Estação Ferroviária de Anápolis

90 anos de um lugar de memória (e esquecimento)

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.5216/revjat.v7.83413

Palabras clave:

Estação Ferroviária de Anápolis, Lugar de Memória, Esquecimento

Resumen

A Estação Ferroviária de Anápolis, inaugurada em 1935, simbolizou a consolidação da cidade como entreposto comercial e ícone da modernização urbana impulsionada pela Estrada de Ferro Goiás. Este artigo analisa criticamente sua trajetória histórica, articulando conceitos de memória coletiva, patrimônio e tempo histórico, com base em uma metodologia qualitativa fundamentada em revisão bibliográfica e análise documental. A partir das contribuições teóricas de Nora, Koselleck, Halbwachs e outros, o estudo investiga como a estação passou de símbolo de progresso a marca de obsolescência, evidenciando a inversão simbólica provocada pelas mudanças nos “horizontes de expectativa” sociais. Observa-se que, com o avanço do modelo rodoviário e a decadência da malha ferroviária, a estação foi gradualmente abandonada, descaracterizada e marginalizada, sendo posteriormente resgatada como patrimônio histórico. A análise revela que sua permanência no espaço urbano opera como um palimpsesto temporal, condensando memórias e esquecimentos, expectativas frustradas e revalorações culturais. A estação é interpretada como um “lugar de memória”, onde se tensionam as narrativas do progresso e os silenciamentos da modernidade. Os resultados indicam que o valor patrimonial do edifício está diretamente relacionado à sua capacidade de representar tanto o auge ferroviário quanto a transitoriedade dos ideais modernos. O artigo conclui que preservar a Estação Ferroviária de Anápolis é preservar uma arena simbólica em que se confrontam diferentes visões de futuro, evidenciando a complexidade das camadas históricas que compõem a identidade urbana da cidade.

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Biografía del autor/a

Lucas Gabriel Corrêa Vargas, Universidade Estadual de Goiás, Anápolis, Goiás, Brasil, lucascvargas@ueg.br

Biólogo Licenciado pela UEG (2007) e Bacharel em Arquitetura e Urbanismo pela UEG (2012). Especialista em Docência Universitária pela FCA (2012) e Especialista em Arquitetura e Patrimônio (2025) Mestre em Projeto e Cidade pela UFG (2015)Doutorando em Arquitetura e Urbanismo pela UnB (2019 a 2023) com o projeto de Tese: A urbanização em Anápolis, entre as décadas de 1930 a 1970. Integra a equipe de Pesquisadores do grupo de pesquisa Paisagem, Planejamento e Projeto do Laboratório de Estudos da Urbe (PPP-LabeUrbe).Atualmente é Docente Efetivo do Curso de Arquitetura e Urbanismo da UEG.

Wilton de Araujo Medeiros, Universidade Estadual de Goiás, Anápolis, Goiás, Brasil, wilton@ueg.br

Professor Pós-Doutor efetivo na Universidade Estadual de Goiás (UEG) - curso de Arquitetura e Urbanismo. Tese indicada ao prêmio Capes 2010 em História pela Universidade Federal de Goiás (UFG), intitulada: "Goiânia Metrópole: sonho, vigília e despertar (1933-1973)". Pós-doutorado (PNPD) em Geografia Urbana no Laboratório de Estudos Urbanos (LEURB/UFPB); Pós-doutorado em Arquitetura e urbanismo no LabQUAPÁ da FAU/USP. Professor nos Programas de Pós-graduação em Ensino de Ciências (PPEC), e Estudos Culturais, Memória e Patrimônio (PROMEP) da UEG. Linhas de pesquisa: Ensino e memória do ensino / Patrimônio cultural e história urbana.

Citas

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Publicado

2025-12-05

Cómo citar

VARGAS, Lucas Gabriel Corrêa; MEDEIROS, Wilton de Araujo. Estação Ferroviária de Anápolis: 90 anos de um lugar de memória (e esquecimento). Revista Jatobá, Goiânia, v. 7, 2025. DOI: 10.5216/revjat.v7.83413. Disponível em: https://revistas.ufg.br/revjat/article/view/83413. Acesso em: 30 dic. 2025.

Número

Sección

Dossiê Territórios Insurgentes