OCORRÊNCIA DE LENTIVÍRUS DE PEQUENOS RUMINANTES NO SEMIÁRIDO BAIANO E
PERFIL DA CAPRINO/OVINOCULTURA NA REGIÃO
Silvia Ines
Sardi1, Glauber Santos Ribeiro de Sena2, Gubio Soares
Campos1, Gisele Rocha Santos3, Antônio Lemos Maia Neto4,
Luciana Niedersberg de Avila4
RESUMO
Este
trabalho teve como objetivo avaliar, no território do semiárido baiano, a
presença do Lentivirus de pequenos ruminantes (SRLV: Artrite encefalite
caprina, CAEV, e Maedi-Visna, MVV) e caracterizar o perfil socioeconômico da
caprino/ovinocultura nessa região. Em
134 propriedades do Portal do Sertão, Sisal e Bacia do Jacuípe foram coletadas
amostras de soros de caprinos (n=1046) e ovinos (n = 704), para detecção de
anticorpos para CAEV e MVV pelo teste de Imunodifusão (IDGA) e ELISA e Western Blot
para CAEV. Durante a visita em cada fazenda, aplicou-se um
questionário para definir o perfil socioeconômico da caprino/ovinocultura da
propriedade. Os resultados mostraram a ausência de soropositivos para MVV e
CAEV pelo IDGA, mas 5/755 caprinos foram positivos para CAEV pelo ELISA e
confirmados no Western blot. O
questionário aplicado mostrou um perfil produtivo pouco tecnificado, com
predomínio de propriedades de gestão familiar, sem investimentos tecnológicos,
rebanhos de ovinos e caprinos sem raça definida, criados em sistema extensivo e
destinados principalmente à subsistência familiar. Concluindo, este trabalho
mostra que a região do semiárido baiano tem uma baixa ocorrência do SRLV, e o
desenvolvimento da caprino/ovinocultura é voltado à criação de animais para
consumo familiar ou obtenção de renda nos mercados locais.
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ABSTRACT
The aim of this study was
to analyze the occurrence of Small Ruminants Lentiviruses (SRLV: Caprine
arthrite encephalitis virus, CAEV, and Maedi-Visna, MVV) and characterize the
social/economical profile of the farms in the semi-arid region of Portal do
Sertão, Sisal e Bacia do Jacuípe, in the state of Bahia, Brazil. Sera from goats (n= 1046) and sheep (704)
were collected to detect antibodies against CAEV and MVV by Agar Immunodifusion
(AGID) and ELISA and Western Blot for
CAEV. A questionnaire was applied to
each farm where sera were collected in order to define the social/economical
profile. The results obtained by AGID showed no positive goats and sheep for
infection by CAEV or MVV, respectively, but 5/755 sera were positive for CAEV
by ELISA and confirmed by Western blot.
The questionnaire analysis showed a low technical profile in the smallholders,
under familiar management, whose flocks were raised in an extensive system
destined to self-consumption or local trading. In conclusion, this work
demonstrated a low incidence of SRLV, and that the production in the farms of
the semi-arid region is based mainly in goat and sheep herds without specific
breed, destined for for self-consumption or local commercialization.
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INTRODUÇÃO
Apesar de a
caprino/ovinocultura estar amplamente difundida e adaptada no semiárido, os
produtores têm encontrado dificuldade em formar excedentes comerciáveis que
favoreçam ao acúmulo de capital, sendo que essa produção às vezes não atende
sequer ao próprio sustento (LIMA & BAIARDI, 2000). Os fatores nutricionais,
sanitários ou falta de organização na produção podem ser os principais
limitantes que dificultam a intensificação dessa exploração na região (LEITE
& SIMPLÍCIO, 2002).
Dentre os aspectos sanitários
importantes para a caprino/ovinocultura está o controle e a prevenção do
Lentivirus de pequenos ruminantes (SRLV), vírus da família Retroviridae, formado por dois vírus estreitamente relacionados: o
vírus da Artrite Encefalite Caprina (CAEV) e o Maedi-Visna (MVV) (GOFF, 2006).
Esses vírus infectam células da linhagem monócitos/macrófagos (TIGRE et al.,
2006) e levam a manifestações clínicas de artrite, mamite ou encefalite em
animais jovens (FRANKE, 1998) no caso de CAEV, enquanto a infecção pelo MVV tem
como principal manifestação a pneumonia crônica (MCNEILLY et al., 2008).
Entretanto, quando ocorrem manifestações clínicas, esses sinais se manifestam
normalmente em estágios avançados da doença, facilitando a existência de
portadores sadios que favorecem a disseminação do vírus no rebanho.
Na Bahia, estado com o maior
rebanho de caprinos do país, com mais de 2,1 milhões de animais, e o segundo
maior rebanho de ovinos, com aproximadamente 2,6 milhões de animais (IBGE,
2005), a caprino/ovinocultura merece especial atenção pela importância
socioeconômica, principalmente na região semiárida. Poucos são os dados que
reportam o perfil da produção de caprinos e ovinos na região baiana (SOUZA et
al., 2007; PAMPONET, 2009). As
atividades nessa região carecem, frequentemente, de ações de capacitação,
extensão e educação em saúde animal para limitar fatores causadores de baixos
índices produtivos, principalmente fatores sanitários, como as doenças
progressivas crônicas, que constituem um desafio para o produtor de caprinos e
ovinos, pois um diagnóstico precoce, eficiente e de baixo custo nem sempre está
ao seu alcance. Os estudos realizados na Bahia mostram uma prevalência de 13-20%
de SLVR em rebanhos de cabras leiteiras; entretanto, o diagnóstico laboratorial
ainda é escasso (TIGRE et al., 2006, TORRES et.al., 2009)
Para detecção da infecção
pelo vírus, utiliza-se a Imunodifusão em Ágar Gel (IDGA), recomendado pela OIE
(Organização Internacional de Epizootias) como teste de referência para
detecção de anticorpos contra CAEV e MVV. No entanto, por ser um teste pouco
sensível, pode levar a resultados falso-negativos (TORRES et al., 2009). Por
isso, em paralelo ao uso do IDGA, podem ser utilizados testes mais sensíveis
para detecção de anticorpos como testes de ELISA e o Western Blot. Essas técnicas são utilizadas em países europeus que
possuem programas de erradicação ou de controle da infecção com o
estabelecimento de propriedades livres de SRLV (SYNGE & RITCHIE, 2010)
Este trabalho teve como
objetivo avaliar a infecção pelo SRLV em rebanhos caprinos e ovinos em
territórios de identidade do semiárido baiano (Portal do Sertão, Sisal e Bacia
do Jacuípe), assim como analisar as características do perfil produtivo da
caprino/ovinocultura na região estudada.
Foram escolhidas aleatoriamente
134 propriedades, segundo o cadastro do Programa Nacional de Febre Aftosa para
a Bahia, e delas foram coletadas amostras de sangue de 1046 caprinos e 704
ovinos jovens, de 1 a 4 anos, de ambos os sexos e aparentemente sadios. A
amostragem representava um mínimo de 10% do total de animais cada rebanho. Das
amostras de sangue dos caprinos e ovinos, os soros foram coletados e submetidos
ao teste IDGA para detecção de anticorpos para CAEV (Antígeno CAEV –
IDGA; Biovetech®, Brasil) e
MVV (Antígeno Maedi-Visna – IDGA; Biovetech®,
Brasil), seguindo as indicações do fabricante. Dos 1074 soros caprinos, foram
escolhidos aleatoriamente 755 soros para ser avaliados pela técnica de ELISA
indireto, desenvolvida no laboratório de virologia do ICS-UFBA (TORRES et
al., 2009).
Os soros de caprinos positivos
para ELISA (n=5) foram submetidos à técnica de Western-blot. Brevemente, a
corrida eletroforética de proteínas do antígeno viral obtido de cultura de
membrana sinovial infectada (TORRES et al., 2009) e do antígeno celular obtido de cultura de membrana sinovial sem
infectar (controle negativo) realizou-se em gel de poliacrilamida (SDS-PAGE)
10% e, logo depois, as proteínas foram eletrotransferidas a uma membrana de
nitrocelulose (AMERSHAM PHARMACIA BIOTHEC 0,45µm), utilizando-se uma cuba de transferência com
buffer Glicina 192 mM, Tris 25 mM e Metanol 20%, a 100 volts durante 1 hora.
Uma vez realizada a transferência, a membrana de nitrocelulose foi cortada em
fitas, bloqueadas com uma solução de leite em pó desnatado 5% em PBS e
incubadas, individualmente, com os diferentes soros (1:50 em PBS-Leite 0,5%),
ou anticorpo monoclonal para CAEV (1:10 em PBS-Leite 0,5%), durante toda a
noite, à temperatura ambiente. Logo depois, foram submetidas a três lavagens
com PBS-Tween 20 0,05% e novamente incubadas durante 1 hora a 37°C, com um
anticorpo anti-IgG de cabra (1:500) ou anticorpo anti-IgG de camundongo
(1:1000), conjugado à peroxidase (SIGMA
Co, USA). A revelação foi feita com uma solução com 3’3’ Diaminobenzidine (DAB)
(10mg/10ml) na presença de peróxido de hidrogênio (0,001%).
O perfil socioeconômico da
caprino/ovinocultura foi investigado durante as visitas às fazendas, e os
proprietários foram convidados a responder um questionário acerca do tipo de
exploração, característica do rebanho, aspectos do manejo alimentar e
sanitário, tecnificação, destino da produção, dentre outras questões (Tabelas
2, 3 e 4). Os resultados dos questionários foram analisados por meio de Estatística
Descritiva utilizando-se o programa Statistics
Packing Social Science (SPSS) para Windows 14.0.
O uso do teste de referência IDGA para detecção de
anticorpos para CAEV ou MVV mostrou que a totalidade dos caprinos (n=1046) e
ovinos (n=704) analisados não tinham anticorpos para os dois vírus. Esses
resultados foram similares a outros levantamentos sorológicos realizados em
outras regiões do semiárido baiano utilizando-se IDGA (ALMEIDA et al., 2001;
SOUZA et al., 2007). Entretanto, 5/755 soros caprinos testados pela técnica de
ELISA indireta apresentaram resultado positivo (Tabela 1).
A detecção de soropositivos por
meio do ELISA pode ser compreendida pela maior sensibilidade do teste para
detectar precocemente a infecção como descrito por TORRES et al. (2009). A confirmação da reatividade dos soros positivos
para ELISA foi demonstrada no Western-blot
(Figura 2), em que se observa a reação dos soros contra a proteína viral de 28
kDa, correspondente à proteína mais imunogênica do vírus CAEV (OLIVEIRA et al., 2008). Observou-se também reação contra proteínas de
peso molecular maior, a proteína viral de 36 kDa (produto intermediário de p55gag),
mas como aparentemente também foram observadas no controle celular não infectado, isso pode ser interpretado
como uma reação cruzada com proteínas de
origem celular. A proteína viral p55gag
é um precursor poliproteico que sofre uma clivagem que origina subprodutos como
as proteínas da cápside (CA p28), da matriz (MA p19) e do nucleocapsídeo (NC
p16) (GOFF, 2006).
O questionário aplicado foi
relevante para determinar as características da caprino/ovinocultura nas
propriedades estudadas. A Tabela 2
apresenta algumas dessas características. Nela observamos que a
caprino/ovinocultura da região é predominantemente de tipo familiar em 64,7%,
com uma criação tipo extensiva em 59,8% dos casos. Os resultados revelaram um
baixo nível de tecnificação, com assistência técnica em apenas 38,6% das
propriedades e com uma fraca introdução de inovações tecnológicas, visto que em
somente 7,8% das propriedades houve investimento em equipamentos e máquinas nos
últimos dois anos anteriores à pesquisa.
Segundo SOUZA et al. (2007),
a criação de pequenos ruminantes no Nordeste é historicamente praticada de
forma extensiva, com nível rudimentar de tecnologia, pouca ou nenhuma
assistência técnica, obtendo baixos índices de produtividade, resultando em uma
baixa remuneração ao produtor. O manejo alimentar condiz com esse tipo de
criação já que, como mostrado na Tabela 2, é baseado no pastejo em terras
próprias (99,1% dos casos) sendo relatado o descanso das pastagens em 57% das
propriedades entrevistadas (69/121 propriedades, dado não tabulado). Uma alta
porcentagem de produtores (88,5%) relatou a suplementação alimentar com farelos
de grãos, feno, bagaços etc., e mineral (82,3%) com fósforo, cobre e cobalto.
Essa suplementação compensaria as deficiências nutricionais da vegetação nativa
da caatinga que apresenta uma acentuada redução anual na oferta de forragem
durante as estações de seca (ARAÚJO et al., 2006).
Por outro lado, a análise dos
dados mostra que na caprino/ovinocultura de tipo familiar os rebanhos criados
pelas propriedades são de número pequeno, em sua maioria de 11 a 50 animais,
sendo 43,5% rebanhos de caprinos e 56,6% de ovinos. Na Tabela 3, observam-se os
resultados a respeito das características desses rebanhos. Eles são formados
por animais sem raça definida (SRD) (39,5% das propriedades) ou rebanhos mistos
(39,5% das propriedades), isto é, com animais SRD e de raça.
O predomínio de animais SRD
nos rebanhos está de acordo com o que foi descrito por PINHEIRO et al. (2000), que
afirmam que grande parte do rebanho de caprinos e ovinos do Nordeste é composta
por animais de raças nativas ou SRD. Nas outras propriedades, as raças
encontradas foram predominantemente Boer, Anglo-Nubiano e Saanen em caprinos e
Santa Inês e Dorper em ovinos. Essas raças tem um grande potencial para a
produção de peles de boa qualidade para o mercado de calçados e vestuário
(LEITE & SIMPLICIO, 2002), porém isso não é explorado pelos produtores e
seria uma alternativa comercial para o destino da produção. Além da criação de caprinos e/ou ovinos,
detectou-se também a criação conjunta de bovinos, inclusive das três espécies
juntas, em 65,2% das propriedades. Segundo ARAUJO FILHO (2006), a criação conjunta
de caprinos, ovinos e bovinos é comum no semiárido, mas pode contribuir com a
diminuição da produtividade dos pequenos ruminantes, pois em períodos de
escassez de alimento, os produtores dedicam os recursos primeiro aos bovinos,
depois aos ovinos e por último aos caprinos.
Sobre o manejo reprodutivo
nas propriedades, constatou-se que os reprodutores são obtidos por meio da
compra em 89,1% das propriedades visitadas, obtidos por empréstimo em 5,9% ou
por troca de animais 4,2%. A exigência de documentos sanitários pelos produtores
durante a compra de animais foi confirmada em apenas 15,7% dos casos,
inclusive, os animais comprados não são submetidos a quarentenários, na maioria
das vezes (96%; 116/121 propriedades, dados não tabulados). Na Tabela 3 também
se observa que a monta natural é a forma mais comum de reprodução em 88,4% dos
casos, sem nenhuma época definida de estação de monta. Também foi constatado o
baixo nível tecnológico utilizado na reprodução já que apenas em alguns
rebanhos foi relatado o uso de técnicas reprodutivas como inseminação
artificial (0,8%) ou transferência de embriões (1,7%). Esses resultados são
similares aos de outros trabalhos realizados na região de Juazeiro-BA (SOUZA et
al., 2007), que detectaram a prática da monta natural em torno de 90% das
propriedades pesquisadas. Nesse perfil, os cruzamentos entre os animais ocorrem
em condições inadequadas de idade, peso, ciclo andrológico, período de cio das
fêmeas, assim como a relação macho/fêmea. As características das crias da monta
natural (dados não tabulados) mostraram que são alimentadas por meio do
aleitamento natural (95,7; 112/117 propriedades) com desmame até os 2 meses de
vida (50,7%; 66/130 propriedades). Esse
sistema reprodutivo pouco desenvolvido também se manifesta quando não separa
animais jovens e adultos (Tabela 3) (81%; 98/134 propriedades), ficando os
animais jovens precocemente expostos a infecções decorrentes do contato com os
adultos.
Na Tabela 4, observa-se o
perfil e o destino da produção desses rebanhos. A finalidade das criações é principalmente
para a produção de carne (57,6% dos casos) ou de carne e leite (39,4% das
propriedades). A renda dessas propriedades vem da venda de carne em 59,6% dos
casos, sendo que essa produção também se destina ao consumo pelos próprios
produtores em 78,3% dos casos.
O excedente destina-se
principalmente ao próprio município (82,9%), mas a falta de inserção do caprino/ovinocultor na rede de
comercialização/integração dos mercados faz com que, em apenas 5,4% dos casos,
o produto excedente seja destinado a frigoríficos, sendo que os principais
compradores são os intermediários ou atravessadores (60,9%) e o próprio
mercado local (26,4%).
Essa venda é realizada com animais em pé (vivos) em 90,6% das
propriedades. Os estudos de
PAMPONET (2009) mostram que a caprinocultura é uma atividade importante porque
garante a produção de alimentos e, igualmente, a geração de renda para as
famílias rurais do semiárido baiano. Os dados da comercialização aqui
apresentados revelam um subaproveitamento da produção, observando-se a baixa
diversificação dos produtos. Como alternativas, pode-se citar a venda de couro,
cujos preços nos mercados são atrativos, e de outros produtos com mais alto
valor agregado, tais como embutidos, defumados e carnes com cortes padronizados,
além de leite e seus derivados. Dessa forma, a comercialização rudimentar
contribui para a não inserção da caprino/ovinocultura em mercados mais
rentáveis.
Com relação às práticas de
manejo sanitário (Tabela 5), a pesquisa mostrou resultados variáveis porque muitas
propriedades não responderam o questionário completamente. Dentre as práticas
sanitárias mais comuns, a vermifugação (91,3%) e as vacinações (raiva,
clostridioses: 51,3% das propriedades) foram as mais difundidas. A realização
de exames foi observada em apenas 15,8% das propriedades.
Observa-se uma ausência de
implantação de práticas e/ou instalações (presença de esterqueiras) que
proporcionem a priorização da prevenção de doenças, ao invés de ações
curativas. Entre as doenças mais citadas pelos produtores, destacaram-se
aquelas de habitual ocorrência nos rebanhos do semiárido (OLIVEIRA &
ALBUQUERQUE, 2008), como linfadenite caseosa (71,9%), ectima contagioso (55%) e
ectoparasitoses (47,2%). Em nenhuma propriedade foi citada a ocorrência de SRLV
por parte dos produtores. Isso condiz com a baixa soroprevalência de SRLV
encontrada nas propriedades estudadas. Podem-se relacionar três aspectos do
perfil da caprino/ovinocultura da região que validam os resultados desta
pesquisa. A entrada/disseminação do vírus estaria limitada: pelo sistema de
criação extensivo (com animais criados livres e com pouco contato entre eles),
pela baixa introdução de animais de raça nos rebanhos e pela exploração para
produção de carne, em contraponto à maior ocorrência do SRLV em propriedades
com maior nível de tecnificação, criações de sistema intensivo, com animais de
raça e exploração para produção de leite (SILVA et al., 2005), elementos que
contribuem para a disseminação do vírus no rebanho. Contudo, o que se observa é
que as mesmas características que funcionam como uma barreira para a
entrada/disseminação do vírus nas propriedades estudadas também estão
associadas a um perfil de pouca tecnificação, fortemente presente no semiárido
baiano. Esse perfil tem como principais aspectos o manejo ineficiente, a
nutrição precária, problemas sanitários, baixo potencial genético dos animais e
baixa adoção de tecnologias, o que torna a caprino/ovinocultura uma produção
voltada para a subsistência dos próprios criadores e/ou para o comércio local.
CONCLUSÕES
A baixa ocorrência de
infecção por SRLV nas propriedades estudadas relaciona-se com o perfil
encontrado, pois os animais são criados em sistemas extensivos, sem entrada de
animais de raça, aliado à baixa permanência do animal no rebanho para o próprio
consumo ou venda da carne.
Fundação de amparo à
pesquisa do estado da Bahia (FAPESB) pelo apoio financeiro Edital Semiárido-
0005/2007. A equipe de técnicos e veterinários do setor de caprinos e ovinos da
ADAB que direta ou indiretamente colaboraram no trabalho.
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Protocolado em: 08 mar. 2012. Aceito em: 15 out. 2012.