DOI: 10.5216/cab.v14i4.17693
EFICIÊNCIA REPRODUTIVA E
DINÂMICA FOLICULAR DE ÉGUAS CAMPOLINA DE ACORDO COM A CONDIÇÃO CORPORAL
Carmem Estefânia Serra Neto Zúccari1, Érika Saltiva Cruz Bender2,
Eliane Vianna Costa e Silva1, Helton Mattana Saturnino3
1Professoras Doutoras da Universidade Federal do
Mato Grosso do Sul, Campo Grande, MS, Brasil. carmem.zuccari@ufms.br
2Pós Graduanda da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul,
Campo Grande, MS, Brasil.
3Professor Doutor da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, MG, Brasil.
RESUMO
O presente estudo teve como objetivo
avaliar o efeito da condição corporal (CC) sobre a eficiência reprodutiva
e a dinâmica folicular de éguas, no decorrer da estação de monta. Foram
acompanhadas 134 éguas (92 não lactantes e 42 lactantes) que, em novembro
e dezembro, foram submetidas à inseminação artificial e, de janeiro a
março, à monta natural controlada, em dias alternados. Mantidas sob
rufiação diária em grupo e a campo, quando o cio era detectado, iniciou-se
o controle folicular diário por palpação trans-retal até a detecção da
ovulação. O escore da CC foi avaliado nos meses de agosto, novembro,
janeiro e março. A taxa de anestro foi 26,11% e a de gestação 56,7%, mas,
considerando-se apenas as éguas cíclicas, 77% tornaram-se gestantes.
O número de ciclos/concepção foi 2,3 e de saltos/ciclo 2,1. Houve efeito
(P<0,05) da evolução da CC sobre o número de éguas cíclicas e a taxa de
gestação. O mês da estação de monta e a CC influenciaram todas as
características foliculares e a taxa de gestação (P<0,05). Concluiu-se
que a condição corporal tem efeito sobre a atividade cíclica, a dinâmica
folicular e a fertilidade de éguas.
---------------------------
PALAVRAS-CHAVE: Equino; escore corporal; taxa de gestação.
REPRODUCTIVE EFFICIENCY AND FOLLICULAR
DYNAMIC OF CAMPOLINA MARES ACCORDING TO BODY CONDITION
ABSTRACT
The aim of this study was to evaluate the
effect of body condition (BC) on the reproductive efficiency and
follicular dynamics of mares during the breeding season. We evaluated 134
mares (92 broodmares and 42 lactating) that were submitted to artificial
insemination in November and December, and then put under natural
controlled breeding, in alternating days, from January to March. They were
kept under daily heat detection in group at field, so that at the moment
it was detected, daily follicular control was initiated by rectal
palpation until the detection of ovulation. The BC was evaluated in the
months of August, November, January and March. Anestro rate was 26.11% and
pregnancy rate was 56.7%; however, when considering only the cyclic mares,
it was 77%. The number of cycles/conception was 2.3 and of mounts/cycle
2.1. The BC evolution affected (P< 0.05) the number of cyclic mares and
the pregnancy rate. The month of breeding season and the BC influenced all
follicular characteristics and pregnancy rate (P<0.05). We could
conclude that the body condition affects the mare’s cyclical activity,
follicular dynamics and fertility
-------------------------
KEYWORDS: Body score; equine; pregnancy rate.
INTRODUÇÃO
A eficiência reprodutiva é um dos fatores
que melhor traduzem a adequação da técnica de exploração empregada em um
plantel, pois é a resultante da interação de inúmeras variáveis. Para a
obtenção de uma elevada eficiência reprodutiva, a literatura tem
evidenciado a importância de um bom escore de condição corporal em éguas
(BUFF et al., 2002; GENTRY et al., 2002ab; GASTAL et al., 2004; CAVINDER
et al., 2007; RODRIGUES et al., 2011). Para avaliar a condição corporal
(CC) pesquisadores desenvolveram diferentes técnicas visando a obter maior
confiabilidade e precisão (HENNEKE et al., 1983; GENTRY et al., 2004;
CARTER et al., 2009); entretanto, o procedimento mais aceito e utilizado
na experimentação de equinos é o sistema criado por HENNEKE et al. (1983),
no qual se atribui aos animais um escore que varia de 1 a 9, sendo o
escore 1 referente ao animal emaciado e o escore 9 àquele obeso.
FERREIRA-DIAS et al. (2005), ao
considerarem o peso corporal de animais da raça Lusitana, relataram que,
em média, éguas com maior peso corporal (491-590 Kg) retomaram a atividade
ovariana antes do equinócio de primavera, enquanto aquelas com menor peso
corporal (390-490 Kg) voltaram a ovular mais tardiamente, já na primavera.
No mesmo sentido, VECCHI et al. (2010) observaram que éguas não lactantes
da raça Standardbred com boa CC tiveram a primeira ovulação mais
precocemente que éguas com má condição corporal e RODRIGUES et al. (2011)
constataram que éguas doadoras de embriões com CC < 6,5 apresentaram
menor diâmetro do folículo dominante. PEUGNET et al. (2010) verificaram
que éguas com boa CC apresentaram intervalo médio entre ovulações menor
(23 dias) que aquelas em má CC (28,4 dias).
O presente estudo teve como objetivo
avaliar o efeito da condição corporal de éguas da raça Campolina, mantidas
em regime extensivo de criação, sobre a ocorrência de atividade cíclica, a
dinâmica folicular e a eficiência reprodutiva durante a estação de monta.
MATERIAL E MÉTODOS
O estudo foi conduzido no ano de 1990 em
propriedade rural localizada a uma altitude de 478,37 m, tendo como
coordenadas geográficas os paralelos de 17°35’08’’ de latitude sul e
44°44’43’’ de longitude oeste de Greenwich. De acordo com KÖEPPEN (1931),
o clima da região pode ser classificado como do tipo Aw, caracterizado por
inverno seco e verão chuvoso. A temperatura média da região durante o
período experimental (agosto a março) foi de 25°C e a precipitação
pluviométrica de 643,6 mm.
De agosto a dezembro, as éguas foram mantidas em pastos de Brachiaria
humidicola Jack, nos quais foram postos regularmente rolos de
feno da mesma gramínea. De janeiro a março, as éguas permaneceram em
pastos de Andropogon gayanus
Hack var. bisquamulatus. Forneceu-se água e sal mineral ad
libitum.
A CC foi estimada de acordo com o sistema de escore estabelecido por
HENNEKE et al. (1983), cuja escala varia de 1 a 9. Para a análise
estatística dos dados, foram definidas três classes de CC: Classe 1 -
escore ≤ 3,5; Classe 2 - escore de 4 a 4,5; Classe 3 - escore ≥ 5.
Do manejo reprodutivo participaram 134 éguas da raça Campolina com idade
média de 7,5 ± 3,2 anos, mantidas em regime extensivo de criação, enquanto
os garanhões, adultos e de fertilidade conhecida, permaneceram
estabulados. Do total de éguas, 42 (31,34%) estavam gestantes e as
parições ocorreram de agosto a março e 92 (68,65%) estavam não gestantes.
A estação de monta (EM) transcorreu de 15 de novembro a 31 de março, sendo
81% das éguas cobertas por dois reprodutores e as demais por um terceiro
garanhão.
A detecção do estro se fez através da rufiação diária, em grupo e a campo,
sendo o rufião e as éguas mantidos em piquetes adjacentes e sob
observação. As éguas identificadas em estro foram submetidas ao controle
folicular diário, por palpação trans-retal, até a detecção da ovulação. A
inseminação artificial ou monta natural controlada tinha início quando se
detectava a presença de um folículo com ≥35 mm de diâmetro.
Durante os primeiros 45 dias da EM as éguas foram inseminadas, em dias
alternados, com sêmen a fresco diluído com Meio de Mínima Contaminação –
M.M.C. (KENNEY et al., 1975), mediante a deposição de 500 x 106 de
espermatozoides no corpo do útero. Após esse período, as éguas foram
submetidas ao regime de monta natural controlada, em dias alternados.
Fez-se a avaliação do crescimento folicular, mediante palpação trans-retal
diária durante o estro, estimando-se os seguintes parâmetros: número de
folículos pequenos (NFPEQ - ≤ 15 mm); número de folículos médios (NFMED -
> 15 a < 35 mm); número de folículos grandes (NFGRA - ≥ 35 mm);
número total de folículos (NFOLS = NFPEQ + NFMED + NFGRA) e diâmetro do
maior folículo (MAIORF)
O diagnóstico de gestação se fez mediante palpação trans-retal aos 20 dias
após a ovulação e foi confirmado aos 30, 45 e 60 dias.
Nas éguas que não apresentaram estro até janeiro, as quais eram submetidas
à palpação trans-retal a intervalos de três dias, administrou-se
prostaglandina F2α com o intuito de promover a luteólise de um eventual
corpo lúteo persistente, não detectável à palpação trans-retal. Foi
realizada a dosagem de progesterona plasmática pela técnica modificada de
radioimunoensaio (ABRAHAM et al., 1971) das éguas que permaneceram
acíclicas durante toda a EM, para confirmação laboratorial da condição de
anestro.
Para o estudo das características foliculares, usou-se o método dos
quadrados mínimos, procedimento General Linear Models (GLM) do pacote
estatístico SAS (SAS, 2001).
O estudo da dinâmica folicular, nos nove dias que precederam cada
ovulação, foi feito considerando-se as seguintes características: NFPEQ,
NFMED, NFGRA, NFOLS e MAIORF, utilizando-se do modelo a seguir: Yijkl = μ
+ Mi + Ej + Lk + b1(Xl-X) + eijkl, em que Yijkl = valor observado para as
características em cada palpação; μ = média geral; Mi = efeito do i-ésimo
mês da palpação (i=11,12, 1, 2, 3); Ej = j-ésima classe de condição
corporal (j=1, 2, 3); Lk = efeito da k-ésima categoria reprodutiva da égua
(k=1, 2 onde K=1 é égua com potro ao pé e k=2, solteira); b1 = coeficiente
de regressão da diferença, em dias, entre a data da ovulação e a data da
palpação, sobre a característica estudada; Xl = diferença, em dias, entre
a data da ovulação e a data da palpação, sobre a característica estudada;
X = valor médio de Xl; eijkl = erro aleatório associado a cada observação
em particular, ou seja, l-ésima palpação.
As parcelas não significativas no modelo geral foram posteriormente
omitidas do mesmo para simplificação, originando outros modelos reduzidos,
a saber: 1) para o estudo da dinâmica folicular durante a estação de
monta, foram consideradas as características ovarianas anteriormente
citadas, utilizando-se o seguinte modelo: Yijkl = μ + Mi + Ej + Lk +
eijkl; 2) para o estudo da época da primeira ovulação na estação de monta,
considerou-se a característica condição corporal de novembro,
utilizando-se o seguinte modelo: Yij = μ + Ei + eij.
A significância dos fatores estudados (mês da palpação, condição corporal
e categoria reprodutiva) foi avaliada pelo teste estatístico de
Student-Newman-Keuls (SNK). As variáveis não paramétricas foram comparadas
em tabelas de contingência por teste do qui-quadrado (λ2), segundo SAMPAIO
(1998).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Das 134 reprodutoras avaliadas, 99 (73,9%)
apresentaram atividade ovariana cíclica durante a EM, enquanto 35 (26,1%)
permaneceram em anestro. Os resultados da dosagem de progesterona
plasmática confirmaram a condição de anestro em razão das concentrações
inferiores a 1 ng/mL. A CC média ao início da EM das éguas acíclicas foi
3,9 ± 1,1 e das cíclicas, 4,3 ± 1,0 (P>0,05).
A taxa de gestação do plantel foi 56,7% (76/134); entretanto,
computando-se apenas as éguas com atividade ovariana cíclica, a mesma foi
77% (76/99). A taxa de gestação foi afetada pelo mês de ocorrência da
ovulação (P<0,05), sendo que o maior índice foi observado no mês de
fevereiro (71,1%), não diferindo nos meses de janeiro (50,0%) e março
(59,1%). As menores taxas de gestação foram obtidas nos meses de novembro
(12,5%) e dezembro (29,6%), com a ressalva da EM ter se iniciado em 15 de
novembro.
As taxas de gestação/ciclo foram 75,5% (37/49), 88,9% (24/27), 76,5%
(13/17) e 40,0% (2/5) para o primeiro, segundo, terceiro e quarto ciclos,
respectivamente. O número de ciclos/concepção foi 2,3 (174/76) e o número
de saltos/ciclo foi 2,1 (361/174). Após serem testadas as taxas de
gestação à monta natural (MN), não se constatou diferença significativa
(P>0,05) entre os reprodutores utilizados.
Tanto a CC obtida ao início do experimento (agosto) como ao início da EM
(novembro), não foram boas indicadoras de quais éguas apresentariam
atividade cíclica ou não no seu decorrer, visto que a distribuição das
éguas cíclicas não diferiu (P>0,05) entre as classes de condição
corporal. No entanto, ao se considerar a evolução da CC, pôde-se observar
seu efeito (P<0,05) sobre o número de éguas que ciclaram na EM (
Tabela 1).
Não foi constatado efeito significativo da CC de novembro sobre a época de
ocorrência da primeira ovulação (P>0,05); no entanto, observou-se que
as éguas da classe 3 (escore ≥ 5) ovularam, em média, 12,1 e 9,8 dias
antes das éguas das classes 1 (escore ≤ 3,5) e 2 (escore 4 – 4,5),
respectivamente.
A CC mais próxima da última palpação (CC obtida no intervalo de ± 30 dias
da última ovulação na EM) e a evolução da CC tiveram efeito sobre a taxa
de gestação, pois as éguas da classe 1 obtiveram menores taxas de prenhez
quando comparadas àquelas das classes 2 e 3 (P<0,05). Da mesma forma,
os animais que perderam CC apresentaram menor taxa de gestação, a qual
diferiu (P<0,05) daquelas obtidas em éguas que mantiveram ou ganharam
CC (
Tabela
2).
O mês teve efeito (P<0,05) sobre todas as características foliculares
estudadas, sendo que os valores médios do NFPEQ, NFMED e NFOLS foram
maiores no mês de março e a média do NFGRA foi superior no mês de
dezembro, considerando-se apenas os meses da EM. O diâmetro médio do maior
folículo foi superior em dezembro (54,0 mm), em contraste com março (45,4
mm), mês em que foram encontrados os menores valores.
Com exceção da característica folicular NFGRA, as demais foram afetadas
pela condição corporal (
Tabela 3).
De acordo com o efeito do dia da palpação sobre as características
foliculares observou-se que o NFGRA não variou nos nove dias precedentes à
ovulação, já o NFPEQ, NFMED e NFOLS diminuíram (P<0,05) à medida que a
ovulação se aproximava, enquanto o MAIORF aumentou (P<0,05) do dia -9
ao dia 0 (dia da ovulação).
A CC teve efeito sobre o NFMED e NFOLS (P<0,05) no período
pré-ovulatório, pois as éguas da classe 1 apresentaram valores superiores
(0,9 e 4,1, respectivamente) em relação às éguas das classes 2 (0,7 e 3,8)
e 3 (0,8 e 3,8). Não foi observado efeito significativo da CC sobre o
NFPEQ, NFGRA e MAIORF.
Dentre as éguas acíclicas, 71,4% tinham potro ao pé e 28,6% eram não
lactantes. A má CC ao início (escore = 3,9 ± 1,1) e ao final (escore = 4,1
± 0,8) da EM parece ter sido fator determinante da alta percentagem de
animais em anestro, pois a lactação e a presença do potro, quando as
fêmeas possuem uma boa CC, como relatado por NAGY et al. (1998), não
interferem na atividade ovariana cíclica de éguas. O anestro lactacional,
segundo a literatura, não ocorre na espécie equina (NAGY et al., 1998;
DEICHSEL & AURICH, 2005), porém algumas éguas podem apresentar apenas
o cio do potro e a seguir entrarem em anestro (PALMER & DRIANCOURT,
1983). GODOI et al. (2002) relatam que o parto teve efeito positivo sobre
a foliculogênese de éguas lactantes, pois as mesmas apresentaram maior
diâmetro do folículo pré-ovulatório e maior número de ondas foliculares
que éguas não lactantes; da mesma forma, os resultados demonstraram o
importante papel que a CC exerce sobre a atividade ovariana, pois éguas
que ganharam peso apresentaram maior diâmetro do folículo pré-ovulatório e
um menor intervalo entre o parto e a primeira ovulação.
A elevada taxa de anestro afetou negativamente a taxa de gestação do
rebanho, que foi 56,7%. Ao se considerar somente as éguas cíclicas, tem-se
uma taxa de prenhez de 77%, índice inferior aos obtidos por SERENO et al.
(1997) e ZÚCCARI et al. (2002), porém superior aos relatados por LIMA et
al. (2000) e MOREL & GUNNARSSON (2000).
Os baixos valores encontrados para a taxa de gestação nos dois primeiros
meses da EM podem ser explicados pelos baixos índices pluviométricos nos
meses de setembro e outubro, que somaram apenas 4,4 mm, valor muito abaixo
do esperado para a época das águas, fato que fez com que as éguas
perdessem e/ou permanecessem em má CC, em razão da baixa disponibilidade e
má qualidade das pastagens. Já as maiores taxas de gestação, nos últimos
meses da EM, foram reflexo da maior precipitação pluviométrica nos meses
de novembro e dezembro (410,7 mm), o que resultou em melhora substancial
das pastagens e da CC dos animais. De fato, HENNEKE et al. (1984)
relataram que éguas com escore de CC < 5 apresentaram maiores
intervalos entre o início da EM e a ocorrência do primeiro cio e da
ovulação, quando comparadas àquelas com CC > 5. Nesse sentido, GASTAL
et al. (2004) observaram maior incidência de várias ondas anovulatórias
nas éguas com má condição corporal que naquelas com boa condição corporal;
assim, o período de transição que antecede a primeira ovulação da estação
de monta foi maior para éguas em má condição corporal.
Embora os resultados de taxa de gestação/ciclo sejam similares aos da
literatura (VIVO et al., 1985; SATURNINO et al., 2002; ZÚCCARI et al.,
2002), acredita-se que o percentual para o primeiro ciclo, provavelmente,
poderia ter sido maior, caso não tivesse ocorrido uma precipitação
pluviométrica tão baixa, pois foi a época em que ocorreram 41,4% das
ovulações (novembro e dezembro).
O número de ciclos/concepção (2,3) encontra-se acima dos valores obtidos
em outros trabalhos (HENNEKE et al., 1984; CAMILLO et al., 1997; SATURNINO
et al., 2002; ZÚCCARI et al., 2002), em decorrência dos baixos índices de
gestação apresentados nos primeiros 45 dias da EM.
A evolução da CC das éguas no transcorrer da EM mostrou-se efetiva, pois
esse ganho teve reflexo positivo sobre o percentual de animais em
atividade cíclica, confirmando dados da literatura (HENNEKE et al., 1984;
NAGY et al., 1998; MCMANUS & FITZGERALD, 2000; GODOI et al., 2002).
Parece provável que durante as avaliações da CC, ao início da EM, o escore
possa ter sido superestimado. Tal fato talvez seja a causa de não se ter
observado efeito da CC sobre a época de ocorrência da primeira ovulação, o
que era esperado, a partir dos resultados de NAGY et al. (1998), GASTAL et
al. (2004), FERREIRA-DIAS et al. (2005) e VECCHI et al. (2010).
Durante a EM, a dinâmica folicular caracterizou-se por uma frequência
aproximada de 60% de folículos pequenos, 20% de folículos médios e 15% de
folículos grandes, exceto nos meses de novembro e dezembro, quando a
frequência de folículos grandes aumentou para 25% em detrimento dos
médios. Isso caracterizou uma dinâmica maior nos primeiros meses da EM, de
forma semelhante ao obtido por PIERSON & GINTHER (1987).
No estudo da dinâmica folicular, nos nove dias precedentes à ovulação,
observou-se efeito de dia (P<0,05) sobre as características foliculares
estudadas, exceto para o número de folículos grandes, o que era esperado,
uma vez que essa categoria compreendia folículos com diâmetro maior que 35
mm, correspondendo, portanto, ao folículo pré-ovulatório. Os dados
observados são similares àqueles de GINTHER (2000), GINTHER et al. (2001),
DRIANCOURT (2001), BEG & GINTHER (2006) e GURGEL et al. (2008).
O diâmetro médio do maior folículo pré-ovulatório não diferiu
significativamente entre as classes de condição corporal, em contraste com
os resultados encontrados por GODOI et al. (2002), GASTAL et al. (2004) e
RODRIGUES et al. (2011), que demonstraram que o diâmetro do maior folículo
pré-ovulatório diferiu significativamente entre éguas com boa CC em
detrimento dos animais com má condição corporal.
À semelhança dos resultados de GENTRY et al. (2002ab) e GASTAL et al.
(2004), a CC teve efeito sobre as características foliculares estudadas,
sendo que as éguas com melhor CC apresentaram uma população de folículos
superior àquelas em baixa CC. Possivelmente, essa maior atividade ovariana
seja um dos fatores que colaboraram para a obtenção de maior percentual de
éguas cíclicas e gestantes entre os animais com boa CC. Sob o aspecto
endocrinológico, os achados de HOUSEKNECHT et al. (1998), BUFF et al.
(2002) e FERREIRA-DIAS et al. (2005) indicaram que uma baixa CC pode
comprometer a função do eixo hipotálamo-hipófise-gônadas e o controle do
mecanismo hormonal que desencadeia a atividade folicular estaria
comprometido nesses animais.
CONCLUSÃO
Nas condições de campo em que o estudo foi
realizado, constatou-se que, no decorrer da estação de monta, a população
de folículos variou nos nove dias precedentes à ovulação, havendo, da
mesma forma, efeito do mês da estação de monta sobre as características
foliculares. Para as éguas mantidas sob o manejo extensivo de criação, a
precipitação pluviométrica foi o fator ambiental com papel preponderante
sobre o escore de condição corporal que, por sua vez, teve efeito sobre a
ocorrência de atividade cíclica, a dinâmica folicular e a taxa de
gestação.
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Protocolado em: 27 mar. 2012.
Aceito em: 09 ago. 2013