Marcus Vinicius Figueira de
Alvarenga,¹ Ivan Bianchi,¹ Antonio Sergio Varela Júnior,¹ Odirlei
Calderam,¹ Eduardo Schmitt,¹ Marcio Nunes Corrêa,¹ João Carlos
Deschamps¹ e Thomaz Lucia Jr.¹
1. PIGPEL – Centro de Biotecnologia, Faculdade de Veterinária.E:mail thomaz@ufpel.edu.br
Em suínos, é comum a realização
de múltiplas inseminações artificiais (IA) por estro, em função da
longa duração do estro. Este estudo observacional teve o objetivo de
verificar a associação entre o número de IA realizada por estro com a
duração do estro e o desempenho reprodutivo subsequente, em uma granja
comercial. Após avaliação do perfil estral e da dinâmica folicular por
ultrassonografia, por equipes independentes, o número de IA por estro
foi registrado, sem interferência no manejo da granja. A primeira IA
era realizada no momento da detecção do estro e as IA subsequentes eram
realizadas em intervalos de 12 horas, enquanto a fêmea mostrasse sinais
de estro. Compararam-se a taxa de parição e o tamanho total da
leitegada em função do número de IA por estro. Também foi estimado o
risco da realização de mais de 3 IA por estro, em função da duração do
estro. A taxa de parição das fêmeas que receberam duas IA (92,0%) foi
maior (p < 0,05) do que a observada para fêmeas que receberam três
(77,5%) ou quatro a seis IA (79,6%). O tamanho total da leitegada não
diferiu (p > 0,05) entre fêmeas que receberam duas, três ou quatro a
seis IA (10,6, 12,0 e 12,0, respectivamente). Para as fêmeas com
duração do estro superior a 78 horasoras, o risco de receberem quatro a
seis IA durante o estro foi 6,1 vezes maior do que o risco para fêmeas
com duração do estro inferior a 50 horas (p < 0,05) e 3,4 vezes
maior do que o risco para fêmeas com duração do estro entre 50 a 74
horas (p < 0,05). Ainda que a longa duração do estro permita um
maior número de IA por estro, pode-se concluir que um número de IA por
estro superior a três não é recomendado, pois não há benefício para o
desempenho reprodutivo.
Palavras-chaveS: Duração do estro, taxa de parição, tamanho de leitegada, suínos.
In swine, multiple artificial
inseminations (AI) are commonly performed per estrus due to the long
estrus duration. This observational study aimed to evaluate the
association among the number of AI conducted per estrus, the estrus
duration and the subsequent reproductive performance on a commercial
swine farm. After evaluation of both estrus profile and follicle
dynamics using ultrasound, by two independent teams, the number of AI
per estrus was recorded, with no interference in the farm habitual
management. The first AI was done at the time of estrus detection and
subsequent AIs were done at 12 h intervals, as long as females showed
estrus signs. The risk of conducting more than three AI per estrus as a
function of estrus duration was also estimated. For females receiving
two AI per estrus, farrowing rate (92.0%) was higher (p < 0.05) than
for those receiving three (77.5%) or four to six AI (79.6%). Total
litter size did not differ (p > 0.05) for females receiving two,
three or 4 to 6 AI per estrus (10.6, 12.0 and 12.0, respectively). For
females having estrus longer than 78 horas, the odds of receiving 4-6
AI were 6.1 times higher than for those having estrus shorter than 50
hours, and 3.4 times higher than for those having estrus within 50 to
74 h (both p < 0.05). Thus, although long estrus duration allows
multiple AI per estrus, we concluded that more than three AIs per
estrus are not recommended because there is no benefit for subsequent
reproductive performance.
Keywords: Estrus duration, farrowing rate, litter size, swine.
INTRODUÇÃO
A inseminação artificial (IA) em suínos é uma biotécnica eficiente, de fácil execução e de baixo custo (VAZQUEZ
et al., 2008), que vem sendo usada de forma crescente, em função dos benefícios genéticos, econômicos e sanitários (DESCHAMPS
et al., 1988; CORRÊA
et al.,
2001). Estimativas recentes indicam que, pelo menos, 50% das fêmeas
alojadas em sistemas tecnificados de produção são inseminadas
artificialmente (BORTOLOZZO & WENTZ, 2005). Portanto, os protocolos
utilizados nas IA podem ter impacto sobre a eficiência reprodutiva
destes sistemas.
A realização da IA no período entre 28 horas antes da ovulação até, no
máximo, 8 horas após a ovulação está associada à obtenção de índices
satisfatórios de desempenho reprodutivo (KEMP & SOEDE, 1996; NISSEN
et al., 1997; BORTOLOZZO
et al.,
2005). Dessa forma, a determinação do momento de ovulação é fundamental
para o sucesso de programas de IA. Em geral, a ovulação da fêmea suína
ocorre no início do terço final do estro (WEITZE
et al., 1994; CASSAR
et al, 2005; ALVARENGA
et al., 2006), cuja duração é bastante variável e relativamente longa, entre 48 e 62 horas (WEITZE
et al., 1994; NISSEN
et al., 1997; LUCIA
et al.,
1999). A duração do estro pode ser estimada em função do intervalo
desmame-estro (IDE), se for considerado que fêmeas com IDE mais curto
tendem a permanecer em estro por mais tempo (WEITZE
et al.,
1994; KEMP & SOEDE, 1996). Porém, como esta associação é pouco
consistente, estimativas do momento de ocorrência da ovulação, baseadas
apenas nessa associação negativa entre a duração do estro e o IDE, são
pouco precisas (LUCIA
et al., 1999; CORRÊA
et al., 2002; ALVARENGA
et al., 2006). Com o uso de ultrassonografia, o diagnóstico da ovulação pode ser feito com maior precisão (WEITZE
et al., 1994; KEMP & SOEDE, 1996; NISSEN
et al., 1997; VIANA
et al., 1999; ALVARENGA
et al.,
2006), mas o seu uso como rotina ainda é limitado, pois o equipamento
tem alto custo e seu manuseio exige treinamento especializado.
Em granjas comerciais, é comum o uso de múltiplas IA por estro (FOXCROFT
et al., 2008; VAZQUEZ
et al.,
2008). Isso pode ocorrer em função da longa duração do estro, como
forma de compensar a imprecisão na estimativa do momento da ovulação.
Em geral, os protocolos de IA usados em granjas comerciais utilizam
duas a três IA durante o estro, cada uma com um total de
espermatozoides entre 2,5 e 3,0 x109 (JOHNSON, 2000; CORRÊA
et al.,
2001; RATH, 2002; BORTOLOZZO & WENTZ, 2005). Ainda que a realização
de um menor número de IA durante o estro possa ser de interesse para
sistemas de produção de suínos (BORTOLOZZO
et al., 2005; FOXCROFT
et al.,
2008), para otimizar o uso dos machos e reduzir custos, em algumas
granjas comerciais, as fêmeas são inseminadas consecutivamente,
enquanto apresentarem sinais de estro, sendo, muitas vezes, inseminadas
mais do que três vezes durante esse período. Este estudo avaliou a
associação entre o número de IA realizadas durante o estro com o perfil
estral das fêmeas e o seu desempenho reprodutivo subsequente.
MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi realizado em uma granja comercial, localizada na região
noroeste do estado do Rio Grande do Sul, com um plantel formado por
2.250 matrizes de uma mesma base genética. De cada grupo semanal de
desmame, metade das fêmeas desmamadas foi selecionada ao acaso. Não se
avaliaram as fêmeas que apresentaram estro no momento do desmame ou que
não apresentaram estro em até dez dias após o desmame e excluíram-se do
estudo aquelas que foram subsequentemente descartadas por problemas não
reprodutivos. O estudo seguiu um delineamento observacional, sendo a
colheita de dados realizada sem interferência no manejo conduzido na
granja. A partir do desmame, foram iniciadas as avaliações do perfil
estral e da dinâmica folicular, por duas equipes que trabalharam
simultaneamente, ainda que cada equipe não tivesse conhecimento dos
dados colhidos pela outra. Baseou-se a detecção do estro na observação
do reflexo de tolerância ao homem, na presença de um macho sexualmente
maduro (RTHM), em três turnos (às 6:30, 14:30 e 22:30 h). Os machos
foram conduzidos por um técnico treinado, pelo corredor entre as
fileiras das gaiolas individuais, em frente às fêmeas.
Caracterizaram-se o início do estro pelo primeiro RTHM positivo e o
final do estro pelo primeiro RTHM negativo. O IDE foi calculado como o
intervalo entre o desmame e o início do estro e a duração do estro foi
calculada pelo intervalo entre o início e o final do estro (WEITZE
et al., 1994; LUCIA
et al., 1999; VIANA
et al., 1999).
Avaliou-se a dinâmica folicular através da ultrassonografia em tempo
real, pela técnica transcutânea, com transdutor convexo de 5,0 MHz,
(Anser Vet 485, Pie Medical®) (SOEDE & KEMP, 1993; ALVARENGA
et al.,
2006). Procedeu-se ao exame das fêmeas em pé, duas vezes ao dia (às
6:30 e 14:30 h). No momento do exame, foi utilizado o gel
carboxi-metilcelulose, na superfície de contato do transdutor, para
garantir a propagação do som. Posicionou-se o transdutor no flanco
direito, no ponto médio entre a articulação femurotibial-patelar e a
última costela, 10 cm acima do úbere. Como pontos de referência para a
localização do ovário, foram considerados a bexiga, na posição caudal,
e as alças intestinais, na posição cranial. Definiu-se o momento da
ovulação pela ausência de folículos pré-ovulatórios, ou quando o número
de folículos era menor do que o encontrado no exame anterior, desde que
estes achados fossem confirmados no exame no turno seguinte, a fim de
evitar diagnósticos falsos-positivos.
As IA foram realizadas de acordo com os protocolos de detecção do estro
rotineiramente conduzidos pela equipe de trabalho da granja, com
detecção do estro baseada na observação do RTHM, duas vezes ao dia (às
8:00 e 16:30 h). Durante o período de avaliação, 168 fêmeas foram
inseminadas, com doses de sêmen com volume de 100 mL e 3 x 109
espermatozoides, diluídas em Beltsville Thawing Solution (BTS) (PURSEL
& JOHNSON, 1975) e usadas no máximo 48 horas após a coleta.
Realizou-se a primeira IA no momento do diagnóstico do estro (0 h), e
as demais IA foram feitas em intervalos de 12 horas, até que as fêmeas
deixassem de apresentar sinais de cio. O número de IA realizadas
durante o estro foi registrado. A taxa de parição foi calculada pela
divisão do número de partos pelo número total de fêmeas inseminadas.
Extraiu-se o número total de leitões nascidos no parto subsequente do
banco de dados da granja. Uma vez que o número máximo de IA por estro
observado neste estudo foi igual a seis, agruparam-se as fêmeas que
receberam mais de três IA em uma única categoria (quatro a seis IA).
Avaliou-se a associação entre o tamanho da leitegada e o número de IA
por análise de variância, com comparação entre médias através do método
da diferença mínima significativa (LSD). A associação entre a taxa de
parição e o número de IA foi avaliada através do teste de qui-quadrado.
Realizou-se uma análise de regressão logística para avaliar a
associação entre o número de IA durante o estro e a duração do estro
das fêmeas, considerando como controles as fêmeas que receberam duas ou
três IA durante o estro e nos casos em que as fêmeas receberam entre
quatro e seis IA. Categorizou-se a duração do estro em: < 50 horas;
50 a 74 horas; e > 78 horas. O risco de fêmeas classificadas em
diferentes categoria de duração do estro serem submetidas entre quatro
e seis IA durante o estro foi estimado pela Razão de Chance,
determinando-se a respectiva significância estatística através de
intervalos de confiança, em nível de significância de 95%, e pelo teste
de qui-quadrado. Todas as análises estatísticas foram geradas pelo
programa Statistix® (2003).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As fêmeas avaliadas neste estudo apresentaram ordem de parto igual a
3,3 ± 2,7, com taxa de parição de 80,4% e tamanho total da leitegada
igual a 11,8 ± 3,3. O efeito da ordem de parto sobre a taxa de parição
e o tamanho da leitegada não foi significativo (p > 0,05). Ainda que
a média para o tamanho da leitegada estivesse dentro dos níveis
desejáveis, a taxa de parição observada esteve abaixo dos índices
aceitáveis na suinocultura moderna (DIAL
et al., 1992). Mais da metade das fêmeas inseminadas recebeu três IA por estro (
Tabela 1),
apresentando taxa de parição inferior (p < 0,05) à observada nas
fêmeas que receberam duas IA (77,5% e 92,0%, respectivamente). Em um
estudo incluindo apenas leitoas, o uso de uma única IA por estro foi
associada com redução no tamanho total da leitegada, em comparação com
o uso de duas IA por estro, ainda que não tenham sido observados
efeitos nas taxas de parição (BORTOLOZZO
et al.,
2005). A vantagem na taxa de parição observada no presente estudo pode
ser considerada discutível, em função da substancial desvantagem
numérica entre o tamanho da leitegada dessas fêmeas (10,6) e o das
fêmeas inseminadas três ou mais vezes (12,0). Por exemplo, considerando
a taxa de parição e o tamanho total da leitegada observados neste
estudo, as 25 fêmeas com duas IA por estro teriam produzido 244
leitões. Porém, se com a mesma taxa de parição o tamanho total da
leitegada fosse igual ao observado para as fêmeas com 3 IA por estro,
estas teriam produzido 276 leitões (ou seja, 32 leitões a mais).
Portanto, ainda que a diferença observada não tenha sido significativa,
esta seria relevante em condições de campo. A ausência de significância
estatística pode se dever ao número relativamente pequeno de fêmeas
avaliadas, o que se justifica pelo modelo observacional deste estudo.
Ainda que fosse aconselhável sob o ponto de vista estatístico, a
avaliação de um maior número de fêmeas foi limitada, pela carência de
recursos humanos para a sua realização, dentro dos intervalos de tempo
propostos para as avaliações.
Menos de 15% das fêmeas avaliadas receberam duas IA por estro, o que
sugere que, na granja em questão, o número de IA por estro é
proporcional à duração do estro, pois as fêmeas que permaneceram em
estro por mais tempo foram inseminadas mais vezes (
Tabela 2).
Neste contexto, as fêmeas com duas IA por estro seriam as que não
apresentaram estro longo o suficiente para serem inseminadas, ao menos,
uma terceira vez. A realização das avaliações por ultrassonografia em
intervalos mais curtos permitiria uma maior precisão na determinação do
momento da ovulação, porém, em função da carência de recursos humanos,
já mencionada antes, a condução dessas avaliações em intervalos menores
somente seria possível quebrando a independência das duas equipes
envolvidas no estudo, o que prejudicaria a metodologia estabelecida.
Ainda assim, o momento da ovulação observado neste estudo (
Tabela 2) é consistente com as estimativas obtidas com avaliações dentro de intervalos mais curtos (KEMP & SOEDE, 1996).
No entanto, mais de 30% das fêmeas foram inseminadas quatro ou mais vezes durante o estro (
Tabela 1),
apresentando taxa de parição e tamanho da leitegada semelhantes aos das
fêmeas inseminadas três vezes (p > 0,05). Portanto, o uso de mais do
que três IA durante o estro não trouxe benefício em termos de
desempenho reprodutivo, apenas contribuindo para o aumento dos custos
por fêmea inseminada. De certa forma, estes resultados são consistentes
com estudos desenvolvidos com monta natural (XUE
et al., 1998a; XUE
et al.,
1998b), que relatam desempenho reprodutivo semelhante com três ou
apenas dois acasalamentos por estro, ainda que, no estudo em questão, o
número de acasalamentos por fêmeas tenha sido alocado ao acaso, e não
em função da duração do estro. O aparente benefício em tamanho de
leitegada observado para as fêmeas com três ou quatro a seis IA por
estro, em comparação com aquelas com duas IA por estro, não pode ser
considerado relevante, em função da baixa taxa de parição observada nas
duas categorias. Para as fêmeas que receberam três IA por estro, a
menor taxa de parição poder ser decorrente do protocolo usado para a
IA, pois, com a primeira IA ocorrendo no momento da detecção do estro e
as demais em intervalos de 12 horas, a terceira IA ocorreria 24 horas
após a detecção do estro. Considerando que as fêmeas que receberam três
IA durante o estro ovularam em torno de 45 horas após a detecção do
estro (
Tabela 2) e que a ovulação ocorre no terço final do estro, independentemente da duração do estro (KEMP & SOEDE, 1996; NISSEN
et al., 1997; CORRÊA
et al.,
2002), é possível que um protocolo diferente, com a realização da
primeira IA 12 horas após a detecção do estro, fosse mais bem
sincronizado com a ovulação, o que, provavelmente, seria benéfico para
o desempenho reprodutivo, considerando o tamanho total da leitegada
observado para as fêmeas que receberam três IA por estro. É importante
ressaltar que, dada sua natureza observacional, as informações
referentes à detecção de estro e dinâmica folicular colhidas pelas
equipes que atuaram no presente estudo não eram de conhecimento da
equipe da granja, que realizou as IA de acordo com protocolos
previamente determinados para sua rotina de trabalho.
O estro das fêmeas que receberam quatro a seis IA foi mais longo do que o estro das fêmeas inseminadas menos vezes (
Tabela 2).
As médias observadas para o IDE, a duração do estro e o momento da
ovulação foram consistentes com outros estudos (SOEDE & KEMP, 1993;
WEITZE
et al., 1994; KEMP & SOEDE, 1996; LUCIA
et al., 1999; VIANA
et al.,
1999). O IDE foi mais longo nas fêmeas inseminadas duas vezes, as quais
também apresentaram estro mais curto. Porém, embora o número de IA por
estro tenha sido maior, na medida em que o estro foi mais longo, o IDE
não diferiu para fêmeas inseminadas três ou quatro a seis vezes por
estro (p > 0,05). Esses dados confirmam que, a despeito de existir
uma associação negativa entre o IDE e duração do estro (WEITZE
et al.,
1994; KEMP & SOEDE, 1996), esta apresenta limitada intensidade e,
portanto, não pode ser utilizada de forma precisa para estimar o
momento de ocorrência da ovulação (LUCIA
et al., 1999; CORRÊA
et al., 2002; ALVARENGA
et al., 2006).
Para as fêmeas com duração do estro superior a 78 horas, o risco de
receberem quatro ou mais IA por estro foi 6,1 vezes maior (P = 0,0003)
do que para as fêmeas com duração do estro inferior a 50 horas, e 3,4
vezes maior (P = 0,0028) do que para as fêmeas com duração do estro
entre 50 a 74 horas (
Tabela 3),
ainda que este risco tenha sido semelhante (p > 0,05) para as fêmeas
com duração do estro entre 50 a 74 horas ou inferior a 50 horas. Assim,
em função do grande número de IA realizadas nas fêmeas com estro mais
longo, é possível que uma ou mais inseminações tenham sido realizadas
no metaestro, caso a detecção de estro realizada pela equipe da granja
tenha sido deficiente. Nestes casos, poderia ocorrer infiltração
leucocitária no sistema genital da fêmea, para eliminar potenciais
organismos agressores, como agentes infecciosos ou os espermatozoides
presentes no seu interior, o que é associado com maior frequência de
processos patológicos, como endometrites e descargas vulvares, que
podem ser associados a incremento na taxa de retorno ao estro
(ROZEMBOOM
et al., 1997, 1999; ALTHOUSE
et al., 2000; KAEOKET
et al., 2005), o que justificaria a redução na taxa de parição observada nas fêmeas com quatro a seis IA durante o estro.
CONCLUSÕES
Ainda que a longa duração do estro em suínos permita a realização de
múltiplas inseminações artificiais por estro, o número de mais que três
inseminações por estro não seria recomendado, em função de não se
refletir em benefício para a taxa de parição e para o tamanho da
leitegada subsequentes.
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