DOI: 10.5216/cab.v13i3.14425
CRESCIMENTO, COMPORTAMENTO INGESTIVO E DESEMPENHO REPRODUTIVO DE NOVILHAS
MESTIÇAS HOLANDÊS X ZEBU, EM PASTEJO, SUBMETIDAS À SUPLEMENTAÇÃO PROTÉICA
DURANTE A ÉPOCA DAS ÁGUAS
Ricardo Dias Signoretti*1, Maria Fernanda Soares Queiroz2,
Telma Teresinha Berchielli3, Anita Schmidek1,
Elisa Marcela De Oliveira4, Vanessa Dib4
1 Pesquisador Científico – APTA Regional Alta Mogiana, Colina, SP, Brasil.
- signoretti@apta.sp.gov.br.
2 ProfessoraDoutora daUniversidade Federal da Paraíba, Bananeiras, PB, Brasil.
3 ProfessoraDoutora
da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias/UNESP, Jaboticabal, SP,
Brasil.
4 Pós – graduando em Zootecnia, da Faculdade de Ciências Agrárias
e Veterinárias/UNESP, Jaboticabal, SP, Brasil
RESUMO
Objetivou-se avaliar o efeito da suplementação proteica, na época das
águas, sobre o desenvolvimento corporal, o comportamento ingestivo e o
desempenho reprodutivo de novilhas mestiças Gir x Holandês, com idade média de
21 ± 4,1 meses e peso corporal (PC) médio inicial de 296,7 ± 57,3 kg,
distribuídas em delineamento inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e
seis repetições por tratamento. As novilhas permaneceram em pastagem de Brachiaria
brizantha cv. Marandu, manejada em sistema de pastejo intermitente e, como
tratamento, utilizou-se suplementação com concentrado proteico (34%, 43%, 56% e
66% de PB) e nível de fornecimento 0,30% do PC.
Os animais foram pesados e o PC médio do lote usado para os cálculos de
ajuste na quantidade de concentrado oferecido. As novilhas foram inseminadas aos 330,0 kg de PC e
decorridos 45 dias da inseminação foi realizado o diagnóstico de gestação para
o cálculo da taxa de gestação e idade à concepção. Não houve diferença dos
níveis de PB sobre o comportamento de pastejo e na permanência no cocho, no
desempenho reprodutivo e na idade à concepção de novilhas leiteiras em pastejo.
O ganho médio diário de PC e a idade à
concepção foram, em média, 0,907 kg/animal e 24,03 meses, respectivamente.
PALAVRAS-CHAVE: ganho de peso; pastejo;
recria de novilhas; suplementação; taxa de gestação.
GROWTH,
INGESTIVE BEHAVIOR AND REPRODUCTIVE PERFORMANCE OF CROSSBRED HOLSTEIN X ZEBU
HEIFERS IN GRAZING, SUBMITTED TO PROTEIN SUPPLEMENTATION DURING THE RAINY
SEASON
ABSTRACT
The
objective of this study was to evaluate the effect of supplemental protein
during the rainy season on body growth, ingestive behavior and reproductive performance of crossbred Gir x Holstein dairy
heifers, with mean age of 21 ± 4.1 months and average initial body weight of
296.7 ± 57.3 kg, distributed in a completely randomized design with four
treatments and six replicates per treatment. Heifers remained on Brachiaria brizantha cv. Marandu pasture,
managed according to a rotational grazing system and, as treatment, it was supplemented
with protein concentrate (34%, 43%, 56% and 66% BW) and level of supply of
0.30% body weight (BW). The animals were weighed and the mean weight of the lot
was used for the calculation of adjustment of the amount of concentrate offered.
Heifers that reached 330.0 kg of live weight were artificially inseminated and,
45 days after insemination, pregnancy diagnosis was performed for the
calculation of pregnancy rate and age at conception. No significant difference
of protein levels was observed on grazing, eating behavior, productive performance
and age at conception
of dairy heifers on pasture. The average daily weight gain of BW and age at
conception were, on average, 0.907 kg / animal and 24.03 months, respectively.
KEYWORDS: grazing;
heifers rearing; pregnancy rate; supplementation; weight gain.
INTRODUÇÃO
A baixa produtividade nos sistemas de produção de leite no Brasil é
atribuída a diferentes falhas no processo de criação e dentre as principais
encontra-se o baixo nível nutricional utilizado na recria de novilhas de
substituição e, consequentemente, a baixa eficiência produtiva e reprodutiva
desses animais. Portanto, os produtores precisam rever esse procedimento e
estabelecer planejamento criterioso, com metas e objetivos definidos, visto que
a evolução genética do rebanho, a redução da idade ao primeiro parto, o aumento
da vida útil produtiva e a manutenção de uma produção mais uniforme dependem da
substituição anual de vacas com problemas de qualquer natureza por animais
jovens, saudáveis e de potencial mais elevado, o que contribui para a
diminuição do custo de produção na atividade leiteira (CAMPOS & LIZIEIRE, 2005).
Nos sistemas de produção de bovinos em pastagens tropicais no Brasil
Central, na prática, o ano é dividido em estação das águas e estação seca. Nessas
estações ocorrem modificações que determinam diferenças na oferta quantitativa
e qualitativa de forragem e, consequentemente, no desempenho animal que varia
entre as estações, assim como nas estratégias de suplementação a serem adotadas
(SANTOS et al., 2009).
A concentração de proteína bruta do pasto é um dos fatores que mais
limita o crescimento de novilhas leiteiras mantidas em pastagens tropicais. O
fornecimento adicional de N (proteína verdadeira e ou nitrogênio não proteico)
para animais consumindo forragens de baixa qualidade favorece o crescimento das
bactérias fibrolíticas, aumenta o consumo de matéria seca, a digestibilidade da
forragem e a síntese da proteína microbiana (MALAFAIA et al., 2003).
Durante a época das águas, em pastagens razoavelmente bem manejadas, o
teor de proteína bruta (PB) das forrageiras é normalmente superior a 7% da
matéria seca. Em sistemas intensivos em pastagens de Brachiaria brizantha cv. Maradu, bem manejadas, os teores de PB da
forragem ingerida pelo animal podem variar entre 12,5 a 15% de PB (VELASQUEZ et
al., 2009).
Desse modo, na época das águas, frequentemente, o teor energético da
forragem torna-se o maior limitante nutricional para o aumento do desempenho
animal, principalmente na recria de novilhas leiteiras, sendo que a
suplementação energética permite melhor sincronia entre a degradação de
proteína e energia pelos microrganismos do rúmen, resultando, assim, em maior
fermentação ruminal de carboidratos e maior produção de proteína microbiana. O
resultado final é o maior aporte de energia e de proteína para os animais
(SANTOS, et al., 2009).
No entanto, a suplementação com apenas fontes energéticas não eliminaria
as deficiências energéticas e proteicas, pois pode não atender de forma
satisfatória às exigências proteicas dos animais. Por outro lado, tanto a
deficiência de energia quanto a de proteína podem ser eliminadas somente com a
correção da deficiência proteica (MORAES et al., 2006).
Além disso, o conhecimento dos mecanismos do processo de pastejo é
importante para entender o controle do consumo pelos animais, permitindo,
assim, otimizar seu desempenho. Há vários fatores que podem interferir nas
atividades diárias dos animais em pastejo, como características da pastagem,
manejo, condições climáticas e atividade dos animais em grupo. Esses fatores
podem proporcionar alterações no tempo de pastejo ou consumo de forragem,
afetando o desempenho animal e, consequentemente, a eficiência do sistema
produtivo (BREMM et al., 2005).
Quando os animais são suplementados, novas variáveis interferem no
consumo de nutrientes e estão associadas às relações de substituição de forragem
por suplemento ou à adição no consumo total de matéria seca, que mudam conforme
as características da base forrageira e do suplemento (HODGSON, 1990). Segundo
POMPEU et al. (2009), o uso de suplementação proteica para ruminantes a pasto
pode influenciar na produção e no comportamento animal por alterar o consumo da
forragem, provocando mudanças nos hábitos comportamentais do animal (pastejo,
ruminação, ócio e outras atividades), influenciando o seu desempenho.
Assim, a suplementação na época das águas pode ser uma tecnologia que
permite aumentar o desempenho dos animais e a capacidade de suporte da
pastagem, reduzindo ainda mais a idade de abate ou a da primeira cria. Contudo,
as características nutricionais do suplemento vão depender da quantidade e da qualidade
da forragem ofertada, que varia muito nessa época, em função da adubação, do
manejo adotado, das características físicas e químicas do solo, da espécie
forrageira, das condições climáticas, entre outros. Em razão disso, nessa época
do ano há grandes variações no valor nutritivo da forragem. Assim, pode-se
inferir que as características nutricionais e as quantidades dos suplementos
fornecidos nesse período não deverão ser as mesmas em toda a estação (REIS et
al., 2009).
Durante o ano, existe a estação mais seca na qual o baixo teor de
proteína é fator limitante. Grande parte das pesquisas concentra informações
sobre a suplementação proteica nesse período. No entanto, são poucas são as
informações sobre a suplementação proteica para novilhas leiteiras durante a
época das águas.
Portanto, objetivou-se com este trabalho avaliar o desempenho produtivo e
reprodutivo, além do comportamento ingestivo de novilhas leiteiras
suplementadas com concentrado com níveis crescentes de proteína, na época das
águas, buscando-se antecipar a entrada dos animais em sua fase produtiva.
MATERIAL
E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na unidade de pesquisa do Polo Regional de
Desenvolvimento Tecnológico dos Agronegócios da Alta Mogiana (PRDTA – Alta
Mogiana), em Colina – SP, órgão da Agência Paulista de Tecnologia dos
agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São
Paulo, localizado na latitude de 20º 43' 05" S e longitude 48º 32'
38" W.
A precipitação e as temperaturas mínima e máxima, em média, durante o
período experimental (21/11/2007 a 14/02/2008) foram de 581,1 mm, 30,2°C e
19,2°C, respectivamente.
A área experimental, de 7,28 ha, foi formada com a forrageira Brachiaria brizantha (Hochst. ex. A.
Rich.) Stapf. cv. Marandu, posteriormente subdividida em quatro módulos de
pastejo com área de 1,82 ha. Cada módulo apresentava seis piquetes que foram
manejados sob o método de lotação intermitente, além da área central com 2.800
m², contendo bebedouro, cocho para suplemento proteico-energético (60 cm linear
por animal) e sombreamento artificial de 40 m² tipo sombrite (70%).
Foram utilizadas 24 novilhas mestiças Gir x Holandês com idade inicial de
21 ± 4,1 meses e peso corporal de 296,7 ± 57,3 kg, selecionadas em função do
peso. No início da fase experimental, os animais foram pesados, identificados
individualmente por meio de brincos plásticos, vermifugados e submetidos a sete
dias de adaptação ao ambiente criatório.
Os animais foram manejados em sistema de pastejo intermitente, com sete
dias de ocupação e 35 dias de descanso em cada piquete, perfazendo ciclos de
pastejo de 42 dias. Ao final de cada ciclo, os animais foram pesados pela
manhã.
Os tratamentos consistiram de animais recebendo suplemento para ingestão
de 0,30% do peso corporal (PC), com diferentes níveis de proteína (34%, 43%,
56% e 66%, na matéria seca), e formulado utilizando-se milho, farelo de soja,
ureia+sulfato de amônio (9:1) e mistura mineral. Os suplementos foram
oferecidos diariamente pela manhã e o ajuste da quantidade fornecida realizada
ao final de cada ciclo de pastejo. Na Tabela 1 constam as proporções dos
ingredientes utilizados na formulação bem como a composição nutricional média.
Os suplementos foram oferecidos diariamente pela manhã e o ajuste da quantidade
fornecida realizada ao final de cada ciclo de pastejo baseado no peso médio do
lote de animais.
De acordo com a
disponibilidade de matéria seca (MS) de pasto e o peso médio dos animais,
determinou-se a oferta de matéria seca e preconizou-se trabalhar com oferta de
12 kg de MS/100 kg PC.
A massa de forragem foi
determinada utilizando-se o método direto de amostragem com quadrado metálico
de 1,0 x 1,0 m lançado ao acaso e todo o material do local demarcado pelo mesmo
foi cortado rente ao solo. Cinco amostras por piquete foram coletadas em todos
os módulos, sendo posteriormente pesadas e suas médias calculadas para
determinar a massa de forragem disponível na matéria natural. Para cada módulo,
foi feita uma composta das amostras coletadas, secas em estufa de ventilação
forçada a 65ºC por 72 h e moídas em moinho de faca utilizando-se peneira com
crivos de 1,0 mm na malha.
As avaliações das
características do pasto (módulos) foram realizadas a cada 14 dias. O critério
utilizado foi avaliar os piquetes ímpares no primeiro ciclo de pastejo e depois
os pares de cada módulo de pastejo, sucessivamente. Durante as coletas, também
foi avaliada a altura do dossel forrageiro na entrada e saída dos animais com
auxílio de régua graduada (cm). Os teores de matéria seca (MS), proteína bruta
(PB) e cinzas (MM) foram determinados conforme a metodologia descrita por SILVA
& QUEIROZ (2002) e os teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em
detergente ácido (FDA) foram avaliados pelo método sequencial descrito por
ROBERTSON e VAN SOEST (1981), com as amostras submetidas à digestão em solução
de detergente por 40 min em autoclave a 111ºC e 0,5 atm (DESCHAMPS, 1999). A
percentagem dos nutrientes digestíveis totais (NDT) do suplemento foi obtida
pela equação proposta por CAPELLE (2001), em que: NDT = 91,0246 – (0,571588 x
FDN).
As avaliações das
características do pasto (módulos) foram realizadas a cada 14 dias. O critério
utilizado foi avaliar os piquetes ímpares no primeiro ciclo de pastejo e depois
os pares de cada módulo de pastejo, sucessivamente. Durante as coletas, também
foi avaliada a altura do dossel forrageiro na entrada e saída dos animais com
auxílio de régua graduada (cm). Os teores de matéria seca (MS), proteína bruta
(PB) e cinzas (MM) foram determinados conforme a metodologia descrita por SILVA
& QUEIROZ (2002) e os teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em
detergente ácido (FDA) foram avaliados pelo método sequencial descrito por
ROBERTSON e VAN SOEST (1981), com as amostras submetidas à digestão em solução
de detergente por 40 min em autoclave a 111ºC e 0,5 atm (DESCHAMPS, 1999). A
percentagem dos nutrientes digestíveis totais (NDT) do suplemento foi obtida
pela equação proposta por CAPELLE (2001), em que: NDT = 91,0246 – (0,571588 x
FDN).
O período experimental teve duração de 84
dias, divididos em dois períodos (21/11/2007 a 14/02/2008), nos quais foram
feitas as repetições das avaliações de pesagem e, quando as novilhas atingiram
330 quilos de peso vivo, foram inseminadas artificialmente. Para tanto, foi
realizada diariamente a detecção do cio, durante uma hora de manhã e uma hora à
tarde. Decorridos 45 dias da inseminação, foi realizado o diagnóstico de
gestação para o cálculo da taxa de prenhez.
O comportamento ingestivo
diurno das novilhas foi avaliado na época das águas, por quatro observadores
treinados, em três períodos de observações, sempre no 1° dia de ocupação em
cada piquete. Os observadores registraram os comportamentos de pastejar,
ruminar, permanecer em ócio e comer no cocho, sendo os dados coletados de forma
direta e registrados no tempo, com amostragem instantânea e focal, em
intervalos de 10 minutos (BÜRGER et al., 2000).
As variáveis relativas ao comportamento
ingestivo foram analisadas pelo método dos quadrados mínimos, utilizando-se o
procedimento de modelo linear generalizado e o procedimento GLM do SAS 8.0
(1999), em modelo que considerou os níveis de PB (34, 43, 56 ou 66%), data da
observação (três dias), observador (quatro observadores), e o nível de 5% de
significância.
As variáveis relativas ao
ganho de peso e idade à concepção foram submetidas à análise da variância,
considerando os efeitos de ciclo de pastejo e de tratamento, utilizando-se o
procedimento GLM do SAS 8.0 (1999) e o nível de 5% de significância.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise da composição químico-bromatológica
da forragem, das amostras compostas de planta inteira, nos diferentes
tratamentos, mostraram que os teores médios de MS, cinzas, PB, FDN e FDA,
durante a época das águas, foram de 26,1%, 7,3%, 6,7%, 76,0% e 39,8%,
respectivamente. ALMEIDA et al. (2002) observaram teor de PB e de FDN do pasto
durante a época das águas de 9,7% e
73,8%, respectivamente, valores de composição nutricional melhores aos
encontrados no presente estudo.
Pode-se observar que o capim Brachiaria brizantha cv. Marandu
apresentou produção elevada de massa seca total de forragem durante o período
experimental, com média de 5.614 kg/ha nos diferentes tratamentos, devido à boa
disponibilidade de água e às altas temperaturas no período, favoráveis ao
crescimento vegetativo da planta (Tabela 2).
Segundo os dados obtidos
(
Tabela 2) no período experimental, foram observados valores de MST acima do
limite de 2.000 kg/ha, que representa a quantidade mínima para não restringir o
consumo de forragem, conforme descrito por MINSON (1990). No entanto, EUCLIDES
et al. (1998) sugerem que a massa seca total deve estar acima de 2.500 kg/ha,
uma vez que nas gramíneas de clima tropical ocorre a presença significativa de
colmo e material morto no dossel forrageiro que influenciam no consumo da
forragem.
Com base nos dados de oferta
de forragem apresentados na
Tabela 2, observam-se valores altos, em média de
12,56 kg de MS/100 kg de PC, o que provavelmente não limitou o consumo de
forragem pela quantidade oferecida aos animais.
GOMIDE et al. (2001)
constataram, em trabalhos com diferentes espécies forrageiras, maior consumo de
forragem sob oferta na faixa de 4-6% do peso corporal. No entanto, segundo
HODGSON (1990), ofertas diárias de matéria seca entre 10 a 12% do peso corporal
permitiriam máximo desempenho individual de animais em pastejo.
Os valores do consumo diário
de concentrado proteico das novilhas em fase de recria, suplementadas e
mantidas em pasto foi, em média, de 1,012; 1,002; 0,998 e 1,010 kg/animal para
concentrados com 34; 43; 56 e 66% de PB, respectivamente. Essas quantidades de
concentrado forneceram aos animais 344; 431; 559 e 667 gramas de proteína por
dia, respectivamente. Vale ressaltar que o aporte de proteína oriundo do pasto
não foi considerado neste caso. Esses valores são inferiores ao recomendado
pelo NRC (2001) para novilhas com peso corporal de 300 kg e com ganho de 0,800
kg/dia, em que a exigência de proteína é de 887 g/animal/dia.
Conforme apresentado na
Tabela
3, os teores de proteína bruta nos concentrados não afetaram (P>0,05) o
desempenho produtivo nem a idade à concepção de novilhas leiteiras manejadas
sob o método de lotação intermitente em
B.
Brizantha cv. Marandu na época das águas.
Vale ressaltar que houve
efeito (P=0,0575) dos concentrados sobre o GMD e, mesmo a oferta de forragem
sendo menor (
Tabela 2), o desempenho das novilhas que receberam concentrado com
66% de PB (em % MS) foi melhor que o daquelas que receberam concentrado com
34%, 43% e 56% de PB, respectivamente.
Além disso, o teor médio de
6,7% de PB da forragem (planta inteira) pode limitar o desempenho de novilhas
leiteiras nessa faixa de peso. Neste estudo, o fornecimento de 0,3% do PV de
concentrados proteicos promoveu ganhos médios superiores a 0,800 kg/animal/dia,
mostrando que mesmo na época das águas é importante a adequação proteica da
dieta quando se busca maior incremento no desenvolvimento dos animais e também
na capacidade de suporte da pastagem.
MCCOLLUM III & HORN
(l989) afirmaram que os suplementos proteicos, geralmente, aumentam o
desempenho animal em pastagens e, quando a mesma contém menos de 7% de
proteína, o nitrogênio suplementar fornecido aos microorganismos aumenta a síntese
proteica e a taxa de digestão, assim como a proteína que passa pelo rúmen sem
ser degradada também é importante. O maior fluxo de proteínas melhora a
eficiência da utilização da energia, em nível de tecido, pelo fornecimento de
aminoácidos deficientes, provendo substratos glicogênicos e também melhorando o
N ruminal por intermédio da reciclagem do nitrogênio.
REIS et al. (2009)
enfatizaram o efeito sinergístico da suplementação em melhorar tanto o ganho de
peso dos animais quanto a lotação das pastagens. Nesses termos, a suplementação
da dieta dos bovinos em pastagem visa a adicionar nutrientes deficientes na
forragem, relacionando-os com a exigência dos animais, o que propicia aumento
da taxa de lotação, sem diminuir o ganho por animal. Além disso, representa
forma de otimizar o desempenho animal em pastejo, por meio de estímulo da
atividade microbiana ruminal.
A idade à concepção, neste
trabalho, foi em média de 24,03 meses (Tabela
3) e, provavelmente, a idade ao
primeiro parto, aos 33 meses. Vale salientar que a taxa de prenhez observada,
considerando-se os animais que atingiram 330,0 kg de PC, foi de
100% nos animais que receberam os diferentes concentrados proteicos.
RUAS et al. (2007) verificaram,
em novilhas mestiças Holandês x Gir, recriadas a pasto e suplementadas na seca,
idade média à concepção de 24,10 meses e idade média ao parto de 33,60 meses
durante o ano (período das águas e seca).
Em sistemas de criação de
novilhas leiteiras, devemos fazer com que os animais alcancem a puberdade com
14 a 16 meses de idade, com peso médio de 350 kg (raças grandes), 330 kg (raças
médias) e 250 kg (raças pequenas), idade ao parto de 24 a 27 meses com peso
médio de 500 a 550 kg (raças grandes), 480 a 520 kg (raças médias) e 400 a 450
kg (raças pequenas), pois, com essas proporções, as novilhas de primeira cria
mostrarão menos propensão a partos distócicos e terão condições de enfrentar a
lactação sem desgaste físico acentuado, além de maior vida útil produtiva
(FARIA, 1991).
Geralmente, novilhas mestiças Holandês x Zebu atingem a puberdade mais
tardiamente do que as da raça holandesa e são acasaladas apenas após os 20
meses de idade, com peso corporal acima de 340 kg; consequentemente,
idade ao primeiro parto entre 30 e 35 meses e peso vivo de 450 kg tem sido observada em
fêmeas F1 (RUAS et al., 2007).
Com relação ao comportamento ingestivo diurno, como era o
esperado, o observador não influenciou nenhum dos comportamentos considerados
(P>0,05), indicando boa aferição entre os observadores.
Não houve diferença significativa dos teores de proteínas
sobre o comportamento de pastejo (Tabela 4). Resultado semelhante foi observado
por SILVA et al. (2005), avaliando o comportamento ingestivo de novilhas
leiteiras recebendo diferentes níveis de suplemento.
Verificaram-se maior tempo em
ruminação e menor tempo em ócio nos animais que receberam teores intermediários
de proteína (P<0,05), resultados que se encontram na
Tabela 4.
PARDO et al. (2003) verificaram menores tempos de descanso
para animais não suplementados. Esses mesmos autores deduzem que tal
comportamento acontece em decorrência de um menor tempo de pastejo, devido ao
provável menor consumo da forragem pelos animais suplementados, sobretudo nos
níveis mais elevados de suplementação. SILVA et al. (2005) não encontraram
efeitos de níveis de suplementação (0,25; 0,50; 0,75 ou 1% do PV) no tempo em
ruminação, embora tenham identificado aumento linear no tempo em ócio com o
aumento do nível de suplementação.
Não foi verificada influência do teor de proteína no tempo
de permanência no cocho (P>0,05). SILVA et al. (2005) verificaram que o
tempo comendo no cocho aumentou linearmente em função do aumento dos níveis de
suplementação, fato que não foi visto neste trabalho. A ausência de variação
nesse comportamento provavelmente se deve ao fato de que, no fornecimento de
suplemento, considerou-se a mesma quantidade em relação ao PV (0,3%), indicando
que os níveis de proteína considerados não interferem na ingestão do
suplemento.
O dia de observação interferiu no tempo de pastejo e
ruminação (P>0,05). FISCHER et al. (1998) já verificaram a existência de
diferenças entre indivíduos quanto à duração e à repartição das atividades de
ingestão e ruminação, que parecem estar relacionadas ao apetite dos animais, às
diferenças anatômicas e ao suprimento das exigências proteicas dos animais. Ao
que tudo indica, esse fato também ocorreu no presente estudo, visto que os
animais, apesar de pertencerem ao mesmo grupo genético, apresentam variações
morfológicas e possivelmente comportamentais.
CONCLUSÕES
A suplementação com concentrados
proteicos não afetou o desempenho produtivo, a idade à concepção e o
comportamento ingestivo de novilhas leiteiras em pastejo, na época das águas.
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Protocolado em: 20
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