DOI: 10.1590/1089-6891v15i422558

PESQUISA DE OOCISTOS DE Isospora spp. EM PASSERIFORMES CRIADOS EM CATIVEIRO 

Deuvânia Carvalho da Silva1, Camila Guariz Homem1, Alex Akira Nakamura1, Valéria Cristina da Silva2, Marcelo Vasconcelos Meireles3

1Pós Graduandos da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Estadual Paulista, Araçatuba, SP, Brasil.
2
Graduanda da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Estadual Paulista, Araçatuba, SP, Brasil.
3Professor Doutor da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Estadual Paulista, Araçatuba, SP, Brasil. - meirelesmv@uol.com.br


RESUMO

O presente estudo teve como objetivo pesquisar, em longo prazo, a presença de oocistos de Isospora spp. em várias espécies de passeriformes, naturalmente infectadas, criadas em cativeiro. Foram colhidas 289 amostras em dois criatórios de passeriformes, onde houve comprovação prévia de infecção por Isospora, nos quais havia alojamento de várias espécies de passeriformes adultos. As amostras foram colhidas de forma individual, com periodicidade mensal, por 13 meses, purificadas em solução de Sheather e examinadas por microscopia. Das 289 amostras, 159 (55,02%) apresentaram positividade para oocistos de Isospora e 130 (44,98%) foram negativas. Na maioria das aves analisadas foi observada eliminação de oocistos, em pequena quantidade, intermitente e por período prolongado. Apesar de todas as aves apresentarem oocistos de Isospora nas fezes pelo menos uma vez, em um período de 13 meses, as aves não apresentaram isosporose clínica. Os resultados observados neste experimento fornecem dados para o controle da isosporose em passeriformes criados em cativeiro. As decisões sobre a realização de tratamento profilático ou curativo, assim como sobre medidas higiênico-sanitárias a serem adotadas devem levar em consideração não somente a presença de parasito em fezes, mas também a intensidade de eliminação de oocistos, ssim como a avaliação do manejo higiênico sanitário e nutricional e a presença de sinais clínicos e/ou de mortalidade.

PALAVRAS-CHAVE: amostras de fezes; aves; Isospora spp.; oocistos.

SCREENING FOR Isospora spp. OOCYSTS IN PASSERIFORMES RAISED IN CAPTIVITY 

ABSTRACT

This study aimed to research the long-term shedding of Isospora spp. oocysts in several species of passerines naturally infected and kept in captivity. Two hundred and eighty-nine fecal samples were collected from two flocks with previous diagnosis of isosporosis, in which several adult passerine species were raised. Samples were collected individually, monthly, for 13 months, purified in Sheather’s sugar solution and examined using microscopy. Of the 289 samples, 159 (55.02%) were positive for Isospora spp.  oocysts and 130 (44.98%) were negative. Most of the birds analyzed shed oocysts in small quantity (score 1), intermittently and for a long period.  Despite the occurrence of Isospora infection, the birds that were analysed showed no clinical isosporosis. The results of this research provide data for the control of isosporosis in passerines raised in captivity. The decisions about performing prophylactic or curative treatment, as well as decisions related to hygiene and sanitary measures must take into account not only the presence of the parasite in feces, but also the intensity of oocysts shedding, as well as evaluation of sanitary and nutritional management and the presence of clinical signs and/or mortality.

KEYWORDS: birds; fecal samples; Isospora spp., oocysts.


INTRODUÇÃO

Várias espécies de aves da ordem Passeriformes são criadas em cativeiro no Brasil, seja como animais de estimação, em zoológicos ou em criatórios comerciais. No entanto, são escassas as informações sobre vários aspectos da criação dessas aves, inclusive sobre a infecção por Isospora spp., que pode se manifestar com curso agudo e presença de emagrecimento, má-absorção e má-digestão, devido à lise de enterócitos1, além de alta mortalidade2, 3.

Há diversos estudos sobre a intensidade e periodicidade de eliminação de oocistos de Isospora spp. em aves de vida livre, que visam principalmente à determinação do padrão diurno e/ou diário da eliminação de oocistos de forma intermitente em aves infectadas naturalmente ou experimentalmente4-11. No entanto, não há estudos relacionados à presença de oocistos de Isospora spp., por períodos prolongados, em fezes de aves criadas em cativeiro.

Aves de vida livre desenvolvem infecção crônica e permanecem portadoras do parasito, mesmo após utilização de medicamentos anticoccidianos, e não há desenvolvimento de imunidade específica para prevenção de infecção aguda após desafio posterior com oocistos da mesma espécie de Isospora12.

É evidente a carência de informações técnicas sobre a ocorrência e métodos de controle relacionados às enfermidades de aves criadas em cativeiro, onde se observa que na prevenção e tratamento de enfermidades infecciosas e parasitárias predomina o empirismo, com administração de drogas de forma totalmente aleatória e sem nenhum embasamento científico, o que pode levar à utilização inadequada de medicamentos anticoccidianos, com ocorrência de quadros de intoxicação ou desenvolvimento de resistência dos coccídios às drogas utilizadas, como observado com frequência na eimeriose aviária13

O presente estudo teve como objetivo pesquisar, em longo prazo, a presença de oocistos de Isospora spp. em várias espécies de aves da ordem Passeriformes, naturalmente infectadas.

MATERIAL E MÉTODOS

Foram coletadas 289 amostras de fezes de 25 aves (Tabela 1), em dois criatórios onde houve comprovação prévia de infecção por Isospora, nos quais havia alojamento de curiós (Oryzoborus angolensis), sabiás-laranjeira (Turdus rufiventris), pintassilgos-da-Venezuela (Carduelis cucullatus) e pintassilgos-do-nordeste (Carduelis yarrellii) (criatório 1) e de curiós e bicudos (Oryzoborus maximiliani) (criatório 2). O número de aves selecionadas para coleta foi de 10 a 100%, em relação ao total de aves por espécie presente na criação, variando de uma a seis aves de cada espécie. As aves estavam alojadas em gaiolas individuais, que foram identificadas para permitir a coleta seriada de amostras fecais da mesma ave.

Foi realizada coleta individual, em aves adultas (após o início do período reprodutivo), com periodicidade mensal, por um período de 13 meses, com exceção dos meses de abril e agosto, devido à indisponibilidade do proprietário do criatório 1. Apesar de a eliminação da maioria dos oocistos de Isospora ocorrer no período que compreende as últimas horas da tarde e as primeiras horas da noite5,7,9 , devido à disponibilidade dos proprietários, as amostras foram constituídas por fezes eliminadas durante 24 h, e foram colhidas no início da manhã, em gaiolas forradas com forro de papel, que era substituído a cada colheita, e foram armazenadas em solução de bicromato de potássio a 2,5%, inicialmente por 96 h, em temperatura ambiente, em recipiente aberto, para que ocorresse a esporulação de oocistos. Posteriormente foram armazenadas a 4º C.

As amostras de fezes foram homogeneizadas e coadas em peneiras de plástico descartáveis e submetidas à lavagem por centrifugação com água deionizada/tween 20, 0,01%, seguida da purificação e concentração de oocistos utilizando-se o método de centrífugo-flutuação em solução de Sheather. Dois mililitros do sobrenadante da solução de Sheather foram diluídos em água deionizada/tween 20, 0,01%, e submetidos à centrifugação com água deionizada/tween 20, 0,01%. No sedimento resultante do processo de purificação, foi pesquisada a presença de oocistos de Isospora spp. por meio da técnica de coloração negativa com verde malaquita14. Essa técnica, apesar de desenvolvida originalmente para visualização de oocistos de Cryptosporidium spp., permite excelente visualização de oocistos de Isospora spp..

A identificação morfológica de oocistos de Isospora spp.15 foi realizada com utilização de objetiva de 40 X e 100 X. A quantificação da eliminação de oocistos foi realizada utilizando-se um método semiquantitativo, descrito a seguir: negativo (-); escore 1: 1 a 20 oocistos por lâmina; escore 2: 21 a 50 oocistos por lâmina; escore 3: mais de 1 oocisto por campo em objetiva de 20 X; escore 4: mais de 10 oocistos por campo em objetiva de 20 X. Devido ao grande número de amostras e de espécies estudadas, as características morfológicas e morfométricas dos oocistos não foram analisadas.

Para análise estatística dos escores de eliminação de oocistos, nos diferentes meses de colheita, foram empregados os testes não paramétrico de Kruskal-Wallis e de Dunn, a 5% de probalilidade, utilizando-se o software Biostat versão 5.0.

Este trabalho foi desenvolvido após aprovação do Comitê de Ética em Experimentação Animal, processo número 14/06, UNESP, Campus de Araçatuba.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na maioria das aves de todas as espécies analisadas foi observada eliminação de oocistos em pequena quantidade (escore 1), de forma intermitente e por períodos prolongados (Tabela 1). Das 289 amostras, 159 (55,02%) apresentaram positividade para oocistos de Isospora (Figura 1) e 130 (44,98%) foram negativas. Todas as aves apresentaram oocistos de Isospora pelo menos uma vez no período de 13 meses, o que implica em manutenção constante desse coccídio nos criatórios, durante todo o ano.  Não há estudos sobre o padrão de eliminação de oocistos em aves mantidas em cativeiro e em diferentes períodos do ano. As pesquisas relacionadas à eliminação de oocistos de Isospora referem-se às aves de vida livre, e descrevem variação na quantidade diária de oocistos eliminados em fezes, assim como maior eliminação no período da tarde, particularmente no final da tarde e início da noite5,7,10,16,17.

Em aves Passeriformes de vida livre, na região centro-sul do Brasil, o período reprodutivo inicia-se em agosto e é mais comum entre outubro e janeiro, com pico em novembro, enquanto que a muda de penas tem início em outubro e é mais comum entre dezembro em abril, com pico em fevereiro18. De acordo com informações colhidas dos proprietários dos criatórios utilizados neste experimento, em todas as espécies de aves analisadas o período reprodutivo compreende os meses de setembro a março, seguido do período de muda das penas.

Pela análise dos escores de eliminação de oocistos (Tabela 1), observa-se que há maior eliminação nos meses correspondentes ao início e pico do período reprodutivo. No entanto, foi observado aumento na eliminação de oocistos no mês de março, que corresponde ao final do período reprodutivo e início do período de mudas das penas, e no mês de julho, provavelmente pelo estresse resultante de baixas temperaturas ou, ainda, por alterações hormonais que antecedem o início do período reprodutivo, em agosto.

Várias espécies de Isospora podem infectar uma mesma espécie de ave, como descrito em O. angolensis e S. caerulescens 19, 20.

Não há descrição das espécies de Isospora que infectam bicudos ou pintassilgos21; no entanto, em sabiás há descrição de cinco espécies desse coccídio21, 22. Apesar de a identificação da espécie de Isospora não ter sido realizada neste experimento, há possibilidade de que em uma mesma ave, no mesmo período de colheita, houvesse a presença de mais de uma espécie do parasito e em diferentes fases de infecção, conforme sugerido por Filipiak et al.7.Apesar de estarem infectadas por Isospora, as aves analisadas não apresentaram sinais clínicos de isosporose. Duas aves do criatório 1 (O. angolensis e O. maximiliani), que não estavam entre as aves selecionadas para colheita de fezes, vieram a óbito em decorrência de isosporose aguda, diagnosticada por meio de exame citológico e histopatológico. Como observado comumente em Passeriformes criados em cativeiro, há episódios esporádicos de infecção aguda, em algumas situações com alto índice de mortalidade, em decorrência do fato de que os animais previamente infectados e que apresentam infecção crônica, quando são desafiados com oocistos da mesma espécie de Isospora, podem apresentar sinais clínicos e mortalidade aguda1. Da mesma forma, diversas causas de imunossupressão, incluindo alterações fisiológicas nos períodos reprodutivo e de muda das penas, má nutrição, deficiências no manejo ou presença de infecções concomitantes podem predispor a recidivas e ao surgimento de quadro clínico agudo1, 23, 24, o que provavelmente ocorreu com as duas aves do criatório 1.

Os resultados observados neste experimento fornecem subsídios para o controle da isosporose em passeriformes criados em cativeiro; as decisões sobre a realização de tratamento profilático ou curativo, assim como sobre medidas higiênico-sanitárias a serem adotadas devem levar em consideração não somente a presença do parasito em fezes, mas também a intensidade de eliminação de oocistos, assim como a avaliação do manejo higiênico sanitário e nutricional e a presença de sinais clínicos e/ou de mortalidade.

AGRADECIMENTOS

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), pelo apoio financeiro (processo n. 2007/54312-2).

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Protocolado em: 14 fev. 2013.  Aceito em 08 jul. 2014