VARIAÇÃO
MENSAL NAS CONCENTRAÇÕES DE MACROELEMENTOS NO PLASMA
SEMINAL DE CAPRINOS CRIADOS EM CLIMA TROPICAL ÚMIDO
Ana Gláudia Vasconcelos Catunda,1 Ana Cláudia Nascimento Campos,2 Jeane Ferreira Pereira,3 Ítalo Cordeiro Silva Lima,4 Airton Alencar Araújo5 e Gabrimar Araújo Martins2
1. Zootecnista, doutoranda em Zootecnia do Programa Integrado de Doutorado em Zootecnia, UFPB/UFRPE/UFC
2. Professores adjuntos do Departamento de Zootecnia, UFC
3. Estudante de Agronomia, IC/UFC
4. Zootecnista, mestrando em Zootecnia, UFC
5. Professor adjunto, Faculdade de Veterinária da UECE.
RESUMO
Objetivou-se
avaliar se existe variação dos macroelementos Ca, P e Mg
na composição bioquímica do plasma seminal de
caprinos criados em clima tropical úmido, ao longo do ano. Foram
utilizados vinte machos caprinos com idade média de 22,41
± 5,91 meses, mantidos sob manejo intensivo, alimentados segundo
NRC (1981). Os ejaculados foram coletados semanalmente por meio de
vagina artificial ou eletroejaculação. Em seguida, fez-se
a centrifugação do sêmen (4.000g/20 min/ 4ºC),
sendo o plasma seminal acondicionado em tubos eppendorfs e mantido a
-18°C até que se procedesse às análises. Ao
final do período de coletas, constituiu-se um pool de quatro
amostras de cada indivíduo, totalizando 240
observações para a realização das
análises bioquímicas. Os dados referentes à
composição mineral do PS de cálcio, fósforo
e magnésio foram analisados utilizando-se o programa
estatístico SAS. Quando submetidos à análise de
variância, os meses do ano apresentaram variação
significativa (P <0,05) para concentração de minerais
no plasma seminal. A maior concentração absoluta de
cálcio foi observada no mês de outubro e a menor em
novembro. Já o fósforo atingiu a maior
concentração absoluta em maio e a menor em setembro. No
tocante ao magnésio, a maior concentração absoluta
foi alcançada em junho e a menor em março. Concluiu-se
que a concentração dos minerais variou ao longo dos meses
do ano no plasma seminal de caprinos.
PALAVRAS-CHAVES: Bioquímica, macho caprino, minerais.
ABSTRACT
MONTHLY VARIATION IN THE CONCENTRATIONS OF MACROELEMENTS IN THE GOAT SEMINAL PLASMA IN HUMID TROPICAL CLIMATE
The objective
of this study was to evaluate if there was variation in the composition
of some macroelements in the seminal plasma of goats. Animals were
raised under appropriate nutritional management (fed according to NRC),
in tropical, humid climate during the twelve months of the year. Twenty
male goats were used with an average age of 22.41±5.91 months.
Also, semen was collected every week either by artificial vagina or
eletroejaculation. At all collections, semen was centrifuged at
4000g/20 min/4ºC and the seminal plasma was stored in Eppendorf
tubes at – 18°C until used for analysis. At the end of the
period of collections, weekly samples were pooled by month
(four/month), making a total of 240 samples to be used for biochemical
analysis. The parameters were analyzed by SAS statistical program. When
submitted to analysis of variance, the month of the year presented
significant variation (P <0.05) for mineral concentration in the
seminal plasma. A higher concentration of calcium was observed in the
month of October and the lowest in November. Phosphorus reached the
highest concentration in May and the lowest in September. Concerning
the magnesium, the highest concentration was reached in June and the
lowest in March. It is concluded that the concentration of minerals in
the seminal plasma of goats varied along the year.
KEY WORDS: Biochemistry, male goat and minerals.
INTRODUÇÃO
Os minerais
são importantes para a manutenção do
equilíbrio eletrolítico, portanto são essenciais
para os processos de conservação do sêmen caprino.
O plasma seminal contém uma variedade de constituintes
bioquímicos, alguns dos quais são relativamente
específicos dentro do mecanismo de regulação da
função do espermatozoide. Entretanto as exatas
funções desses componentes seminais no controle da
motilidade espermática ainda não estão bem
elucidadas (STREZEZEK et al.,
1992). O contato com o fluido seminal desencadeia eventos
preparatórios nos espermatozoides para a
fertilização (MÜLLER et al.,1997),
sendo os constituintes do plasma seminal conhecidos por modular uma
variedade de funções espermáticas (CALVETE et al., 1994).
Alguns estudos
têm demonstrado que há diferenças na qualidade dos
ejaculados de pequenos ruminantes entre as estações do
ano em clima temperado (EATON & SIMMONS, 1952; COLAS, 1980; NUNES,
1982; COLAS, 1983; ROCA ET AL.,
1992; TULI & HOLTZ, 1995), e muitos deles atribuíram tais
diferenças ao fotoperíodo e outros à
alimentação (PINHEIRO et al.,
1996a, b). Em ovinos, a frequência de coleta pode influenciar a
composição iônica e a atividade enzimática
no plasma seminal (PS), bem como os parâmetros
espermáticos e produção diária de
espermatozoides (KAYA et al., 2002).
Estudos
demonstram haver diferenças entre as membranas
espermáticas dos espermatozoides epididimários e do
ejaculado, devido à influência do PS (HENAULT et al.,
1995). Essas observações sugerem que alguns fatores
presentes nas secreções das glândulas anexas
aumentam a fertilidade de touros ou que alguns fatores que inibem a
fertilidade estão presentes em animais de baixa fertilidade
(HENAULT et al., 1995). Nesse
sentido, as secreções das glândulas anexas dos
touros e equinos são fatores determinantes para a fertilidade do
macho (HENAULT et al.,1995; AURICH et al.,1996).
Talvez a principal razão desse impasse esteja na grande
diversidade do plasma entre as espécies, ocorrência e
concentração de muitos constituintes seminais importantes
(RODGER, 1975). Essa diversidade não é somente encontrada
entre espécies de mamíferos, mas também entre
raças de uma mesma espécie, como observado em caprinos
(EATON & SIMMONS, 1952; PINHEIRO et al., 1996a).
Diversos eletrólitos estão presentes no PS. Dentre os mais importantes encontram-se o Na, K, Mg (GONZALES et al., 1984; PINHEIRO et al.,
1996a), Cl, fosfatos, Ca (JAISWAL & CONTI, 2003) e Zn (KVIST,
1980). Os níveis de cloreto no sêmen influenciam o
potencial de membrana do espermatozoide e a motilidade em
associação com cátions. Em ovinos, as
concentrações de Na, Cl e P no PS excedem aquelas do
espermatozoide, enquanto as de K, Ca e Mg são maiores no
espermatozoide. A distribuição da maioria dos íons
entre a fração espermática e o PS poderá
promover as bases para a variação da qualidade do
sêmen e deverá ser considerada na
interpretação dos resultados obtidos na
avaliação da fertilidade de ovinos (ABDEL-RAHMAN et al.,
2000). Em mamíferos, os íons Ca e HCO3 desempenham um
papel crítico na regulação da função
espermática, mais precisamente na regulação dos
níveis de AMPc (JAISWAL & CONTI, 2003). Além disso, o
cálcio induz a ativação da fosfolipase A2 e a
reação de acrossoma, e ambos os processos são
inibidos pelo zinco (THAKKER et al., 1983).
O conhecimento
da variação na composição mineral do plasma
seminal poderá ajudar na escolha da época mais adequada
para conservação do sêmen caprino, partindo-se do
princípio de que a variação mensal afetaria a
qualidade do sêmen, mesmo que a alimentação esteja
atendendo às exigências nutricionais dos animais.
O objetivo
deste estudo foi verificar se há variação dos
macroelementos Ca, P e Mg presentes na composição
bioquímica do plasma seminal de caprinos mantidos sob rigoroso
controle alimentar, em clima tropical úmido, ao longo do
período experimental de um ano.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento
foi desenvolvido no período de setembro de 2005 a agosto de
2006 nas instalações do Departamento de Zootecnia da
Universidade Federal do Ceará (Fortaleza, Ceará), situado
a 3° 45’ 02” de Latitude Sul, 38° 32’
35” de Longitude Oeste a 15,5 m acima do nível do mar. O
clima, segundo a classificação de Koeppen, é do
tipo AW, quente e úmido, suas médias térmicas
são de 26 a 27°C, com máximas de 30°C e
mínimas de 19°C, a umidade relativa do ar é de 82% no
litoral cearense.
Durante o
desenvolvimento do experimento a temperatura média foi de 27,28
± 0,54°C e umidade relativa do ar de 75,75% ± 4,88%,
sendo esses dados climatológicos cedidos pela
Estação Metereológica da FUNCEME/Campus do Pici.
Obtiveram-se os
ejaculados semanalmente. Para determinação das
épocas consideradas no estudo, tomaram-se por base os dados
climatológicos médios de precipitação L4
(mm), umidade relativa do ar L5 (%) e temperatura média L5
(ºC), referentes ao período em que transcorreu o
experimento. As épocas ficaram assim definidas: época
seca – setembro, outubro, novembro, dezembro, com
precipitação de 0 mm, umidade relativa de 71,50 ±
1,50% e temperatura 27,68 ± 0,42°C; época de
transição seca/chuvosa (TS/C) – janeiro a
fevereiro, com precipitação 65,15 ± 9,87 mm, e
umidade relativa 75,00 ± 2,03% e temperatura 27,80 ±
0,10°C, época chuvosa – março, abril, maio e
junho, com precipitação média 298,18 ±
101,44 mm, umidade relativa 81,19 ± 2,97%, e temperatura 26,89
± 0,32°C; e época de transição
chuvosa/seca (TC/S)- julho a agosto, com precipitação
média 35,13 ± 21,76 mm, umidade relativa 74,74 ±
4,55% e temperatura 26,75 ± 0,15 °C. Para cada época
foi calculado o índice de temperatura e umidade (ITU) de acordo
com a fórmula: ITU = TA+ 0,36TPO + 41,5, citada por SILVA
(2000). Os valores de ITU encontrados por época foram os
seguintes: época chuvosa, 75,44; TC/S, 76,50; seca, 76,50; e
época de TS/C, 77,00 (Tabela 2).
Utilizaram-se
vinte machos caprinos, sem padrão racial definido (SPRD), com
idade média de 22,41 ± 5,91 meses, peso vivo médio
de 36,22 ± 6,91 Kg e circunferência escrotal (CE)
média de 24,73 ± 1,53 cm, criados sob
condições intensivas e alimentados segundo NRC (1981)
para caprinos. A suplementação mineral se constituiu da
adição de 0,8% de calcário, e 2% de suplemento
mineral comercial Caprinofós® (Tabela 1)
foram incorporados à ração, sendo a água
fornecida ad libitum. O controle sanitário
(anti-helmíntico e suplementação
vitamínica) foi realizado conforme critérios
pré-estabelecidos pela Embrapa/ CNPC. Mensalmente os animais
foram pesados e, por ocasião da pesagem, a cada dois meses,
mensurou-se a circunferência escrotal de cada animal.
Os ejaculados
foram coletados semanalmente por meio de vagina artificial ou
eletroejaculação (método empregado exclusivamente
em três animais que não se adaptaram à vagina
artificial). Ao final do período experimental, realizaram-se 48
colheitas. Após a coleta, o volume de cada ejaculado foi
mensurado individualmente e a concentração
espermática determinada por espectrofotometria. Procedeu-se
à centrifugação do sêmen de cada animal em
centrífuga refrigerada (+ 4°C), a 3.417g/20 min. Em seguida,
o sobrenadante (PS) foi mensurado e acondicionado em tubos eppendorfs,
mantidos sob refrigeração a -18°C até que se
realizassem as análises da composição
bioquímica. Ao final do período de coletas, em virtude do
baixo volume de PS de alguns animais, procedeu-se à
realização de um pool de quatro amostras de cada
indivíduo, totalizando 240 observações e
resultando uma amostra por mês de cada animal.
Para a
determinação das concentrações de Ca, P e
Mg, utilizaram-se kits comerciais da marca LABTEST®.
Para a
análise dos dados, utilizou-se o programa estatístico
SAS. O delineamento experimental empregado foi o de blocos
casualizados, em que cada animal constituiu um bloco para retirada dos
efeitos de idade, peso e CE, responsáveis pela
variação entre as alíquotas dos ejaculados,
permitindo, assim, testar todas as outras fontes de
variação no ejaculado proveniente de cada animal.
Calcularam-se as médias e desvios-padrão mensais dos
parâmetros bioquímicos do PS: Ca, P e Mg. Desenvolveu-se
um estudo de análise de variância para
avaliação do efeito de mês sobre os
parâmetros bioquímicos do PS. Ao serem detectados efeitos
significativos pelo teste F, as médias foram comparadas pelo
teste de Tukey, com uma probabilidade de 5% de erro. Também se
procedeu ao estudo das correlações simples de Pearson,
para verificar a magnitude e direção da proporcionalidade
das variâncias dos componentes entre si, e dos componentes como
volume de ejaculado, volume de plasma, temperatura ambiente, umidade
relativa do ar e precipitação pluviométrica,
obedecendo à independência das variâncias dos pares
de observações utilizados.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foi constatada diferença significativa (P<0,05) dos macroelementos entre os meses do ano (Tabela 2).
Neste estudo, o mineral em maior concentração no plasma
seminal foi o cálcio, seguido pelo fósforo e depois pelo
magnésio.
A maior
concentração absoluta de cálcio foi observada no
mês de outubro e a menor em novembro. Este último
mês diferiu significativamente de todos os outros meses
(P<0,05), voltando a aumentar a concentração em
dezembro. Trata-se de variação observada dentro da
época seca, quando o ITU estava aumentado. A
concentração de cálcio diferiu significativamente
dentro da mesma época do ano. Assinale-se que não
há dados, na literatura, dessa variação mensal em
caprinos e nem mesmo em ovinos, para que possa ser comparada.
Acredita-se que este seja o primeiro relato de variação
de cálcio entre meses tão próximos (outubro e
novembro). Também é comum uma chuva fora de época
no mês de outubro, que, associada aos fortes ventos (dados
não coletados neste período pela FUNCEME), comuns no
litoral nessa época, pode ter contribuído para um maior
nível de cálcio no mês referido. Todavia, PINHEIRO et al.
(1996a), em estudo comparativo entre as épocas seca e chuvosa,
não encontraram diferença entre elas, para esse mineral.
Entretanto, neste experimento, encontraram-se as maiores
concentrações de cálcio nos meses chuvosos
(época chuvosa), período esse em que o ITU
alcançou o menor valor (Tabela 3),
característica observada para todos os macroelementos estudados.
De acordo com a classificação proposta por SILVA (2000),
durante o período em que ocorreu o experimento os animais
encontravam-se sob situação de alerta (ITU entre 72 e 78).
Segundo SENGER
(2007), o cálcio atua na ativação da atividade da
adenosina-trifosfatase liberando um grupo fosfato da molécula de
ATP, transformando-a em ADP, nos processos de mobilização
de energia nas células espermáticas. JAISWAL & CONTI
(2003) afirmam que o cálcio é um regulador
fisiológico da adenilciclase. Essa regulação pelo
cálcio abre a possibilidade de as mudanças na
permeabilidade iônica da membrana do espermatozoide serem
acopladas às mudanças no AMPc com a
ativação pela adenilciclase. Segundo os mesmos autores,
os resultados indicam um papel importante de cálcio na
função espermática de mamíferos na
fertilização.
Pesquisas
sugerem um papel potencial para a calmodulina no controle dependente do
cálcio da ativação espermática durante a
fusão espermatozoide-óvulo, no processo de
fertilização e na dissociação do
microtúbulo flagelar (JONES et al., 2000).
WONG et al.
(2001) concluíram que, embora os íons cálcio,
magnésio, zinco e cobre desempenhem um papel essencial na
espermatogênese e fertilidade, a determinação
desses elementos no sangue e plasma seminal não discriminou
bases de fertilidade no homem.
O
fósforo atingiu a maior concentração em maio e a
menor em setembro, ou seja, em épocas diferentes. A menor
concentração observada em setembro diferiu dos outros
meses do ano (P<0,05), com exceção de dezembro, que
também foi baixa. Encontrou-se ainda diferença
significativa entre as épocas do ano (P<0,05), sendo os
maiores níveis de fósforo observados na época
chuvosa, e os menores na época seca. Não foi observada
diferença entre as épocas de transição
(P>0,05) (Tabela 3). Esses resultados diferiram dos encontrados por PINHEIRO et al.
(1996a), que identificaram os maiores níveis de fósforo
na época seca (meses sem precipitação
pluviométrica). Trata-se de diferença que pode ser
atribuída ao maior controle alimentar adotado neste estudo, em
que os animais foram manejados intensivamente, diferentemente do
adotado no experimento de PINHEIRO et al.
(1996a), manejados semi-intensivamente. Nesse caso, os animais
dependiam da pastagem nativa para suprir parte de suas necessidades
metabólicas, mas na época seca ela apresenta-se com baixo
valor nutritivo.
O
fósforo tem participação no metabolismo dos
carboidratos, lipídeos, proteínas e ácidos
nucleicos (DNA e RNA). Uma deficiência alimentar de
fósforo pode levar à infertilidade em mamíferos
(BACILA, 1980). Níveis mais altos de potássio e de
cálcio no espermatozoide causaram redução na
atividade espermática em ovinos nativos e Merinos. Os dados
também sugerem uma relação recíproca entre
o conteúdo intracelular de potássio, cálcio e
fósforo com relação à percentagem de
espermatozoides vivos, em que uma percentagem mais alta de
células vivas foi associada a altos níveis de
potássio e cálcio e baixo de fósforo (ABDEL-RAHMAN
et al., 2000).
No tocante ao
magnésio, a maior concentração absoluta foi
alcançada em junho e a menor em março, ou seja, dentro da
mesma época do ano chuvosa. O resultado diferiu do encontrado
por PINHEIRO et al. (1996a), que observaram maiores níveis de magnésio no período seco. PESCH et al.
(2006) encontraram correlação positiva da
concentração de magnésio com outros elementos como
sódio e potássio seminais. Segundo SENGER (2007), no
homem, o magnésio está presente em altas
concentrações no sêmen, fazendo parte de quase
todos os sistemas enzimáticos e atuando como modulador
específico, enzima-substrato, com papel fundamental como cofator
em mais de trezentas reações enzimáticas que
envolvem o metabolismo energético e a síntese de
ácidos nucleicos. Segundo o mesmo autor, o magnésio
é considerado marcador das vesículas seminais e tem
ação intracelular antagônica ao cálcio
(SENGER, 2007).
Dentre os poucos estudos realizados em pequenos ruminantes, KAYA et al.
(2002) observaram que o aumento na frequência de coleta de
sêmen em ovinos provocou um aumento significativo na
concentração de sódio e potássio no PS,
todavia com marcada redução nos níveis de
cálcio e magnésio. No mesmo estudo, os autores observaram
uma redução progressiva da motilidade das células
espermáticas no ejaculado, o que foi associado com as
concentrações de sódio e potássio. PINHEIRO
et al. (1996a) constataram que
os níveis de cálcio, fósforo e magnésio no
PS caprino podem variar conforme a época do ano (seca ou
chuvosa) e a raça, sugerindo que a disponibilidade e qualidade
do alimento entre os períodos chuvoso e seco provavelmente
influenciam o equilíbrio eletrolítico do sêmen
dessa espécie. Essa situação não foi a
mesma neste estudo, em que os animais foram manejados intensivamente,
recebendo, portanto, alimentação controlada. Apesar do
controle alimentar, observou-se variação dos
macroelementos Ca, P e Mg presentes na composição
bioquímica do plasma seminal entre os meses do ano.
Segundo
RODRIGUES (1997), o método de coleta teve efeito significativo
sobre a composição bioquímica do plasma seminal de
caprinos e ovinos. Porém, tal fato foi observado quando se
empregaram os dois métodos no mesmo animal. Neste estudo, o
método de coleta não foi considerado como fonte de
variação. Isso porque, para a maioria dos animais (n=17),
a coleta feita em vagina artificial. Apenas três animais foram
submetidos à eletroejaculação, por não se
adaptarem à vagina artificial.
Segundo ABDEL-RAHMAN et al.
(2000), a discrepância na composição iônica
(Na, K, Cl, Ca, P, Mg) do ejaculado entre diferentes raças de
ovinos pode ser devida, em parte, a fatores de ordem ambiental, como
temperaturas elevadas e baixa umidade, fatores esses que têm
influência relevante nos estudos da qualidade seminal em
carneiros, visto que os animais em questão receberam a mesma
dieta durante o experimento.
Os resultados
do estudo das correlações de Pearson dos parâmetros
seminais entre si, e destes com volume de sêmen, volume de PS,
temperatura, umidade e precipitação, são
apresentados na Tabela 4.
Encontraram-se
correlações positivas do cálcio com o volume do
sêmen e do plasma seminal (P<0,02). Resultado similar foi
encontrado por PESCH et al.
(2006), em equinos, mostrando que este elemento é principalmente
liberado pelas glândulas acessórias masculinas. O
fósforo seminal apresentou correlação negativa e
baixa com o volume do sêmen (P<0,0001) e do PS (P<0,005). O
magnésio não apresentou correlação com
volume do sêmen ou do OS. Todavia, apresentou
correlação negativa com temperatura (P<0,0001) e
positiva com a umidade (P<0,02). WONG et al.
(2001) não relataram correlação entre alguns
minerais do PS e o plasma sanguíneo, exceto o cobre, o
cálcio, o magnésio e o zinco, que desempenham um papel
essencial em muitas enzimas e proteínas e, assim, na homeostasia
celular. Como consequência, esses elementos estão
estritamente regulados por um processo em que a barreira hematosseminal
tem um papel crucial. Todavia, o mecanismo preciso pelos quais esses
elementos são transferidos do sangue circulante para o plasma
seminal ainda é desconhecido (WONG et al., 2001). PESCH et al. (2006) afirmam que eles provêm das glândulas acessórias masculinas.
Não foi
observada correlação significativa (P>0,05) entre os
minerais presentes no plasma seminal e nem entre estes e a
precipitação.
CONCLUSÃO
A
concentração dos minerais variou ao longo dos meses do
ano no plasma seminal de caprinos, provavelmente devido à
influência de elementos climáticos tais como umidade e
temperatura. Com base na composição mineral do plasma
seminal sugere-se que a época mais propícia para
utilização do sêmen caprino é a chuvosa.
Entretanto, mais estudos são necessários para identificar
as causas primárias dessas variações.
AGRADECIMENTOS
À
Fundação Cearense de Apoio Científico e
Tecnológico (Funcap) e à Universidade Federal do
Ceará (UFC).
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Protocolado em: 10 out. 2007. Aceito em: 24 abr. 2008.