TY - JOUR AU - Oliveira de Souza, Romênia PY - 2021/12/29 Y2 - 2024/03/29 TI - Sustentabilidade : sobre o quê estamos falando? JF - Revista Terceiro Incluído JA - TI VL - 11 IS - 1 SE - ARTIGOS DO - 10.5216/teri.v11i1.69755 UR - https://revistas.ufg.br/teri/article/view/69755 SP - AB - <p>Na língua portuguesa, coisas diferentes estão contempladas no conceito de desenvolvimento sustentável. A discussão sobre desenvolvimento, em si, há muito tempo, levanta questionamentos críticos sobre sua impossibilidade, dada a estrutura inerente ao capitalismo e às desigualdades que o sustentam. Com o qualificativo sustentável, o que deveria ser a solução para problemas provocados pela busca do desenvolvimento a qualquer custo, torna-se uma imensa contradição. A publicidade, os governos, as empresas se apropriam deste termo com a intenção de disseminar uma imagem pública de atores comprometidos com tal desenvolvimento. Contudo, não raras vezes, seus porta-vozes falam, por exemplo, em exploração sustentável da natureza, algo expressamente impossível. Se há exploração, não pode ser sustentável. Estes atores são conscientes disto. Escrever um artigo para esclarecer sobre o assunto é oportuno. E eu penso, principalmente, em estudantes, pesquisadores, atores sociais que, verdadeiramente, desconhecem as nuances e críticas existentes no debate corrente. Que se encontram confusos, como um dia eu estive quando comecei a estudar sobre o assunto. Após pesquisa bibliográfica, reuni seis modelos de desenvolvimento sustentável a partir de racionalidade econômica-teórica-instrumental-tecnológica, da economia ambiental neoliberal e da geopolítica do desenvolvimento, analisando-os criticamente: a sustentabilidade retórica; ao anterior, outro modelo com acréscimo de ‘melhorias’ culturais e neuroplástica; o neocapitalista; do capitalismo natural; a economia verde; e o ecossocialismo. Todos eles são contraditórios, embora bastante difundidos. Em contraposição, sob a chamada racionalidade ambiental, compilei as contribuições de seis cosmologias e de dois modelos de sustentabilidade, há muito praticados, embora não o sejam contemplados sob esta perspectiva: o zen budismo; o taoísmo; o confucionismo; as filosofias africanas (destaque para categoria ontológica do <em>ubuntu</em>); o sufismo; as filosofias do bem-viver; a bioeconomia e o ecodensenvolvimento; e a economia solidária. Seguindo Enrique Leff, utilizo apenas o substantivo sustentabilidade para diferenciá-lo de desenvolvimento sustentável, evidenciando o comprometimento com valores outros que não são contemplados pelo conceito economicista. E rompendo, sempre que possível, com as conotações negativas que o nome desenvolvimento traz consigo. Ao final, acredito ter elucidado e desmistificado o que é a tal sustentabilidade.</p> ER -