DOI: 10.5216/cab.v14i4.17835
METIL-FORMAMIDA NA
CRIOPRESERVAÇÃO DE SÊMEN OVINO
Carlos Pereira das Graças1, Alexandre In Piao Gomes Lim2,
Andrei Antonioni Guedes Fidelis3, Júlio Roquete Cardoso4,
Hélio Blume5, Rafael Gianella Mondadori6
1Médico Veterinário, Mestre, Empresa de
Assistencia Tecnica e Extensão Rural, Brasília, DF, Brasil
2Médico Veterinário Autônomo, Brasília, DF, Brasil
3Médico Veterinário Autônomo, Uberlândia, MG, Brasil
4Professor Doutor da Universidade Federal de Goiás, Goiânia,
GO, Brasil. juliorcardoso@gmail.com
5Professor Doutor da UPIS Faculdades Integradas, Brasília,
DF, Brasil
6Professor Doutor da Universidade Federal de Pelotas,
Pelotas, RS, Brasil
RESUMO
Objetivou-se avaliar a eficácia da
metil-formamida na criopreservação do sêmen ovino. O pool de sêmen
utilizado no experimento foi obtido a partir da coleta, com vagina
artificial, do sêmen de quatro carneiros mestiços Santa Inês, com idade
aproximada de quatro anos. As coletas foram realizadas uma vez por semana,
por seis semanas consecutivas, correspondendo, cada semana, a uma
repetição do experimento. As frações do pool foram diluídas em cinco
diferentes meios de congelação: (1) tris-gema com 5,3% de glicerol
(TG5,3G); (2) tris-gema com 3% de metil-formamida (TG3MF); (3) tris-gema
com 5% de metilformamida (TG5MF); (4) tris-gema com 7% de metil-formamida
(TG7MF); (5) tris-gema com 9% de metil-formamida (TG9MF). Foram avaliadas
a motilidade progressiva e o vigor das células espermáticas e realizado o
teste de termorresistência pós-descongelação. O tratamento que obteve
maior motilidade foi o TG5,3G (50%), seguido do TG3MF (38%) e os
tratamentos que apresentaram menor motilidade progressiva foram TG5MF
(29%), TG7MF (1,0%), TG9MF (6,0%). Os meios contendo metil-formamida
apresentaram resultados inferiores ao meio controle para preservar a
integridade morfológica dos espermatozoides, sendo que nos meios TG7MF e
TG9MF menos de 60% de espermatozóides apresentaram-se morfologicamente
normais. Os espermatozoides do meio TG5,3G apresentaram motilidade
(15%) e vigor (2,8) similares aos do meio TG3MF (15% e 2,6,
respectivamente) no teste de termorresistência, mas o meio TG5,3G
preservou melhor a integridade funcional da membrana plasmática. O
glicerol foi mais eficiente como crioprotetor do que a metil-formamida na
criopreservação de sêmen ovino.
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PALAVRAS-CHAVE: Amidas; carneiros; glicerol; tris-gema.
Methyl-formamide
in ram semen cryopreservation
ABSTRACT
The aim of this study was to evaluate the
efficacy of methyl-formamide in ram semen cryopreservation. The semen pool
used in this experiment was obtained by artificial vagina collection from
four mixed breed Santa Inês rams, around four years of age. Semen
collection was performed once a week, during six weeks. Each week
corresponded to one experiment replication. The semen pool was divided in
five fractions in order to be diluted in one of the following freezing
media: (1) tris-egg yolk with 5.3% of glycerol (TG5.3G); (2) tris-egg yolk
with 3% of methyl-formamide (TG3MF); tris-egg yolk with 5% of
methyl-formamide (TG5MF); tris-egg yolk with 7% of methyl-formamide
(TG7MF); tris-egg yolk with 9% of methyl-formamide (TG9MF). Semen
progressive motility, vigor and thermoresistance were evaluated. The
treatments TG5.3G (50%) and TG3MF (38%) showed higher progressive motility
after thawing, while TG5MF (29%), TG7MF (1%) and TG9MF (6%) showerd lower
motility. Freezing media containing methyl-formamide were less effective
in preserving spermatozoa membrane integrity and morphology than control
media. In TG7MF and TG9MF extenders, less than 60% spermatozoa showed
normal morphology. After thermoresistance test, semen cryopreserved in
TG3MF showed vigor (2.6) and motility (15%) statistically similar to
TG5.3G media (15% and 2.8, respectively); however, the extender TG5.3G was
more effective in preserving plasma membrane functional integrity. In
conclusion, in the experimental conditions used, glycerol showed more
cryoprotectant potential than methyl-formamide.
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KEYWORDS: Amide; glycerol; ram; tris-egg yolk.
INTRODUÇÃO
Vários diluentes e técnicas têm sido
desenvolvidos e adaptados com o objetivo de melhorar a criopreservação de
sêmen ovino, mas a fertilidade após inseminação artificial cervical com
sêmen congelado permanece significativamente menor do que a obtida com
sêmen fresco (O’HARA et al., 2010, CÂMARA & GUERRA, 2011). Isso pode
ser decorrente de alterações bioquímicas e moleculares espermáticas
ocorridas durante o processo de congelação e descongelação, redução do
tempo de sobrevivência e falha de transporte após deposição no sistema
genital da ovelha (MORAES et al., 1998).
Assim sendo, há a necessidade de investimentos em pesquisas a fim de se
aumentar a eficiência dos meios atuais de criopreservação do sêmen. A
melhoria da qualidade do sêmen ovino congelado pode levar ao aumento dos
índices de nascimento de ovelhas inseminadas pela via cervical e, como
essa técnica torna o emprego do sêmen mais acessível nesta espécie, isto
contribuiria para reduzir os custos e a necessidade de mão-de-obra
especializada requeridas pela inseminação intrauterina utilizando a
laparoscopia (MORAES et al., 1998).
Tanto o glicerol quanto as amidas são crioprotetores permeantes, porém as
amidas apresentam menor viscosidade e menor peso molecular do que o
glicerol (metil formamida, 59; dimetil-formamida, 73; glicerol, 92).
Portanto, essas características podem resultar em uma maior permeabilidade
da membrana plasmática a esses agentes, gerando menores danos osmóticos
aos espermatozóides (ALVARENGA et al., 2005).
Há poucos trabalhos, porém com resultados favoráveis, acerca do uso de
amidas como crioprotetores para o sêmen de algumas espécies, como coelhos
(OKUDA et al., 2007), cães (FUTINO et al., 2010) e equinos (ALVARENGA et
al., 2005). De forma geral, os resultados não apontam grandes diferenças
em relação ao emprego do glicerol nos parâmetros avaliados in vitro;
entretanto, ensaios de fertilidade têm demonstrado a maior eficiência in vivo das amidas na espécie equina
(VIDAMENT et al., 2002; SQUIRES et al., 2004), inclusive em garanhões com
sêmen de baixa congelabilidade (ALVARENGA et al., 2005). Dentre as amidas,
somente a dimetilformamida foi testada em pequenos ruminantes e os
resultados não apontaram benefício dessa amida em detrimento ao glicerol
para o congelamento de sêmen, tanto de caprinos (SILVA et al., 2006;
BEZERRA et al., 2011), quanto de ovinos (MOUSTACAS et al., 2011). Este,
portanto, até onde pudemos constatar, é o primeiro estudo com a utilização
da metil-formamida na cripopreservação de sêmen ovino.
Portanto, pretendeu-se neste experimento testar alternativas para otimizar
o processo de criopreservação, permitindo a utilização em maior escala da
inseminação artificial com sêmen congelado em ovinos. Assim, objetivou-se
testar in vitro a eficiência da metil-formamida em diferentes
concentrações (3%, 5%, 7% e 9%) na criopreservação do sêmen ovino,
utilizando como controle o glicerol.
MATERIAL E MÉTODOS
Utilizaram-se como doadores de sêmen
quatro carneiros mestiços Santa Inês com idade aproximada de 4 anos e peso
em torno de 60 kg, provenientes da Fazenda Lagoa Bonita – Campus II das
Faculdades Integradas UPIS, localizada em Planaltina-DF.
Os animais foram mantidos em regime semi-extensivo de criação e
permaneceram em pastagem de tifton (Cynodon
spp), suplementados com mistura mineral capri-ovis INTEGRAL 810®
e receberam, como concentrado, ração com 20% de proteína bruta (Ração
Comigo Ovino Corte 20®, Rações Comigo, Rio Verde - GO) e água ad libitum.
Os animais foram submetidos a uma coleta de sêmen semanal (durante seis
semanas), perfazendo um total de seis amostras por animal. Cada coleta
correspondeu a uma repetição do ensaio. Para tanto, utilizou-se uma vagina
artificial (Walmur®) preenchida com água aquecida entre 42ºC e 44ºC e uma
fêmea mestiça, com idade aproximada de cinco anos, como “manequim”.
Utilizaram-se somente os ejaculados com os seguintes padrões mínimos: 0,5
mL de volume, 70% de motilidade progressiva e vigor 3. Após as coletas, os
tubos contendo sêmen foram acondicionados em uma caixa térmica com água
aquecida a 30 ºC e conduzidos ao laboratório de reprodução para as
análises. O sêmen foi colocado em banho-maria à temperatura de 30 ºC
e mantido nessa temperatura durante todo o processo de avaliação do vigor
e motilidade. As quatro amostras dos ejaculados foram misturadas formando
um pool a ser utilizado nas etapas posteriores.
A motilidade progressiva e o vigor do sêmen foram avaliados em cinco
momentos distintos: individualmente logo após a coleta, após a formação do
pool, após a diluição e resfriamento, após a descongelação e após o teste
de termorresistência. Para avaliação microscópica, uma aliquota de 5µL de
sêmen fresco foi colocada entre lâmina e lamínula, previamente aquecidas
em placa aquecedora a 37 ºC, para avaliação em microscópio óptico (aumento
de 100X e 400X) da motilidade espermática progressiva, expressa em
percentagem (0 a 100), e do vigor espermático, numa escala de 0
(imobilidade) a 5 (rápida mobilidade).
As alterações morfológicas dos espermatozóides foram avaliadas em
esfregaços corados com corante vermelho do congo e violeta de genciana,
sendo observadas 200 células em microscópio óptico, utilizando-se objetiva
de imersão (100X). Essa avaliação foi realizada em dois momentos: logo
após a formação do pool e após a descongelação. A concentração espermática
foi determinada em câmara hematimétrica (câmara de Neubauer).
A integridade funcional da membrana plasmática dos espermatozóides foi
avaliada após o descongelamento por meio do teste hiposmótico (HO),
utilizando-se 1 mL de solução hiposmótica de 100mOsmol/L (JEYANDREN et
al., 1984), previamente aquecida a 37 ºC, acrescida de 10 µL de sêmen.
Essa solução foi previamente incubada por uma hora em banho-maria a 37 ºC
(FONSECA et al., 2001). Avaliaram-se 200 células e as mesmas foram
classificadas quanto à presença ou não de cauda enrolada e o resultado foi
determinado em porcentagem. As células que apresentaram cauda enrolada
foram classificadas como células com membrana plasmática funcional.
O teste de termorresistência lento foi realizado com a manutenção da
amostra por 4 horas à temperatura de 37 ºC. Para tanto, descongelou-se uma
palheta de cada diluição, por 1 minuto a 37 ºC e adicionou seu conteúdo em
tubos de 1,5 mL que foram mantidos em banho-maria a 37 ºC. A avaliação da
motilidade progressiva e vigor dessas amostras foi realizada a cada 60
minutos.
Depois da formação do pool, o sêmen foi dividido em cinco alíquotas de 500
µL e a cada uma delas foi adicionado 1,5 mL dos diferentes meios de
congelação. O meio base para o experimento foi o Tris-gema (SALAMON &
MAXWELL, 2000), variando o tipo e a concentração de crioprotetor. Foram
feitas alíquotas dos meios no volume de utilização (1,5 mL), que foram
armazenadas em freezer a - 40 ºC. Antes de cada coleta de sêmen, um tubo
de cada meio diluidor foi descongelado e pré-aquecido a 30 ºC. Os grupos
experimentais testados foram os seguintes: (1) Tris-gema com 5,3% de
glicerol (Controle); (2) Tris-gema com 3% de metil-formamida (MF3); (3)
Tris-gema com 5% de metil-formamida (MF5); (4) Tris-gema com 7% de
metil-formamida (MF7); e (5) Tris-gema com 9% de metil-formamida (MF9).
O sêmen diluído foi resfriado até 4 ºC por 50 minutos, seguido por um
período de 30 minutos de estabilização. O congelamento se deu em vapor de
nitrogênio. As palhetas foram colocadas em um suporte flutuante (21,5 cm
de comprimento e 15 cm de largura), ajustado para que elas permanecessem a
5 cm de altura da superfície do nitrogênio líquido. Esse procedimento foi
realizado em uma caixa térmica (28 cm de altura, 20 cm de largura e 23 cm
de comprimento) por 20 minutos (de 4 ºC até -80 ºC). O procedimento para
congelação foi avaliado por um termômetro digital (GTH 215®, Greisinger
Electronic, GmbH). Concluída essa etapa do processo, as palhetas foram
imersas no nitrogênio líquido, onde ficaram armazenadas por pelo menos uma
semana antes do descongelamento e avaliações in vitro previamente
descritas.
Cada coleta de sêmen correspondeu a uma repetição do ensaio. Os resultados
de motilidade progressiva, vigor, patologia espermática e integridade de
membrana foram transformados por arco seno da raiz quadrada para reduzir o
coeficiente de variação e avaliados, dentro dos diferentes momentos de
processamento, por análise de variância. A comparação entre as médias foi
realizada pelo teste de Duncan. O programa utilizado para as análises foi
o SAS System. Foram consideradas diferentes análises com p<0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O pool de sêmen fresco apresentou valores
médios de motilidade progressiva de 89,1%, vigor de 5,0 e percentagem de
espermatozóides morfologicamente normais de 84,66%. Esses parâmetros
demonstram que o sêmen era de boa qualidade e esses índices se enquadravam
nos requisitos mínimos para congelação, conforme o CBRA. Após a diluição
nos meios crioprotetores, os espermatozóides dos meios TG5MF e TG7MF já
apresentaram motilidade progressiva inferior (p<0,05) ao controle
(TG5,3G). O vigor também foi estatisticamente menor (p<0,05) no grupo
TG5MF (
Tabela 1), demonstrando que a
metil-formamida (MF), nessas concentrações, reduziu a atividade
espermática. Por outro lado, as amostras avaliadas no período
pós-resfriamento não apresentaram diferenças (p>0,05) quanto a esses
parâmetros, sugerindo que os efeitos deletérios anteriores foram
transitórios, sendo a atividade espermática restabelecida durante o
período de resfriamento do sêmen, ou seja, após o equilíbrio entre a
célula e meio crioprotetor.
Conforme demonstrado na
Tabela 1, após o descongelamento
do sêmen, somente o meio contendo metil-formamida na concentração de 3%
(TG3MF) foi capaz de proteger os espermatozóides das injúrias do processo
de criopreservação, com valores da motilidade progressiva e vigor
similares aos apresentados pelo sêmen criopreservado com o glicerol
(TG5,3G). Esses resultados coincidem com os obtidos com sêmen de cão
congelado com MF (FUTINO et al., 2010). Resultados de estudos utilizando
amidas em algumas espécies apontam para um melhor desempenho da MF em
detrimento à dimetilformamida (DMF), embora haja poucos trabalhos com o
uso da MF. Nesse aspecto, tanto neste estudo, com ovinos, quanto em
estudos com cães (FUTINO et al., 2010), a MF foi capaz de preservar a
motilidade e o vigor dos espermatozoides após o descongelamento. Já o
emprego de DMF gerou índices de motilidade inferiores aos obtidos com o
uso do glicerol em cães (LOPES et al., 2009; FUTINO et al., 2010; MOTA
FILHO et al., 2011); em suínos (BURANAAMNUAY et al., 2011; MALO et al.,
2012); em ovinos (MOUSTACAS et al., 2011) e em caprinos (BEZERRA et al.,
2011).
É importante ressaltar que os tratamentos com maiores concentrações de
metil-formamida (7 e 9%) apresentaram níveis muito baixos de motilidade
pós-descongelamento, o que inviabiliza esforços posteriores para estudos
de meios diluidores utilizando esse crioprotetor em níveis superiores a 5%
em ovinos, demonstrando também a toxicidade desses componentes a 7 e 9% no
meio de congelamento de sêmen ovino.
Assim como observado neste estudo, a utilização das amidas para
criopreservação de sêmen de garanhões com boa congelabilidade não
proporcionou aumento da motilidade e sim resultados semelhantes aos
obtidos pelo uso do glicerol (VIDAMENT et al., 2002; SQUIRES et al., 2004;
ALVARENGA et al., 2005); todavia, a utilização desses agentes em garanhões
com baixa resistência ao processo de criopreservação resultou em índices
de motilidade progressiva e de fertilidade significativamente melhores do
que os proporcionados pelo glicerol (GOMES et al., 2002; ALVARENGA et al.,
2002; ALVARENGA et al., 2005). Diferentemente da espécie equina, não há
até o presente momento dados sobre taxa de fertilidade de pequenos
ruminantes em inseminação artificial com o uso de amidas como
crioprotetores.
Quanto ao teste de termorresistência, o protocolo preconizado pelo CBRA
para a espécie ovina determina que o sêmen seja considerado apto se a
amostra contiver pelo menos 30% dos espermatozóides com motilidade
progressiva. Neste estudo, não houve diferença estatística (p>0,05)
entre os resultados de motilidade e vigor após o teste de
termorresistência entre o meio controle (TG5,3G) e o meio com 3% de
metil-formamida (TG3MF), com ambas as amostras apresentando 15% de
motilidade progressiva, nível insatisfatório de acordo com o preconizado
pelo CBRA. Os espermatozóides do meio TG5MF apresentaram motilidade
progressiva baixa (6%) e nos meios TG7MF e TG9MF não havia mais motilidade
após o período de incubação do sêmen (
Tabela 2). Esses resultados
sustentam o que foi observado em cães, em que também não houve diferenças
estatísticas entre os tratamentos com MF e glicerol (FUTINO et al., 2010).
A DMF na concentração de 5% também manteve a longevidade dos
espermatozóides em níveis similares ao glicerol a 7% na espécie caprina
(SILVA et al., 2006); contudo, em cães, a DMF foi inferior à MF e ao
glicerol (FUTINO et al., 2010).
Neste estudo, a integridade funcional da membrana plasmática avaliada pelo
teste HO foi melhor preservada pelo glicerol (44,4% ± 8,6) do que pelas
amidas. Entre os meios contendo metil-formamida, as concentrações de 3 e
5% (33,6% ± 7,1 e 25,4% ± 4,9, respectivamente) foram inferiores
estatisticamente ao meio contendo glicerol, mas não diferiram entre si. Os
meios contendo 7 e 9% de metil-formamida (13,8% ± 9,4 e 9,0% ± 7,5,
respectivamente) apresentaram o menor número de espermatozóides reativos
ao teste hiposmótico, sendo estatisticamente inferior (p<0,05) aos
demais grupos. Esses resultados sustentam os achados na literatura. O
glicerol foi mais eficiente do que a MF e DMF na preservação da
integridade da membrana plasmática de espermatozóides de cães (FUTINO et
al., 2010) e melhor do que a DMF em espermatozóides de ovinos (MOUSTACAS
et al., 2011). Já em caprinos, tanto a integridade estrutural, quanto a
funcional foram melhor preservadas pela DMF do que pelo glicerol (BEZERRA
et al., 2011).
Segundo OETTLÉ (1993), a morfologia espermática apresenta correlação com a
fertilidade, sendo que a percentagem de espermatozóides normais menor que
60%, diminui a fertilidade em 87%. Neste estudo, os meios contendo
metil-formamida apresentaram resultados estatisticamente inferiores ao
meio controle contendo glicerol em preservar a integridade morfológica dos
espermatozóides, sendo que nos meios TG5MF e TG7MF menos de 60% de
espermatozoides apresentaram-se morfologicamente normais (
Tabela 3). Esses resultados
contrariam os obtidos em cães, em que o meio contendo MF manteve melhor a
morfologia espermática do que os meios contendo DMF e glicerol (FUTINO et
al., 2010). No que se refere à DMF, tanto em cães (ZIMMERMANN et al.,
2007; FUTINO et al., 2010), quanto em caprinos (BEZERRA et al., 2011), não
foram observadas diferenças morfológicas estatisticamente significativas
em relação às células do meio controle contendo glicerol.
BEZERRA et al. (2011) apontam que a DMF não é tão eficiente como
crioprotetor para espermatozóides de ovinos como é para os de caprinos,
caninos, suínos e equinos e que essas variações podem estar envolvidas com
diferenças estruturais nas membranas das células espermáticas entre as
espécies. Neste estudo, entretanto, observou-se que, diferente da DMF, os
resultados obtidos com a MF em concentrações menores que 5% se equiparam
aos do glicerol na maior parte dos parâmetros avaliados, sugerindo que o
menor peso molecular da MF em relação à DMF também pode ter implicações
nessas diferenças de resultados entre as amidas na espécie ovina. Por
isso, sugerimos novas pesquisas com metil-formamida em concentrações
menores do que 5% e, em especial, ensaios de fertilidade usando o sêmen
preservado com esse composto.
CONCLUSÕES
O sêmen ovino pode ser congelado
utilizando-se a metil-formamida como crioprotetor na concentração de 3%
AGRADECIMENTOS
À Faculdades Integradas UPIS, pela disponibilização de suas instalações, do
material de laboratório e dos animais utilizados neste estudo.
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Protocolado em: 11 abr. 2012
Aceito em 09 set. 2013.