Cinesiologia do punho e dedos e a predileção de configurações de mão na Libras
DOI:
https://doi.org/10.5216/rs.v8.75129Palavras-chave:
configuração de mão; restrição fonética; cinesiologia; Libras.Resumo
Neste artigo, identificamos a prevalência (e inexistência) de configurações de mão na Língua Brasileira de Sinais (Libras) em que apenas um dos dedos está estendido e discutimos os achados a partir do sistema anatômico e muscular das articulações de punho e dedos. A cinesiologia de membros superiores pode justificar algumas combinações de movimento e padrões de configuração de mão em línguas de sinais (CRASBORN, 2012; MENDEL, 1979; SMITH, WEISS e LEHMKUHL, 1997; WOOKWARD, 1982; 1987). Nosso corpus de análise foi o Dicionário Enciclopédico Ilustrado Trilíngue da Língua Brasileira de Sinais (CAPOVILLA; RAPHAEL, 2001). A partir dos dados, observamos que a Libras apresenta as configurações dedo polegar estendido, indicador estendido e mínimo estendido, e não apresenta dedo médio estendido e anelar estendido. Esse padrão de manifestação na Libras é previsto tipologicamente e pode ser justificado a partir da fisiologia dos movimentos de punho e dedos. O movimento de extensão independente do dedo anelar e do dedo médio exige um maior esforço, pois não há músculos específicos que possibilitem o movimento isolado e independente desses segmentos. Movimentá-los gera o recrutamento de um músculo único que tende a movimentar os demais dedos. Diferente, o movimento de distensão do dedo polegar, extensão do indicador e extensão do mínimo, de maneira independente, é realizado por músculos específicos (e individuais) para essas ações. Ainda em relação à Libras, a configuração de mão indicador estendido é mais prevalente, seguido de polegar estendido e mínimo estendido. Os achados e sugestões apresentados no artigo são restritos aos dados analisados.
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Referências
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