AVALIAÇÕES HISTOLÓGICA E HISTOMORFOMÉTRICA DE TESTÍCULOS DE
BOVINOS COM DERMATITE DIGITAL
Danilo
Rezende Silva1, Maria Ivete Moura2, Marina Pacheco
Miguel3, Luiz Antônio Franco da Silva4, Moema
Pacheco Chediak Matos4, Veridiana Maria Brianezi Dignani
Moura4
1Pós-graduando da Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, Brasil.
drs-patovet@hotmail.com
2Pós-Doutoranda da Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, Brasil.
3Professora Doutora da Universidade Federal de Goiás, Campus de
Jataí, Jataí, GO, Brasil.
4Professores Doutores da Escola de Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal de Goiás, Goiânia, GO, Brasil.
RESUMO
A infecção da região digital é a causa mais
comum de claudicação em bovinos, podendo levar à inutilização de animais
de alta produção e destinados à reprodução. Este
estudo teve como objetivo avaliar aspectos histológicos e
histomorfométricos dos testículos de bovinos com dermatite digital.
Foram analisadas diferentes porções dos testículos de 20 bovinos da raça Nelore, entre 25 e 30 meses, sendo 10 com de
dermatite digital e 10 saudáveis. Todas as amostras testiculares
avaliadas apresentaram algum grau de degeneração do epitélio tubular
seminífero. Infiltrado inflamatório intersticial mononuclear foi
observado em testículos de bovinos saudáveis e com dermatite digital. A
altura do epitélio tubular seminífero de todas as regiões testiculares
foi maior nos animais com dermatite digital, assim como foram observados
maior área da luz tubular e maior diâmetro tubular nos testículos desses
bovinos. Concluiu-se que bovinos
jovens da raça Nelore apresentam diferentes graus de degeneração
testicular, bem como orquite intersticial crônica inespecífica, sem
relação com a dermatite digital. Ainda, as alterações histomorfométricas
dos testículos desses bovinos não possuem relação com a enfermidade
podal.
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TESTIS HISTOLOGIC AND
HISTOMORPHOMETRIC EVALUATIONS OF CATTLE WITH DIGITAL DERMATITIS
ABSTRACT
The infection of
the digital area is the most common cause of lameness in cattle, leading
to the rejection of high-production animals destined to reproduction.
This study aimed at histological and histomorphometric evaluations of
the testis of bovines with digital dermatitis. Different portions of
testis from 20 Nellore animals, ten healthy and ten with digital
dermatitis, between 25 and 30 months of age, were analyzed. All analyzed
testis showed some degree of degeneration of the seminiferous
epithelium. Mononuclear interstitial infiltrate was observed in testis
of both healthy bovines and the ones with digital dermatitis. Bovines
with digital dermatitis presented higher height of seminiferous tubular
epithelium in all regions of testis, larger area of the tubular lumen,
and larger tubular diameter. We concluded that young Nellore bovines
show different degrees of testicular degeneration, as well as chronic
nonspecific interstitial orchitis, unrelated to digital dermatitis. The
testis histomorphometric changes of these animals are not related with
foot disease.
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INTRODUÇÃO
A dermatite digital é reconhecida como uma das principais
enfermidades podais dos bovinos, sendo registrada em países como
Austrália, Canadá, França, Alemanha, Israel e Japão. No Brasil foi
descrita no estado de Goiás por LEÃO et al. (2009), que verificaram a
frequência da dermatite digital nos municípios de Jataí e Orizona, e
encontraram 256 animais enfermos. Trata-se uma epidermatite superficial
difusa ou circunscrita do dígito, comprometendo a porção marginal da
banda coronária e, comumente, a porção plantar, especificamente na parte
mais elevada do espaço interdigital entre os bulbos do talão (DEMIRKAN
et al., 2000).
BERGSTEN (1997) caracterizou a dermatite digital como uma
inflamação superficial contagiosa da epiderme, próxima à margem
coronária e ao espaço interdigital do estojo córneo bovino. Para CASTRO
et al. (2008), a lesão instala-se mais comumente na região entre os
talões e no espaço interdigital dorsal; no entanto, com menor
frequência, as lesões podem ocorrer na região da comissura flexora do
espaço interdigital.
Considerando as diferentes enfermidades podais, a infecção da
região digital é a causa mais comum de claudicação em bovinos, podendo
levar à inutilização de animais de alta produção e com finalidade
reprodutiva (CHAPLIN et al.,
2000). Nos bovinos
destinados à reprodução, os efeitos decorrentes das afecções podais
podem gerar dificuldades na monta. MOURA et al. (2010) estudaram a
impotência coeundi em
animais portadores de dermatite digital, cuja libido foi inferior em
relação àqueles sem alterações podais. Além disso, afirmaram que bovinos
tratados no início das lesões apresentam redução dos estímulos
dolorosos, o que confere maior conforto, melhora do apetite e
proporciona maior ganho de peso. Já bovinos com deficiência de energia,
proteínas, minerais ou vitaminas podem ter todo o sistema reprodutivo
comprometido (LEONEL et al., 2006).
A dificuldade de locomoção dos animais acometidos ocasiona baixa ingestão
de alimento, chegando a comprometer 20% e 25% da produção de leite e de
carne, respectivamente. Além disso, citam-se outros impactos econômicos
negativos como infertilidade, queda na produtividade, alto custo com
tratamentos e descarte precoce de animais de alto valor zootécnico
(FARROW, 1999; FERREIRA et al., 2004; SILVA et al., 2004). Ainda, dores contínuas podem levar o animal ao
estresse crônico, desencadeando uma resposta inibitória do organismo
sobre o eixo hipotalâmico-hipofisário-gonadal (RAZDAN et al., 2001).
A biometria e a histometria do testículo são parâmetros que podem ser
abordados na caracterização da puberdade e maturidade sexual, além de
darem suporte aos estudos comparativos com animais de outras espécies
(SILVA, 1995). O diâmetro do túbulo seminífero é um parâmetro que pode
ser abordado como indicador da atividade espermatogênica em avaliações
com objetivos experimentais e análises toxicológicas (ASSIS-NETO, 2003).
O volume do parênquima testicular de mamíferos é bastante variável, sendo
um dos principais fatores responsáveis pela diferença observada na
eficiência da produção espermática nas diversas espécies (FONTANA et
al., 1990; HOCKING, 1997; FRANÇA & GODINHO, 2003). A mensuração do
peso testicular compreende método de avaliação indireta do
desenvolvimento reprodutivo, enquanto a quantificação do epitélio
seminífero representa um método direto de avaliar o estágio reprodutivo
dos machos (VIU et al., 2006).
Diante das considerações acerca das enfermidades digitais e suas
implicações sobre o sistema reprodutor dos bovinos, o presente estudo
teve por objetivo realizar análises histológica e histomorfométrica de
testículos bovinos da raça Nelore com dermatite digital.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram utilizados 20 bovinos da raça Nelore, machos, não
castrados, entre 25 e 30 meses, sendo 10 portadores de dermatite digital
(G1) e 10 saudáveis (G2).
Para as avaliações histológica e histomorfométrica, fragmentos
das porções proximal (CR), média (ME) e distal (CA) de cada testículo,
obtidos a partir de orquiectomia, foram colhidos e fixados em formol
tamponado a 10% durante 48 horas. A Figura 1 ilustra o casco de um
bovino com dermatite digital e o padrão de colheita dos fragmentos
testiculares.
As amostras testiculares foram identificadas de acordo com o número do animal, a lateralidade do órgão
(direito ou esquerdo) e a porção à qual pertencia, sendo então
processadas, incluídas em parafina e cortadas em micrótomo rotativo,
obtendo-se cortes de 3µm, que foram distendidos sobre lâminas
histológicas e corados pela técnica de hematoxilina e eosina (HE).
Para a análise histológica, os cortes foram avaliados em
microscópico óptico nos aumentos de 5x, 10x e 20x, considerando as
seguintes alterações: degeneração vacuolar das células epiteliais dos
túbulos seminíferos, infiltrado inflamatório intersticial e hipoplasia
tubular. Para a degeneração tubular foram atribuídos escores de acordo
com a intensidade da lesão, sendo (0) ausente, (1) discreta, (2)
moderada e (3) acentuada. O infiltrado inflamatório intersticial foi
classificado quanto ao tipo celular predominante (mononuclear ou
polimorfonuclear) e quanto à intensidade (ausente, discreta, moderada e
acentuada). A hipoplasia tubular foi avaliada considerando-se a ausência
ou presença.
A análise histomorfométrica foi realizada com o auxílio de um
sistema de análise digital de imagem, que consiste de uma videocâmara
digital (Sony Cyber-Shot 3.2 MP, modelo DSC-P71), que transmite a imagem
capturada do microscópio (Carl Zeiss©, modelo Jenaval, com objetivas
planacromáticas) a um computador (Pentium®4, 3,20 GHz, 1GB de memória
RAM, com placa digitalizadora e software Image J 1.3.1, NIH, Estados
Unidos). Para as mensurações foram considerados o diâmetro tubular, a
altura do epitélio seminífero e a área da luz tubular, medidas em
micrômetros (µm).
No cálculo da altura do epitélio foram consideradas as medidas
das extremidades no mesmo túbulo em forma de cruz. Para a realização das
medidas, foram escolhidos três túbulos seminíferos inteiros e que
apresentassem morfologia em plano de corte transversal no campo de
observação. O aumento 250x foi utilizado para as diferentes mensurações.
Para a análise estatística utilizou-se o programa GraphPad
InStat (Version 3.05 for Windows). A partir do teste de normalidade de
Kolmogorov-Smirnov, foram empregados os testes t não-pareado (variáveis
paramétricas) e Mann Whithney (variáveis não-paramétricas). Adotou-se o
nível de significância de 5% (p<0,05) (SAMPAIO, 1998).
O presente trabalho faz parte de um projeto maior, o qual foi
submetido à Comissão de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de
Goiás, sendo protocolado sob o nº 018, com parecer favorável.
RESULTADOS
A principal alteração nas células epiteliais dos túbulos
seminíferos foi a degeneração vacuolar. Em muitas amostras, observou-se
infiltrado inflamatório intersticial predominantemente mononuclear. Em
nenhuma das amostras foi observada hipoplasia tubular.
No grupo de bovinos com dermatite (G1) foram analisadas 56
lâminas, já que um animal era monorquida e houve perda de uma amostra
durante o processamento do material. Nesse grupo, 23 (41%), 30 (54%) e
três (5%) amostras apresentaram degeneração vacuolar do epitélio
seminífero de intensidade discreta, moderada e acentuada,
respectivamente.
No grupo de bovinos saudáveis (G2), do total de 60 amostras
analisadas, 27 (45%) apresentaram degeneração vacuolar discreta (Figura 2A),
27 (45%) moderada (Figura
2B) e 6 (10%) acentuada (Figura 2C).
No G1, infiltrado inflamatório mononuclear foi observado em 16
(28,5%) amostras (Figura
2D) e polimorfonuclear em 2 (3,6%). O restante das
amostras não apresentou infiltrado inflamatório intersticial. No G2, dez
(16,6%) amostras apresentaram infiltrado inflamatório mononuclear, sendo
que infiltrado inflamatório polimorfonuclear não foi observado em
nenhuma das amostras.
Não houve diferença entre os grupos estudados quanto à
degeneração vacuolar. Contudo, ressalta-se que essa foi a alteração
predominante nos testículos dos animais de ambos os grupos (Tabela 1).
A altura do epitélio tubular seminífero de todas as regiões
foi diferente entre os grupos, sendo maior em G1. A área da luz tubular
da porção distal direita dos testículos apresentou diferença
significativa entre G1 e G2, sendo maior em G1. O diâmetro do túbulo
seminífero distal direito foi estatisticamente diferente entre os dois
grupos, sendo maior em G1.
Não foi observada diferença significativa entre as demais
medidas, porém o diâmetro do túbulo apresentou valores maiores em G1
quando comparado a G2, e a área da luz tubular mostrou medidas menores
em G2 (Tabela
2).
DISCUSSÃO
Na avaliação histológica das
amostras de testículo bovino, a presença de infiltrado inflamatório
configura quadro de orquite intersticial, que pode ser resultado de
diversas condições patológicas, como traumas, agentes infecciosos,
granulomas espermáticos ou por extensão de cistites, uretrites,
prostatites e epididimites (BOUCIF et al., 2011; BOUSMAHA & KHOUDJA,
2012). De acordo com CHATE et al. (2009), a orquite primária normalmente é
hematógena e o principal agente em bovinos reprodutores é a Brucella
abortus. Porém, a brucelose causa orquite necrosante, o que não foi
verificado nos animais do presente estudo.
Embora o infiltrado
inflamatório mononuclear tenha sido observado em um número maior de
amostras testiculares dos bovinos com dermatite, não é possível relacionar
esse achado à enfermidade podal, já que, segundo LADDS & FOSTER
(2007), o acúmulo focal de leucócitos mononucleares é ocasionalmente
encontrado nos testículos de várias espécies como achado acidental. Além
disso, os mesmos autores afirmam que em testículos normais de touros são
observados com frequência focos discretos de infiltrado de células
mononucleares adjacentes a túbulos seminíferos. Ainda, COSTA et al.
(2007), na avaliação de testículos de ovinos deslanados, perceberam que,
no testículo direito, os túbulos seminíferos apresentavam atividade
espermatogênica; contudo com variáveis estágios de degeneração. Nesse
mesmo estudo, os autores encontraram células inflamatórias mononucleares
entre os túbulos no espaço intersticial.
Com relação à degeneração
vacuolar de células dos túbulos seminíferos observada em ambos os grupos,
esta constitui uma alteração reversível, porém, dependendo da intensidade
e do tempo de ação do agente causal, a alteração pode evoluir e culminar
com a necrose das células epiteliais, principalmente nos casos de
etiologia bacteriana (CARVALHO-JUNIOR et al., 2012). As causas de
degeneração são inúmeras, considerando principalmente o aumento da
temperatura escrotal em relação à corporal, além de processos
inflamatórios agudos e crônicos, condições desfavoráveis de nutrição e
hipovitaminoses (BICUDO et al., 2007).
Não foram observadas
alterações testiculares relacionadas à hipoplasia, mas situações de
estresse crônico, como as observadas em animais com enfermidades podais,
podem resultar em inibição do eixo hipotalâmico-pituitária-gonadal. Um
exemplo disso foi mostrado em um estudo com 59 bovinos leiteiros, com
quadro clínico de claudicação. Foram feitos exames clínicos de
claudicação, análise comportamental, dosagem hormonal e extração do leite
e comprovou-se que a claudicação leva o organismo animal à um estresse
crônico, porém sem afetar o ciclo estral. Entretanto, a claudicação pode
provocar uma redução na frequência de expressão do comportamento sexual. E
essa expressão, deve-se à limitação física, originada pelo próprio fator
estressante (WALKER et al., 2010). Isso altera a liberação dos hormônios
folículo estimulante (FSH) e luteinizante (LH), alterando o efeito
estimulatório na secreção de esteróides sexuais e modificando a fisiologia
testicular (RAZDAN et al., 2001). Além disso, animais que diminuem a
ingestão de alimentos durante a fase de crescimento podem apresentar
diminuição no tamanho das gônadas (BONGSON et al., 1982; SALHAB et al.,
2001).
Quanto às alterações na
fisiologia testicular, MOURA et al. (2010), ao avaliar as características
espermáticas de touros Nelore com dermatite digital, concluiram que as
diferenças observadas nos parâmetros físicos espermáticos poderiam estar
relacionadas à enfermidade podal. Porém, as características morfológicas
seminais estudadas apresentaram-se dentro dos padrões estabelecidos pelo
CBRA (1998). Com isso, constata-se que os animais estão aptos à
reprodução, mas em relação a impotência coeundi,
uma avaliação da gravidade da lesão podal e a capacidade de monta do
touro, conforme SALVADOR et al. (2003),
tornam-se fundamentais para se avaliar a influência das dermatites
digitais na capacidade reprodutiva do macho bovino.
O estudo histomorfométrico dos
testículos mostrou que os animais com dermatite digital apresentavam
maiores medidas, especialmente em relação à altura do epitélio tubular,
bem como menores valores na área da luz tubular quando comparados a
animais sadios. De acordo com FRANÇA & GODINHO (2003), a medida do
diâmetro tubular é utilizada como indicador de atividade espermatogênica e
função testicular, sendo considerado por SCOLFARO et al. (2003) um
excelente indicador do desenvolvimento do epitélio seminífero.
Antes da puberdade, esse
índice depende principalmente das células de Sertoli e indica se o
epitélio seminífero está estimulado pelo FSH, tendo em vista que esse
hormônio liga-se a receptores específicos dessas células (AGUIAR et al.,
2006). Portanto, ao avaliar o diâmetro tubular, indiretamente também se
avaliam as células de Sertoli (SCOLFARO et al., 2003).
Na puberdade, o diâmetro
tubular também aumenta rapidamente. HOSHINO et al. (2002) verificaram que
o diâmetro, a área e a altura do epitélio tubular seminífero apresentavam
medidas maiores em cães adultos de diferentes raças. Segundo os autores,
esse achado ocorre devido ao estímulo da mitose e maior espermatogênese,
gerando um epitélio extenso em número celular. Diante disso, também é
possível que bovinos adultos jovens apresentem maiores medidas no que diz
respeito a histomorfometria testicular, não sendo possível inferir sobre a
influência do fator estresse crônico por dermatite digital como o
desencadeador dos maiores valores de diâmetro e altura do epitélio tubular
seminífero de bovinos.
A maioria dos campos
testículares dos animais saudáveis apresentou área da luz tubular maior
que aqueles dos bovinos com dermatite digital, embora sem diferença
estatística entre os grupos. De acordo com KOIVISTO et al. (2008), a
degeneração das células do túbulo seminífero, pode contribuir para a
diminuição da produção de espermatides e alteração na qualidade
espermática, bem como pode resultar em aumento da área da luz tubular, em
decorrência da diminuição de células epiteliais.
CONCLUSÕES
Bovinos adultos jovens da raça
nelore apresentam diferentes graus de degeneração testicular, bem como
orquite intersticial crônica inespecífica, sem relação com a dermatite
digital. As alterações histomorfométricas dos testículos desses bovinos
não possuem relação com a enfermidade podal.
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Protocolado
em:
28 mar. 2012. Aceito em: 27 maio 2013.