
gastroenteric changes.
KEY WORDS: Equine, feces, sand.
INTRODUÇÃO
As doenças do trato
gastrintestinal decorrem de um número de síndromes
clínicas, incluindo distensão, injúria
isquêmica e inflamatória (MELO et al.,
2008). O abdome agudo é o problema mais comum na clínica
médica de equinos e, independente dos recentes avanços no
manejo geral dos equinos, a síndrome cólica continua a
ocorrer e é a principal causa de morbidade e mortalidade na
espécie equina (VAN HOOGMOED et al., 2000; SINGER & SMITH, 2002).
A síndrome
cólica é uma das afecções mais
difíceis de se estudar mediante métodos
epidemiológicos, em virtude do grande número de
doenças que promovem sinais clínicos de dor abdominal. A
determinação de um diagnóstico exato nem sempre
é possível. Informações sobre
incidência, mortalidade e fatores de risco são
úteis para o clínico tomar decisões em casos
isolados, bem como nos problemas de rebanho. A
determinação da incidência é importante na
avaliação da taxa de síndromes cólicas em
haras ou centros de treinamento. De cada cem equinos de determinada
população, entre quatro a dez animais apresentam um
quadro de desconforto abdominal por ano (KANEENE et al., 1997; TINKER et al., 1997).
A doença
gastrintestinal relacionada à areia, também conhecida
como enteropatia arenosa, ou sablose, é uma enfermidade
gastrintestinal comum nos equinos mantidos a campo em regiões
com solo arenoso frouxo. A ingestão de areia pode ocorrer
também por meio da ingestão de água de
córregos ou açudes, bem como pela ingestão de feno
com grandes quantidades de areia (THOMASSIAN, 1997; HUSTED et al.,
2005). WHITE (1990) relatou que a sablose apresenta prevalência,
dependendo da área geográfica, variando de 1% a 11%. No
entanto, HUSTED et al. (2005)
relataram prevalência de 56,4% utilizando como critério
diagnóstico a presença de areia no teste de
sedimentação.
A sablose pode ocorrer em
equinos de todas as idades. Alguns animais, especialmente os potros,
ingerem areia deliberadamente. A areia fina pode acumular-se no
cólon dorsal e a areia grossa no cólon ventral. A
patogenia da compactação arenosa é desconhecida,
mas pode envolver mecanismos semelhantes aos da
compactação do intestino grosso por alimento fibroso.
Alteração da motilidade gastrintestinal pode causar
acúmulo de areia antes do desenvolvimento da
compactação, sendo que alguns equinos eliminam a areia
ingerida e outros não (THOMASSIAN, 1997; JONES & SPIER,
2000; JONES et al., 2000).
Embora a sablose seja uma
entidade clínica bem conhecida pelos médicos
veterinários da Europa e dos Estados Unidos, não existem
no Brasil estudos avaliando sua ocorrência nem tampouco a
prevalência da excreção fecal de areia em equinos
sob pastejo.
A colheita e
avaliação das características físicas das
fezes constituem um procedimento muito importante para se estimar a
velocidade de trânsito e o tipo de abdome agudo. As fezes devem
ser examinadas quanto ao formato, ao grau de umidade ou
consistência, à coloração, ao odor, ao
tamanho das partículas, à presença de grãos
e de corpos estranhos (WILSON & GORDON, 1987; GONÇALVES et al., 2005).
O formato das fezes
está na dependência do tipo de alimento e da
relação concentrado: volumoso, tamanho das
partículas e da velocidade do trânsito da ingesta.
Naqueles animais que ingerem pastagem tenra e de boa qualidade, a
coloração das síbalas é um verde-musgo
característico (WILSON & GORDON, 1987; GONÇALVES et al., 2005).
O odor das fezes normais
é classificado como sui generis. Esse odor estará
alterado principalmente nos quadros de abdome agudo que cursam com
fermentação do conteúdo intestinal,
particularmente naqueles animais alimentados com grandes quantidades de
concentrado. O odor pútrido poderá ser percebido nos
quadros de enterite bacteriana (WILSON & GORDON, 1987; JONES, 2003;
GONÇALVES et al., 2005).
As fibras vegetais nas
síbalas normais devem ter em média 3 mm de comprimento.
Qualquer quadro patológico que acelere ou retarde o tempo de
trânsito intestinal pode provocar alterações no
tamanho da fibra. O fornecimento de alimentos volumosos com fibra de
má qualidade e ricos em lignina pode alterar os processos
digestivos. Isto resultará na não digestão dessa
fibra e no aparecimento de fibras de grande tamanho nas fezes,
além de predispor às compactações do
cólon maior (MEYER, 1995; LEWIS, 2000; GONÇALVES et al., 2005).
Objetivou-se com este
estudo avaliar a prevalência da excreção fecal de
areia em equinos criados extensivamente na região sul do estado
do Espírito Santo, bem como determinar a característica
das fezes de equinos sob pastejo.
MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi realizado
na cidade de Cachoeiro do Itapemirim, estado do Espírito Santo,
durante os meses de março a junho de 2007. Utilizaram-se 112
éguas (102 Mangalarga Marchador, 10 Quarto de Milha)
pertencentes a cinco diferentes criatórios, criadas em regime
extensivo com idade média de 7,74 ± 3,74 anos, em um
delineamento inteiramente casualizado. O período do estudo
foi caracterizado por precipitação pluviométrica
média de 50 mm/mês (INSTITUTO NACIONAL DE METEREOLOGIA,
2007).
Todos os animais utilizados
neste estudo eram criados a pasto em piquetes, e apenas os animais de
um criatório (dez éguas) recebiam suplemento alimentar na
forma de concentrado uma vez ao dia. Em todos os criatórios
avaliados, o tipo de pastagem predominante era Brachiaria humidicola, e
no momento do estudo a altura média da pastagem em todos os
criatórios era 2,0 + 0,7 cm, conforme determinado pela
mensuração da altura da pastagem em dez diferentes locais
em cada criatório. Todos os animais do estudo ingeriam
água diretamente em lagoa (criatório 1) ou em rios
(criatórios 2, 3, 4 e 5).
De cada animal colheu-se um
mínimo de 200 gramas de fezes por palpação
transretal, uma única vez. Após a colheita, a
característica das fezes (consistência,
hidratação, coloração, odor, tamanho da
fibra, presença de grãos e de corpo estranho) foi
avaliada conforme metodologia descrita por GONÇALVES et al. (2005) e MELO et al.
(2008). Simultaneamente, era realizado o teste de
sedimentação de areia conforme técnica descrita
por HUSTED et al. (2005),
para determinar a presença de areia nas fezes. Para
realização do teste, utilizou-se uma luva de
palpação transretal contendo a suspensão de 200
gramas de fezes em um litro de água. O teste foi lido
após a permanência da luva em posição
vertical por vinte minutos para permitir a sedimentação
da areia. A quantidade de areia presente na luva após a
sedimentação foi classificada em cinco categorias
diferentes, conforme demonstrado na Tabela 1.
Tabularam-se os dados em
planilha do programa Excel® (Microsoft), procedendo-se à
análise no programa SAS (1995), para determinação
da dispersão de frequência. O teste de Qui-quadrado (χ2)
foi utilizado para comparar a ocorrência de animais positivos e
negativos ao teste de sedimentação de areia dentro de um
mesmo criatório e entre diferentes criatórios.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quanto às características das fezes, 100% dos animais apresentaram fezes de odor sui generis.
Quanto à coloração, 90% dos animais apresentaram
fezes de coloração verde-musgo e 10% apresentaram fezes
verde-oliva-escuro. Em relação à
consistência, 23,21% (26/112) apresentaram fezes levemente
pastosas e 76,79% (86/112), fezes firmes. Em relação ao
grau de hidratação, 23,21% (26/112) apresentaram fezes
com discreto aumento do conteúdo hídrico e 76,79%
(86/112), fezes com hidratação normal.
Já em
relação ao tamanho da fibra, 8,92% (10/112) apresentaram
fibras indigeridas ao exame macroscópico e 91,08%, fezes com
fibras de tamanho superior a 12 mm. Foram identificados grãos
indigeridos em 8,92% (10/112) dos animais. Os restantes 91,08%
não apresentavam grãos nas fezes.
O exame macroscópico
das fezes pode fornecer informações sobre a
digestão e o tempo de trânsito no intestino grosso.
Grandes partículas de fibras nas fezes podem representar
mastigação inadequada ou digestão
insatisfatória no intestino grosso. Bolos fecais firmes,
pequenos e cobertos por muco indicam um trânsito prolongado
através do cólon descendente. Fluidez implica tempo de
trânsito diminuído (JONES et al., 2000). Segundo GONÇALVES et al.
(2005), a característica das fezes parece ser um relevante
critério de diferenciação entre cólicas
obstrutivas e não obstrutivas, pois em seu estudo
diferenças significativas foram observadas. Dessa forma, o
conhecimento das características das fezes de equinos mantidos a
pasto pode ser útil na avaliação dos casos de
abdome agudo.
A característica das fezes dos animais avaliados foi similar àquela descrita na literatura (FERREIRA et al., 2008; MELO et al.,
2008). Embora alguns animais tenham apresentado variação
em relação às características descritas na
literatura, essa variação aparentemente não
representa qualquer problema ou indício de distúrbio no
trato gastrintestinal em decorrência da ausência de
histórico de distúrbio gastroentérico nos animais
estudados nos últimos doze meses. O aumento do grau de
hidratação das fezes em alguns dos animais avaliados pode
estar associado à diminuição do tempo de
trânsito intestinal e consequente diminuição da
absorção de água, ou à ingestão de
pastagem muito jovem e tenra.
A presença de fibras
com tamanho superior a 12 mm pode ser indicativa de
alterações no tempo de trânsito da ingesta ou
ingestão de alimento rico em fibra (GONÇALVES et al.,
2005). De fato, durante a época do estudo a pastagem era de
péssima qualidade, em decorrência do longo período
de ausência de chuvas na região, o que justificaria a
presença de quantidade excessiva de fibras nas fezes.
Entretanto, vale ressaltar que alterações
odontológicas como, por exemplo, pontas excessivas de esmalte
dentário, podem alterar a biomecânica do ciclo
mastigatório e prejudicar a adequada trituração
dos alimentos, resultando na ingestão de fibras de comprimento
longo. No entanto, neste estudo, a presença de
alterações odontológicas não foi avaliada.
A característica das
fezes de animais mantidos a campo pode variar em função
da disponibilidade e do tipo de pastagem, que variam de acordo com as
condições edafoclimáticas da região. Dessa
forma, seria importante avaliar as características das fezes em
diferentes períodos, para determinar o efeito da época do
ano sobre as características das fezes de equinos mantidos a
campo.
O teste de sedimentação da areia revelou que 100% dos animais excretavam areia no momento do estudo (Tabela 2). Esse resultado é superior ao encontrado por HUSTED et al. (2005), que relataram uma taxa de teste de sedimentação positivo de 56,4%.
A eliminação
de areia nas fezes é um marcador sensível da
ingestão de areia e, por isso, representa fator de risco para o
desenvolvimento de sablose. Em várias áreas
geográficas do mundo, os clínicos de equinos comumente
encontram problemas relacionados ao acúmulo de areia dentro do
cólon maior (UDENBERG, 1979; MAXWELL, 2003). Diarreia
crônica, perda de peso e cólica podem ocorrer quando
quantidades suficientes de areia acumulam-se dentro do intestino,
causando lesão à mucosa ou obstrução
luminal (HAMMOCK et al., 1998). A Figura 1 apresenta o número de animais positivos de acordo com o escore do teste de sedimentação.
Conforme observado na Figura 1,
a maioria dos animais (62/112) foi classificada no escore 2. No
entanto, vale lembrar que esse resultado pode sofrer influência
da subjetividade do teste e da taxa de eliminação de
areia nas fezes, que varia em função da quantidade de
areia ingerida (HAMMOCK et al.,
1998). Embora nenhum animal do estudo tenha apresentado
histórico de doença gastrintestinal, é
provável que o acúmulo de areia no trato gastrintestinal
possa predispor esses animais ao desenvolvimento de doença
gastrintestinal.
É demonstrado que o
trato gastrintestinal equino pode eliminar quantidades significativas
de areia nas fezes quando saudável. Os resultados obtidos
indicam que os animais estão ingerindo areia durante o pastejo
ou ingestão de água, porém estão
eliminando-a (LIEB, 1997; HAMMOCK et al.,
1998). No entanto, deve-se lembrar que grandes quantidades de areia
ingerida podem não ser eliminadas mesmo por um trato
gastrintestinal saudável.
KNOTTENBELT & PASCOE
(1998) alertam para a hipótese de a ingestão de areia
estar associada à deficiência dietética ou
padrões comportamentais idiossincrásicos, porém
há poucas ou nenhuma evidência que suporte essa
suposição. Além disso, o conhecimento do
comportamento de pastejo do equino pode explicar, em parte, a
ingestão de areia e de outros sedimentos. O pastoreio dos
equinos consiste na apreensão dos alimentos pelo lábio
superior, com auxílio da língua e dentes incisivos. Dada
a grande mobilidade dos lábios, os equinos podem selecionar os
alimentos mais palatáveis, além de serem capazes de
apreender alimentos bem próximos ao solo ou ao seu nível.
Dessa forma, quando os equinos são colocados para pastejar em
pastagem baixas ou de péssima qualidade, estes podem ingerir
areia inadvertidamente, na tentativa de apreender o alimento mais
palatável naquele momento.
A Figura 2
apresenta a distribuição do escore do teste de
sedimentação de acordo com a idade dos animais. Os
resultados corroboram a literatura consultada, que afirma que equinos
de qualquer faixa etária podem ser acometidos (JONES &
SPIER, 2000; JONES et al., 2000).
Não é
conhecida a real quantidade de areia necessária dentro trato
gastrintestinal para induzir sinais clínicos de doença
gastrintestinal (BERTONE et al.,
1988). Entretanto, é provável que nos animais estudados a
quantidade de areia presente dentro do trato gastrintestinal seja
pequena, em decorrência da ausência de sinais
clínicos.
Em virtude da natureza
sazonal da qualidade da pastagem, a prevalência da
excreção fecal de areia pode variar (HUSTED et al.,
2005). É provável que durante os meses chuvosos, quando
há crescimento da pastagem, a prevalência diminua. Mas
vale lembrar que não só a qualidade da pastagem pode ser
incriminada como causa da presença de areia nas fezes de
equinos. Nos animais que ingerem água de rios e lagoas, esses
podem ser os principais responsáveis pelo acúmulo de
areia no trato gastrintestinal, principalmente nos meses mais secos
(menos chuvosos) do ano, em decorrência da
diminuição do nível de água desses
reservatórios naturais. Dessa forma, a ingestão de
água proveniente dos rios e lagoas pode ser um fator para a
presença de areia no trato gastrintestinal dos animais estudados.
Outro fator que pode
contribuir para a ingestão de areia em equinos mantidos a campo
é o hábito de pastejo da espécie. O equino
apreende o alimento principalmente com os lábios e a
língua, e durante o pastoreio ou ingestão de ramos e
tubérculos, os dentes incisivos são utilizados para
apreensão. A seletividade alimentar dos equinos durante o
pastejo reduz o risco de ingestão de corpos estranhos, mas
não os impede de, inadvertidamente, ingerir areia,
principalmente em áreas com pastagem degradada.
CONCLUSÕES
As características
das fezes de equinos criados extensivamente não diferiram
daquelas relatadas na literatura. Embora todos os animais tenham sido
positivos ao teste de sedimentação, a presença de
areia no interior do trato gastrintestinal não tem promovido
alteração clínica. Entretanto, vale ressaltar que
esses animais estão predispostos ao desenvolvimento de
distúrbio gastrintestinal relacionado à areia. Mais
estudos são necessários para avaliar o efeito da
qualidade da pastagem e da época do ano sobre a
característica das fezes e a excreção fecal de
areia em equinos mantidos sob pastejo.
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Protocolado em: 8 nov. 2007. Aceito em: 1o maio 2009.