RENDIMENTO FORRAGEIRO E COMPOSIÇÃO BROMATOLÓGICA DE MILHETO SOB ADUBAÇÃO
NITROGENADA
Alzira
Gabriela Da Silva1, Oscar Lopes De Farias Júnior1, Aldi
Fernandes De Souza França2, Eliane Sayuri Miyagi2,
Leonardo Cândido Rios3, Carlos Garcia De Moraes Filho3,
Jorge Luís Ferreira1
RESUMO
Realizou-se
um experimento com milheto (Pennisetum glaucum) cv. ADR-300 sob doses de
nitrogênio (0, 50, 100 e
FORAGE
YIELD AND CHEMICAL COMPOSITION OF PEARL MILLET UNDER NITROGEN FERTILIZATION
ABSTRACT
INTRODUÇÃO
É de fácil implantação e
manejo e destaca-se em função de suas características fisiológicas, pois se
adapta aos mais variados ambientes, tipos de clima e solo, sendo que uma de suas
peculiaridades é apresentar uma alta resistência ao estresse hídrico, além de
se adaptar aos solos ácidos, os quais são extremamente limitantes para o
cultivo do milho e do sorgo. Essa espécie é indicada como forrageira para
sucessão ao cultivo de verão, a chamada safrinha, nas regiões subtropical e
tropical do Brasil. O cultivo do milheto tem se expandido de forma acelerada
devido à sua rusticidade, ao crescimento rápido, à adaptação a solos de baixa
fertilidade e à excelente capacidade de produção de biomassa vegetal (SALTON
& KICHEL, 1998).
Tais características
contribuíram para que a cultura se tornasse uma espécie promissora para as
condições do cerrado brasileiro, favorecendo sua utilização na região
Centro-Oeste, que abriga 44% do rebanho bovino nacional, podendo ser usado sob
pastejo, produção de grãos, feno e de silagem em sistemas intensivos. Segundo
ANDRADE & ANDRADE (1982), o milheto é uma excelente alternativa para a produção
de silagem, pois apresenta grão de baixo custo e boa qualidade. Suas características
agronômicas e nutritivas o qualificam como possível substituto energético na
alimentação animal (RIBEIRO et al., 2004). De acordo com NETTO (1998), o grão
possui de
No Brasil, a cultura é uma
excelente opção para a produção de palha com o propósito de ser utilizada para
cobertura morta de solos no sistema de plantio direto, sendo fundamental na
implantação e desenvolvimento desse sistema de produção no Cerrado (LANDERS,
1994). Em regiões semi-áridas, a palhada é usada como volumoso para ruminantes
e geralmente apresenta mais de 7% de PB (YOUNGQUIST et al., 1990).
A fertilidade do solo
desempenha um papel importante no desenvolvimento das plantas, na sua
produtividade e na concentração de nutrientes em suas folhas (BRAZ et al.,
2004). A produção e a composição química da matéria seca do milheto são alteradas
com a fertilização nitrogenada (ROBINSON,1991; KUMAR et al.,1995), a época e
altura de corte e variações típicas de cada cultivar. O nitrogênio é o fator
que mais limita a produção de forragem em ecossistemas de pastagens do mundo e,
quando utilizado corretamente, promove o rápido aumento de matéria seca. Nesse
sentido, HART & BURTON (1965) afirmaram que, dentro de certos limites, ao
ser adicionado ao solo, o N promove aumentos no rendimento de massa seca e no
teor de proteína bruta na cultura de milheto. Esses mesmos autores observaram
resposta linear na produção de massa seca da cultivar Gahi quando foram
aplicadas doses de
HERINGER & MOOJEN (2002)
observaram que a produção de matéria seca do milheto respondeu de forma
quadrática às doses de nitrogênio, sendo a máxima resposta obtida quando aplicaram-se
464 kg/ha de N; contudo, ressaltaram que os níveis de adubação nitrogenada
aumentaram os teores de proteína bruta de todas as frações da planta no dossel
da pastagem, mas tiveram pouco efeito sobre a digestibilidade in vitro
da matéria orgânica. BRAZ et al. (2004) avaliaram o acúmulo de nutrientes no
limbo foliar do milheto cv BN-2 na região Centro-Oeste e observaram que o
máximo de acumulação ocorreu no intervalo de
No que se refere ao manejo
das plantas forrageiras, um dos fatores que influencia na produção e no vigor
de rebrota do milheto é a altura residual utilizada no momento da colheita. Com
relação à altura de corte para o milheto, KOLLET et al. (2006) relataram que
rebrotas sucessivas e uma boa produção de massa seca ocorrem quando os cortes
são efetuados entre 0,06 e
Diante desse contexto,
objetivou–se através deste trabalho avaliar o rendimento forrageiro e a
composição bromatológica do milheto cv ADR- 300, sob doses de nitrogênio em
duas alturas de corte, nas condições do município de Goiânia, GO.
O clima predominante, segundo
a classificação de KÖPPEN (1948), é do tipo Aw (quente e semi-úmido, com
estação seca bem definida dos meses de maio a outubro). O mês de junho
apresenta a menor média de temperatura mínima do ar (14,0ºC), enquanto a maior
média da temperatura do ar, no mês de setembro, é de 31,3ºC. A temperatura
média anual é de 23,2ºC, com média numérica anual de 17,9ºC, a precipitação
média anual é de
Utilizou-se o milheto
forrageiro cv. ADR- 300. Os tratamentos foram constituídos por quatro doses de
N (0; 50; 100 e 150 kg.ha-¹), sob forma de sulfato de amônio, e três cortes
realizados em duas alturas de corte (0,20 e
A semeadura manual foi
realizada em 16/01/2007, empregando-se uma taxa de semeadura de 20 sementes
puras e viáveis (SPV) por metro linear. As adubações potássica e nitrogenada de
cobertura foram realizadas aos dez dias após a emergência, aplicando-se
Para fins de avaliação, foram
tomadas as duas fileiras centrais, eliminando-se
Após cada corte, o material
foi identificado, encaminhado para o laboratório, pesado e, em seguida, uma
sub-amostra de aproximadamente 500 g foi tomada e levada à estufa de ventilação
forçada, durante 72 horas, à temperatura
Foram determinados a produção
de massa seca (PMS) e os teores de matéria seca (MS) e proteína bruta (PB), de
acordo com metodologia descrita por SILVA & QUEIROZ (2002). As
determinações de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido
(FDA) foram realizadas segundo VAN SOEST (1994). As análises foram realizadas
no Laboratório de Nutrição Animal da Escola de Veterinária da Universidade
Federal de Goiás.
Os resultados foram
analisados através do procedimento GLM do programa estatístico SAS (1993),
comparando-se as médias pelo teste t “student”, com significância mínima de 5%.
Quando os cortes foram
realizados a
Foram observados, por meio da
equação de regressão, efeitos quadrático da produção na altura residual de 0,20
m e linear quando o corte foi efetuado a 0,25 m da superfície do solo (Figura
1). O comportamento linear da produção em resposta à fertilização nitrogenada
já era esperado, pois está relacionado à baixa disponibilidade desse nutriente
no solo, o que geralmente limita a produção forrageira nos trópicos.
Na altura residual de
Por ocasião dos cortes
realizados a
Foram observadas diferenças
(P< 0,05) nos teores de PB em função das doses e sucessão dos cortes de
avaliação nas duas alturas residuais (Tabela 5). Os valores de PB apresentaram
um acréscimo em função da elevação das doses de N aplicadas. Comportamento
inverso foi observado entre os cortes, pois os conteúdos de PB reduziram à
medida que os cortes foram realizados em ambas as alturas avaliadas.
SCHEFFER-BASSO et al. (2004), ao analisarem o acúmulo de biomassa e composição
bromatológica dos milhetos comum e africano, observaram comportamento similar
no conteúdo de PB aos encontrados neste trabalho, pois, com o avanço do tempo
de crescimento, houve um decréscimo na concentração de PB de folhas e caules,
com teores de 8% e 2%, respectivamente, ao final do ciclo da cultura.
Os teores médios apresentaram
variação de 15,13 e 14,01% no tratamento controle, por ocasião do terceiro
corte, a 24,35 e 23,29%, no tratamento com aplicação de
Resultados inferiores foram
encontrados por GUIMARÃES JÚNIOR et al. (2010), quando trabalharam com
genótipos de milheto submetidos à fertilização nitrogenada de cobertura com aplicação de 100 kg.ha-1 de ureia,
cujo teor médio foi de 11,33%. O estádio fenológico avançado das plantas no
momento de corte, ou seja, aos 100 dias após a semeadura, propiciou a redução
do teor de proteína bruta dos genótipos avaliados. Os teores médios de PB determinados neste
trabalho se encontram numa faixa bem próxima aos citados por KOLLET et al.
(2006) e bastante acima do limite crítico determinado na literatura que é da
ordem 7,0% na massa seca.
Observou-se que, com a
sucessão dos cortes, houve elevação nas concentrações de FDN do milheto, com
menores valores determinados por ocasião do primeiro corte e maiores valores no
terceiro corte, cuja variação foi de
Houve um decréscimo dos teores de FDN, à medida que se elevaram as doses de N, enquanto os valores se apresentaram crescentes em função dos cortes realizados em ambas as alturas avaliadas (Tabela 6). KOLLET et al (2006) determinaram valores de FDN de 53,03%; 55,78% e 63,96%, aos 35, 42 e 49 dias de crescimento vegetativo, respectivamente. SCHEFFER-BASSO et al. (2004) também verificaram concentrações de FDN dessa mesma espécie acima de 60% com valores na ordem de 70% para folhas e 75% para caule.
A
fertilização nitrogenada alterou a produção de massa seca e composição bromatológica determinada no milheto
forrageiro cv ADR-300; contudo, em função dos maiores teores de proteína bruta
determinados, recomenda-se para a alimentação animal a utilização dessa planta
forrageira na altura residual de 0,25 m e com aplicação da dose de 150 kg.ha-1
de N.
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