AMONIZAÇÃO
DO RESÍDUO DA PRODUÇÃO DE SEMENTES DE FORRAGEM NO
DESEMPENHO E BIOMETRIA DE CORDEIROS
Rafael Silvio Bonilha Pinheiro,1 Américo Garcia Silva Sobrinho,2
Gustavo Rezende Siqueira5 e Ernani Nery de Andrade6
1. Doutor em Zootecnia (Produção Animal) da
Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia UNESP, E-mail: rafaelsbp@gmail.com
2. Professor da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP
3. Doutorando em Zootecnia da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, UNESP
4. Doutorando em Zootecnia (Produção Animal) da
Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia UNESP.
RESUMO
Para avaliar o efeito da amonização no resíduo da produção de sementes de Brachiaria brizantha
no desempenho e nas medidas biométricas in vivo de ovinos, foram
utilizados dezenove cordeiros (machos não castrados e
fêmeas) da raça Santa Inês, com peso inicial de
quinze kg, confinados em gaiolas individuais até atingirem 28
kg. Distribuíram-se os animais em dois grupos, recebendo dietas
isoenergéticas e isoproteicas com relação
volumoso:concentrado 40:60, sendo a dieta 1 (D1) constituída de
volumoso não amonizado + inclusão de ureia no concentrado
e D2 com volumoso tratado com inclusão de 2% de ureia na MS +
concentrado sem ureia. O consumo de matéria seca mostrou-se
similar entre as dietas e sexos (0,85 kg/dia, 3,28%/PV e 73,15g/kg0,75/dia),
porém os demais parâmetros de desempenho foram afetados
pelos diferentes sexos dos animais. Não houve
interação entre dieta e sexo nas medidas
biométricas. No entanto, o comprimento corporal foi superior
para fêmeas (66,50 cm) em comparação aos machos
(61,12 cm). Conclui-se que o efeito da amonização no
volumoso da dieta não afeta o desempenho, nem as medidas
biométricas de ovinos terminados em confinamento. Algumas
alterações que ocorrem relacionaram-se ao diferente sexo
dos animais.
PALAVRAS-CHAVES: Ovinos, tratamento químico, ureia, valor nutritivo, volumoso.
ABSTRACT
AMMONIZATION IN THE PRODUCTION RESIDUE OF FODDER SEEDS IN THE PERFORMANCE AND BIOMETRY OF LAMBS
In order to evaluate the effect of ammonization in the production residue of Brachiaria brizantha
seeds in the performance and in vivo biometric measurements of sheep,
19 Santa Inês lambs (females and non-castrated males) were used,
with initial weight of 15kg, confined in individual cages until
reaching 28kg. Animals were arranged into two groups, receiving
isoenergetic and isoproteic diets with 40:60 volumous:concentrate
ratio, being diet 1 (D1) made up with non-treated volumous with urea +
addiction of urea in concentrate and diet 2 (D2) with treated volumous
with addiction of 2% urea in MS + concentrate without urea. Dry matter
consumption was similar between diets and sexes (0.85 kg/day, 3.28%/BW
e 73.15 g/kg0,75/day);
however, the remaining performance parameters were affected by the
different sexes of animals. There was not interaction between diet and
sex in biometric measurements; however, body length was higher for
females (66.50 cm) compared to males (61.12 cm). We conclude that the
effect of ammonization in diet volumous did not affect performance and
biometric measurements of sheep terminated in confinement, being that
some changes occurred due to the different sexes of the animals.
KEY WORDS: Chemical treatment, nutritional value, sheep, urea, volumous.
INTRODUÇÃO
A
alimentação dos ovinos terminados em regime de
confinamento é um fator que onera o processo de
produção de animais destinados para o abate.
Resíduos de culturas anuais e perenes, como o da colheita de
sementes de forrageiras pelo método de varredura, têm sido
utilizados na dieta dos ruminantes, pelo seu baixo preço diante
de outros alimentos utilizados no sistema de produção
animal. No entanto, eles geralmente apresentam baixa qualidade
nutricional, com alto conteúdo de lignina e baixos teores de
carboidratos solúveis e de proteína bruta. FADEL et al.
(2004) descreveram que o tratamento químico com ureia pode ser
uma alternativa capaz de elevar o valor nutritivo de volumosos de baixa
qualidade.
O processo de
amonização provoca alterações
benéficas na fração fibrosa dos volumosos, com a
solubilidade da hemicelulose, resultando em diminuição no
conteúdo de fibra em detergente neutro (PEREIRA et al., 1990). Segundo PAIVA et al.
(1995), a amonização também pode promover a
solubilização da lignina. Outra vantagem da
amonização é a elevação do
conteúdo de nitrogênio, aumentando, assim, a
disponibilidade para os microrganismos ruminais.
A
utilização da ureia no tratamento químico de
volumosos é uma tecnologia simples, de fácil
execução no tratamento de subprodutos da agricultura com
altos teores de fibra, sendo uma prática viável e uma das
alternativas para os pequenos produtores rurais, para aumentar a
qualidade dos alimentos fibrosos a serem fornecidos aos animais. A
utilização de ureia justifica-se como fonte de
amônia pelo seu baixo custo. Segundo estudos realizados por ROSA et al.
(1998) e GRANZIN & DRYDEN (2003), a utilização de
ureia como fonte de amônia tem trazido resultados
satisfatórios quanto à melhora da qualidade de volumosos.
De acordo com ZUNDT et al.
(2006), o ganho de peso é uma variável importante a ser
mensurada, tanto para o desempenho produtivo animal quanto para a
avaliação da eficiência da dieta utilizada. Dentre
os fatores que influenciam o ganho de peso podem ser citadas a
conversão alimentar, a duração do período
de confinamento e a condição sexual dos ovinos. Para
ORSKOV (1990), a quantidade dos alimentos consumidos pelos ruminantes
é determinada pela sua capacidade de metabolizar os nutrientes,
a qual é influenciada pelos hormônios sexuais.
As medidas
biométricas permitem predizer, de maneira prática e
econômica, o estado nutricional do animal e as
características da carcaça. Assinala-se, porém,
que a condição sexual, a raça e a
alimentação podem acarretar influências nas medidas
morfológicas. De acordo com YÁÑEZ et al.
(2004), a compacidade corporal é um índice que estima
objetivamente a conformação dos animais, mostrando que,
quanto maior a relação kg/cm, maior será a
proporção de músculos e gordura no animal.
ROSA et al. (2000), em estudo da composição química do feno de Brachiaria brizantha,
tratado com diferentes proporções de ureia (2%, 4% e 6%
na matéria seca) e de água adicionada (20%, 30% e 40%),
recomendaram, de acordo com os resultados das análises
bromatológicas, a adição de 4% de ureia e 20% de
água no tratamento do feno de Brachiaria. São raros os
estudos na literatura científica que avaliam o efeito da
amonização em resíduos da produção
de sementes de plantas forrageiras, no desempenho de ovinos. Os
trabalhos relacionados com amonização de volumosos, na
sua grande maioria, são realizados para determinar a
composição bromatológica e, também, para
avaliar a digestibilidade in vitro, não avaliando tais efeitos
desse processo (amonização) nos volumosos no desempenho
de ruminante, os quais apresentam importância científica e
prática.
O presente
estudo teve como objetivo avaliar o efeito da amonização
no resíduo da produção de sementes de Brachiaria brizantha
no desempenho e nas medidas biométricas in vivo de cordeiros de
diferentes sexos (machos não castrados e fêmeas) da
raça Santa Inês.
MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho
foi desenvolvido na Faculdade de Ciências Agrárias e
Veterinárias (FCAV) da Unesp, Jaboticabal, SP, no período
de fevereiro a abril de 2005. Utilizaram-se dezenove cordeiros nascidos
de parto simples (nove machos não castrados e dez fêmeas)
da raça Santa Inês, com peso corporal inicial de
aproximadamente quinze kg e com dois meses de idade. Todos os cordeiros
foram identificados individualmente e everminados com
anti-helmíntico antes do início do experimento.
Na fase
experimental, os cordeiros permaneceram em baias individuais de madeira
de 1 m2 com piso ripado e suspenso, equipadas com comedouros
individuais e bebedouros coletivos, durante todo o período do
estudo. As baias foram distribuídas em galpão com piso de
concreto e coberto.
Os animais
foram distribuídos em dois grupos, recebendo dietas
isoenergéticas e isoproteicas, formuladas de acordo com as
exigências descritas pelo AFRC (1995), sendo a dieta 1 (D1)
constituída de volumoso não tratado com ureia +
inclusão de ureia no concentrado, e D2 com volumoso tratado com
inclusão de 2% de ureia na MS + concentrado sem ureia. A
relação volumoso:concentrado foi de 40:60, utilizando-se
como volumoso o resíduo proveniente da colheita de sementes de Brachiaria brizantha
cv. Marandu. Enfardou-se esse material e colocou-se sobre uma lona
plástica preta, que foi fechada após a
aplicação de 2% de ureia na MS diluída em
água e distribuída com auxílio de um regador
plástico, uniformemente sobre os fardos. Após sessenta
dias, retiraram-se as lonas, guardando-se os volumosos amonizado e
não amonizado em um local suspenso e coberto. Após dez
dias desse processo, moeram-se os volumosos em partículas de 1 a
2 cm, para serem fornecidos aos animais.
A ureia
empregada para a amonização do volumoso da D2
também foi utilizada no concentrado da D1, para estudo do efeito
da amonização desse resíduo na dieta, no
desempenho e nas medidas morfológicas in vivo dos animais. A
quantidade de ureia na D1 foi de 0,78% do concentrado. Ajustou-se esse
valor à matéria seca do concentrado e do volumoso (antes
do tratamento com a ureia) e à relação volumoso:
concentrado utilizada na dieta.
Os cordeiros
tiveram dez dias de adaptação às dietas
fornecidas. Logo após, iniciou-se o experimento. Essa
adaptação foi realizada para a inclusão gradativa
da ureia na dieta que não apresentava o volumoso amonizado (nos
três primeiros dias, forneceram-se 33% da quantidade total de
ureia, no sexto dia, 66%, e a partir do décimo dia, 100%) e
também para que os amimais se acostumassem com o local
experimental. Os animais receberam duas refeições
diárias, às 8 e às 16 horas, com controle dos
alimentos oferecidos e pesagem das sobras, para posterior
determinação da ingestão de matéria seca.
Os ovinos foram
pesados no início do experimento e a cada quatorze dias,
até atingirem 28 kg de peso corporal, ocasião em que se
tomaram as seguintes medidas biométricas: comprimento corporal
(distância entre a articulação
cervico-torácica e a base da cauda na primeira
articulação intercoccígea); altura do posterior
(distância entre a tuberosidade sacra, na garupa, e a extremidade
distal do membro posterior); altura do anterior (distância entre
a região da cernelha e a extremidade distal do membro anterior);
perímetro torácico (perímetro tomando como base o
esterno e a cernelha) e conformação do animal
(atribuindo-se uma nota de 0 a 5 ± 0,5), segundo metodologia
descrita por SAÑUDO & SIERRA (1986). Calculou-se o
índice de compacidade corporal a partir da relação
peso corporal em jejum/comprimento corporal.
A
condição corporal foi determinada na
apalpação da região dorsal da coluna vertebral,
logo após a última costela acima da região dos
rins, verificando-se a quantidade de gordura e músculo
encontrada no ângulo formado pelos processos dorsais e
transversos, conforme descrito por RUSSEL (1969). Atribuiu-se uma nota
de 0 a 5 ± 0,5; sendo 0 = animal caquético e 5 = animal
extremamente gordo.
Coletaram-se as
amostras das dietas experimentais a cada quatorze dias, e ao final do
experimento realizou-se uma amostra composta, a qual foi processada
para determinação da matéria seca, da
matéria mineral, da proteína bruta, do extrato
etéreo, da fibra em detergente neutro, da fibra em detergente
ácido e da lignina, conforme metodologias descritas por SILVA
& QUEIROZ (2002). As composições percentual e
bromatológica das dietas experimentais encontram-se na Tabela 1.
A composição bromatológica da palhada de Bachiaria
brizantha amonizada e não amonizada encontra-se na Tabela 2.
O delineamento
experimental foi o inteiramente casualizado em arranjo fatorial (2 x
2), sendo duas dietas (dieta com volumoso amonizado ou não) e
dois sexos (machos não castrados e fêmeas). Os dados deste
experimento são desbalanceados, em função do
número de repetições utilizadas por tratamento
(grupo 1 = quatro machos não castrados e cinco fêmeas;
grupo 2 = cinco machos não castrados e cinco fêmeas).
Desenvolveu-se a análise de variância segundo
procedimentos do programa estatístico Statistical Analysis
System (SAS, 1996), considerando-se o nível de
significância de 5%. Empregou-se o seguinte modelo
estatístico: Yijh = µ + Di + Sj + (DS)ij + Eijh, em que: Yijh = valor observado para a característica analisada; µ = média geral; Ti = efeito da dieta i; Sj = efeito do sexo do animal; (TS)ij = efeito da interação (dieta x sexo); Eijh = erro experimental.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As
médias e os erros-padrão do consumo de matéria
seca dos animais terminados em confinamento que receberam dietas com
volumoso amonizado ou não encontram-se na Tabela 3.
Não
houve interação (P> 0,05) entre dietas e sexos quanto
ao desempenho dos animais. O consumo de matéria seca (kg/dia,
%/PV e g/kg0,75/dia)
foi similar (P> 0,05) entre os animais que receberam a dieta 1 e 2,
com valores médios de 0,85 kg/dia, 3,28%/PV e 73,16 g/kg0,75/dia, respectivamente. NEIVA et al. (1998) não obtiveram diferença de consumo de matéria seca (g/kg0,75/dia)
para bovinos que receberam dietas contendo volumoso amonizado ou
não, o que está de acordo com os resultados obtidos neste
estudo. CARDOSO et al.
(2004), ao avaliarem o desempenho de novilhos que receberam dietas
contendo palha de arroz amonizada ou palha de arroz não
amonizada + inclusão de ureia na dieta, obtiveram valores de
consumo de matéria seca em porcentagem do peso vivo semelhantes
entre as dietas, o que também está de acordo com os
resultados deste estudo.
LOUVANDINI et al.
(2007) verificaram consumo diário de 0,88 kg para cordeiros
confinados da raça Santa Inês que receberam como parte do
concentrado farelo de girassol, valor próximo ao deste estudo,
para as diferentes dietas utilizadas (Tabela 3).
Não houve diferença (P> 0,05) no consumo de matéria seca (kg/dia, %/PV e g/kg0,75/dia) entre os machos não castrados e as fêmeas (0,85 kg/dia, 3,28%/PV e 73,13 g/kg0,75/dia). URANO et al.
(2006), pesquisando o desempenho de cordeiros da raça Santa
Inês confinados alimentados com grãos de soja, obtiveram
consumo de matéria seca (kg/dia) superior ao deste estudo, o que
pode ser atribuído à relação volumoso
concentrado de 10:90, utilizada por esses autores, e ao maior peso
corporal dos cordeiros.
As
médias e os erros-padrão do ganho de peso diário,
da duração do confinamento, da conversão e da
eficiência alimentar dos ovinos terminados em confinamento que
receberam dietas com volumoso amonizado ou não encontram-se na Tabela 4.
O ganho de peso
diário foi superior (P< 0,05) para os cordeiros não
castrados em comparação às cordeiras (Tabela 4.), estando de acordo com os resultados obtidos por FURUSHO-GARCIA et al.
(2000), que, em estudo do desempenho de cordeiros Texel x
Bergamácia, Texel x Santa Inês e Santa Inês puros
terminados em confinamento, obtiveram ganho de peso maior para os
machos (0,23 kg/dia) em relação às fêmeas
(0,17 kg/dia). ORSKOV (1990) relatou que a capacidade de metabolizar os
nutrientes pelos animais é influenciada pelos hormônios
sexuais. De acordo com WYLIE et al.
(1997), a fisiologia de cordeiros não castrados e de cordeiras
é diferente, sendo que os machos apresentam ganho de massa
corporal maior que as fêmeas.
Os ovinos
alimentados com as diferentes dietas não diferiram (P> 0,05)
quanto ao ganho de peso, com valor médio de 0,17 kg/dia,
corroborando com NEIVA et al.
(1998), que, em avaliação do desempenho de bovinos que
receberam diferentes dietas, concluíram que a
amonização do volumoso não melhorou o ganho de
peso dos animais. FURUSHO-GARCIA et al.
(2000) não encontraram diferença no ganho de peso de
cordeiros alimentados com volumoso tratado com 4% de ureia + 1% de
grão de soja moído (0,19 kg/dia) em relação
ao volumoso não tratado (0,19 kg/dia), o que também foi
demonstrado neste estudo.
PINTO et al.
(2005) obtiveram ganho de peso médio diário de 0,14 kg
para cordeiros não castrados da raça Santa Inês,
que receberam 60% de feno de restolho de abacaxi e 40% de concentrado,
valores inferiores ao deste estudo, para ambos os sexos (Tabela 4).
Isso ocorreu, provavelmente, pelo fato de a dieta utilizada por estes
autores ter apresentado 11,10% de proteína bruta, prejudicando,
assim, o ganho de peso dessa categoria animal, tão exigente
nutricionalmente.
O tempo de
duração do confinamento não diferiu (P> 0,05)
entre os animais das diferentes dietas, com valor médio de 73
dias. As fêmeas permaneceram um tempo maior (P< 0,05) no
confinamento que os machos não castrados (77 e 68 dias,
respectivamente). O menor ganho de peso diário das cordeiras, em
relação aos cordeiros não castrados (Tabela 4),
aumenta o seu tempo de confinamento. Vale notar que ambos os sexos
permaneceram até os 28 kg de peso corporal no experimento.
FURUSHO-GARCIA et al. (2004),
em estudo de cordeiros confinados da raça Santa Inês,
observaram que os machos permaneceram menor tempo em regime de
confinamento que as fêmeas, confirmando os resultados obtidos
neste estudo para cordeiros não castrados e cordeiras.
As fêmeas
apresentaram pior (P< 0,01) conversão e eficiência
alimentar (5,32 kg matéria seca/kg de ganho de peso e 0,19 kg de
ganho de peso /kg de MS) que os machos não castrados (4,59 kg
MS/kg GP e 0,22 kg GP/kg MS). Trata-se de fato que está
relacionado à precocidade sexual, em que fêmeas são
mais precoces em deposição de tecido adiposo que os
machos, acarretando, assim, pior conversão e eficiência
alimentar. CASTRO et al.
(2007), avaliando o desempenho de cordeiros não castrados da
raça Santa Inês alimentados com 40% de feno de
maniçoba e 60% de concentrado, constataram conversão
alimentar de 4,38 kg MS/kg GP e eficiência alimentar de 0,23 kg
GP/kg MS, valores esses próximos dos valores dos cordeiros
não castrados deste estudo (Tabela 4).
A
conversão e a eficiência alimentar entre os ovinos que
receberam a dieta com o volumoso amonizado e o não amonizado
foram semelhantes (P> 0,05), com valor médio de 4,95 kg MS/kg
GP e de 0,20 kg GP/kg MS, estando de acordo com os resultados obtidos
por FURUSHO-GARCIA et al.
(2000), que obtiveram conversão alimentar semelhante entre
cordeiros alimentados com volumoso tratado com ureia e não
tratado, com valores médios de 6,31 e 7,12 kg MS/kg GP,
respectivamente. Os resultados dos autores supracitados, para
conversão alimentar, foram superiores ao deste estudo (Tabela 4),
provavelmente pela maior idade dos cordeiros utilizados (com
aproximadamente 180 dias de idade), em relação aos
animais deste estudo (aproximadamente 130 dias).
As medidas
biométricas in vivo dos ovinos terminados em regime de
confinamento, com dietas contendo volumoso amonizado ou não,
encontram-se na Tabela 5.
O comprimento corporal foi próximo (P> 0,05) entre os animais das diferentes dietas estudadas (Tabela 5).
No entanto os machos apresentaram comprimento corporal inferior ao das
fêmeas, com médias de 61,12 e 66,50 cm, respectivamente,
ocasionando maior índice de compacidade corporal para os machos
(0,22 kg/cm) em relação às cordeiras (0,19 kg/cm).
O índice de compacidade corporal foi igual (P> 0,05) para os
ovinos alimentados com as dietas 1 e 2 (Tabela 6). De acordo com o descrito por YÁÑEZ et al.
(2004), a compacidade corporal é um índice que estima
objetivamente a conformação dos animais vivos, sendo que,
quanto maior este índice, maior a proporção de
músculos e gordura no animal.
Não
houve diferença (P> 0,05) na altura do posterior e do
anterior entre os animais que receberam as diferentes dietas (63,55 e
62,22 cm), assim como dos diferentes sexos (63,56 e 62,22 cm). HOMEM
Jr. et al. (2007) obtiveram
valor médio para altura do anterior de 54,83 cm em cordeiras 7/8
Ile de France 1/8 Ideal que receberam 50% de volumoso e 50% de
concentrado, valores inferiores ao deste estudo para as fêmeas,
provavelmente pelo diferente genótipo utilizado.
O
perímetro torácico foi semelhante (P> 0,05) entre os
cordeiros não castrados e as fêmeas, com valor
médio de 66,71 cm, e também (P> 0,05) entre os animais
que receberam dieta com volumoso amonizado ou não (Tabela 5). Valores superiores ao deste estudo para o perímetro torácico foram obtidos por HOMEM Jr. et al. (2007) em cordeiras confinadas.
A
conformação, a condição corporal e o
índice de compacidade corporal dos cordeiros (machos não
castrados e fêmeas) terminados em regime de confinamento, com
dietas contendo volumoso amonizado ou não, encontram-se na Tabela 6.
A
conformação e a condição corporal foram
similares (P> 0,05) para os cordeiros não castrados e para as
cordeiras, com valores médios de 3,75 e 3,67 cm,
respectivamente. AZEREDO et al.
(2006) relataram valores inferiores ao deste estudo para
conformação, condição corporal e
compacidade corporal em cordeiros não castrados com idade
próxima aos cordeiros deste trabalho, provavelmente pelo fato de
os autores terem criado os animais em regime de pasto. A dieta
não promoveu alteração (P> 0,05) na
condição corporal e na conformação dos
ovinos deste estudo, com valores médios de 3,65 e 3,74,
respectivamente.
CONCLUSÃO
A dieta com o resíduo da produção de sementes de Brachiaria brizantha
amonizado não promove melhora no desempenho dos animais e
também não altera as medidas morfológicas
realizadas in vivo.
Os cordeiros
não castrados apresentam melhor conversão alimentar e
eficiência alimentar que as fêmeas e, consequentemente,
maior ganho de peso diário e menor tempo em regime de
confinamento. Portanto, para o abate é mais recomendada a
utilização de cordeiros não castrados do que
cordeiras.
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Protocolado em: 6 ago. 2007. Aceito em: 28 abr. 2009.