DOI: 10.5216/cab.v14i4.18923
ÍNDICE DE PRENHEZ COM SÊMEN
CONGELADO DE GARANHÕES DA RAÇA CRIOULA USANDO GLICEROL OU
DIMETILFORMAMIDA COMO CRIOPROTETORES
Rodrigo Arruda Oliveira1, Mara Iolanda Batistella Rubin2,
Carlos Antonio Mondino Silva3
1Professor Doutor da Universidade de Brasília,
Brasília, DF, Brasil. rodrigoarruda@unb.br
2Professora Doutora da Universidade Federal de Santa Maria,
Santa Maria, RS, Brasil.
3Professor Doutor da Universidade Federal de Santa Maria,
Santa Maria, RS, Brasil.
RESUMO
O índice de prenhez utilizando sêmen
criopreservado de garanhões é variável e, além disso, algumas raças
apresentam baixa congelabilidade. Foram inseminadas 104 éguas, divididas
em dois experimentos, para avaliar a fertilidade do sêmen congelado de
garanhões da raça Crioula (n=5), com 5% de dimetilformamida (DMF) ou 5% de
glicerol (GLI), como crioprotetores. No Experimento I, as inseminações
foram conduzidas pré-ovulação com sêmen fresco e criopreservado com DMF.
No Experimento II, as éguas foram inseminadas pós-ovulação com sêmen
fresco, DMF e GLI. As inseminações com sêmen congelado foram realizadas no
ápice do corno uterino e as éguas do grupo controle foram inseminadas no
corpo do útero com sêmen fresco. Para a avaliação dos índices de
prenhez dos grupos, utilizou-se um ciclo estral/animal. O diagnóstico de
gestação foi realizado por meio de ultrassonografia transretal no 15º dia
pós-ovulação. A motilidade média pós-descongelamento foi de 40% e 20%,
respectivamente, para o sêmen congelado com DMF e GLI (P<0,05). Todos
os garanhões tiveram motilidade superior no pós-descongelamento quando se
utilizou a DMF. No Experimento I, o índice de prenhez foi de 12% (5/42) e
62% (20/32), respectivamente, para DMF e sêmen fresco (P<0,0001). No
Experimento II, o índice de prenhez foi de 70% (7/10; P<0,05) para o
sêmen fresco, 40% para o congelado com DMF (4/10; P<0,05) e 10% com GLI
(1/10). A inseminação com sêmen congelado realizada com controle folicular
mais frequente apresentou os melhores resultados. A baixa motilidade dos
espermatozoides pós-descongelamento foi atribuída ao GLI utilizado no
Experimento II. A DMF pode ser utilizada como uma alternativa ao
congelamento do sêmen de garanhões da raça Crioula.
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PALAVRAS-CHAVE: Criopreservação; crioprotetores; equino; espermatozoide;
inseminação artificial.
PREGNANCY RATES USING FROZEN SEMEN OF
CRIOLLO STALLIONS WITH GLYCEROL OR DIMETHYLFORMAMID AS CRYOPROTECTANTS
ABSTRACT
Pregnancy rates using stallions’s frozen
semen are variable; moreover, some breeds present low
freezability. One hundred and four (104) mares were inseminated and
separeted into two experiments to evaluate fertility of frozen semen’s of
Criollo stallions (n=5), with 5% of dimethylformamide (DMF) or 5% of
glycerol (GLY) as cryoprotectants. In Experiment I, the inseminations were
made during pre-ovulation with fresh and frozen semen with DMF. In
Experiment II, the mares were inseminated during post-ovulation with fresh
semen, DMF and GL. The inseminations with frozen semen were performed deep
in the uterine horn ipsilateralis to the dominant follicle. Control mares
were inseminated with fresh semen in the uterus. Only one estrus period
per mare was used to evaluate the pregnancy rates of the groups. Pregnancy
diagnosis through ultrasonography was performed on the 15th day
post-ovulation. The mean post-thawing motility was 40% and 20%,
respectively, for frozen semen with DMF and GLY (P<0.05). All stallions
had higher post-thawing motility when using DMF. In Experiment I,
pregnancy rates were 12% (5/42) and 62% (20/32), respectively for DMF and
fresh semen (P<0.0001). In Experiment II, pregnancy rates were 40%
(4/10), 10% (1/10) and 70% (7/10), respectively for DMF, GLY (P<0.05)
and fresh semen (P<0.0001). Insemination with frozen semen performed
with more frequent follicular control showed the best results. The low
sperm motility after thawing was attributed to the GLY used in experiment
II. The DMF can be used alternatively to Criollos Stallion’s semen
feezing.
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KEYWORDS: Artificial insemination; cryopreservation; cryoprotectant;
equine; spermatozoa.
INTRODUÇÃO
O armazenamento de sêmen por longo tempo
recebeu avanços significativos em meados do século passado, mediante o uso
do glicerol como crioprotetor (POLGE et al., 1949). O congelamento de
sêmen, importante em programas de melhoramento animal, viabiliza a
preservação de material genético e auxilia a transpor barreiras
relacionadas à infertilidade masculina. Com exceção da espécie bovina,
baixas taxas de prenhez têm sido obtidas com sêmen congelado, já que a
viabilidade e a fertilidade dos espermatozoides são reduzidas em
consequência de lesões que ocorrem durante o processo de congelamento
(HOLT, 2000; MILLER, 2008).
O índice de prenhez por ciclo, com sêmen equino congelado é variável e
oscila entre 25 e 40%. Adicionalmente, sabe-se que o sêmen de alguns
garanhões apresenta baixa viabilidade após o descongelamento (HOFFMANN et
al., 2011).
A primeira prenhez obtida com sêmen equino congelado foi relatada há cinco
décadas (BARKER & GANDIER, 1957). A partir desse importante marco
científico, várias técnicas foram testadas para a criopreservação
espermática utilizando-se diferentes forças e diluentes de centrifugação,
curvas de refrigeração, diluentes de congelamento, crioprotetores e suas
concentrações, bem como protocolos de descongelamento (MARTIN et al.,
1979; SAMPER & MORRIS, 1998; SQUIRES et al., 2004; VIDAMENT, 2005;
SIEME et al., 2008; RODRÍGUEZ et al., 2011).
O glicerol é o crioprotetor mais utilizado no congelamento do sêmen de
garanhões (SIEME et al., 2008), apesar de poder ter efeitos tóxicos sobre
os espermatozoides, assim como efeito contraceptivo na égua, reduzindo a
fertilidade do sêmen equino quando adicionado aos diluentes (BEDFORD et
al., 1995, GLAZAR et al., 2009), em altas concentrações (VIDAMENT, 2005).
O espermatozoide, entretanto, não consegue sobreviver ao congelamento sem
um crioprotetor. Nos últimos anos, buscaram-se crioprotetores menos
tóxicos ao espermatozoide do garanhão que o glicerol. Entre esses podem
ser citados o etilenoglicol, dimetilsulfóxido e a dimetilformamida
(SQUIRES et al., 2004; ALVARENGA et al., 2005; GLAZAR et al., 2009;
HOFFMAN et al., 2011; RODRÍGUEZ et al., 2012), que pertencem ao grupo das
amidas, as quais possuem menores viscosidade e peso molecular quando
comparadas ao glicerol, consequentemente, uma maior permeabilidade através
da membrana (SQUIRES et al., 2004), o que diminui a possibilidade de danos
celulares pelo estresse osmótico (BALL & VO, 2001).
Objetivou-se avaliar in vivo a viabilidade do sêmen de garanhões da raça
Crioula, submetidos à criopreservação, utilizando-se glicerol ou
dimetilformamida, sobre o índice de prenhez de éguas submetidas a
inseminação artificial antes e após a ovulação.
MATERIAL E MÉTODOS
Nas estações reprodutivas de 2005 e 2006
(outubro a novembro), nos municípios de Uruguaiana (latitude 29º45’17’’S e
longitude 57º05’18”W) e Barra do Quaraí/RS (latitude 30º11’59’’S e
longitude 57º31’12”W), cinco garanhões da raça Crioula (entre 6 e 9 anos)
foram utilizados para colheita e congelamento do sêmen, utilizando-se dois
crioprotetores penetrantes: o glicerol (GLI), que é um crioproteror
alcoólico, e a dimetilformamida (DMF), que é uma amida (SILVA &
GUERRA, 2011). Éguas mestiças da raça Crioula (n=104) com idade entre 5 e
15 anos, peso entre 350 a 460 Kg e trato reprodutivo clinicamente normal,
foram utilizadas para a inseminação artificial (IA) após seleção por
palpação e ultrassonofrafia transretal. As éguas e os garanhões foram
alocados em piquetes com pastagem nativa, recebendo suplementação mineral.
Antes das colheitas para criopreservação, foi realizado o esgotamento das
reservas espermáticas extragonadais, com colheitas em dias alternados por
sete dias. Todos os animais foram submetidos à avaliação andrológica,
atendendo aos padrões do Colégio Brasileiro de Reprodução Animal (CBRA,
1998). Foram realizadas cinco colheitas de sêmen, em dias alternados, de
cada garanhão, totalizando 25 ejaculados criopreservados.
Imediatamente após a colheita de sêmen, foram analisados o volume, aspecto
(cor e densidade), odor, concentração e morfologia espermática. Todos os
ejaculados utilizados apresentaram média de 40 mL, de coloração gris e
aspecto soroso. A motilidade total e o vigor espermático foram avaliados
em microscópio óptico, sendo utilizados apenas os ejaculados com
motilidade total ≥60% e vigor ≥4.
A avaliação da morfologia espermática foi realizada pela técnica de câmara
úmida, onde o sêmen foi diluído em formol salina tamponado, previamente
aquecido a temperatura do sêmen (37 ºC), na proporção de 1:20
(sêmen:formol salina). Uma gota de sêmen foi depositada entre lâmina e
lamínula, procedendo-se à contagem de 200 células de cada lâmina,
avaliando-se o percentual de espermatozoides morfologicamente anormais,
classificando em defeitos maiores e menores (CBRA, 1998).
A colheita de sêmen foi feita com vagina artificial modelo Hannover. Um
filtro de náilon foi acoplado ao copo coletor para obtenção do sêmen livre
da fração gel. O ejaculado foi dividido em duas alíquotas, sendo uma
diluída em meio à base de leite em pó desnatado, glicose e bicarbonato de
sódio
1 (KENNEY et al., 1975) e destinada
à IA das éguas do grupo-controle (sêmen fresco) e a outra submetida à
criopreservação.
O sêmen destinado à criopreservação foi diluído na proporção de 1:1 com
EDTA-Glicose (MARTIN et al., 1979) e centrifugado a 600 g por 10 minutos,
em temperatura ambiente. O sobrenadante foi desprezado e o pellet
ressuspendido em meio à base de gema de ovo e aminoácidos
2
(PALMER, 1984). Essa solução foi subdividida em duas alíquotas de igual
volume, acrescidas de 5% de dimetilformamida (DMF) ou 5% de glicerol
(GLI). O sêmen diluído foi envasado em palhetas de 0,5 mL, com
concentração ajustada para 200x106 espermatozoides/mL, utilizando-se a
câmara de Neubauer (CBRA, 1998). As palhetas foram lacradas, distribuídas
em uma plataforma-suporte e estabilizadas a 5 ºC, em refrigerador
comercial, por 1 h. Para o congelamento, a plataforma foi exposta ao vapor
de nitrogênio líquido, com as palhetas posicionadas horizontalmente a 6 cm
acima do nível de nitrogênio líquido, por 15 minutos. Logo em seguida, as
palhetas foram imersas no nitrogênio líquido, acondicionadas nas raques e
estocadas em botijão criogênico a -196 ºC.
No Experimento I, foram inseminadas 74 éguas, sendo que em 42 utilizou-se
o sêmen congelado com 5% de DMF e em 32, sêmen fresco (controle). Todas as
éguas foram inseminadas com os diferentes ejaculados dos cinco garanhões.
No Experimento II, foram inseminadas 30 éguas, sendo que 10 foram
inseminadas com sêmen fresco (controle), 10 com sêmen congelado com 5% de
DMF e 10 com 5% de GLI. Todas as éguas foram inseminadas com os diferentes
ejaculados dos cinco garanhões.
Nos dois experimentos, o trato reprodutivo foi examinado após o início do
cio por palpação e ultrassonografia transretais em dias alternados, até a
detecção de folículos ≥30mm de diâmetro. A partir desse momento, o exame
foi realizado diariamente para que a inseminação artificial fosse
realizada próxima da ovulação. As éguas dos grupos do sêmen congelado que
apresentavam um folículo ≥30 mm de diâmetro e edema uterino 3 (1 a 3), no
dia do controle folicular, receberam 2.500 UI de hCG
3
pela via intravenosa. No Experimento I, as inseminações foram realizadas
24 h após a indução da ovulação. No Experimento II, 24 h após a indução da
ovulação, as éguas foram examinadas a cada 6 h e inseminadas após a
detecção da ovulação. As fêmeas do grupo controle não receberam hCG e
foram inseminadas com sêmen fresco a cada 48 h, até a detecção da
ovulação. Todas as éguas ovularam entre 36 e 48 h após a indução da
ovulação.
As inseminações com sêmen congelado foram efetuadas com pipeta flexível
4 de 65 cm de comprimento, guiada por via
transretal, posicionada no ápice do corno uterino ipsilateral ao folículo
pré-ovulatório, com 200x10
6 espermatozoides totais. Nas éguas
do grupo controle, as inseminações foram realizadas com pipeta de
inseminação rígida
5 para equinos e o
sêmen foi depositado no corpo do útero, na mesma concentração do sêmen
congelado.
Para avaliação in vitro do sêmen, realizou-se o descongelamento de uma
palheta a 37 ºC por 30 segundos e a deposição de uma gota de sêmen entre
lâmina e lamínula, previamente aquecidas. Com auxílio de um microscópio
ótico, estimou-se o vigor espermático e a motilidade total e retirada de
amostra para morfologia espermática. A avaliação
in
vivo do sêmen foi efetuada pelo índice de prenhez, obtido através
da ultrassonografia no 15o dia pós-ovulação. Esse exame foi repetido após
duas semanas, para confirmação da prenhez.
Os dados foram analisados pelo programa estatístico SAS (2000). Para as
análises de motilidade pós-descongelamento, foi utilizado o teste não
paramétrico U-TEST (Mann-Whitney). Os resultados da inseminação artificial
foram submetidos ao estudo de dispersão de frequência com o uso do Teste
Exato de Fisher, por meio do procedimento FREQ.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O percentual médio de motilidade total na
avaliação pós-descongelamento foi de 40% com a DMF e 20% com o GLI.
A motilidade pós-descongelamento foi superior (P<0,05) para todos os
garanhões, quando se utilizou a dimetilformamida, indicando,
provavelmente, um menor dano à célula espermática (HOFFMAN et al., 2011).
Resultados semelhantes foram encontrados por MEDEIROS et al. (2002), que,
ao avaliarem diferentes crioprotetores para a criopreservação do ejaculado
de 20 garanhões de diferentes raças, observaram 27% de células móveis
pós-descongelamento com o glicerol e 52% com dimetilformamida (P<0,05).
Em 55 garanhões de diferentes raças, usando como crioprotetores 5% de
glicerol, ou 5% de dimetilformamida, ALVARENGA et al. (2005) verificaram
motilidade progressiva superior com a dimetilformamida. Os autores citam
que a frequência de garanhões com motilidade pós-descongelamento superior
a 40% foi de 38% (21/55) para o sêmen congelado com o glicerol e 72%
(40/55) para a dimetilformamida.
Não foram verificadas alterações na morfologia espermática, com 80,57%;
79,80% e 79,5% de espermatozoides normais, para o sêmen fresco e
criopresevado com 5% de DMF e 5% de GLI, respectivamente (P>0,05). Fato
constatado novamente para os defeitos maiores, 7,81%; 8,51% e 9,93% para
grupo controle, DMF e GLI, respectivamente (P>0,05).
Dentre as amidas mais pesquisadas, a DMF é um crioprotetor de menor peso
molecular que o GLI e que deve penetrar através da membrana plasmática
mais rapidamente (SQUIRES, 2005; GLAZAR et al., 2009; HOFFMAN et al.,
2011), o que leva a uma proteção mais eficaz da célula espermática, como
foi observado no presente experimento, com motilidade pós-descongelamento
e índice de prenhez superiores quando se utilizou a DMF. Contudo, autores
como VIDAMENT et al. (2002) relataram que a combinação dos crioprotetores
DMF e GLI é mais efetiva que o seu uso isoladamente, o que é observado nos
diluentes comerciais nacionais. SQUIRES et al. (2004) demonstraram que a
metilformamida, dimetilformamida e o etilenoglicol foram tão eficazes
quanto o glicerol na proteção ao espermatozoide equino. MEDEIROS et al.
(2002) e GOMES et al. (2002) constataram que a dimetilformamida e a
metilformamida melhoraram a congelabilidade do sêmen equino.
No presente trabalho, as inseminações com sêmen congelado foram realizadas
no ápice do corno uterino com auxílio de pipeta flexível, metodologia
similar à preconizada por BUCHANAN et al. (2000), já que o número de
espermatozoides encontrados na tuba uterina após inseminação no corpo do
útero com sêmen congelado é bem inferior àquela efetuada próximo à junção
útero-tubárica. A pipeta flexível atingiu o sítio de deposição do sêmen em
todas as inseminações, sendo que a adequada aplicação depende da
experiência do técnico. Devido a isso, apenas um técnico conduziu todas as
inseminações.
No Experimento I, foram obtidas 12% (5/42) de gestações para o sêmen
congelado com dimetilformamida e 62% (20/32; P<0,0001) no grupo de
éguas inseminadas com sêmen fresco (
Tabela 1).
No Experimento II, das 30 éguas inseminadas (
Tabela 1), foram obtidas 40%
(4/10) de gestações com a DMF, 10% (1/10) com o GLI e 70% (7/10) no grupo
controle (P<0,0001). O maior índice de prenhez com DMF no Experimento
II pode ser explicado devido a IA mais próxima da ovulação, com as
inseminações ocorrendo no máximo 6h pós-ovulação. VIDAMENT et al. (2009)
obtiveram taxa de prenhez superior com a dimetilformamida (11%) quando
comparada ao glicerol (0%; P<0,05), resultados corroborados no
Experimento II.
Índices de prenhez similares (46% e 50%) foram relatados por VIDAMENT et
al. (2002) para éguas inseminadas a cada 24 h, com 400x10
6
espermatozoides, congelados com GLI e DMF (2%), respectivamente, mesmo com
concentrações de crioprotetores inferiores às utilizadas no presente
trabalho. MEDEIROS et al. (2003), ao inseminar 30 éguas até 6h
pós-ovulação com 800x10
6 de espermatozoides totais (quatro
vezes mais que a dose utilizada nos Experimentos I e II) e motilidade
total pós-descongelamento de 48% e 18%, obtiveram 40% (6/15) e 0% (0/15)
de éguas gestantes para os diluentes contendo DMF e GLI, respectivamente.
Protocolos de criopreservação de sêmen de diferentes países, métodos de
congelamento e manejos para inseminação com sêmen congelado foram
comparados por SIEME et al. (2008), que concluíram não haver um padrão,
demonstrado por inúmeras diferenças no processamento do sêmen para
criopreservação.
O intervalo entre os exames para o controle do desenvolvimento folicular,
efetuado a cada 24h, pode ter sido o principal fator a influenciar o
desempenho das inseminações artificiais com sêmen congelado no Experimento
I, ao contrário do verificado por VIDAMENT et al. (2002), embora esses
autores tenham trabalhado com o dobro do número de espermatozóides na dose
inseminante. Devido à longevidade do óocito equino ser de aproximadamente
8 a 10 horas (HUNTER, 1990), quando as inseminações foram realizadas
próximo à ovulação, como ocorreu no Experimento II, o índice de prenhez
foi superior.
A diferença dos resultados obtidos quanto aos crioprotetores neste
experimento, para as variáveis motilidade pós-descongelamento e índice de
prenhez foram semelhantes aos achados de GOMES et al. (2002) e MEDEIROS et
al. (2003), respectivamente, com equinos da raça Mangalarga Marchador, em
que a maior parte dos garanhões apresentou baixa congelabilidade com o uso
do glicerol como crioprotetor.
No Experimento II, a melhora da motilidade espermática pós-descongelamento
com a DMF refletiu-se em melhora da fertilidade, resultado também
encontrado por MEDEIROS et al. (2003). Uma das hipóteses para os
resultados alcançados está relacionada à maior ação das amidas na célula
espermática, que devido ao seu menor peso molecular ter maior
permeabilidade à membrana plasmática, causando menor dano celular quando
comparado ao glicerol; entretanto, o mecanismo de ação ainda não foi
determinado (HOFFMAN et al., 2011). BALL & VO (2001) observaram que os
espermatozoides de garanhões são consideravelmente sensíveis aos danos
osmóticos causados pelo GLI.
SQUIRES (2005) enfatiza que é improvável que a adição de uma única
substância ao meio de congelamento possa melhorar drasticamente a
motilidade e a fertilidade pós-descongelamento. Contudo, parece razoável
supor que a adição de antioxidantes, aminoácidos e, talvez, o uso de
crioprotetores intracelulares alternativos, como as amidas, possam
melhorar a congelabilidade do sêmen de alguns garanhões.
A comparação entre trabalhos é extremamente difícil, pois, com raras
exceções, encontram-se trabalhos na literatura com a mesma metodologia de
congelamento ou de inseminação. A variação entre raças, concentrações de
crioprotetores e composição dos diluentes dificulta a comparação com
outros trabalhos de diferentes países.
CONCLUSÃO
A utilização da dimetilformamida para
criopreservação do sêmen de garanhões da raça Crioula resultou em
motilidade pós descongelamento superior e em índices de prenhez maiores,
quando comparada com a utilização do glicerol, em protocolos de
inseminação 6h pós-inseminação.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem o apoio do Sr.
Fernando Faria Correa e Jorge Martins Bastos, assim como o Médico
Veterinário Fernando Rebés Velo Filho, por cederem garanhões, éguas,
instalações, materiais e equipamentos, assim como pelo apoio logístico e
técnico para o desenvolvimento do trabalho.
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Protocolado em: 13 jun. 2012. Aceito
em: 12 ago. 2013.
1 - Equidil - Embryolab/UFSM – Santa Maria/RS
2 - FR4 – Nutricell Nutrientes Celulares – Campinas/SP
3 - Vetecor 5000 UI – Hertape Calier
Saúde Animal S.A. – Juatuba/M
4 - Minitub do Brasil Ltda – Porto Alegre/RS
5 - Provar Produtos Veterinários – São Paulo/SP