EFEITO DO JEJUM PÓS-ECLOSÃO SOBRE PINTOS DE CORTE PROVENIENTES DE OVOS LEVES E PESADOS


Rafael Raile Riccardi1,  Euclides Braga Malheiros2 e Isabel Cristina Boleli3*

1. Graduando do curso de Ciências Biológicas, estagiário do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal,
bolsista de Iniciação Científica da FAPESP
2. Docente do Departamento de Ciências Exatas, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Unesp, Campus de Jaboticabal
3. Docente do Departamento de Morfologia e Fisiologia Animal, da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Unesp,
Campus de Jaboticabal, São Paulo, CEP 14884-900. *Autor para correspondência. E-mail: icboleli@fcav.unesp.br

RESUMO
Este estudo analisou o efeito do jejum pós-eclosão sobre o peso corporal e pesos do fígado, coração e saco de vitelo de pintos provenientes de ovos leves de matrizes jovens (29 semanas) e de ovos pesados de matrizes velhas (60 semanas). Foi analisado o efeito de três regimes alimentares (alimentação com água e ração, jejum de água e ração e jejum de ração), da duração do jejum (24, 48 e 72 horas), e de dois pesos de ovos (leves ou pesados), e as suas interações. O jejum afetou os pesos corporal e  dos órgãos. Pintos de ovos pesados perderam mais peso e absorveram mais o saco de vitelo que os pintos de ovos leves. O efeito do jejum  sobre  os pesos corporal e do  fígado ocorreu com 24 horas,  e sobre o peso do coração  com 72 horas.

PALAVRAS-CHAVES: Idade da matriz, jejum, órgãos, peso corporal.

ABSTRACT

EFFECTS OF  POST-HATCH FASTING ON  BROILER  CHICKS FROM LIGHT
AND HEAVY EGGS

This study analyzed the effects of the post-hatch fasting on the body weight and heart, liver and yolk sac weights in chicks from light and heavy eggs produced by young (29 w. old) and old (60 w. old) breeders. The analysis allowed testing for the effects of fasting (food ad libitum, fasting of food and fasting of water and food), egg weight (light and heavy), fasting time (24, 48 and 72 hours) and their interactions. Fasting affected the body weight and organ weights. Chicks from heavier eggs lost more weight and presented quicker absorption of yolk sac than the chicks from light eggs. The negative effects of the post-hatch fasting did not begin simultaneously in the analyzed parameters. The body weights and  liver weights were influenced at 24 h, while the heart weights were affected at 72 h.

KEY WORDS: Body weight, breeder age,  fasting, organs.

INTRODUÇÃO

A ausência de sincronismo na eclosão e o tempo utilizado para sexagem, vacinação e acondicionamento, em conjunto, submetem os pintos recém-eclodidos a um período de jejum que pode durar de 24 a 72 horas, dependendo da distância entre o  incubatório e a granja (HAGER & BEANE, 1983).
Jejum pós-eclosão provoca perda de peso e retarda o crescimento da ave equivalente a um ou dois dias de ganho de peso (NIR & LEVANON, 1993). Segundo BAIÃO & CANÇADO (1998) e CANÇADO & BAIÃO (2002), essa perda de peso pode ser de aproximadamente 5% a 10%, e depois de 48 horas em jejum de água e ração passa a ocorrer perda de gordura corporal. Segundo NAKAGE (2002), os efeitos negativos do jejum pós-eclosão não são eliminados com a alimentação pós-jejum durante cinco dias. De acordo com ALMEIDA (2002), aves submetidas a jejum pós-eclosão de 72 horas não apresentam ganho de peso compensatório com a realimentação e atingem os 42 dias de idade com peso corporal menor que o das aves não submetidas a jejum.
Pintos nascidos de ovos de matrizes velhas tendem a apresentar um melhor desempenho pós-eclosão que os nascidos de ovos leves e de matrizes jovens (NOY & PINCHASOV, 1993), o que tem sido atribuído ao maior tamanho e maior proporção de água e gordura e maior concentração de proteína na gema (McNAUGHTON et al., 1978; MAY & STADELMAN, 2001; CARDOZO, 2002) apresentados pelos ovos das primeiras em relação aos ovos das últimas. Entretanto, não foram encontrados dados de literatura mostrando se pintos de ovos leves de matrizes jovens e pintos de ovos pesados de matrizes velhas respondem de forma similar ao jejum pós-eclosão.
O objetivo do presente estudo foi comparar o efeito do jejum pós-eclosão sobre o peso corporal, do fígado, coração e saco de vitelo de pintos machos provenientes de ovos leves de matrizes jovens e de pintos de ovos pesados de matrizes velhas.

MATERIAL E MÉTODOS

Utilizaram-se ovos férteis de frangos de corte (Cobb 500), sendo 250 ovos com peso médio de 73,6 ± 2,6g (ovos pesados) e 260 ovos com peso médio de 62,1 ± 1,8g (ovos leves), provenientes de matrizes com 60 semanas e com 29 semanas de idade, respectivamente. Eles foram incubados a 37.8ºC e umidade relativa de 60%, em quatro incubadoras (Premium Ecológica IP120) com controle automático de temperatura e giro a cada duas horas. Após a eclosão, cento e trinta e cinco pintos machos recém-eclodidos de cada peso de ovo foram separados aleatoriamente em três grupos distintos (45 aves por grupo), de acordo com o regime alimentar: alimentados com água e ração ad libitum (22% PB e 2.800Kcal/Kg), alimentados somente com água ad libitum e submetidos a jejum de água e ração. Dividiram-se os pintos de cada um dos três grupos em três repetições de quinze aves. Com 24, 48 e 72 horas após o início dos tratamentos, seis aves por regime alimentar por peso de ovo foram utilizadas para a realização das análises. Dessa forma, seguiu-se um delineamento experimental inteiramente casualizado com fatorial 2x3x3 (dois pesos de ovos, três regimes alimentares  e três idades), sendo que cada ave correspondeu a uma parcela. Os pintos foram mantidos em criadeiras (Premium Ecológica) contendo duas lâmpadas incandescentes refletoras de 40 W. Não se registrou mortalidade durante o período experimental.
Os parâmetros analisados foram os pesos corporais, os pesos absolutos úmidos e secos dos sacos de vitelo, os pesos dos corações e dos fígados e os índices hepatossomáticos. Seis pintos por regime alimentar por peso de ovo por idade tiveram seus pesos mensurados e expressos em valores absolutos  (g). Após o sacrifício das aves, feito por  deslocamento cervical seguido de decapitação, os fígados, corações e sacos de vitelo foram retirados e pesados em balança de precisão (Marte, 0,001g) para obtenção dos valores absolutos úmidos (g). Em seguida, os sacos de vitelo foram colocados em estufa a 55ºC, onde permaneceram até que não mais apresentassem perda de peso, para a obtenção de seus pesos absolutos secos (g). Para os fígados, calcularam-se os índices hepatossomáticos (%), dividindo-se os pesos úmidos absolutos dos fígados pelos pesos corporais dos pintos no sacrifício.
Os dados foram submetidos ao teste de variância e teste de Tukey para comparação entre médias (5%), utilizando-se Sistema SAS.

RESULTADOS

O peso corporal (PC) dos pintos foi influenciado significativamente (p≤0,05) pelo peso dos ovos, regime alimentar e idade (Tabela 1 ) e houve interação significativa (p≤0,05) entre regime alimentar e idade (Tabela 1 e Tabela 2). Pintos provenientes de ovos pesados apresentaram maior PC do que os pintos de ovos leves (Tabela 1 ). Segundo a interação entre regime alimentar e idade, com 48 e 72 horas de idade, pintos alimentados com água e ração apresentaram maior PC que os pintos que receberam apenas água e que os pintos submetidos à jejum de água e ração, sendo que não houve diferença significativa (p>0,05) entre os pintos desses dois últimos grupos (Tabela 2). Além disso, o PC aumentou com a idade nos pintos alimentados com água e ração, permaneceu constante nos pintos que receberam apenas água e diminuiu nos pintos submetidos ao jejum de água e ração (Tabela 2).
Houve perda de peso corporal influenciada significativamente pelo peso dos ovos, regime alimentar e idade (Tabela 1) e ocorreu interação significativa entre regime alimentar e idade (Tabela 1 e Tabela 2). Independentemente do peso dos ovos, os pintos apresentaram perda significativa (p≤0,05) de PC. Todavia, a perda de PC foi maior nos pintos provenientes de ovos pesados do que nos pintos provenientes de ovos leves. Segundo a interação regime alimentar e idade (p<0,05) (Tabela 1 e Tabela 2), os pintos alimentados com água e ração apresentaram perda de PC apenas nas primeiras 24 horas de vida e ganho progressivo de peso de 24 para 72 horas (Tabela 1 e Tabela 2). Por sua vez, os pintos que receberam apenas água e os submetidos a jejum de água e ração apresentaram perda de PC nas três idades analisadas (24, 48 e 72 horas), sendo que nos últimos ela foi progressiva.
Como mostrado na Tabela 1, houve efeito significativo (p≤0,05) do peso dos ovos, regime alimentar e idade sobre o peso absoluto dos fígados (PAF), e interação significativa (p<0,05) entre regime alimentar e peso dos ovos (Tabela 1 e Tabela 4) e entre regime alimentar e idade (Tabela 1 e Tabela 2). De acordo com a interação entre regime alimentar e idade, houve diferença entre os regimes alimentares com 48 e com 72 horas de idade, na qual os pintos alimentados com água e ração apresentaram maior PAF do que os pintos alimentados apenas com água e os submetidos ao jejum de água e ração (Tabela 1 e Tabela 2).
Além disso, ocorreu aumento de PAF ao longo do período experimental, sendo os valores maiores nos pintos alimentados com água e ração por 72 horas do que por 24 horas, bem como nos pintos submetidos ao jejum de água e ração por 48 do que por 24 horas. Nos pintos que receberam apenas água, o PAF permaneceu constante durante todo o período experimental. Ao mesmo tempo, segundo interação entre regime alimentar e peso dos ovos (Tabela 4), os pintos provenientes de ovos pesados apresentaram maior PAF do que os pintos de ovos leves, mas somente quando receberam apenas água ou foram submetidos ao jejum de água e ração. Além disso, independentemente do peso dos ovos, pintos alimentados com água e ração mostraram maior PAF do que os que receberam água ou foram submetidos ao jejum.
Com relação ao índice hepatossomático (IHS), também foi registrado efeito significativo (p≤0,05) do peso dos ovos, do regime alimentar e da idade (
Tabela 1) e interação significativa (p<0,05) entre regime alimentar e idade e entre peso dos ovos e idade (Tabela 1Tabela 2Tabela 4). De acordo com a interação regime alimentar e idade, com 48 e 72 horas de idade, pintos alimentados com água e ração apresentaram maior IHS do que os pintos alimentados apenas com água e os submetidos ao jejum de água e ração, e estes não diferiram entre si (Tabela 2). Ao mesmo tempo, houve aumento progressivo do IHS até 72 horas nos pintos alimentados e nos submetidos ao jejum, enquanto que naqueles que receberam água o IHS foi maior com 48 do que com 24 horas. Segundo a interação entre peso dos ovos e idade (Tabela 4), pintos de ovos pesados tiveram um maior IHS comparados aos pintos de ovos leves apenas com 48 horas de idade. Além disso, pintos alimentados com água e ração tiveram maior IHS do que os pintos dos outros dois regimes alimentares, quando provenientes de ovos leves.
Quanto ao peso absoluto do coração (PAC), houve efeito significativo (p≤0,05) do peso dos ovos e regime alimentar, mas não da idade (Tabela 3), e ocorreu interação  significativa (p<0,05) entre regime alimentar e idade (
Tabela 2Tabela 3). Pintos de ovos pesados apresentaram maior PAC do que os pintos de ovos leves. De acordo com a interação regime alimentar e idade (Tabela 2), com 24 e 48 horas de idade, não houve diferença significativa entre os pintos submetidos aos três regimes alimentares experimentais quanto ao PAC. Entretanto, com 72 horas de idade, pintos alimentados com água e ração apresentaram maior PAC que os pintos alimentados apenas com água e os submetidos ao jejum de água e ração, os quais apresentaram pesos similares entre si (Tabela 2). Além disso, os pintos alimentados com água e ração tiveram maior PAC com 72 do que com 24 horas de idade, enquanto que os pintos dos dois outros regimes alimentares apresentaram valores constantes ao longo do experimento.
Como mostrado na 
Tabela 3, o peso absoluto do saco de vitelo (PASV) foi influenciado significativamente (p≤0,05) pelo peso dos ovos e pela idade, mas não pelo regime alimentar. Não houve interação significativa (p≥0,05) entre peso dos ovos, regimes alimentares e idades para esse parâmetro. O PASV foi maior nos pintos de ovos pesados do que nos pintos de ovos leves e menor com 72 do que com 24 horas. 
Com relação aos pesos secos dos sacos de vitelo (PSSV) (
Tabela 3), houve efeito significativo (p≤0,05) do peso dos ovos e da idade, mas não do tipo de regime alimentar. Além disso, para esse parâmetro, foi registrada interação significativa entre peso dos ovos e idade (Tabela 3Tabela 4). O PSSV foi maior nos pintos oriundos de ovos pesados do que nos pintos de ovos leves com 24 e com 72 horas de idade. Além disso, nos pintos de ovos pesados, o PSSV diminuiu gradativamente ao longo do experimento, sendo menor  nos pintos com 24 do que com 72 horas de idade, enquanto que nos pintos de ovos leves o PSSV foi menor com 72 do que com 48 horas, não ocorrendo diferença nesse parâmetro entre pintos com 24 e 48 horas. 

DISCUSSÃO

O presente trabalho mostrou que pintos de ovos pesados apresentam maior PC, PAF, IHS, PAC, PASV e PASSV do que os pintos de ovos leves, o que deve ser resultante do maior tamanho e peso (SUAREZ et al., 1997; NOVO et al., 1997) e da maior proporção de água, proteína e gordura em gema (MAY & STADELMAN, 1960; McNAUGHTON et al., 1978; BURNHAM et al., 2001; CARDOZO et al., 2002) apresentados pelos ovos de matrizes mais velhas. Esses dados concordam com os dados de MAIORKA et al. (2003), que também registraram PC maior para pintos de matrizes velhas do que de matrizes jovens, bem como com os de NOY & PINCHASOV (1993), segundo os quais pintos provenientes de matrizes velhas (ovos pesados) apresentam um melhor desempenho que os pintos de matrizes jovens (ovos leves).
Em relação ao regime alimentar, foi verificado neste estudo que jejum pós-eclosão de água e ração prejudica o PC, PAC, PAF e IHS, reforçando as observações de BAIÃO & CANÇADO (1998), CANÇADO & BAIÃO (2002), de que o jejum pós-eclosão prejudica o ganho de peso das aves. Perda de peso corporal devido a um jejum pós-eclosão de 24, 48 e 72 horas também foi observada por PINCHASOV & NOY (1993), NOY & SKLAN (1998), MAIORKA (2002) e PIRES et al. (2004). Entretanto, o presente estudo revela que pintos de ovos pesados apresentam maior perda de PC (4,12%) que os pintos de ovos leves (0,83%). 
Segundo PINCHASOV & NOY (1993) e PIRES et al. (2004), a perda de PC sob jejum hídrico e alimentar por 48 horas chega a 10% do PC inicial. Os dados desta pesquisa mostraram que os pintos alimentados ad libitum perdem em torno de 2,2% de peso durante as primeiras 24 horas de vida pós-eclosão, passando a ganhar 7% de peso entre 24 e 48 horas e 33% de peso entre 24 e 72 horas de vida. Por sua vez, os pintos submetidos ao jejum alimentar apresentaram perda de peso durante todo o período experimental (0-72h de jejum), sendo a perda de 6,3% até 24 horas de vida, 10,6% até 48 horas e de 13,6% até 72 horas de vida. Os pintos submetidos ao jejum alimentar e hídrico também apresentaram perda contínua de peso, que correspondeu aproximadamente a 5,4%, 10% e 16,7% do PC com 24, 48 e 72 horas de jejum, respectivamente. Chama a atenção, nesses dados, o fato de as porcentagens de perda de PC apresentadas pelos pintos submetidos ao jejum de ração serem muito próximas das registradas para os pintos submetidos ao jejum de ração e água, pois isso indica que a perda de peso apresentada pelos pintos se deve principalmente à falta de ingestão de nutrientes e não à desidratação.
De acordo com os dados da presente pesquisa, os efeitos negativos do jejum hídrico ou hídrico e alimentar sobre os parâmetros analisados não aparecem simultaneamente. O GP é afetado negativamente pelo jejum hídrico ou jejum hídrico e alimentar já com 24 horas, enquanto que o efeito sobre o PC, o PAF e o IHS é registrado com 48 horas de duração e o efeito sobre o PAC com 72 horas. Como se sabe, sob condições de jejum, o organismo do animal passa a utilizar reservas de glicogênio do fígado para manutenção dos níveis de glicemia sanguínea, sendo em seguida utilizada a reserva de lipídio e de proteínas (GANONG, 1995; CAMPBELL, 2004). Durante esse período, ele tenta manter a homeostase sanguínea, também mantendo o volume de sangue. Isso parece explicar o fato de o PAF e o IHS terem sido afetados pelo jejum primeiro que o coração.
Em relação ao fígado, especificamente, foi registrado que o jejum alimentar e o jejum alimentar e hídrico causam uma redução de 43% e 37% no PAF dos pintos de ovos leves e de 26% e 29% no PAF dos pintos de ovos pesados, respectivamente, em relação aos pintos alimentados com água e ração. Estes dados são interessantes, pois indicam um efeito maior do jejum pós-eclosão sobre os pintos de ovos leves, o que é reforçado pelo fato de o IHS registrado para esses pintos, ao contrário do apresentado pelos de pintos de ovos pesados, também  ter sido afetado negativamente por ambos os tipos de  jejum.
Nos pintos de ovos leves, o PSSV foi menor sob jejum hídrico e alimentar do que sob regime de alimentação ad libitum, enquanto que nos pintos de ovos pesados ele foi menor tanto sob jejum hídrico e alimentar quanto sob jejum apenas alimentar. Esses dados eram esperados, já que é conhecido que o saco de vitelo funciona como um órgão de reserva de nutrientes para manutenção das aves nos primeiros dias de vida. Entretanto, eles contrariam os dados de NOY & SKLAN (1996), segundo os quais pintos alimentados após eclosão utilizam as reservas do saco de vitelo mais rapidamente que os pintos não alimentados. Todavia, é importante ressaltar que, no presente trabalho, não se registrou diferença significativa no PASV entre os regimes alimentares, pois isso indica que o PSSV é um parâmetro mais adequado quando se deseja avaliar a absorção do saco de vitelo.
Ainda em relação aos sacos de vitelo, os dados deste estudo revelaram que, sob jejum hídrico e alimentar, ocorre uma redução em torno de 64% no PSSV nos pintos de ovos leves e de 62,5% nos pintos de ovos pesados em relação aos pintos alimentados, indicando uma demanda muito similar e independente do peso dos ovos. Por outro lado, sob jejum apenas alimentar, ou seja, com ingestão apenas de água, houve uma redução no PSSV em torno de 17,7% nos pintos de ovos leves e de 41,2% nos pintos de ovos pesados. Estes dados mostram que diferenças na demanda pelos nutrientes do saco de vitelo e/ou na velocidade de absorção dos mesmos pode ocorrer entre os pintos e que o grau de demanda depende do tipo de regime alimentar.
Dessa forma, o presente estudo mostra que jejum pós-eclosão afeta o desenvolvimento dos órgãos e o crescimento dos pintos e que, embora pintos de ovos pesados tendam a absorver mais rapidamente o saco de vitelo que os de ovos leves sob jejum, isso não evita que eles percam mais PC que os de ovos leves. 

AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela bolsa de Iniciação Científica (PIBIC) concedida a RHR.

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Protocolado em: 3 fev. 2007. Aceito em: 10 ago. 2009.