CONSUMO E DESEMPENHO DE BOVINOS DE APTIDÃO LEITEIRA EM CONFINAMENTO ALIMENTADOS
COM GLICEROL
Jean Pacheco
Leão1, Jose Neuman Miranda Neiva2,João Restle3,
Pedro Veiga Rodrigues Paulino4, Aline Evangelista Machado Santana1,
Fabricia Rocha Chaves Miotto2, Regis LuisMíssio5
RESUMO
O
trabalho foi desenvolvido objetivando-se avaliar o consumo de nutrientes e
desempenho produtivo de vacas e novilhos de aptidão leiteira, alimentados com
dietas contendo glicerol. Os animais foram distribuídos em um delineamento
experimental inteiramente casualizado, com arranjo fatorial de 4x2 (0, 6, 12 e
24% de glicerol x sexos – vacas e novilhos) e três repetições. Foi observado
que os consumos de matéria seca (MS), proteína bruta(PB) e carboidratos não
fibrosos (CNF)não foram afetados pela inclusão do glicerol às dietas de vacas e
novilhos. Houve diminuição linear no consumo de fibra em detergente neutro
(FDN) (g/kg de PC) para as vacas; no entanto, os consumos de FDN e extrato
etéreo (EE) dos novilhos não foram afetados quando expressos em kg/dia, mas
apresentaram comportamento quadrático para o consumo de FDN expresso em %PC e
diminuição linear para o consumo deEE expressos em g/kgPC0,75 e %PC.
As vacas apresentaram maior consumo de MS, PB, FDN, CNF expressos em kg/dia que
os novilhos, quando se incluiu 6 e 12% de glicerol às dietas, e maior consumo
de MS, FDN e CNF expressos em g/kg/PC0,75,
quando se incluiu 6% glicerol às dietas. O ganho de peso diário não foi afetado
pela inclusão do glicerol. Conclui-se que o glicerol pode ser incluído em até
24% da MS total das dietas de novilhos e vacas de aptidão leiteira sem
comprometer o desempenho dos animais.
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CONSUMPTION AND PERFORMANCE OF DAIRY
CATTLE IN CONFINEMENTFED WITH GLYCEROL
ABSTRACT
This study was conducted to evaluate the nutrients intake
and the productive performance ofdairy cows and steers fed diets containing
glycerol. The animals were distributed in a completely randomized design with
factorial arrangement 4 glycerol levels (0, 6, 12 and 24%) x2sexes (steers and
cows) and three replications. The consumption of dry matter (DM) crude protein
(CP) and non-fiber carbohydrates (NFC) were not affected by inclusion of
glycerol in the diets of cows and steers.However, there was a linear decrease
in the consumption of neutral detergent fiber (NDF) (g/kg BW) for cows, but it did
not affect the consumption of NDF and ethereal extract (EE) for steers when
expressed in kg/day, but showed a quadratic response to NDF intake expressed
as%BW and a linear decrease for the consumption of EE expressed in g/kgBW0.75
and %BW. The cows showed a higher intake of DM, CP, NDF, NFC, expressed
in kg/day, than the steers, when the diets included 6 and 12% glycerol and
higher intakes of DM, NDF and NFC, expressed in g/kg/BW0.75, when
diet included 6% glycerol. The daily weight gain was not affected by the
inclusion of glycerol. We concluded that glycerol can be included up to 24% of
total DM of diets ofdairy steers and cows without compromising animal
performance.
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INTRODUÇÃO
Dentre os alimentos
alternativos para alimentação animal, o glicerol vem se tornando uma
alternativa promissora, sendo alvo de estudos devido à sua similaridade
energética com o milho (DONKIN, 2008). O glicerol é um produto derivado do
processo de transesterificação de óleos e gorduras, sendo o seu rendimento
equivalente a aproximadamente 10% da produção do biodiesel (ABDALLA et al.,
2008; DONKIN, 2008; MOTTA et al., 2009;
SWIATKIEWICZ & KORELESKI, 2009). Com
os incentivos do Governo brasileiro através do Programa Nacional de Produção e
Uso de Biodiesel, está prevista a adição de 5% de biodiesel ao diesel fóssil,
sendo necessária aproximadamente a produção de 2,5 bilhões de litros de
biodiesel até 2013, o que também aumenta a oferta de glicerol (ABDALLA et al.,
2008), a qual já vem superando a capacidade da sua utilização desde 2007 pelas
indústrias brasileiras (ABIQUIM, 2007), tornando-se então um potencial agente
poluidor.
A utilização do glicerol na
alimentação de bovinos é conhecida desde a década de 1950 (DONKIN et al., 2009)
como agente medicamentoso, preventivo da cetose em vacas leiteiras, devido às
suas características gliconeogênicas, tendo, assim, a maior parte dos estudos
baseados principalmente no acréscimo de pequenas quantidades na ração (CHUNG et
al., 2007; DEFRAIN et al., 2004) e não no uso como macroingrediente na ração
total (DONKIN et al., 2009). Entretanto, recentemente, com o aumento da oferta
de glicerol, as pesquisas têm direcionado o foco para a utilização desse
composto como alimento, almejando incluí-lo em maior quantidade na ração. Para
isso, devem ser elucidados os níveis de inclusão ideais para diferentes
categorias, de modo que não se restrinja o consumo, e maximize o desempenho dos
animais ou reduza os custos com a alimentação.
Nesse sentido, o presente
estudo foi desenvolvido objetivando avaliar o consumo e o desempenho produtivo
de vacas e novilhos alimentados com dietas contendo glicerol.
O glicerol utilizado para a
elaboração das dietas apresentou 89,92% de matéria seca (MS); 1,19% de extrato
etéreo (EE); 7,86% de matéria mineral (MM); 80,35% de glicerol; <0,01% de
metanol e 7,47% de cloretos, com a densidade de 1,27 g/cm3,
devidamente registrado no Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
(MAPA) pela Empresa GRANOL SA.
No início do experimento, os
animais foram identificados com brincos, tratados contra endo e ectoparasitas,
suplementados com complexo vitamínico ADE e colocados em baias individuais (
Os animais permaneceram confinados por 84
dias, sendo 14 dias para adaptação às dietas, manejo e instalações, seguidos
pelo período experimental de 70 dias. Os animais foram pesados no início e no
final do experimento, sempre pela manhã, antes do fornecimento das dietas e sem
jejum prévio para a determinação do ganho de peso total (GPT) e ganho de peso
diário (GPD).
As dietas foram formuladas
para conter 20% de volumoso (silagem de capim elefante – Pennisetum purpureum) e 80% de concentrado composto por milho,
farelo de soja, glicerol, ureia, calcário e sal mineral (Tabela 1), de forma
que as mesmas fossem isoproteicas (13% de PB). Devido à presença de cloretos
noglicerol, a quantidade de NaCl das dietas foi corrigida com a utilização de
uma mistura mineral contendo cloreto de sódio e outra sem esse componente
(Tabela 1).
O NDT das dietas foi calculado segundo o NRC (2001) pela equação de
predição,NDTm = {CNFdv + PBdv +(2,25 x AGdv) +FDNdv } -7, onde:CNFdv, PBdv,
AGdv e FDN dv são obtidos por meio das seguintes equações:CNF verdadeiramente
digestível =0,98 x CNF x PAF;PB verdadeiramente digestível (para forragens)
=50PB x exp {-1,2 x (PIDA / PC)};PB verdadeiramente digestível (para
concentrados) ={1 – (0,4 x (PIDA / PB))} x PB;AG verdadeiramente digestível
=(EE-1), se EE < 1, então AG = 0;FDN verdadeiramente digestível =0,75 x
(FDNn – L) x {1 - (L / FDN) 0,667}, onde:PIDA = nitrogênio insolúvel em
detergente ácido x 6,25;AG = ácidos graxos, L= lignina;FDNn = FDN – PIDN, PIDN
= nitrogênio insolúvel em detergente neutro x 6,25; PAF = fator de ajuste para
processamento (NRC, 2001); neste caso, utilizou-seo fator 1, para a silagem de
capim elefante bem como para as raçõesconcentradas.
A adição do glicerol à ração concentrada foi feita momentos antes do
fornecimento de forma a deixar o concentrado o mais homogêneo possível. Após a
mistura do glicerol à ração concentrada, a mesma foi misturada à silagem para
fornecimento nos cochos.
As dietas foram fornecidas duas vezes ao dia, às 9:00 e 16:00h, e as
sobras pesadas diariamente pela manhã de modo a ajustar a oferta em nível que
permitisse sobras de aproximadamente 10% do total ofertado. Os animais tiveram
acesso livre e irrestrito à água de boa qualidade.
Os alimentos fornecidos e as sobras foram amostrados semanalmente, em
dias pré-determinados, identificados, acondicionados em sacos plásticos e
congelados. Posteriormente, as amostras foram descongeladas em temperatura
ambiente e foram agrupadas a cada duas semanas formando uma amostra composta
para cada período de 14 dias. As amostras compostas foram pré-secas em estufa
ventilada a 55°C por aproximadamente 72 horas, sendo, em seguida, moídas e
acondicionadas em frascos com tampas para análisesposteriores.
As análises bromatológicas foram realizadas no Laboratório de Nutrição
Animal da Universidade Federal do Tocantins, Campus da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia(EMVZ),
localizada no município de Araguaína-TO.
Os teores de matéria seca (MS) e proteína bruta (PB)foram determinados nas
amostras das rações fornecidas e das sobras,segundo descrito por SILVA &
QUEIROZ (2002).
Para a determinação do teor de extrato etéreo (EE), utilizou-se a
metodologia da AOCS (2009),na qual as amostras foram colocadas em sacos XT4
(Ankom®) e submetidas à extração em alta temperatura, utilizando-se o equipamento
XT10 (Ankom®) e empregando-se éter de petróleo como solvente. A fibra em
detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), hemicelulose (HEM),
nitrogênio insolúvel em detergente ácido (NIDA), nitrogênio insolúvel em
detergente neutro (NIDN) e lignina foram determinados conforme metodologia
proposta por Van SOEST et al. (1991). Os carboidratos totais (CT) e os
carboidratos não-fribrosos (CNF) foram calculados segundo Sniffenet al. (1992), em que CT = 100 -
( %PB + %EE + % CZ) e CNF = CT – FDN.
Foram avaliados os consumos de MS, PB, FDN, CNF e EE,bem como o ganho de
peso diário (GPD).
Os dados foram analisados estatisticamente por meio do programa SISVAR®(FERREIRA,
2003). Análise de variância foi realizada para todas as variáveis, sendo estas
avaliadas por regressão, em função dos níveis de inclusão de glicerol, com
nível de significância de 5% de probabilidade de erro. O coeficiente de
determinação (R2) de cada análise foi calculado com base somente nos
dados médios. A comparaçãoentre as classes sexuais sob cada nível foi efetuada
pelo teste de F a 5% de probabilidade de erro.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O maior CMS observado para as vacas, quando expresso em kg/dia, é
explicável pelo fato de esses animais apresentarem maior peso vivo inicial.
Essa constatação é evidenciada pelo CMS expresso em g/kg de PC não diferir
entre as duas categorias.
O CMS é um fator determinante
para o desempenho produtivo dos animais e demonstra-se no presente estudo que o
glicerol pode ser utilizado até o nível de 24% da MS total da dieta sem
comprometer a ingestão de MS. Os resultados aqui observados estão de acordo com
os dados obtidos por MUSSELMAN et al. (2008) de que somente a partir de 30% de
inclusão de glicerina bruta o CMS de ovinos decresceu.
Entretanto, PARSONS et al.
(2009) observaram redução no CMS em novilhas alimentadas com dietas contendo
até 16% de glicerina bruta e sugeriram que o alto nível de concentrado na dieta
(960 g/kg MS) era um fator desfavorável ao ambiente ruminal, sendo o referido
problema agravado com a adição de glicerol que é isento de fibra. Segundo
TRABUE et al. (2007), o acúmulo de lactato no rúmen afeta diretamente as rotas
de fermentação do glicerol pelos microrganismos ruminais e, com isso, o consumo
é alterado. As respostas obtidas no trabalho realizado por PARSONS et al.
(2009) revelam que o problema relacionado ao uso do glicerol pode, na verdade,
ser em função do excesso de concentrado na dieta. Tal situação não foi
observada no presente ensaio, possivelmente, devido à maior porcentagem de
volumoso na dieta em relação ao trabalho supracitado, o que sugere a
possibilidade de inclusões de glicerol até o nível de 24%, desde que o
fornecimento de fibra efetiva seja assegurado.
Diferentemente do observado
no presente estudo, LAGE et al. (2010) observaram diminuição linear no CMS
expresso g/dia e g/ kg PC de ovinos alimentados com dietas com relação
concentrado:volumoso de 70:30 e inclusões de 0, 3, 6 e 12% de glicerina bruta.
Segundo os autores, a diminuição ocorreu principalmente devido à alta
percentagem de ácidos graxos totais (46,48%) encontrados na glicerina bruta
utilizada.
Desta forma, fica claro que
os resultados obtidos com a utilização de glicerol dependem de vários fatores,
como o grau de pureza do material, determinante para se obter resultados
positivos. No presente estudo, o produto utilizado apresentava baixo percentual
de ácidos graxos (1,19%) e,por isso, não se observaram limitações no CMS até o
nível de inclusão de 24%.
A inclusão de glicerol não
alterou o consumo de PB expresso em kg/dia, g/ kgPC0,75 e g/kg de PC
quando este foi adicionado às dietas (P>0,05) em função de as dietas terem
sido isoproteicas e de não ter havido variação no CMS (Tabela 2). Porém, as
vacas alimentadas com dietas contendo 6 e 12% de
inclusão de glicerol consumiram 49 e 35%,
respectivamente, a mais de PB expressa em kg/dia (P<0,05) que os novilhos.
O maior consumo de PB
expresso em kg/dia pelas vacas nas dietas contendo 6 e 12% de glicerol é
explicado pelo maior consumo de MS das mesmas quando alimentadas com tais
dietas. O entanto, ao se comparar o consumo de PB em g/kg de PC, essa diferença
não foi observada (P>0,05) devido ao CMS em g/kg de PC ter sido semelhante
entre vacas e novilhos.
Diferente dos resultados do
presente estudo, LAGE et al. (2010) observaram consumo de PB, expresso em g/dia
de PB, decrescente à medida que se incluía glicerina bruta a dietas de ovinos,
e justificaram essa diminuição pela menor ingestão de MS, uma vez que as dietas
eram isoproteicas.
A inclusão de glicerol às
dietas das vacas causou diminuição linear (P<0,05) no consumo de FDN
expresso em g/kg de PC e para os novilhos, redução no consumo expresso em g/kg
de PC (P<0,05) até o nível de 8,33% de adição (Tabela 3).
Ao se comparar o consumo de
FDN expresso em kg/dia das vacas com o consumo dos novilhos, constatou-se que
as vacas alimentadas com as dietas contendo 6 e 12% de inclusão de glicerol
consumiram, respectivamente, 1,17e 0,85 kg/dia de FDN a mais que os novilhos,
resposta notadamente associada ao maior consumo de MS das vacas, conforme
discutido anteriormente.
Ao se observar a composição
bromatológica das dietas utilizadas no presente estudo (Tabela 1), verificou-se
que a dieta padrão (0 g/kg de MS de glicerol) a qual possui maior teor de FDN
(231.9 g/kg de MS), apresenta valor inferior ao mínimo recomendado pelo NRC
(2001), que é de 250 g/kg de MS com pelo menos 190 g/kg de MS oriundo da porção
de volumoso. Entretanto, para o tempo de confinamento utilizado neste trabalho,
não foram observados disfunções digestivas nos animais devido ao baixo teor de
FDN das dietas. De acordo com MERTENS (1997) e JOBIM & SANTOS (2008), a
saúde dos ruminantes depende diretamente de concentrações mínimas de fibra na
ração que permitam manter a atividade de mastigação e motilidade do rúmen
evitando alterações fermentativas que possam levar à acidose ruminal severa.
A inclusão de glicerol não
alterou o consumo de CNF de machos e fêmeas (P>0,05) expressos em kg/dia, g/
kgPC0,75 e %PC (Tabela 2). Contudo, ao se comparar o consumo de CNF
de vacas e novilhos, constatou-se que as vacas consumiram 2,63 e 1,86 kg de CNF
a mais que os novilhos (P<0,05) nos tratamentos com 6 e 12% de inclusão de
glicerol, o que possivelmente ocorreu devido ao maior consumo em kg/dia de MS
pelas vacas em relação aos novilhos nos respectivos tratamentos. Todavia, a
influência dos níveis de inclusão em relação ao sexo dos animais (vacas x
novilhos) ocorreu apenas para animais alimentados com dietas contendo 6% de
glicerol. As vacas consumiram 15,05 g/ kgPC0,75 de CNF a mais que os
novilhos, porém, tais diferenças não foram observadas quando os consumos de CNF
foram expressos em %PC (Tabela 3).O aumento dos níveis de inclusão de glicerol
às dietas afetou a ingestão de EE pelas vacas e novilhos (P<0,05) (Tabela
3). As vacas apresentaram redução no consumo de EE expresso em kg/dia, g/ kgPC0,75
e % PC (P<0,05) com a inclusão de glicerol às dietas (Tabela 3).
O glicerol utilizado neste
estudo apresentou 1,19% de EE, sendo menor que o valor médio de 3,97% de EE do
milho (VALADARES FILHO, 2000). Sendo assim, a substituição do milho pelo
glicerol provocou menor participação desse nutriente nas dietas, consequentemente,
diminuindo o seu consumo pelos animais.
Observa-se que, embora tenha
ocorrido redução no consumo de EE, as diferenças são de pequena magnitude e com
pouca possibilidade de ocorrer alterações no desempenho em função desse
nutriente. Diferente dos resultados do
presente estudo, LAGE et al. (2010) verificaram que,com a inclusão de até
10,81% de glicerina bruta à dieta, o consumo de EE sofreu elevação. De acordo
com os autores, tal elevação se deu pelo fato de a glicerina bruta utilizada
ser de baixa qualidade e conter 46,48% de ácidos graxos, indicando que a reação
de transesterificação, na qual os ácidos graxos são separados do glicerol, foi
incompleta e grande quantidade de ácidos graxos ficou contida na glicerina bruta.
Comparando o consumo de EE
expresso em kg/dia e g/ kgPC0,75 das vacas em relação aos novilhos,
observou-se que as vacas alimentadas com dietas contendo 6% de glicerol
consumiram maior quantidade de EE que os novilhos (P<0,05). No entanto, não
foram detectadas diferenças quando o consumo foi expresso em %PC (P>0,05).
Conforme já comentado anteriormente, as alterações no consumo de MS foram as
responsáveis pela alteração no consumo do EE.
A inclusão de glicerol às
dietas não afetou (P> 0,05) o ganho de peso diário (GPD), independentemente
do sexo dos animais (Tabela 3). Como as dietas fornecidas foram isoproteicas e
isoenergeticas e como não foi observado efeito da inclusão de glicerol no CMS
tanto de machos quanto de fêmeas, o GPD e o GPT também não foram afetados pelas
dietas. Esse resultado já era esperado, uma vez que o desempenho animal é
função direta do consumo de matéria seca digestível (MERTENS, 1994).
O GPD das vacas (1,32 kg/dia)
e dos novilhos (1,53 kg/dia) obtidos neste trabalho não diferiram entre si
estatisticamente (P>0,05) e estão próximos ao GPD pretendido na formulação
das dietas que foi de 1,30 kg/dia. Possivelmente, pelo fato de os animais
partilharem da mesma condição ambiental no período pré-experimental, e por as
fêmeas serem maiores e apresentarem maior exigência nutricional, as vacas
tiveram menor atendimento das suas necessidades nutricionais que os novilhos
apresentando, dessa forma, GPD similar ao dos machos.
Resultados de GPD semelhantes
ao observado neste trabalho foram obtidos por MACH et al. (2009). Os autores
observaram ganhos médios diário em seus animais de 1,36 kg/dia utilizando até
12% de glicerina bruta na terminação de novilhos da raça holandesa com ração
contendo alto nível de grãos. No entanto, PARSONS et al. (2009), avaliando o
desempenho produtivo de novilhas mestiças holandesas em confinamento,
verificaram GPD máximo (1,34 kg/dia), quando os animais apresentaram o maior
consumo de MS (8,88 kgMS/dia) e consumiram ração com 2% de inclusão de glicerina
bruta.
No entanto as respostas
obtidas no presente estudo demonstram que o glicerol pode ser incluído nas
dietas de machos e fêmeas leiteiros até o nível de 24% sem comprometer o GPD
dos animais.
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Protocolado em: 23 maio 2012. Aceito em 10 set. 2012.