DOI: 10.5216/cab.v13i3.17565
AVALIAÇÃO DAS DIETAS SIMPLIFICADAS E SEMI-SIMPLIFICADAS, COM BASE NA
MISTURA DE FORRAGEIRAS, COM E SEM ENZIMAS, PARA COELHOS EM CRESCIMENTO
Luiz Carlos
Machado1, Walter Motta Ferreira2, Iran Borges2,
Adriano Geraldo1, Mauro Ferreira3
1Professor
Doutor do Instituto Federal Minas Gerais,
Bambui, MG – Brasil - luiz.machado@ifmg.edu.br
2Professores Doutores da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horiznte, MG, Brasil.
3Zootecnista Autônomo, Bambuí, MG, Brasil.
RESUMO
As dietas simplificadas e semi-simplificadas para
coelhos são uma nova tecnologia que associa economia e bem estar intestinal. O
objetivo principal deste trabalho foi avaliar o efeito das dietas simplificadas
e semi-simplificadas, com e sem enzimas exógenas, sobre o desempenho produtivo
de coelhos em crescimento. Foram utilizadas 11 dietas, sendo uma referência,
duas simplificadas e oito semi-simplificadas, formuladas, contendo como
principais fontes fibrosas o feno de alfafa (FAL), feno do terço superior da
rama da mandioca (FTSRM) e ou a farinha
das folhas de mandioca (FFM), com ou sem adição de enzimas exógenas Os animais
foram distribuídos em um delineamento inteiramente cazualizado com 11
tratamentos e oito repetições. As enzimas utilizadas foram as carboidrases
(alfa-galactosidase, galactomanase, xilanase e betaglucanase) e a fitase. O
consumo dos animais que receberam as dietas com elevada inclusão de FFM foi
inferior ao demais. O ganho de peso diário mais elevado foi observado com os
animais alimentados com as dietas referência, semi-simplificada com base em
FTSRM e semi-simplificada com base na mistura de FAL e FFM. Não foram observados efeitos positivos das
enzimas exógenas sobre os parâmetros de desempenho. Com base nestes resultados conclui-se que as
dietas simplificadas e semi-simplificadas proporcionam queda no desempenho
produtivo. Considerando-se a economia proporcionada no custo da alimentação, a
dieta semi-simplificada com base em FTSRM pode ser uma alternativa
interessante.
PALAVRAS-CHAVE: cunicultura, desempenho produtivo, rama da mandioca.
EVALUATION
OF SIMPLIFIED AND HALF-SIMPLIFIED DIETS ON THE BASIS OF THE MIXTURE OF FORAGE
CROPS, WITH AND WITHOUT ENZYMES, FOR GROWING RABBITS
ABSTRACT
The
simplified and half-simplified diets are a new
technology that combines economy and welfare intestinal. The main objective of
this study was to evaluate the effect of simplified and half-simplified diets,
with and without exogenous enzymes, on the productive performance of growing
rabbits. A Reference diet, two simplified diets and eight half-simplified diets
had been utilized. The main fibrous sources used were the alfalfa hay (ALH),
hay from the upper third of the cassava foliage (HUTCF) and cassava leaf meal
(CLM), using a completely randomized design with 11 treatments and eight
repetitions. The enzymes used were the carbohydrases (alpha-galactosidase,
galactomanase, xylanase and beta-glucanase) and phytase. The consumption of
animals fed with diets with high inclusion of CLM was lower than the other. The
daily weight gain was higher in animals fed with the reference diet,
half-simplified diet based on HUTCF and half-simplified diets based on the mix
of ALH and CLM. A positive effect of exogenous enzymes inclusion, on the
performance parameters, was not observed. Based on these results we conclude
that the simplified and half-simplified diets provide decrease in productive
performance. Considering the proportionate economy in the cost of feed, the
half simplified based on HUTCF may be an interesting alternative.
KEYWORDS: cassava foliage, productive performance,
rabbit production.
INTRODUÇÃO
A cunicultura é uma atividade
estratégica dos pontos de vista econômico, social e ambiental, pois o coelho é
altamente prolífero, produtivo, possui carne de excelente qualidade, adequa-se
às pequenas propriedades, aceita dietas com grande quantidade de ingredientes
fibrosos e causa baixo impacto ambiental, quesitos fundamentais para o
desenvolvimento sustentável da sociedade moderna. Para sucesso dessa atividade,
é essencial a pesquisa por formas alternativas de alimentação a baixo custo.
Nesse sentido, destacam-se as
dietas com alta inclusão de alimentos forrageiros, também denominadas de
simplificadas. O estudo dessas dietas para coelhos vem sendo conduzido por
vários autores (FERNANDEZ-CARMONA et al., 1998; PASCUAL et al., 2002; FERREIRA
et al., 2006; MACHADO et al., 2007; FARIA et al., 2008; OLIVEIRA et al., 2011),
sendo contraditórios os resultados obtidos até o momento. De maneira geral, há
redução da incidência de diarreias, ocasionada pela melhora na saúde intestinal,
além de redução no desempenho animal em relação ao obtido com a utilização de
dietas formuladas com ingredientes tradicionais.
A fim de buscar o ponto de
equilíbrio entre a máxima economia e o desempenho satisfatório do animal,
MACHADO et al. (2007) sugeriram a utilização de dietas semi-simplificadas,
adicionando pequena quantidade de fontes de amido e proteína de boa qualidade
nutricional, para melhoria geral do processo digestivo, principalmente da
atividade fermentativa. Outra sugestão feita pelos autores, e posteriormente
indicada por FARIA et al. (2008), é a mistura de diferentes forrageiras,
visando complementaridade e melhoria da eficiência de utilização pelos animais.
Atualmente, grande parte das rações fornecidas aos animais monogástricos recebe
adição de enzimas exógenas que melhoram o processo digestivo, incrementando o
aproveitamento dos nutrientes e reduzindo o efeito antinutricional causado por
algumas substâncias.
Este trabalho teve como objetivo
avaliar o desempenho produtivo de coelhos em crescimento recebendo dietas simplificadas
e semi-simplificadas com base em uma forrageira ou na mistura entre elas, com e
sem adição de enzimas fitase e carboidrases.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido no laboratório de metabolismo animal, do
departamento de Zootecnia da EV-UFMG, no período de 07 de Dezembro de 2009 a 16
de Janeiro de 2010. Durante o experimento, as temperaturas mínima e máxima médias
foram de 20,8 e 26,7°C, respectivamente, e a média geral foi de 23,7°C. As
gaiolas utilizadas foram de arame galvanizado, de tamanho 0,30 x 0,60m, numa
área disponível de 0,18m2. Anteriormente à chegada dos animais, as
instalações foram limpas e desinfetadas com auxílio de vassoura de fogo. O
bebedouro utilizado foi o do tipo chupeta automático e o comedouro
semi-automático.
Os animais utilizados foram provenientes da fazenda experimental Prof.
Hélio Barbosa, localizada no município de Igarapé-MG, e consistiram de coelhos
da raça Nova Zelândia Branca, de ambos os sexos, desmamados aos 35 dias de
idade. Ao início do experimento, o peso inicial foi equilibrado entre os
tratamentos. Foram utilizados oito animais por dieta experimental, num total de
88 animais. A aprovação do comitê de ética foi registrada como 171/08 do
CETEA/UFMG.
Os tratamentos, os quais são detalhados na Tabela 1, consistiram das
seguintes dietas: REF –dieta referência; SFA – dieta simplificada com base na
mistura de farinha das folhas de mandioca (FFM) e feno de alfafa (FAL); SSM –
dieta semi-simplificada com base em feno do terço superior da rama da mandioca
(FTSRM); SSA – dieta semi-simplificada com base em FAL; SSF – dieta
semi-simplificada com base em FFM; SSFA – dieta semi-simplificada com base na
mistura de FFM e FAL; SSMA – dieta semi-simplificada com base na mistura de
FTSRM e FAL; SFAE – dieta SFA + enzimas carboidrases e fitase; SSME – dieta SSM
+ enzimas carboidrases e fitase – SSFE: dieta SSF + enzimas carboidrases e
fitase e SSFAE – dieta SSFA + enzimas carboidrases e fitase. A dieta referência
foi formulada para atender às exigências propostas por DE BLAS & MATEOS
(1998) e as dietas simplificadas e semi-simplificadas foram formuladas
objetivando-se, ao máximo, a aproximação das exigências citadas acima e, quando
não foi possível ajustar o conteúdo de ED, procurou-se fornecer o mínimo de
2200 kcal/kg, como proposto por CHEEKE (1994), pois os coelhos conseguem
regular o seu consumo em função da densidade energética da ração.
Foram verificados os níveis dos aminoácidos lisina, metionina + cistina,
treonina, triptofano e arginina, embora não tenha sido necessária a adição dos
três últimos. Para incremento do conteúdo energético da dieta e melhoria na
digestibilidade dos demais nutrientes (FERNANDEZ-CARMONA et al., 1998;
BERTECHINI, 2006), foi adicionado óleo de soja. Visando à melhoria da
palatabilidade e da qualidade do pélete, foi adicionado melaço em pó. A
composição percentual e nutricional das dietas experimentais encontra-se na
Tabela 1.
Enzima fitase foi adicionada nos tratamentos SFAE, SSME, SSFE e SSFAE na
proporção de 50 g/t (500FTU/kg) assim como o complexo enzimático, composto por
carboidrases, com atividades alfa-galactosidade (35 u/g), galactomananase (110
u/g), beta-glucanase (1.100 u/g) e xilanase (1.500 u/g), foi adicionado na proporção
de 200g/t. O pélete foi elaborado com uma espessura de 4 a 5mm de diâmetro e 10
a 15mm de comprimento.
Durante o experimento, foi fornecida ração à vontade para os animais.
Para elaboração das dietas foram realizadas análises químico-bromatológicas dos
ingredientes fibrosos, sendo coletados também dados a partir de VILLAMIDE et
al. (1998), MAERTENS et al. (2002) e ROSTAGNO (2005).
O desempenho produtivo dos
animais foi avaliado pelos seguintes parâmetros: peso aos 75 dias (P75),
consumo diário de ração (CDR), ganho de peso diário (GPD), conversão alimentar
(CA) e mortalidade. Também foram avaliados o consumo diário de energia
digestível (kcal/dia) e de proteína digestível (g/dia). Todos os animais foram
pesados ao serem alojados nas gaiolas (início) e aos 75 dias de idade, por
ocasião do abate (final do experimento).
Para cálculo do custo da
ração necessária para produção de 1,0 kg de peso vivo, foi utilizada a CA geral
de cada tratamento e foram tomados os preços de compra da fazenda experimental
prof. Hélio Barbosa. O preço da FFM foi obtido diretamente na COOPATAN e o
custo do FTSRM foi obtido a partir de FERREIRA et al. (2011).
O delineamento experimental
foi inteiramente ao acaso sendo 11 tratamentos e oito repetições. Cada unidade
experimental foi constituída de um coelho. As médias obtidas foram submetidas à
análise de variância e comparadas pelo teste SNK a 5% de probabilidade,
utilizando-se os recursos do programa computacional SAS. Para os parâmetros
P75, CDR e GPD, o peso aos 35 dias foi considerado como covariável.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o experimento não
foram observadas diarreias ou quaisquer enfermidades digestivas. Não houve
morte de animais. FERNANDEZ-CARMONA et al. (1998) relataram 11% de mortalidade
durante o experimento, em que o tratamento referência apresentou os piores
resultados quando comparado às dietas simplificadas. Esse efeito foi também
observado por HARRIS et al. (1981), que perceberam redução da incidência de
diarreia e enterite com a elevação dos níveis de fibra.
O consumo dos animais foi
influenciado pela dieta (p<0,05). Os tratamentos SSF, SFAE e SSFE foram os
que proporcionaram os valores mais baixos, provavelmente devido à baixa
palatabilidade da FFM. FERREIRA et al. (2006) trabalharam com dietas
simplificadas e verificaram consumo de 88,9 e 84,3g para as dietas simplificadas
com base em FAL e referência, sendo esses valores inferiores aos aqui
observados. Já considerando a dieta simplificada com base em FTSRM, o consumo
de ração foi mais elevado quando comparado a esse experimento. HARRIS et al.
(1981) observaram elevação no consumo à medida que se elevaram os níveis de
fibra dietética, o que não foi observado neste experimento. OLIVEIRA et al.
(2011) testaram dieta semi-simplificada com 81,63% de subprodutos da mandioca e
observaram queda no consumo em comparação com a dieta referência, sendo os
valores mais elevados do que os deste experimento. Situação semelhante é
observada quando os resultados são comparados a MACHADO et al. (2006), que
perceberam consumo de ração mais elevado quando comparados aos valores aqui verificados.
Vários são os fatores que podem ter contribuído para menor consumo neste
experimento, dentre eles pode-se destacar os baixos níveis de componentes
fibrosos (GIDENNE, 2000), palatabilidade das rações, diferenças ambientais,
principalmente em relação à temperatura, e diferenças genéticas entre os
diferentes grupos de animais considerados.
Deve-se chamar atenção para a
temperatura média no período do experimento, realizado em condições de
primavera-verão. A temperatura mínima média foi de 20,8°C e a máxima média foi
de 26,7°C, sendo a média geral de 23,7°C, superior à zona de conforto térmico
para coelhos (MULLER, 1982). Altas temperaturas proporcionam inibição do
consumo pelos animais e podem explicar parte dos motivos que proporcionaram
baixo consumo neste experimento em comparação a outros. MACHADO et. Al. (2006)
trabalharam numa temperatura média de 19,2°C.
Houve influência das dietas
experimentais (Tabela 2) sobre o ganho de peso diário (p<0,05). Os tratamentos SSM e
SSFA apresentaram resultados semelhantes à dieta REF. Os demais tratamentos
apresentaram resultados inferiores. Os piores resultados foram observados nos
tratamentos SSF, SSFE, SFA e SFAE, que apresentavam elevada inclusão de FFM.
Valores intermediários de ganho de peso diários foram observados para os
tratamentos SSA, SSMA, SSME, SSFAE.
Trabalhando com dietas
simplificadas com base em FAL, FERNANDEZ-CARMONA et al. (1998) obtiveram GDP
médio de 37,25 g/dia, sendo esses valores superiores a todos os observados
neste trabalho, inclusive ao tratamento referência. O elevado potencial
genético dos animais europeus pode ter sido o principal fator de contribuição
para esse fato. O peso médio dos coelhos aos 35 dias utilizado neste
experimento foi de 719 g, enquanto o peso na mesma idade, relatado por aqueles
autores, foi de 853g, o que reforça a ideia de maior potencial genético.
Outro fator que merece
destaque é a temperatura ambiental relatada, que foi de 12 a 19o C,
próxima à faixa de conforto térmico do animal (MULLER, 1982). Nessa faixa, há
elevação no CDR e o GPD é otimizado, havendo a minimização do incremento
calórico ou demais perdas advindas da tentativa de reversão do estresse
calórico. Nas condições brasileiras de primavera-verão, quando se realizou este
experimento, as temperaturas médias foram de 20,8 a 26,7°C para a mínima e
máxima, respectivamente, e, como já comentado, o consumo foi prejudicado.
.HARRIS et al. (1981) também verificaram valores de
GPD superiores aos aqui observados. FERREIRA et al. (2006) perceberam que as
dietas referência, simplificada FAL e simplificada FTSRM proporcionaram ganhos
de, respectivamente, 29,06; 19,09 e 23,40g/dia, sendo inferiores aos obtidos
neste experimento. Os resultados também foram superiores aos observados por ABD
EL-BAKI et al. (1993) que verificaram GPD de 29 e 20 g para a dieta referência
e dieta com 45% de produtos da mandioca, respectivamente.
Utilizando dietas
semi-simplificadas, FARIA et al. (2008) conseguiram GPD na ordem de 44,0, 37,0
e 35,0g/dia, utilizando dietas referência, simplificada FAL e simplificada
FTSRM, sendo esses valores bastante elevados se comparados aos achados nestes
experimento. Contudo, o consumo relatado pelos autores foi bem superior aos
aqui relatados. Situação semelhante foi relatada por OLIVEIRA et al. (2011),
que obtiveram GPD na ordem de 36,8 g/dia, superior ao valor observado neste
experimento, principalmente quando comparado às dietas semi-simplificadas e
simplificadas. Já considerando os valores relatados por MACHADO et al. (2006),
os dados aqui obtidos para as dietas referência e simplificada com base em FAL,
são semelhantes. Considerando a dieta simplificada com base em FTSRM, por outro
lado, os valores aqui obtidos são superiores. Naquela situação, os autores
relataram a baixa qualidade nutricional do FTSRM utilizado e enfatizaram a
importância de novas pesquisas com cultivares de mandioca mais propícias para
utilização na alimentação animal.
Em relação à conversão
alimentar, verifica-se que houve semelhança entre o tratamento REF com os
tratamentos SSM, SSA, SSFA, SSMA, SSME, SSFE e SSFAE, para todo o período
experimental (p>0,05). Os tratamentos SFA, SSF e SFAE apresentaram conversão
alimentar inferior ao tratamento REF. Excetuando-se o tratamento SSF, todas as
dietas apresentaram resultados similares aos obtidos por FERNANDEZ-CARMONA et
al. (1998), que trabalharam com dietas simplificadas com base em feno de
alfafa. Os resultados aqui obtidos foram melhores que os encontrados por
FERREIRA et al. (2006), que verificaram valores de 4,84 a 5,08 de CA para as
dietas simplificadas baseadas em FTSRM e FAL, respectivamente. Os valores são
semelhantes aos relatados por HARRIS et al. (1981), que ainda observaram que
quanto maior o teor de fibra da dieta simplificada, maior tende a ser a
conversão alimentar. Os valores também são semelhantes aos observados por ABD
EL BAKI et al. (1993). A CA das dietas semi-simplificadas, observada neste
experimento, mostra-se melhor quando comparada aos achados de FARIA et al.
(2008), que observaram CA de 4,0 e 4,6 para as dietas simplificadas FAL e
FTSRM. OLIVEIRA et al. (2011) obtiveram CA de 3,16 para a dieta
semi-simplificada com subprodutos da mandioca, estando esse valor próximo aos
observados neste experimento. No experimento de MACHADO et al. (2006), a CA
alimentar, para a dieta baseada em FAL, foi de 3,88, valor superior ao
observado para as dietas semi-simplificadas deste experimento. Supõe-se que
dietas semi-simplificadas são mais bem aproveitadas quando comparadas às
simplificadas. Nota-se que as conversões alimentares aqui observadas estão, de
forma geral, mais baixas que as observadas em outros experimentos. Deve-se
lembrar que o consumo observado foi também menor.
O P75 dos animais que
receberam a dieta REF foi superior aos demais. Pesos finais intermediários
foram observados nos animais que receberam as dietas SSM, SSA, SSFA, SSMA,
SSME, SSFAE e SFA, sendo este último semelhante (p>0,05) aos tratamentos SSF,
SSFE e SFAE, que apresentaram os piores resultados. Os resultados de P75 deste
experimento são inferiores aos obtidos por FERNANDEZ-CARMONA et al. (1998).
Conforme comentado, as distintas condições experimentais podem ter influenciado
nessa diferença. OLIVEIRA et al. (2011) também verificaram valor de peso final
mais elevado que os aqui observados, embora os autores também tenham percebido
queda no desempenho a partir da administração de dietas simplificadas. Os
valores são semelhantes aos relatados por FARIA et al. (2008), que trabalharam
com dietas simplificadas. Já quando se comparam os valores aos achados de
MACHADO et al. (2006), verifica-se que os aqui encontrados são superiores,
principalmente quando se considera a dieta simplificada com base em FTSRM.
Os piores resultados de
desempenho, em geral, podem ser atribuídos aos tratamentos SFA, SSF, SFAE e
SSFE. Essas dietas, provavelmente, proporcionam menor eficiência digestiva,
sendo essa prejudicada por taninos livres e condensados, conforme proposto por
SCAPINELLO et al. (1999), pela complexação aminoácido-carboidrato,
proporcionada pela alta temperatura de processamento da FFM (acima de 100°C),
ou ainda pelo baixo nível de amido (tratamentos SFA e SFAE), essencial, em
quantidades mínimas, para melhor funcionamento do ceco.
A adição de enzimas não
influenciou (p>0,05) nenhum dos parâmetros de desempenho em todas as
comparações.
VALENTE et al. (2000)
perceberam melhorias na CA proporcionada por uma ração que continha 0,05% de
complexo enzimático, composto por protease e celulase. Outros parâmetros de
desempenho não foram afetados pela inclusão das enzimas. GUO-XIAN et al. (2004)
observaram que o GPD foi melhorado (p<0,05) com a inclusão de fitase, com o
nível de 800 FTU/kg apresentando os melhores resultados, sendo a atividade
enzimática da fitase superior à utilizada neste experimento, que foi de 500
FTU/kg. Contudo, nenhuma diferença foi observada no CDR e na CA. O efeito
positivo da fitase foi relatado também por EIBEN et al. (2008), que não
perceberam diferenças no desempenho produtivo, quando o nível de fósforo foi
reduzido de 0,58 a 0,35% com inclusão de 1000 FTU/kg de fitase, verificando
assim o efeito valorizador da enzima para disponibilização de fósforo. Já
FALCÃO & CUNHA et al. (2008) perceberam que a inclusão de enzima
carboidrase (galactosidade) não melhorou o desempenho produtivo de coelhos em
crescimento.
Avaliando-se o CDR e a
conversão alimentar, pode-se perceber que o kg de animal produzido foi de R$
1,97; 3,65; 1,89; 3,75; 3,13; 2,95; 3,06; 3,62; 2,02; 2,67 e 3,34,
respectivamente, para os tratamentos REF, SFA, SSM, SSA, SSF, SSFA, SSMA, SFAE,
SSME, SSFE e SSFAE. Nota-se que a dieta simplificada com base em FTSRM é uma
alternativa viável, proporcionando economia de 4% sobre o custo necessário para
produção de 1 kg de coelho vivo, considerando o tratamento REF, o que concorda
com os achados de FERREIRA et al. (2006). É necessário que se invista em
sistemas de colheita mecanizada para maior aproveitamento deste importantíssimo
recurso para alimentação animal, o qual não compete com a alimentação humana e
pode ser utilizado também por famílias de baixa renda em situações de
agricultura familiar.
CONCLUSÕES
As dietas simplificadas e
semi-simplificadas proporcionam em geral desempenho inferior quando comparadas
à dieta referência. A dieta semi-simplificada com base em feno do terço
superior da rama da mandioca é uma alternativa economicamente interessante.
As enzimas exógenas não
proporcionam melhorias no desempenho dos animais.
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Protocolado em:19 mar. 2012.
Aceito em: 11 jun. 2012.