Estação Ferroviária de Anápolis
90 anos de um lugar de memória (e esquecimento)
DOI:
https://doi.org/10.5216/revjat.v7.83413Palabras clave:
Estação Ferroviária de Anápolis, Lugar de Memória, EsquecimentoResumen
A Estação Ferroviária de Anápolis, inaugurada em 1935, simbolizou a consolidação da cidade como entreposto comercial e ícone da modernização urbana impulsionada pela Estrada de Ferro Goiás. Este artigo analisa criticamente sua trajetória histórica, articulando conceitos de memória coletiva, patrimônio e tempo histórico, com base em uma metodologia qualitativa fundamentada em revisão bibliográfica e análise documental. A partir das contribuições teóricas de Nora, Koselleck, Halbwachs e outros, o estudo investiga como a estação passou de símbolo de progresso a marca de obsolescência, evidenciando a inversão simbólica provocada pelas mudanças nos “horizontes de expectativa” sociais. Observa-se que, com o avanço do modelo rodoviário e a decadência da malha ferroviária, a estação foi gradualmente abandonada, descaracterizada e marginalizada, sendo posteriormente resgatada como patrimônio histórico. A análise revela que sua permanência no espaço urbano opera como um palimpsesto temporal, condensando memórias e esquecimentos, expectativas frustradas e revalorações culturais. A estação é interpretada como um “lugar de memória”, onde se tensionam as narrativas do progresso e os silenciamentos da modernidade. Os resultados indicam que o valor patrimonial do edifício está diretamente relacionado à sua capacidade de representar tanto o auge ferroviário quanto a transitoriedade dos ideais modernos. O artigo conclui que preservar a Estação Ferroviária de Anápolis é preservar uma arena simbólica em que se confrontam diferentes visões de futuro, evidenciando a complexidade das camadas históricas que compõem a identidade urbana da cidade.
Descargas
Citas
ANÁPOLIS. Lei Ordinária n.º 1824, de 10 de outubro de 1991. Determina o tombamento de prédios municipais pertencentes ao Município, que menciona e dá outras providências. Disponível em: https://leismunicipais.com.br/a/go/a/anapolis/lei-ordinaria/1991/183/1824/lei-ordinaria-n-1824-1991-determina-o-tombamento-de-predios-pertencentes-ao-municipio-que-menciona-e-da-outras-providencias. Acesso em set/2024.
O ANNAPOLIS. Anápolis: Typographia Anapolina. Nº 19, p. 1, 5 ago.1935. Disponível no Acervo Iconográfico do Museu Histórico de Anápolis “Alderico Borges de Carvalho”, 2024.
_______. Anápolis: Typographia Anapolina. Nº 32, p. 4, 10 nov.1935. Disponível no Acervo Iconográfico do Museu Histórico de Anápolis “Alderico Borges de Carvalho”, 2024
ARQUIVO PÚBLICO DO DISTRITO FEDERAL. Estação Ferroviária de Anápolis em 1957. Brasília: Arquivo Público do Distrito Federal. Referência: D-4-4-A-3. 2024.
CHOAY, Françoise. A Alegoria do Patrimônio. São Paulo: Estação Liberdade, 2001.
CORREIO DE ANNAPOLIS. Anápolis: Nº 01, p. 1, 05 maio.1929. Disponível no Acervo Iconográfico do Museu Histórico de Anápolis “Alderico Borges de Carvalho”, 2025.
FERREIRA, Aroldo Márcio. Urbanização e arquitetura na região da estrada de ferro Goiás. – E.F. Goiás: Cidade de Pires do Rio, um exemplar em estudo. 1999, 278fls. Dissertação (Mestrado em História) Faculdade de História da Universidade Federal de Goiás. Goiânia.
FERREIRA, Haydeé Jaime. Anápolis, sua vida, seu povo. Brasília. 1979, 437p.
FRANÇA, Maria de Sousa. A formação histórica da cidade de Anápolis e a sua área de Influência regional. In Anais do VII Simpósio Nacional – ANPUH: Belo Horizonte, 2 a 8 de setembro de 1973.
HALBWACHS, Maurice. A Memória Coletiva. São Paulo: Centauro, 1990.
HARVEY, David. Condição Pós-Moderna. São Paulo: Edições Loyola, 1992.
KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. Tradução de Wilma Maas. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006.
LOWENTHAL, David. The Heritage Crusade and the Spoils of History. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.
MUSEU HISTÓRICO DE ANAPOLIS – ALDERICO BORGES DE CARVALHO. Acervo Iconográfico. Museu Histórico de Anápolis: 2024.
NORA, Pierre. Les Lieux de Mémoire. Paris: Gallimard, 1984.
POLONIAL, Juscelino. A Estrada de Ferro Goiás e o processo de urbanização de Anápolis (1907-1935). 1995. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 1995.
VARGAS, Lucas Gabriel Corrêa. As representações sociais do progresso: uma perspectiva a partir da chegada da Estrada de Ferro em Anápolis, GO. 2015. Dissertação (Mestrado em Projeto e Cidade) – Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2015. 136fls.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution 4.0 que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão para publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após a publicação inicial nesta revista, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
- Foram feitos todos os esforços para identificar e creditar os detentores de direitos sobre as imagens publicadas. Se tem direitos sobre alguma destas imagens e não foi corretamente identificado, por favor, entre em contato com a revista Jatobá e publicaremos a correção num dos próximos números.











