COMPOSIÇÃO QUÍMICA E
VALORES DE ENERGIA METABOLIZÁVEL DE INGREDIENTES
ALTERNATIVOS PARA FRANGOS DE CORTE
Marcos
José
Batista dos Santos1, Maria Carmo Mohaupt Marques Ludke2,
Jorge
Vitor Ludke3, Thaysa Rodrigues Torres4, Letícia
dos
Santos Lopes5, Mariany Souza Brito6
Um
experimento foi realizado para determinar a composição química e os
valores de
energia metabolizável aparente (EMA) e EMA corrigida para nitrogênio
(EMAn) de três
tipos de farelo de algodão (FA): FA extrusado, FA com extração por
solvente com
casca e FA com 40% de proteína bruta (PB); duas variedades de sorgo e
farelo
residual de milho (FRM). Valores de EMAn do FA e do sorgo da literatura
foram
usados para estabelecer equações de predição através da composição
nutricional.
Pintos de corte machos Ross (n=210) foram alojados com seis repetições
por
tratamento e cinco aves por gaiola. Foi utilizada uma ração-referência
(RR) e
seis rações-teste contendo os ingredientes a avaliar em substituição de
40 % da
RR. A composição química dos ingredientes foi: 92,92; 91,80;
89,08; 86,44; 87,19; 88,50% de matéria seca; 32,96; 35,11; 40,50; 9,83;
8,17 e
10,80% de PB, 17,81; 1,03; 3,59; 2,27; 2,67 e 12,90% de extrato etéreo
(EE) e
os valores de EMAn foram 2977, 2793, 2827, 2766, 3117 e 3017 kcal/kg
para o FA
extrusado, FA com casca, FA com 40% PB, sorgo IPA, sorgo Dow e FRM,
respectivamente. A equação de EMAn para o FA foi -9158,67 + 1106,94*PB
-
12,05*PB*PB - 1866,99*Cinzas (CZ) +
100,16*CZ*CZ - 834,01*Fibra Bruta (FB) + 30,43*FB*FB e para o sorgo foi
4365,59
+ 175,41*PB - 10,35*PB*PB - 99,55*EE + 525,34*CZ - 85,06*CZ*CZ -
1310,47*FB +
251,61*FB*FB. Os valores de EMAn de uma variedade de sorgo e um tipo de
FA não
se ajustaram às equações de predição estabelecidas.
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ABSTRACT
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Na
avicultura brasileira, os
gastos com alimentação representam cerca de 60 a 75% dos custos totais,
sendo
que o milho e o farelo de soja compõem a maior parte do custo da ração.
A falta
de informações técnicas limita, ou mesmo impede, a utilização de
alimentos
alternativos (MURAKAMI et al., 2009) e, por isso, promover estudos para
tornar
possível a substituição, parcial ou total, dos ingredientes mais
onerosos de
forma econômica é um fator que contribui para a viabilização da
produção.
O
farelo de algodão (FA) é um
ingrediente em potencial, podendo ser usado como fonte protéica nas
rações para
frangos de corte em condições de baixo (OJEWOLA et al., 2006), médio
(PIMENTEL
et al., 2007) e alto desempenho (SANTOS et al., 2008). O uso para aves
é
restringido pela limitação em lisina (AZMAN & YILMAZ, 2005),
elevado teor
de fibra bruta e pela presença do gossipol, mas, torna-se viável quando
associado a outros ingredientes protéicos a fim de melhorar o valor da
proteína
da ração e substituir fontes protéicas de origem animal. Os subprodutos
resultantes do processamento da semente de algodão para extração de
óleo
representam, com uma disponibilidade relativa de 6%, a terceira mais
importante
fonte protéica de oleaginosa para a alimentação animal no mundo
(NAGALAKSHMI et
al., 2007; USDA, 2011). No Brasil, a estimativa de produção atual é de
3,2
milhões de toneladas de caroço de algodão (CONAB, 2011). A forma de
processamento aplicada ao caroço de algodão determina diversos tipos de
farelo
no mercado que se diferenciam entre si no teor de proteína, óleo
residual e
fibra (WALDROUP & KERSEY, 2002).
O
sorgo é uma gramínea
relevante para regiões semi-áridas pelas suas características xerófilas
com
maior possibilidade de adaptação que o milho às condições adversas de
menor disponibilidade
de água e temperatura diurna elevada (SANCHEZ et al., 2002). A produção
estimada de sorgo em grão (CONAB, 2011) é de 2,3 milhões de toneladas,
o que
representa cerca de 4,4% da produção anual de milho no Brasil. O grão
tem
características nutricionais semelhantes ao milho em termos de energia
metabolizável (SEDGHI et al., 2011), com um teor maior em proteína
bruta
dependendo do ambiente e da fertilidade do solo (DOUGLAS et al., 1990;
ANTUNES
et al., 2006). Como desvantagem, apresenta menores teores de alguns
aminoácidos
(arginina, glicina e histidina) e pigmentos do que o milho (GARCIA et
al.,
2005) e apresenta compostos fenólicos, kafirina e fitatos. A kafirina
tem
correlação negativa com a digestibilidade dos aminoácidos e a energia
metabolizável
verdadeira corrigida para retenção de nitrogênio (EMVn) (BRYDEN et al.,
2009).
Adicionalmente, a digestibilidade dos aminoácidos e dos carboidratos no
trato
digestivo das aves é menor e mais lenta do que a do milho em função do
complexo
proteína:carboidrato no endosperma, comprometendo a conversão alimentar
de
frangos de corte (BRYDEN et al., 2009).
O
farelo residual de milho
(FRM) resulta como subproduto da industrialização do milho destinado ao
consumo
humano. Esse ingrediente gerado no processamento a seco corresponde
como
subproduto a um terço do milho industrializado e é composto por casca,
gérmen e
porções de amido extraídos do grão, devendo apresentar um mínimo de 4 %
de óleo
(BRUM et al., 2000). Segundo cálculos a partir de estatísticas
(ABIMILHO,
2011), a disponibilidade anual estimada de FRM no país é de 1,1 milhão
de
toneladas, sendo tradicionalmente utilizado na alimentação de gado
leiteiro.
Porém, com o uso mais generalizado de enzimas nas dietas de frangos de
corte
(ADEOLA et al., 2010), também existe uma expectativa para a
substituição
parcial do milho pelo FRM (KACZMAREK et al., 2009).
Esses
ingredientes
alternativos têm potencial uso na avicultura de corte, porém sua
inclusão nas
rações ainda é avaliada como de risco pelos produtores devido a
incertezas
sobre o valor nutricional. Sendo assim, esse experimento foi conduzido
com os
seguintes objetivos: a) determinar a composição química e a energia
metabolizável aparente (EMA) e aparente corrigida para nitrogênio
(EMAn) do
FRM, de duas variedades de sorgo e de três tipos de FA oriundos de
diferentes
processamentos e b) estabelecer equações de predição para a EMAn do
sorgo e FA
mediante o emprego dos resultados obtidos e dados de literatura.
MATERIAL E MÉTODOS
ENN= 100 – [(100-MS) - CZ - FB - PB
- EE].
Posteriormente,
desenvolveu-se um ensaio de metabolismo, utilizando-se pintos de corte
machos
da linhagem Ross, para determinação da energia metabolizável aparente
(EMA) e
da EMA corrigida para balanço de nitrogênio (EMAn) dos ingredientes. O
método
utilizado foi o de coleta total das excretas, conforme descrito por
HILL &
ANDERSON (1958), utilizando-se o fator de correção 8,22 kcal/g para
retenção de
nitrogênio. Os valores de EMA e EMAn dos ingredientes foram
determinados por
meio das equações propostas por MATTERSON et al. (1965).
Duzentos
e dez pintos de um
dia foram alojados em baterias metálicas, cada uma composta por seis
gaiolas
dentro de uma sala de metabolismo climatizada, sob regime de iluminação
contínua (durante 24 horas/dia) e temperatura média de 23,5 ± 2,8°C. As
gaiolas
eram providas de bebedouros tipo copo e comedouros tipo calha e dotadas
de
bandejas cobertas com plásticos, dispostas de modo a coletar as
excretas por
unidade experimental. Aos 14 dias de idade as aves com peso médio de
396±10g
foram distribuídas em sete tratamentos com seis repetições, em
delineamento em
blocos casualizados e cinco aves por unidade experimental. Os sete
tratamentos
consistiram em uma dieta-referência à base de milho e farelo de soja,
conforme
apresentado na Tabela 1, e seis dietas-teste
constituídas de 60% da
dieta-referência e 40% do ingrediente em avaliação. A dieta-referência
foi
formulada com composição nutricional obtida a partir de tabela padrão
(ROSTAGNO
et al., 2011).
A
água e as rações fareladas
foram fornecidas à vontade. O período de adaptação das aves às dietas
foi de
cinco dias, seguido de mais cinco dias para coleta total de excretas.
Como
marcador fecal para determinar o início e o final da coleta de
excretas, foi
utilizado o óxido férrico em pó, foi homogeneizado às rações
experimentais na
proporção de 0,1%. As excretas foram coletadas duas vezes ao dia em
dois
horários, às oito e 16 horas. A cada coleta, procedeu-se o
acondicionamento do
material em sacos plásticos, sendo devidamente identificados e
armazenados em freezer a uma temperatura
de
-20 ºC até o final do experimento, quando as amostras foram
homogeneizadas por
unidade experimental. Amostras representativas das rações e das
excretas foram
enviadas ao laboratório para realização das análises laboratoriais de
matéria
seca, proteína bruta e energia bruta.
Equações
de predição da EMAn
do sorgo e do FA foram estabelecidas utilizando-se dados publicados em
tabelas
de composição de alimentos nacionais e internacionais. Para realizar as
análises de regressão linear múltipla de predição, foram utilizados os
componentes lineares e quadráticos dos valores de composição química
(EE, FB,
PB, CZ) expressos na base matéria seca. As análises de regressão foram
realizadas utilizando-se o método Stepwise de Eliminação Indireta
(Backward) e
o SAS (2008). Em cada equação, foram
mantidas as variáveis com efeitos significativos, a 5% de probabilidade
pelo
teste T e, quando o componente quadrático foi significativo, o
componente
linear também foi mantido na equação. O uso dos valores de ENN nas
equações foi
restringido para reduzir efeitos de colinearidade. Após o
estabelecimento das
equações iniciais com a seleção das variáveis preditoras, para o
conjunto de
dados inicial que gerou a equação, procedeu-se à comparação do valor
predito
com o valor determinado no ensaio de metabolismo ou valor tabelado. Uma
vez
definida a equação, pelos critérios de R2 ajustado e do
teste T para
os coeficientes estimados, ainda foram adotados critérios adicionais de
restrição com base na amplitude da diferença entre valores reais e
preditos.
Como critério, foi estabelecido que a diferença entre esses valores
para os
ingredientes não pode ser maior do que 1% do valor de EMAn nas rações
formuladas (de 28 a 32 kcal), quando da inclusão do nível ótimo no caso
de
ingrediente energético e do que 0,5% (de 14 a 16 kcal) no caso de
ingrediente
proteico. Assim, para considerar que determinada fonte de dados pudesse
fazer
parte da análise final para predição, foram adotados critérios de
restrição de
desvio máximo entre predito e real de 50 kcal (considerando 56% de
inclusão na
ração para frangos de corte) para o sorgo e de 75 kcal (18% de inclusão
na
ração) para o FA.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os
farelos de algodão
avaliados têm características nutricionais peculiares, que são
consequência dos
métodos de processamento. Conforme apresentado na Tabela 2, o FA extrusado
apresenta baixo teor relativo de FB (7,56%), devido à retirada da
casca, e alto
teor de EE (17,81%), em função da perda de uma pequena fração do óleo
durante a
extrusão; assim, o teor de PB (32,96%) fica intermediário entre o teor
presente
no caroço de algodão não processado e aquele presente no farelo de alta
proteína. O FA com casca obtido via extração com solvente apresenta uma
concentração de EE de apenas 1,03% e teor de FB de 15,94% em função da
adição
parcial da casca. O FA com alta proteína, no valor de 40,5%, apresenta
um teor
de FB de 11,9% resultante da adição parcial de casca após a extração do
óleo
por prensa helicoidal (“screw-press”). No processo ainda persiste um
teor de
óleo residual e a concentração de EE é de 3,59%. Esse FA apresenta
concentração
de FB e de PB semelhante à relatada por EMBRAPA (1991); porém, o valor
de EE é
duas vezes superior. O FA com casca apresenta concentrações de FB e de
EE
próximas aos relatados por ROSTAGNO et al. (2005; 2011), mas, nessa
comparação,
a concentração de PB é inferior.
Como
regra geral, a
concentração de EE na torta de algodão, oriunda da extração mecânica
via prensa
hidráulica, situa-se entre 4% e 8%. Entretanto, quando oriunda de
processamento
em prensa de eixo helicoidal, a torta de algodão mantém teores de EE
entre 3% e
5%. Na extração por solvente, o farelo apresenta menos de 3% de óleo
residual,
sendo que o valor geralmente fica próximo a 1%. WALDROUP & KERSEY
(2002)
relataram a composição nutricional do farelo ou torta de algodão
obtidos via
extração por solvente ou extração mecânica oriundos de 16 fábricas dos
EUA e
especificam que, em função de diferentes manejos, a maior variabilidade
ocorre
nas concentrações de FB e de EE. Nos FA sob avaliação no presente
trabalho, o
teor máximo de gossipol total detectado foi de 0,12%.
Os
grãos de sorgo granífero
avaliados pertencem ao grupo genético I (isento de tanino): IPA 7301011®
de coloração branca com tanino abaixo de 0,10% e Dow Agroscience 822®
de coloração vermelha, sendo ambas as variedades com testa (subcamada
abaixo do
pericarpo) sem pigmentação. O sorgo Dow apresentou um teor de PB menor
do que o
sorgo IPA, além de menor PB do que os valores tabelados por ROSTAGNO et
al. (2005;
2011) e NRC (1994). A FB, o EE e a CZ nos sorgos DOW e IPA estavam em
menor
concentração do que os valores tabelados em NRC (1994) e ROSTAGNO et
al.
(2011). O valor de EB do sorgo IPA é semelhante ao valor tabelado por
ROSTAGNO
et al. (2011), enquanto o sorgo Dow tem uma concentração de cerca de
100
kcal/kg menor ao valor tabelado.
O
FRM apresentou uma
composição nutricional semelhante àquela descrita para o farelo de
gérmen de
milho (ROSTAGNO et al., 2011). Os valores de PB e FB foram similares
aos descritos
pelo NRC (1994); contudo, o EE foi muito superior aos valores
publicados por NRC
(1994) e BRUM et al. (2000).
Os
valores de EMAn
calculados, em média, foram inferiores em 4,84% aos valores de EMA (Tabela 3).
Essa diferença caracteriza a amplitude da retenção de nitrogênio pelas
aves. A
correção pelo balanço de nitrogênio tem por objetivo padronizar e
reduzir a
variação nos valores de EMA dos ingredientes medidos e aplicados em
diferentes
condições (LOPEZ & LEESON, 2008). Segundo esses autores, os valores
de EMA
e EMAn para o milho são pouco afetados pela idade dos frangos e a
correção para
retenção de nitrogênio foi consistente em 3%. Os sorgos avaliados
apresentaram
uma elevada diferença entre si, o que potencialmente está relacionado
com as
diferenças no teor de PB. Os coeficientes de metabolização da energia
(CME =
100*EMAn/EB) sofrem influência do tipo de processamento aplicado nos
diferentes
FA e os valores calculados são superiores aos apresentados por ROSTAGNO
et al.
(2011), que variam de 40,3 a 46,7% para FA oriundos por extração por
solvente
com alta (24,93%) e baixa (13,97%) concentração de FB. Entretanto, os
valores
se aproximam do valor 58,8% para FA com teor de 12,96% de FB
estabelecido por
BRUMANO et al. (2006) para frangos de corte com média de idade de 45
dias. O
CME para o FA extração por solvente com baixo teor de FB (11,98%)
calculado a
partir de EMBRAPA (1991) é de 52,5%.
O
valor de CME do sorgo Dow é
semelhante aos que podem ser calculados em NAGATA et al. (2004), com 80
% para
grão moído e 81% para grão inteiro; em NUNES et al. (2008), com 81,1% e
ROSTAGNO et al. (2011), com 81,5%. Esses valores de CME contrastam com
o
calculado para o sorgo IPA que está mais próximo ao valor calculado
(74,8%) a
partir dos dados de BRUM et al. (2000). Para o FRM, o valor de CME
calculado
está próximo ao relatado (69,0%) por BRUM et al. (2000); no entanto, é
inferior
aos valores calculados (72,7%) em NAGATA et al. (2004) e (74,0%) em
ROSTAGNO et
al. (2011) para o gérmen de milho.
O
valor de 2977 kcal de
EMAn/kg determinado para o FA extrusado é superior aos valores
estabelecidos em
tabela nacional (ROSTAGNO et al., 2011) e internacional (NRC, 1994),
que
apresentam 1947 e 1657 kcal/kg, respectivamente. Entretanto, deve-se
considerar
que a concentração de EE do FA extrusado é muito superior aos valores
de EE dos
FA apresentados nas tabelas e que a retirada da casca permite um baixo
valor de
FB, bem inferior aos valores tabelados.
BRUMANO
et al. (2006)
estabeleceram o valor de 2461 kcal de EMAn/kg para o FA quando
realizaram um
ensaio de metabolismo utilizando frangos de corte com idade entre 41 e
50 dias,
valor este significativamente diferente daquele determinado para a
idade entre
21 e 30 dias (1963 kcal/kg). SHARMA et al. (1978) determinaram um valor
de 2601
kcal de EMAn/kg para um FA com 89% de MS, 12,5% de FB e 7,4% de EE,
originado
por extração controlada via prensa. O FA
com 40% PB com valor de EMAn de 3173 kcal/kg de MS não apresentou o ajuste esperado à equação apresentada na
Tabela 4. Dos fatores que
contribuem para as oscilações nos valores energéticos
nos ensaios de metabolismo, existem aqueles relacionados aos alimentos:
composição físico-química, processamentos, digestibilidades e fatores
antinutricionais; aos animais: genética, idade e sexo e, aos
metodológicos:
tempo de duração do ensaio, nível de inclusão do alimento, composição
da dieta
referência, taxa de consumo e ao ambiente (SOARES et al., 2005; LOPEZ
&
LEESON, 2008; ADEOLA & ILELEJI,
2009).
Em
relação ao sorgo variedade
IPA, a EMAn ficou abaixo do valor esperado, não estando de acordo com
ROSTAGNO
et al. (2011) e NRC (1994), que apresentam valores de 3189 e 3288
kcal/kg,
respectivamente. O resultado de EMAn para a variedade dow está próximo
ao
citado nessas tabelas. NAGATA et al. (2004) determinaram os valores de
3137 e
3177 kcal de EMAn/kg, respectivamente, para o sorgo moído e inteiro,
apresentando 88,90% de MS. No entanto, BRUM et al. (2000) apresentaram
o valor
de 2954 kcal de EMAn/kg para o sorgo baixo tanino. O sorgo IPA com EMAn
no
valor de 3200 kcal/kg de MS apresentou falta de ajuste à equação
apresentada na
tabela 4. Existem fatores intrínsecos aos grãos dos diferentes tipos de
sorgo,
principalmente na textura do endosperma (ANTUNES et al., 2006), que
interferem
na digestibilidade do amido (BENMOUSSA et al., 2006) e da proteína
(DUODU et
al., 2003), afetando seu efetivo valor nutricional para frangos de
corte
(KRIEGSHAUSER et al., 2006; SALINAS et al., 2006). Fatores ambientais,
tais
como déficit hídrico na época do enchimento dos grãos, podem afetar o
valor
nutricional, o que invalida a comparação entre variedades diferentes
produzidas
em condições climáticas diferentes.
O
valor calculado de EMAn
para o FRM está próximo ao relatado (3040 kcal/kg) por BRUM et al.
(2000),
porém é inferior ao valor (3144 kcal/kg) apresentado por ROSTAGNO et
al. (2011)
para o gérmen de milho e superior ao valor (2896 kcal/kg) apresentado
no NRC
(1994) para o “hominy feed”. Ao adotar a equação EMAn = 3839,5 + 53,80
x EE –
264,46 x MM, proposta por NASCIMENTO et al. (2009), para estimar os
valores de
EMAn para alimentos concentrados energéticos para aves, o valor
estimado de
energia para o FRM é de 3060 kcal/kg (na base natural), com uma
diferença de 43
kcal/kg, representando 1,4%. ROCHELL et al. (2011) consideram que o uso
de EB,
PB e fibra em detergente neutro como parâmetros para estimar
subprodutos do
milho geram estimativas mais precisas.
O
coeficiente de correlação
de Pearson entre a concentração de PB e o valor de EMAn do sorgo é
significativo e indica que à medida que o nível de PB aumenta, o valor
de EMAn
diminui (Tabela 5). Esse resultado
corrobora os obtidos por BRYDEN et al.
(2009), que caracterizaram correlação negativa entre EMVn e nível de PB
no
sorgo, que, segundo os autores, é condicionada pela formação de
complexos de
baixa digestibilidade entre a kafirina e carboidratos. Para o FA, os
coeficientes de correlação de Pearson que foram significativos para a
EMAn
foram o EE, correlacionado de forma positiva, e a CZ que foi
correlacionada de
forma negativa.Quando os resultados das Tabelas 4 e 5 são considerados
de forma
conjunta, é possível interpretar que a PB, a FB e a CZ, de forma
associada com
seus componentes lineares e quadráticos na equação de predição da EMAn
para o
FA, conseguem explicar o efeito isolado que teria o EE.
CONCLUSÕES
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